Discurso durante a 50ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Emoção com a visita ao Hospital do Câncer de Barretos, por ocasião do transcurso dos 50 anos daquela instituição.

Autor
Antonio Russo (PR - Partido Liberal/MS)
Nome completo: Antonio Russo Netto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Emoção com a visita ao Hospital do Câncer de Barretos, por ocasião do transcurso dos 50 anos daquela instituição.
Publicação
Publicação no DSF de 03/04/2012 - Página 10852
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, HOSPITAL, CANCER, MUNICIPIO, BARRETOS (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RELATORIO, HISTORIA, FUNDAÇÃO, INSTITUIÇÃO HOSPITALAR, ELOGIO, QUALIDADE, SERVIÇO HOSPITALAR, ATENDIMENTO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS).

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Srªs e Srs. Senadores, foi com profunda expectativa, curiosidade e emoção que visitei, na semana passada, o Hospital de Câncer de Barretos. O motivo da minha primeira visita foi a comemoração dos 50 anos da instituição. Na mesma data, inaugurou-se a unidade de atendimento infanto-juvenil, denominada Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

            É impossível deixar de ficar emocionado, quando se conhece as instalações e o trabalho do Hospital de Câncer de Barretos. Fiquei orgulhoso de ser brasileiro naquele momento.

            Conhecendo as instalações do Hospital, ficamos sensibilizados em ver como ali a solidariedade humana se materializa e ganha uma dimensão especial.

            Ficamos profundamente comovidos ao constatar como a atenção, o carinho e a dedicação de funcionários, atendentes, assistentes sociais, médicos, enfermeiras, enfim, toda uma comunidade, são fundamentais para a valorização da vida.

            Srªs e Srs. Senadores, quero dizer a todos nesta Casa que ali a experiência humana ganha uma grandeza que nos enche de esperança. Presenciamos todos os dias as mazelas de nosso País, sobretudo nas áreas sociais, e pensamos, muitas vezes, que levaremos ainda muito tempo para solucionar nossos problemas nas áreas da saúde.

            Mas quem conhecer o trabalho que vem sendo desenvolvido no Hospital de Câncer de Barretos verá que a convergência de senso de justiça, trabalho humanitário, gestão solidária, esforço coletivo, pesquisa, dedicação e amor ao próximo são fundamentais para criar a força transformadora que fará do Brasil um País cada vez melhor.

            Ali temos o exemplo de que é possível vencer as dificuldades e superar nossos problemas.

            Posso dizer que saí do Hospital do Câncer de Barretos no último dia 24 de março com outra visão de País. Mesmo tendo presenciado dramas humanos dos mais terríveis, pude compreender que a esperança de cura de uma doença que atinge milhares de brasileiros de todas as idades e classes sociais pode também nos confortar e nos fortalecer.

            Considero fundamental oferecer este depoimento a esta Casa, porque posso afirmar que o Hospital de Câncer de Barretos é uma referência de sucesso no Brasil. É um trabalho que tem encantado milhares de brasileiros que hoje têm contribuído voluntariamente para seu crescimento e viabilidade.

            O Hospital do Câncer nasceu na década de 60. A origem da unidade deu-se por uma razão muito simples: o único hospital especializado para tratamento de câncer situava-se na capital do Estado de São Paulo, e os pacientes que apareciam no Hospital São Judas, de Barretos, com a doença eram, em sua maioria, previdenciários de baixa renda com alto índice de analfabetismo.

            Esses brasileiros pobres e desesperados tinham dificuldades de buscar tratamento na capital por falta de recursos, receio das grandes cidades, além da imprevisibilidade de vaga para internação.

            E, assim, o hospital foi crescendo e se desenvolvendo, com dificuldades, mas também com apoio da comunidade, dos governos, da iniciativa privada e da ampla rede de entidades filantrópicas existente no País.

            No ano de 1989, Henrique Prata, filho do Dr. Paulo Prata e da Drª Scylla Duarte Prata, casal de médicos fundadores do hospital, abraça a ideia do pai e, com a ajuda de fazendeiros da cidade e da região, realiza mais uma parte do projeto, inaugurando o pavilhão Antenor Duarte Villela.

            Assim nasceu a Fundação Pio XII, que vem investindo recentemente na área de ensino para médicos e outros profissionais de sua equipe multidisciplinar, através de programas de residência médica e cursos de especialização.

            Em 2004, a Fundação iniciou o Programa Institucional de Intercâmbio com instituições de ensino superior, visando o intercâmbio tecnológico e o aperfeiçoamento de seus profissionais de saúde.

            Assim, gradativamente, desenvolveram-se parcerias com a Escola Politécnica da USP e convênios com a Faculdade de Medicina da USP, Unifesp e Unesp. Atualmente 65% dos médicos do corpo clínico da Fundação Pio XII estão cursando ou já têm título de pós-graduação, mestrado, doutorado e livre-docência.

            Seguindo o histórico de expansão do complexo hospitalar e em concordância com uma tendência internacional, a diretoria do Hospital Pio XII decidiu investir na área de pesquisa básica aplicada. Essa área tem como objetivo promover a aplicação direta de resultados de pesquisa básica na prática clínica, neste caso com o objetivo último de beneficiar o paciente com câncer.

            O Hospital de Câncer de Barretos possui 70.000m2, registra 3.500 atendimentos/dia, todos 100% provenientes do SUS. Mesmo com o déficit mensal de R$5,5 milhões, o hospital acolhe pacientes de todo o País, recebendo 11 mil casos novos por ano. O hospital tem mais de 75 mil amostras dos mais de 110 tipos de câncer, formando o maior laboratório de estudos da doença no País.

            Em 2000, a instituição foi escolhida pelo Ministério da Saúde como o melhor hospital público do País, mantendo este título nos últimos três anos. O Hospital encerrou 2011 com 549.104 atendimentos realizados a 97.630 pacientes advindos de 1.527 Municípios de todos os 27 Estados do País e do Distrito Federal. Um recorde de cobertura.

            Ao todo, o Hospital de Câncer de Barretos reúne 250 médicos que trabalham em tempo integral e dedicação exclusiva e mais de 2.500 colaboradores. São mantidos treze alojamentos - sendo dois deles infantis - para 650 pacientes e seus acompanhantes, oferecidos gratuitamente e são servidas seis mil refeições diárias.

            Srs. Senadores e Senadoras, o Hospital de Câncer de Barretos, que atende a apenas pacientes do SUS, inaugurou na semana passada sua unidade infanto-juvenil em parceria com duas instituições americanas que são referência no mundo em tratamento oncológico, o MD Anderson e o Saint Jude Children's Hospital.

            Nesse aspecto, quero homenagear o presidente do hospital, Henrique Prata, homem de notáveis talentos, que tem dedicado a vida a manter essa obra magnífica para atender a doentes e confortar famílias.

            Considero Henrique Prata um dos grandes brasileiros deste País, um homem que deve figurar no topo de qualquer ranking da cidadania, pois ele trabalha numa atividade que pode ser considerada a mais nobre de todas: a de salvar vidas, dar esperança, alegria e amor aos brasileiros de todas as origens e de todas as formações.

            Gostaria que todos os Senadores conhecessem de perto o trabalho do Hospital de Câncer de Barretos. Trata-se de uma experiência nacional que transcende Estados e Municípios.

            Quem sabe um dia essa experiência possa ser transposta para outras regiões brasileiras, para atender inclusive a outras doenças e outros males.

            Quero deixar aqui registrado esse trabalho porque ele representa um ponto de excelência do esforço de brasileiros e brasileiras em favor do próximo. Posso dizer sem medo de errar que o Hospital de Câncer de Barretos enaltece nossa brasilidade e nos enche de orgulho.

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/04/2012 - Página 10852