Pronunciamento de Ciro Nogueira em 15/03/2012
Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Preocupação com o baixo crescimento do setor industrial brasileiro.
- Autor
- Ciro Nogueira (PP - Progressistas/PI)
- Nome completo: Ciro Nogueira Lima Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA INDUSTRIAL.:
- Preocupação com o baixo crescimento do setor industrial brasileiro.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/03/2012 - Página 6762
- Assunto
- Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
- Indexação
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- APREENSÃO, ORADOR, RELAÇÃO, INSUFICIENCIA, CRESCIMENTO, INDUSTRIA, BRASIL, FATO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, CUSTO DE PRODUÇÃO, IMPOSTOS, AUMENTO, PRODUTIVIDADE, OBJETIVO, ALCANCE, AMPLIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, PAIS.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco/PP - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recentemente manifestei, neste plenário, minha preocupação com a economia brasileira. Anteriormente afirmei e, hoje, repito que: "se nós queremos um país desenvolvido, nós temos que ter uma indústria forte e desenvolvida. Precisamos repensar a política financeira, econômica e cambial para evitar o fechamento das nossas indústrias. Precisamos rever nossos modelos, pensando no país que queremos ter no futuro".
Sr. Presidente, a participação do setor industrial na formação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, em 2011, representou apenas 14,6%. Para termos uma idéia da gravidade desta estatística, este número se assemelha ao PIB de 1956, ano em que o então presidente Juscelino Kubitschek estimulou a industrialização do Brasil com o plano de metas "50 anos em 5".
A indústria no Brasil, responsável por enorme geração de empregos e renda, está sendo prejudicada pela supervalorização da nossa moeda, por nossa elevada carga tributária e pela invasão de produtos asiáticos.
"Desoneração" passou a ser a palavra mágica. Um bom exemplo disso são pequenas alterações setorizadas em impostos para promover efeitos imediatos que se traduzem em tempo e fôlego para a adaptação de nosso setor produtivo.
Segundo Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo: "temos energia cara, spreads bancários dos maiores do mundo, cambio valorizado, custo tributário enorme e uma importação maciça. A queda da indústria no PIB é a prova do processo de desindustrialização".
Os setores industriais que demandam mão de obra menos qualificada e matérias-primas pouco elaboradas são os que mais estão sofrendo com o que podemos chamar de "invasão da produção asiática". Países como Paquistão, índia e China, hoje, já são imbatíveis nas áreas de calçados e tecidos.
Essa "invasão", algumas vezes mais agressiva e predatória do que o esperado, não deve ser encarada como a "desindustrialização terminal" da nossa economia. O nosso governo e os empresários brasileiros, a despeito do quadro negativo, estão procurando soluções para a manutenção dos níveis de emprego e produção de renda.
A experiência demonstra que, em países como o Brasil, a produção asiática acaba abalando as indústrias locais e "invadindo" o mercado pelas importações.
A longo prazo, acreditamos que a indústria, para se defender da concorrência asiática, migrará para a produção de bens que não dependam de baixos custos de mão de obra. A indústria aeronáutica e a prospecção de petróleo em águas profundas são bons exemplos de alternativas produtivas.
Grupos muito atingidos pelas importações asiáticas, como medida de proteção, já estão buscando outras áreas produtivas. Temos, como exemplo, a recente guinada do grupo "Coteminas", gigante na indústria têxtil, que está desativando duas fábricas no Rio Grande do Norte e voltando seus investimentos para o mercado imobiliário, o segmento que mais cresce no país.
Longe de abandonar a área têxtil, o grupo manterá a mesma quantidade produzida, transferindo a produção para outra unidade fabril, segundo o presidente da empresa, Josué Gomes da Silva, filho do saudoso ex-vice-presidente José de Alencar.
Acreditamos que o governo brasileiro está atento aos indicadores da economia. Recentemente, em audiência, aqui, no Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pôde expor algumas medidas que estão sendo adotadas pela área econômica, em benefício de nossa capacidade produtiva. Ficamos esperançosos com a exposição do Ministro. Sua Excelência lembrou que o Brasil tem como desafios aumentar a produtividade, a competitividade e reduzir os custos, mas, também, afirmou que haverá muitos investimentos que produzirão resultados positivos.
Temos certeza, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a criatividade empreendedora do brasileiro e a responsabilidade de nossas instituições, ao criarem condições favoráveis para o crescimento dos setores produtivos nacionais, nos deixarão brevemente em posição de destaque ainda maior no cenário econômico global.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.