Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com a libertação de prisioneiros pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia na última segunda-feira.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA, SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Satisfação com a libertação de prisioneiros pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia na última segunda-feira.
Publicação
Publicação no DSF de 04/04/2012 - Página 10885
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA, SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, ELOGIO, LIBERDADE, PRISIONEIRO, GRUPO, GUERRILHA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, PARTICIPAÇÃO, AUTORIDADE, PAIS, OPERAÇÃO, RESGATE.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, gostaria, em primeiro lugar, de saudar a presença, na nossa tribuna de honra, do Prefeito Renato Stasiak e do Vice-Prefeito Anízio de Souza, do Município de Porto União, em Santa Catarina, que hoje tem 33 mil habitantes.

            Prefeito Stasiak, do PMDB, e Anízio de Souza, do PT, sejam bem-vindos ao nosso Senado.

            Gostaria, Srª Presidenta, de dar uma boa notícia que aconteceu ontem, sobretudo porque também teve a participação do Brasil, das autoridades brasileiras. Refiro-me à libertação de dez pessoas - seis policiais e quatro militares - que há dez anos estavam sequestrados pelas Farc, na Colômbia. Eis que foram finalmente libertados, inclusive, com a colaboração da Cruz Vermelha do Brasil, que auxiliou com dois helicópteros, e ainda com 22 militares das Forças Armadas do Brasil, que colaboraram com o governo da Colômbia para que esse passo tão significativo fosse dado rumo à pacificação da Colômbia.

            Leio aqui a notícia, que saiu de maneira semelhante nos principais jornais brasileiros:

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) entregaram ontem a uma missão humanitária seis policiais e quatro militares sequestrados há mais de dez anos, que seriam os últimos reféns políticos da guerrilha.

O grupo foi recebido por familiares no aeroporto de Villavicencio (a 110quilômetros de Bogotá). Desembarcaram fazendo sinais de vitória e acompanhados por médicos. Depois, foram levados à capital, onde passaram por uma avaliação.

"Conseguimos isso por meio do diálogo, sem derramar uma gota de sangue. É o reconhecimento de que o que a Colômbia mais quer é a paz", disse a ex-senadora Piedad Córdoba, da ONG Colombianos e Colombianas pela Paz, que negociou as liberações.

            Cumprimento a Senadora Piedad Córdoba, que já esteve aqui, no Senado Federal, e com quem já estive, há alguns anos, quando em visita a Colômbia. Ela é uma das pessoas que muito se interessou pela proposição da Renda Básica de Cidadania.

            Ressalto, assim, a importância desse passo dado na Colômbia com vistas à pacificação do longo conflito que existe entre as Farc e o Governo da Colômbia.

Segundo a Cruz Vermelha, que coordenou a operação que levou mais de sete horas, os reféns foram entregues em uma zona rural do sudeste colombiano. A missão utilizou um dos dois helicópteros cedidos pelo Brasil, operado por militares brasileiros.

“Hoje termina a agonia para estas famílias e isso nos enche de satisfação”, disse o chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Colômbia, Jordi Raich, em um comunicado.

A operação iniciada na sexta-feira - quando as aeronaves brasileiras partiram de Manaus (AM) - esteve prestes a ser cancelada na manhã de ontem, por conta do mau tempo. Iniciou-se, por fim, com duas horas de atraso.

Em fevereiro, as Farc anunciaram o fim dos sequestros de civis e a soltura do grupo entregue ontem e relançaram ao Governo oferta para retomar as negociações de paz.

A proposta, contudo, foi recebida com cautela pelo Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que tem repetido que o fim dos sequestros é um “passo importante” para iniciar as conversas com a guerrilha, mas não suficiente”.

O Governo exige que a guerrilha mais antiga do continente, ativa desde os anos 60, abandone as armas e renuncie ao recrutamento de menores e ao narcotráfico.

Mesmo debilitadas, as Farc resistem a aceitar as condições. Com efetivo reduzido pela metade - estima-se que sejam 9.000 homens -, tem optado por planejar atentados contra forças de segurança.

Com as liberações de ontem, ativistas dizem que a meta agora é trabalhar para que um número indefinido de reféns civis que ainda está em poder da guerrilha não seja esquecido.

“Não podemos esquecer que ainda há centenas de pessoas cativas que o grupo deve liberar se realmente pretende que a sociedade colombiana confie em seu anúncio de abandonar o sequestro como arma de guerra”, diz Olga Gómez, diretora da ONG Fundação País Livre.

Segundo a entidade, haveria 405 cativos na selva, à espera de pagamento de resgate.

É a quarta vez desde 2009 que o Brasil auxilia no traslado de reféns unilateralmente libertados pelas Farc. O país colocou à disposição da Cruz Vermelha dois helicópteros Cougar, do Exército brasileiro, com capacidade para até 24 pessoas cada um.

O Governo também enviou à Colômbia um avião cargueiro com peças de reposição dos helicópteros e equipe de mecânicos.

            Quero cumprimentar o Ministro da Defesa, Celso Amorim, o Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e a própria Presidenta Dilma Rousseff, que, tal como fez o Presidente Lula quando colaborou em ações dessa natureza, procederam da maneira aqui indicada.

            E quero ressaltar e estimular as Farc a, efetivamente, caminhar na direção de uma forma de pacificar a Colômbia, de não haver mais os sequestros ou a utilização do narcotráfico como maneira de conseguir recursos e que possam as Farc dialogar com o governo com vistas mais a aplicar aqueles instrumentos que possam significar a realização, a consecução dos princípios de justiça na Colômbia e que possa, a exemplo do Brasil, caminhar celeremente para diminuir as desigualdades, caminhando em direção à eliminação da pobreza extrema e, para isso, que venham a considerar seriamente a proposta, como tenho dito à Senadora Piedad Córdoba e ao próprio Presidente Juan Manuel Santos, que considerem seriamente a proposição de uma renda básica de cidadania para toda a população da Colômbia.

            Então, Srª Presidenta, que bom que houve esse passo que significa esperança para as condições de paz na Colômbia e na América Latina.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/04/2012 - Página 10885