Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Referência à substituição da Liderança do Governo no Senado Federal, apresentando elogios à atuação do Senador Romero Jucá e boas-vindas ao novo líder, Senador Eduardo Braga; e outro assunto.

Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. EXECUTIVO. CAMARA DOS DEPUTADOS.:
  • Referência à substituição da Liderança do Governo no Senado Federal, apresentando elogios à atuação do Senador Romero Jucá e boas-vindas ao novo líder, Senador Eduardo Braga; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2012 - Página 6169
Assunto
Outros > SENADO. EXECUTIVO. CAMARA DOS DEPUTADOS.
Indexação
  • COMENTARIO, SUBSTITUIÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO, ELOGIO, ATUAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, MINISTERIO, CRIAÇÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ROMERO JUCA, SENADOR, LIDERANÇA, GOVERNO, SENADO, SAUDAÇÃO, EDUARDO BRAGA, POSSE, FUNÇÃO, LIDER.
  • REGISTRO, SUBSTITUIÇÃO, LIDERANÇA, GOVERNO, CAMARA DOS DEPUTADOS.

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco/PT - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da nossa TV Senado, ouvintes da nossa Rádio, meu caro Senador Cássio, eu quero tocar em um tema hoje que eu poderia chamar até de “a trinca”, “a troca”, enfim. Eu, no dia de ontem, me referi a essa questão do MDA, até por conta da presença do nosso Senador Paulo Paim na direção dos trabalhos, mas amanhã nós teremos efetivamente a consagração dessa troca, da substituição do nosso Ministro Afonso Florence pelo Ministro Pepe Vargas. São dois Deputados Federais do Partido dos Trabalhadores. Afonso deixa o Ministério depois de um ano e pouco mais de dois meses, num processo de reformulação importante, introduzido ali no MDA, com a introdução de sistemas, com a própria rede rural, com um nível de abrangência no que diz respeito ao atendimento a todo o País. Ainda que nós adotemos uma postura de dizer que a Bahia perdeu um Ministro, o Ministro Afonso Florence deu uma contribuição importantíssima para organizar aquele Ministério.

            Portanto, num ano difícil, muitos debitam ao Ministro Afonso a impossibilidade de fazer isso ou aquilo. Mas o ministro, durante o ano em que esteve à frente do ministério, teve a oportunidade de organizar o ministério, preparando o ministério inclusive para diversas ações. E óbvio que também fez, ao longo desses 14 meses, diversas intervenções qualitativas. Agora em março, inclusive, com o programa de cidadania para as mulheres do campo, com o crédito agrícola, o financiamento, o Seguro Safra, com a entrega de máquinas, com a rede, a que já me referi aqui, a Rede Rural, levando tecnologia até o campo.

            Afonso volta para a Câmara dos Deputados, onde cumprirá o seu mandato. Estaremos lado a lado, assim como também temos feito com os outros parlamentares da bancada baiana, na Câmara dos Deputados. Portanto, é uma experiência importante na vida de Afonso. E foi importante para a Bahia e para o Brasil essa reestruturação.

            Assume meu companheiro também de jornada. Afonso tem uma particularidade maior: além de ser o meu companheiro do PT, é meu companheiro de caminhada, nessas nossas caminhadas na Bahia. Esteve comigo desde a primeira hora na campanha da minha primeira eleição a vereador em Salvador. Chegou a trabalhar em nosso mandato, na assessoria. Tive a oportunidade de conviver com ele na Sedur. Primeiro eu, como deputado, e ele como secretário. Depois, nós dois juntos. Eu, na Secretaria de Planejamento; Afonso, na Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Trabalhamos muito pela nossa Bahia.

            Portanto, deixa agora o ministério, e o trabalho continua, e continua firme, até porque nós estruturamos esse trabalho da agricultura familiar no Estado da Bahia em conjunto, ao longo desses anos todos, sem ter ministério, inclusive no período em que Fernando Henrique era o Presidente da República, e nós fazíamos oposição.

            Deixa o ministério o meu companheiro Afonso e assume outro companheiro nosso, não tão próximo como Afonso, mas próximo também dentro do PT, o companheiro Pepe Vargas, que tenho certeza de que terá condições de continuar o bom trabalho e ampliar, até porque ele chega numa hora em que é a hora da execução. O que foi plantado ali pelo Ministro Afonso pode agora ser colhido. E muito bem colhido e aproveitado pelo Ministro Pepe Vargas.

            Mas quero, Sr. Presidente, referir-me aqui a uma outra troca. E o vejo ali no plenário sentadinho, já quieto, como de costume, extremamente antenado nas questões. Refiro-me à substituição que a Presidenta Dilma fez na Liderança do Governo nesta Casa.

            Quero fazer, meu caro Senador Eduardo Braga, primeiro uma referência sem nenhum tipo... Porque, quando o sujeito sai, todo mundo fala bem, mas é importante lembrar o trabalho desempenhado pelo Senador Romero Jucá ao longo desses anos aqui.

            Convivi com Jucá há muitos anos, não só agora aqui no Senado Federal. Tive oportunidade de compartilhar com Romero Jucá na Comissão de Orçamento, quando ele ali atuava e quando foi Relator do Orçamento; tive oportunidade de me relacionar com Jucá aqui na liderança do Governo no Senado, já na gestão Lula, porque assumi as funções de Vice-Líder do Governo no Orçamento, no Congresso Nacional, quando da liderança de Bezerra, quando da liderança da Senadora Roseana Sarney, quando da liderança da Senadora Ideli e, portanto, compartilhei com Jucá os trabalhos nesta Casa. Portanto, ali leal ao Governo, eficiente no seu trabalho, mas sem nenhuma atribuição a esse ou aquele, ou até usando atributos ou até adjetivos, cada coisa tem seu tempo.

            Tenho a nítida impressão de que o Senador Jucá pode estar fazendo exatamente essa leitura na noite de hoje, meu caro Eduardo Braga. Chega uma hora em que é hora, é importante até para reoxigenar, é importante até para que outros cumpram outras funções. Portanto, o Senador Jucá, neste momento, passa o bastão da Liderança do Governo e as pessoas pensam que teve uma crise, uma tensão. Das crises saem boas soluções, e estou convencido de que disse isso na noite de quinta-feira, até quando o meu companheiro Lindbergh Farias, de forma mais açodada, dizia: “Pinheiro, me perdoe, mas estou abalado, porque fui derrotado ontem à noite. Eu disse: “Calma, Lindbergh, do limão a gente pode ganhar uma boa limonada.”

            Acho que este momento agora é importante para fazermos isso. A passagem, meu caro Eunício, que acredito ser fundamental, e vocês do PMDB têm uma responsabilidade grande e têm a capacidade de realizar isso, esse momento de passagem de bastão, uma espécie de transição, com a certeza de que teremos a continuidade da chamada normalidade nas relações e a reoxigenação no trabalho. Essa é inclusive a minha esperança.

            Eduardo é uma pessoa com quem aprendi a conviver, não de agora, na Comissão de Ciência e Tecnologia, nas suas longas caminhadas para o Congresso Nacional, para discutir a Zona Franca de Manaus, eu na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara - e ele deve se lembrar disso sobejamente bem, até porque o texto da Lei de Informática no País é da autoria deste sujeito que fala aqui no plenário do Senado esta noite. Fiz ainda enquanto Deputado Federal. E discutimos muito. Aquele sujeito, governador lá do Amazonas, que vinha para cá e enfrentava a Bancada de São Paulo, num desafio enorme para manter a Zona Franca funcionando, para discutir a questão econômica, sem perder o horizonte da importante ação de desenvolvimento em nível nacional, cuidando do seu Amazonas, mas não perdendo a perspectiva de discutir o Brasil.

            Agora, esse ex-governador que cuidava muito bem do seu Estado terá a tarefa de nos ajudar a continuar cuidando do Amazonas, mas a contribuir para que cuidemos cada vez melhor do nosso Brasil. Tenho certeza de que Eduardo fará isso tranquilamente bem.

            Já no Senado, relacionamo-nos sobejamente bem ali na Comissão de Ciência e Tecnologia, a partir da nossa afinidade com o tema, mas da nossa afinidade principalmente com o compromisso. Então, tenho certeza disso, de que, não só com o seu partido, ou com os partidos da base, mas com todos os Senadores, Senador Cássio, V. Exª que é do PSDB, a relação com o Senador Eduardo será uma relação dessa mesma forma de se dirigir que, ao longo dos anos, o Senador Jucá aqui dispensou inclusive aos Senadores da oposição.

            Eduardo é habilidoso também, Eduardo é uma figura que, com certeza, poderá se mover, no interior desta Casa, com a sua firmeza, com conhecimento de causa. Alguns até podem dizer: mas e a experiência de alguém no segundo ano de mandato? Nós estamos falando com um ex-governador de Estado.

            V. Exª está sentado aí e teve oportunidade de dirigir. E não é fácil. Difícil é tocar a cadeira de governador de Estado, porque a cada dia uma agonia se apresenta. Eu, agora há pouco, dizia isso no elevador: a única coisa que eu sempre enxergo como virtude quando as agonias se apresentam é que sempre temos um amanhã que vai chegar. E eu sempre parto do princípio, a partir dos ensinamentos bíblicos, de que não há noite de choro que não traga uma manhã de riso. Portanto, é desse limão que agora estamos conseguindo saborear a limonada.

            Naquela noite de choro, o meu companheiro Lindbergh me ligava insistentemente. Ele queria já destronar um bocado de gente, já mover peças. “Calma! Amanhã está para chegar!”. Esse nascer do sol, essa possibilidade de vislumbrar outra caminhada é que nos faz, no dia de hoje, esperançosos de que vamos consolidar um trabalho muito eficiente nesta Casa.

            Orgulha-me muito ter como minha liderança o Senador Eduardo Braga. Convivi, ainda já como Líder da Bancada do PT e do bloco nesta Casa, com o Senador Jucá, sem nenhum problema, pelo contrário, com afinidade. Tenho certeza de que afinaremos a nossa caminhada. Portanto, digo ao Senador Eduardo Braga que o liderado dele aqui do chamado Bloco do PT e de outros partidos que tenho oportunidade de liderar, nós estaremos aqui tranquilamente à disposição para, em conjunto, tocar esse trabalho aqui no Senado Federal.

            Aproveito também, meu caro Senador Eduardo, para comemorar outra troca, ainda que a gente vá... A vida é assim, de encontros e despedidas. Sei que a saída de Jucá e a sua chegada são momentos que temos que ajustar na vida. Aliás, o mineiro Milton Nascimento canta isso muito bem: a hora do encontro é também a hora da despedida. Uns chegam; outros partem. A minha esperança é que esse trem velho nosso, aqui, a gente consiga botar para andar direitinho.

            Na Câmara, também tivemos a substituição do Líder do Governo, o baiano Vaccarezza, baiano por nascimento, paulista por adoção política. O companheiro Vaccarezza, que também conosco teve oportunidade de desempenhar, nesse último período, as suas funções, cede lugar para o companheiro Arlindo Chinaglia. São dois também companheiros de caminhada. Com Arlindo tive oportunidade de trilhar, em conjunto com o meu companheiro Vital do Rêgo e o Senador Acir, as nossas caminhadas do PPA e do Orçamento pelo Brasil afora. Foi uma longa experiência, exitosa e prazerosa experiência desse quarteto. Caminhamos pelo Brasil inteiro.

            Começamos, inclusive, pela Paraíba, Senador Cássio. A primeira cidade brasileira em que fizemos o debate para a questão do Orçamento participativo, o PPA participativo, as audiências públicas, foi a gloriosa João Pessoa, da Paraíba, uma cidade inclusive muito agradável, bonita. Brinco muito com João Pessoa ou com as pessoas de João Pessoa porque digo sempre o seguinte: João pessoa é aquela cidade do interior no litoral, porque ela preserva suas características positivas e agradáveis, e é a grande cidade, é a capital. Portanto, lá começamos esse Orçamento, eu, Vital, Acir e o companheiro Arlindo Chinaglia.

            Arlindo hoje assume a liderança do Governo na Câmara, Arlindo, que já foi Líder da Bancada do PT, que já foi Presidente da Câmara dos Deputados, portanto, já foi Líder do Governo e hoje volta a ser Líder do Governo Dilma ali.

            Então, vamos tranquilamente promover essa caminhada juntos, Eduardo Braga aqui, pela liderança do Governo; Arlindo Chinaglia do lado de lá; Pimentel na liderança do Governo no Congresso; nós, Inácio, você pela liderança do PCdoB, no bloco conosco; eu na liderança do PT; o companheiro Acir na liderança do PDT; Lídice na liderança do PSB. Então, nós vamos continuar a nossa jornada. Creio eu que teremos a oportunidade, mesmo num ano de dificuldades, tanto de crise econômica quanto de redução do espaço de ação, por conta do período eleitoral, de produzir grandes coisas neste Parlamento, dar respostas a essa crise e continuar aprofundando as transformações sociais, levar cada vez mais infraestrutura a todos os cantos do País, estimular o desenvolvimento local em cada canto, ou na pequenina Chorrochó ou na minha grande Salvador ou lá pelo Cariri, ou talvez, quem sabe, em Cajazeiras ou em João Pessoa. Não importa, nós queremos exatamente trabalhar por este Brasil, trabalhar cada um pelo seu Estado, cada um pelos seus Municípios, mas de forma unificada aqui. Agora, sob a condução da liderança do Governo de Eduardo Braga temos a oportunidade de trabalhar pelo nosso Brasil, trabalhar pela nossa gente, trabalhar pelo desenvolvimento.

            Eduardinho, seja bem-vindo. Vamos caminhar juntos e, com certeza, teremos a oportunidade de, juntos, com Renan, com Romero, com os líderes, inclusive da oposição, do DEM, do PSDB, do bloco, todos vamos ter a oportunidade de bons debates, grandes conquistas e, eu diria, até de tocar grandes projetos para esta Nação, a partir do Senado Federal da República.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Boa noite.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2012 - Página 6169