O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Marta Suplicy, Srªs e Srs. Senadores, nesse fim de semana - mais precisamente, fui até lá na quinta-feira e voltei ontem -, estive no meu Estado, Roraima. Fui até lá para participar de um evento do meu Partido, o PTB, em homenagem às mulheres. No dia seguinte, participei da transmissão de cargo para a primeira reitora mulher eleita para a Universidade Federal de Roraima. Depois, passei dois dias a mais contatando com eleitores, com pessoas de diversas camadas sociais.

            Depois da alegria de ter comemorado o Dia da Mulher, num evento do PTB Mulher, e de ter participado da transmissão de cargo da reitora da nossa Universidade de Roraima - a criação dessa Universidade é fruto de uma lei de minha autoria, e essa Universidade, em muito pouco tempo, já é uma das universidades mais bem avaliadas do País -, tive a tristeza, Senadora Marta, de ver como meu Estado está desgovernado. É impressionante!

            Conversei com colegas médicos e com profissionais da saúde e tive a tristeza de ver várias pessoas me procurarem para ajudá-las a comprar medicamentos e materiais, como esparadrapo, para atender a pacientes que estão internados no principal hospital público do Estado, o Hospital Geral de Roraima, e também na Maternidade de Boa Vista. Apesar de contarmos com excelentes médicos, com excelentes profissionais da área de saúde, os hospitais e os postos de saúde estão sucateados.

            No interior do Estado, recebi também muitas denúncias no que tange a postos de saúde e a escolas. Há escolas na capital e no interior deterioradas na sua estrutura física, há professores mal pagos, sem incentivos para trabalhar. A mesma coisa também se verifica na área da segurança, com policiais trabalhando em situações precárias.

            Enfim, é uma situação lamentável em que realmente o Estado de Roraima nunca esteve desde a sua criação. E, infelizmente, o Governador que lá está já foi cassado duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral e está com um processo para ser apreciado no Tribunal Superior Eleitoral - é outro processo, aliás - contra expedição do diploma. Ele está consciente de que não irá perdurar no mandato por muito mais tempo e, portanto, está pouco ligando para as pessoas, para o Estado.

            Realmente, é uma situação que causa tristeza a quem nasceu lá ou a quem, oriundo de outros Estados, vive lá, como foi o caso do meu pai, que saiu do Ceará, dos meus avós maternos, que foram da Paraíba para lá, e de muita gente boa que está lá porque escolheu Roraima para viver, para melhorar de vida, para contribuir com o engrandecimento do Estado.

            Lamentavelmente, o grupo que está no poder não está preocupado com as pessoas que vivem lá, com o bem-estar das pessoas mais pobres, com a eliminação das desigualdades sociais enormes que lá existem, mas, sim, está preocupado em enriquecer à custa do dinheiro público. O próprio Governador, antes de assumir, primeiramente, a Secretaria de Obras do Estado, ainda no governo do Governador Ottomar, era um empresário falido, mas, hoje, é um homem que, comenta-se, tem um patrimônio invejável no Estado e fora do Estado.

            Faço esse registro porque, realmente, a gente vai ao Estado, como se diz comumente, ouvir as bases e sentir o que está acontecendo no Estado, in locu, e volta entristecido, revoltado.

            O que quero dizer, especialmente ao povo de Roraima, é que não desanimemos. Vamos continuar na luta judicial para cassar esse Governador e vamos trabalhar, olhando para frente, para as eleições municipais deste ano, para eleger pessoas comprometidas com os Municípios e com o Estado, de forma que não seja por pressão, por coação ou por abuso do dinheiro público ou do poder político que as pessoas tenham de votar nos candidatos daqueles que, hoje, comandam o Estado.

            Eu, que tive a honra de nascer naquela terra - depois, saí de lá para estudar e para lá voltei formado, como o primeiro filho de Roraima formado em Medicina -, fui para a política, porque eu queria ver, quero ver e tenho o sonho de ver o meu Estado ser exemplar. Basta dizer, Senadora Marta, que, hoje, na relação população e pessoas graduadas e em graduação, o nosso Estado registra a melhor proporção do Brasil. Então, bastaria que se governasse aquele Estado com competência, com seriedade e com honestidade para que pudéssemos ser um Estado modelo para o País.

            Com pouca gente e com o dinheiro que vai para lá, com o dinheiro que se arrecada lá, seria possível que, realmente, o nosso Estado estivesse em situação invejável. No entanto, desde dezembro de 2007, quando o atual Governador assumiu o governo, pela morte do Brigadeiro Ottomar, e depois, durante a eleição corrupta que ele comandou, temos assistido a um roubo de dimensões nunca vistas no nosso Estado! Como dizia o Presidente Lula, nunca antes na história deste País, viu-se roubar tanto num Estado como está acontecendo em Roraima!

            Portanto, deixo uma palavra de confiança, para incitar mesmo o povo de Roraima, para que possamos resistir, porque é do silêncio dos bons que se alimentam os maus.

            Muito obrigado.