A SRª. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador Suplicy.

            Srªs e Srs. Senadores, companheiros e companheiras, o assunto que me traz à tribuna no dia de hoje é exatamente o mesmo que trouxe aqui o Senador Alfredo Nascimento.

            Aproveito este instante para falar também a respeito do grave problema de distribuição e de abastecimento de energia elétrica que sofre a cidade de Manaus.

            Quero não só lamentar, Senador Davim, mas, ao mesmo tempo, refletir sobre o drama que a população de Manaus - e aqui é bom que se registre -, a cidade que detém o sexto maior PIB do Brasil, o sexto maior Produto Interno Bruto do Brasil, está sofrendo.

            Pegando os últimos quatro meses, o setor produtivo, a população, o comércio, todos suportaram os transtornos e os prejuízos impostos por nada mais nada menos que quatro blackouts. Somente neste ano, em janeiro, foram três; somente neste ano de 2012. O primeiro, salvo engano, no dia 6 de janeiro, quando a cidade passou um bom período da tarde sem energia elétrica. Àquela altura, a empresa de energia, a Amazonas Energia, que é uma empresa pública, do Governo federal, visto que foi federalizada, alegou problemas meteorológicos, muita descarga elétrica, muita chuva, muitos trovões. Enfim, alegou isso.

            No último domingo, como aqui já foi dito, a cidade de Manaus amanheceu às escuras. Alguns bairros da cidade registram que a luz teria ido embora às três horas da manhã; outros, a luz foi um pouco mais tarde embora, e retornou a partir de dez horas da manhã. Ou seja, uma boa parte dos bairros da cidade de Manaus ficou quase dez horas sem energia elétrica. Estima-se que a cidade inteira, todas as regiões, todos os bairros, toda a cidade de Manaus tenha ficado sem luz durante, no mínimo, quatro horas. Essa é a estimativa, no mínimo quatro horas. Isso aconteceu no último domingo. Na segunda-feira, ontem, os problemas persistiram.

            Eu aqui quero mostrar a capa do caderno “Cidades” do jornal A Crítica, edição de ontem. A manchete é “Cidade sem luz pela segunda vez neste ano”. Isso foi publicado no jornal de segunda-feira. Cidade sem luz pela segunda vez só neste ano de 2012.

            E vamos ao jornal de hoje. A capa do jornal de hoje, o mesmo jornal A Crítica:

            “Blecaute em série. A culpa é do apagão”

            Isso foi a justificativa da empresa Amazonas Energia, em relação a falta de energia do dia de ontem:

            “Diz a empresa Amazonas Energia que o blecaute de ontem, segunda-feira, teria sido conseqüência do apagão que Manaus sofreu no último domingo”.

            Ai, diz mais a matéria:

            “Cansados consumidores apelam à Justiça e ganham”.

            Ai o que diz o comércio:

            “O comércio viveu uma segunda-feira sem energia, sem água e com graves e grandes prejuízos aos comerciantes”.

            As justificativas do diretor:

            “Um dos diretores da empresa Amazonas Energia justificou que a empresa não vem conseguindo atender o consumo na cidade de Manaus”.

            A indústria:

            “O presidente do Centro das Indústrias do Amazonas, Dr. Wilson Périco, aponta a paralisação do Pólo Industrial de Manaus”.

            E aqui acabei de dizer, Manaus é a 6ª cidade em produção do País, nós abrigamos lá o maior pólo eletroeletrônico da América Latina. Mas somente neste ano foram dois, poderemos até considerar três se falarmos do apagão, dos blecautes sofridos no dia de ontem, porque se vai embora a luz vai embora a água também, e as escolas não funcionam, as fábricas não funcionam e o comércio funciona muito precariamente.

            Então, Sr. Presidente, eu quero dizer que nós não podemos mais conviver com isso. Diante desse fato, ontem mesmo, eu na cidade de Manaus e percorri algumas rádios da nossa cidade, fui à CBN, fui à Rede Bandeirantes de rádio e televisão e a mim não chegavam outras perguntas que não fossem relativas à energia, a essa instabilidade que a cidade de Manaus já vive há anos. Saindo desses locais, me dirigi ao telefone na busca de falar com o Ministro Edison Lobão. Imediatamente conversei com o Ministro Edison Lobão, e ficamos apenas de confirmar o encontro próximo nosso, do Amazonas, com ele próprio Ministro.

            Ontem, já com a noite avançada, o Ministro Lobão retornou minha ligação novamente e acertamos o encontro para amanhã. Participará desse encontro também o Líder da Presidenta Dilma aqui no Senado, Senador Eduardo Braga, e estaremos com o Ministro Lobão.

            Então, eu quero dizer que estou aqui na tribuna, primeiro, não fazendo uma denúncia porque isso foi matéria até do Jornal Nacional, o Brasil inteiro soube, infelizmente, se tivesse acontecido numa outra cidade, que não ficasse no Norte do Brasil, uma grande cidade do centro sul do País, talvez a reação fosse diferente porque, repito, não é a primeira vez, somente neste ano é a segunda vez que a cidade toda fica sem energia elétrica, todos os segmentos sofrendo, inclusive a população.

            Se fosse em São Paulo, Senadora Marta, Senador Suplicy, certamente a reação seria outra, não seria uma reação tão passiva.

            Então, diante disso, penso que nós da Bancada, tanto eu, o Senador que acabou de falar, Alfredo Nascimento, Senador Eduardo Braga, que foi governador por dois mandatos no nosso Estado, todos nós que apoiamos o Governo da Presidenta estamos dispostos a ajudá-los, entretanto nós precisamos conhecer de forma mais profunda, o que quero dizer, e direi isso ao Ministro de Minas e Energia, é que não basta dizer que tem recursos.

            E o Governo Federal vem, através do Ministério de Minas de Energia, afirmando isso com frequência, dizendo que o Ministério dispõe, tem disponibilizado em torno de R$3,2 bilhões para serem investidos pela Eletrobrás na região Norte, dos quais mais de R$700 milhões seriam utilizados exclusivamente para o sistema de distribuição de energia elétrica.

            Aliás, isso nós vimos e ouvimos da própria Presidenta Dilma, logo que ela assumiu o Governo no início do ano passado. Estivemos com a Presidenta, o Governador Omar Aziz, o Senador Eduardo Braga e eu, antes do segundo turno das eleições, e dizíamos a ela quais as prioridades do Estado do Amazonas, e entre as prioridades estava exatamente a distribuição de energia elétrica na cidade de Manaus e no interior, e mostrávamos a urgência da melhoria da distribuição na cidade de Manaus.

            Fim da eleição, segundo turno, elege-se a Presidenta Dilma, voltamos com a Presidenta, o. Governador Omar, o Senador Eduardo e eu, e novamente falamos de nossas prioridades, Zona Franca, apenas duas, Zona Franca de Manaus e um sistema de energia mais seguro porque sem esse básico, que é energia elétrica, nós não conseguiremos avançar, de maneira nenhuma. Nenhum Estado, nenhuma região avança se não tiver energia elétrica.

            Eu aqui repito: não estou falando de qualquer cidade, uma cidade que tem em torno de dois milhões de habitantes, se pegarmos apenas a cidade, fora os municípios que compõem a região metropolitana. Uma cidade que tem um pólo industrial com mais de 500 fábricas e que emprega em torno de 120 mil trabalhadores, operários e operárias, diretamente. Pois é essa cidade que vem sofrendo com esse grave problema.

            O que diremos ao Ministro: Sr. Ministro, dinheiro já vem sendo anunciado há muito tempo. Logo após o mês de janeiro, os diretores da Eletrobrás estiveram em Manaus em reunião com o Governador Omar Aziz. Lá esteve o Diretor da Eletrobrás que cuida da empresa federalizada no Estado do Amazonas, Dr. Marco Aurélio Madureira, juntamente com o Presidente da Eletrobrás, Dr. José da Costa Carvalho - aliás, ambos estão no meu Estado no dia de hoje, em Manaus. Amanhã, deverão aqui estar para participarem conosco da reunião, juntamente com o Ministro Lobão. Não dá mais para ouvirmos que tem dinheiro, que o plano já está feito e que está sendo aplicado. A cidade não suporta mais; o parque industrial não suporta mais; o comércio não suporta mais; a população não suporta mais.

            Vou sugerir, amanhã, Senador, se V. Exª permitir, que o Ministério de Minas e Energia, o Ministro Lobão, aceite que participe, junto com a equipe da Amazonas Energia, um grupo de técnicos, de pessoas que representam a Universidade do Estado do Amazonas, a Universidade Federal do Amazonas, para acompanhar de perto a execução das obras necessárias para que haja uma regularidade maior no abastecimento de energia elétrica na cidade de Manaus. Repito: não agüentamos mais, a cidade não agüenta mais, Srs. Senadores.

            Estarei com o Ministro amanhã. Acredito que S. Exª apresente, amanhã mesmo, proposta para além daquela que já apresentou. Então, lamento muito ter de vir à tribuna para falar desse assunto, mas não poderia jamais - em decorrência dos problemas, dos prejuízos que nossa cidade vem sofrendo por conta disso - deixar de falar a respeito.

            Muito obrigada.