Discurso durante a 60ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Decepção com o Governo Federal pela adoção de posição favorável à aprovação de projeto que extingue o Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap); e outros assuntos.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL. DIREITOS HUMANOS. RELIGIÃO.:
  • Decepção com o Governo Federal pela adoção de posição favorável à aprovação de projeto que extingue o Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap); e outros assuntos.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2012 - Página 13049
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL. DIREITOS HUMANOS. RELIGIÃO.
Indexação
  • CRITICA, RELAÇÃO, POSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, APOIO, EXTINÇÃO, FUNDO DE DESENVOLVIMENTO, ATIVIDADE PORTUARIA, MOTIVO, PREJUIZO, ECONOMIA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), SOLICITAÇÃO, ORADOR, MEMBROS, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, OBJETIVO, DESAPROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, SESSÃO, INCENTIVO, COMERCIO EXTERIOR, REGIÃO.
  • LEITURA, NOTA, AUTORIA, REPRESENTANTE, GRUPO, DEFESA, HOMOSSEXUAL, ASSUNTO, CRITICA, RELAÇÃO, LINDBERGH FARIAS, SENADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MOTIVO, POSIÇÃO, PRONUNCIAMENTO, PASTOR, ACUSADO, HOMOFOBIA, COMENTARIO, ORADOR, REFERENCIA, INCOERENCIA, NOTIFICAÇÃO.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), CONGRESSO INTERNACIONAL, ORGANIZAÇÃO, IGREJA EVANGELICA.

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente; Srs. Senadores; Senador Paim; aqueles que nos veem e nos ouvem pelos meios de comunicação desta Casa - TV Senado e Rádio Senado -, Senador Moka, o meu sentimento nesta tribuna hoje é um misto de decepção, com sentimento de perda, coração angustiado, mas também cheio de esperança, porque eu não sou homem de perder a esperança e entregar os pontos antes da hora.

            V. Exª tem acompanhado a nossa peregrinação, a peregrinação do meu Estado, a peregrinação das forças políticas, das organizações sociais, do cidadão anônimo, daquele que, lá, recolhe imposto, daquele que tem a saúde, a educação e o transporte, pois, parte significativa vem dos incentivos fiscais do Fundap... Nós fomos duramente golpeados com o advento dos royalties. Colocaram na nossa conta e na conta do Rio de Janeiro a miséria do Brasil. Colocaram na nossa conta e na do Rio de Janeiro todo o sofrimento e pobreza do povo brasileiro, o empobrecimento dos Estados e dos Municípios, como se Rio e Espírito Santo fossem dois Estados de um povo milionário, de um povo abastado, como se toda a riqueza deste País ficasse simplesmente com estes dois Estados: Rio e Espírito Santo, em detrimento da miséria vivida pelos demais entes Federados.

            O baixo IDH do Maranhão é culpa nossa. A pobreza periférica de Pernambuco, da Paraíba, os bolsões de miséria instalados em São Paulo são culpa dos Estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.

            Isso é uma brincadeira de mau gosto! Essa é uma falácia a que fomos submetidos ao longo do ano passado. E V. Exª sabe qual foi a nossa luta, o nosso enfrentamento.

            Mas a minha maior dor é saber que os Parlamentares são pessoas esclarecidas, tão esclarecidas que sabem que a riqueza do petróleo é de todos, diz a lei, mas sabem também que royalty não é petróleo, é pagamento de passivo social, de passivo ambiental nos Estados produtores. E aí fizeram uma lei infame, a chamada Emenda Ibsen Pinheiro, lá do seu Estado, Senador Paim, uma emenda safada, cretina, uma emenda eleitoreira, indigna e que foi ratificada por este Senado, ratificada por este Senado, mesmo tendo a compreensão de que royalty não é petróleo. Esta é a minha vergonha: saber que são homens esclarecidos, que sabem que royalty não é petróleo, royalty é pagamento de passivo ambiental, royalty não é energia, .royalty não é minério, é o pagamento de passivo ambiental.

            Nós precisamos discutir o Pacto Federativo.

            Então, o meu Estado, o Espírito Santo, Senador Paim, sofre duas pancadas: primeiro, o royalty - estamos vivendo a grande celeuma, que voltou para a Câmara -, e agora o Fundap.

            Venho a esta tribuna, Senador Moka, Senadora Vanessa, para tratar desse assunto. Aliás, Senadora Vanessa, mês passado, V. Exª se pronunciou aqui falando de sua solidariedade e da necessidade de não fatiarmos e de discutirmos o Pacto Federativo, o Fundo de Participação dos Estados e dos Municípios e a questão dos incentivos.

            V. Exª é de um Estado que tem a Zona Franca. Eu chamo a atenção de V. Exª e a do Presidente Moka para dizer que o Presidente Sarney - que desejo que tenha uma boa e rápida recuperação; está internado e, graças a Deus, foi acudido rápido, pois havia um comprometimento de uma veia do coração dele da ordem de 70%, e ele quase teve um infarto aqui, mas passa muito bem, graças a Deus - quis abrir uma zona franca no Amapá. A Senadora Vanessa era Deputada Federal. A bancada Federal se manifestava lá, e aqui Arthur Virgílio virava um siri na lata. E eu me juntei ao Arthur, porque era covardia. Se você abre precedente e começa a abrir zona franca em todo lugar deste País é para penalizar Manaus, o Amazonas. E o Fundap, Senador Paim, é como se estivessem tirando a nossa zona franca sem pena e sem dó.

            O meu registro, nesta tribuna, é o de quem faz um apelo emocionado.

            O Sr. Guido Mantega, depois de 15 dias de silêncio, sem atender a um governador - olha, Sr. Guido, desta tribuna, eu já disse algumas coisas que se cumpriram. Lembro-me do Sr. Palocci, quando eu disse: “Olha, Sr. Palocci, vou mandar-lhe um recado, dado por Salomão, nem fui eu, foi Salomão quem disse que a arrogância precede à ruína”. “Sr. Guido Mantega, a arrogância precede a ruína. Sr. Guido Mantega, a arrogância precede a ruína” -, 15 dias sem receber o Governador de Goiás, o Governador de Santa Catarina, numa atitude deselegante como Ministro, como se estivesse dizendo: “Eu não quero conversa com vocês. Vamos passar o rodo e acabou. Está determinado: amanhã, nós vamos passar o cerol; não tem conversa”. E, hoje, à tarde, ele recebeu o meu Governador, Renato Casagrande, que está aqui peregrinando. Nesse momento, S. Exª se encontra batendo de porta em porta, pedindo pelo amor de Deus, porque simplesmente a conversa com o Sr. Guido Mantega foi conversa de bêbado para delgado. Ele viu como se fosse cego e ouviu como se fosse surdo e deixou claro que, amanhã, na Comissão, na CAE, a base do Governo vai passar o rodo.

            Hoje é meu Estado, amanhã pode ser o seu, Senador Moka. Não foi o seu, o seu não entrou na dança, a tubulação do gás da Bolívia passa por lá. O seu Estado tinha uma beirinha para pagar um preço. Em princípio, estava junto com a gente, porque ia tomar uma pancadinha também do Sr. Guido Mantega e da Presidente Dilma - infelizmente -, mas o Delcídio do Amaral meteu o pé na porta, Senador Paim. Delcídio do Amaral meteu o pé na porta e bateu na mesa e falou: “Eu sou deste partido, Eu sou do partido da Presidente. Vocês não vão me atropelar dentro do meu Estado, não vão acabar com a minha história política. Vocês não vão me desmoralizar”. Aliás, discurso que eu queria ver os Parlamentares do PT do meu Estado fazerem. Meteu o pé na porta! E ele tinha de fazer isso mesmo. Mas estava do lado dele o Moka, estava do lado dele o Senador do meu partido, nosso Antonio Russo, que substituiu a nossa querida Marisa Serrano, e logo, logo o Governo achou uma compensação.

            Quando vejo o Senador Armando Monteiro fazer discurso em nome da indústria - e é verdade, precisamos salvar a indústria, a indústria não pode quebrar, a indústria gera emprego; emprego é honra, é comida na mesa, é honra, não é Senador Paim? Precisa-se gerar emprego, precisa-se gerar trabalho -, mas para salvar a indústria é preciso matar o Espírito Santo? Será que não tem uma fórmula, Senador Moka? É preciso matar Santa Catarina? É preciso matar Goiás? Estava planejado também na lista das mortes o seu Estado? Será? Eu sei que não.

            Este País tem crescido. Deus tem abençoado este País. A mão de Deus tem estado sobre este País. Este País é privilegiado. Este País tem prosperado. E o meu Estado não merece essa covardia, porque é um Estado que fez o seu dever de casa, fez o seu dever de casa. E o seu Estado saltou essa fogueira, Presidente Moka, porque Delcídio do Amaral meteu o pé na porta. Eu vi Marcelo Déda, Governador pelo PT, meter o pé na porta e dizer: “Eu tinha 14 anos de idade quando eu fiz este partido. Andei pelas ruas, e o povo não entendia nada; outros tinham medo do PT, e eu querendo que o povo assinasse a ficha para fazer o PT no meu Estado, e depois de eu chegar a Governador do Estado, não é alguém que chegou ao partido ontem que vai acabar com a minha história não!”. Fala do Déda. “Não vão tirar um centavo de Sergipe”. Fala do Déda. E não está certo, Senador Paim? Não está certo, Presidente Moka? Está certo. Não está, Presidente Moka?

            É o que nós precisamos ouvir, é o que nós precisamos ouvir!

            Essa atitude da Presidente Dilma vai gerar uma coisa: a ex-Ministra Iriny, que é do PT, é candidata a Prefeita de Vitória. Essa atitude da Presidente Dilma e do Guido vai simplesmente aniquilá-la.

            O Prefeito João Coser está saindo agora, depois de oito anos. E hoje eu vi uma frase, no jornal, de um leitor, dizendo assim: “O PT quebrou Vitória. Agora, Dilma quer quebrar o Espírito Santo.”

            Presidente Dilma, eu lhe imploro, até em nome do seu partido. Para eu chegar aqui e implorar alguma coisa... Eu fico até com vergonha, porque eu a ajudei a ser Presidente. Fui para a rua pregar isso, fui para a rua enfrentar, mas, a gora, eu estou pedindo pelo amor de Deus. Imagine aonde chegamos!

            Eu quero pedir a sensibilidade dos Senadores.

            Senador Paim, amanhã é o seu Estado

            Senador Moka, o canhão pode se voltar para o seu Estado um dia novamente, e os senhores terão em mim solidariedade.

            Aos Senadores da CAE, eu peço solidariedade. Vocês sabem que nós precisamos discutir o Pacto Federativo; vocês sabem que nós precisamos discutir o Fundo de Participação dos Municípios e dos Estados; o Governo precisava fazer uma passagem decente, sem tensão, de maneira que o povo do Espírito Santo, lá na frente, olhe para trás e nem se lembre que houve o Fundap - a mesma coisa com Santa Catarina, com Goiás. Mas nós vamos ser punidos abruptamente. A lei entrará em vigor mesmo em janeiro de 2013, e que se lasque, que se lasque, o Espírito Santo!

            Fez o dever de casa, como um aluno que passa em todas as provas, estuda muito, faz o dever de casa, dá um banho em todo mundo. Durante três anos do Governo Paulo Hartung, o Estado cresceu, na média, mais do que o País. Um Estado que estava quebrado no começo do Governo Lula - quebrado! -, e que o crime organizado tentou ajoelhar. Mas não ajoelhou porque o povo é trabalhador.

            Fez o dever. Aí chega no final do ano, o diretor, junto com os professores, fala: “Vamos punir esse aluno aí porque ele estudou muito. Vamos punir esse aluno porque ele sabe as coisas. Vamos puni-lo porque ele é equilibrado. Ele não é bagunceiro. Chega cedo à aula. Porque ele faz todas as pesquisas e dá um banho nas provas. Pune esse aluno!” É assim? É. E o Espírito Santo está pagando esse preço.

            O meu Partido - e sei que terei solidariedade com o voto do Senador Blairo, que governou e sabe que esse tipo de comportamento é nefasto e inconsequente... Quero solidariedade deste bloco agora: PTB, PSC e PR, Senador Gim Argello, para que possamos dar equilíbrio. Esta é a Casa do equilíbrio. Esta é a Casa do bom senso. Amanhã, na CAE, precisamos do bom senso, Srs. Senadores. Precisamos de equilíbrio. Não podemos abruptamente fazer uma coisa como essa só para agradar o Governo.

            Amanhã, quando vocês precisarem de solidariedade, a Bíblia diz que com a medida com que medirdes vos medirão a vós. E tudo o quanto quereis que os outros vos façam, façais vós também. Se fosse com os seus Estados, vocês estariam agonizando, sofrendo, como estamos agora.

            É um assunto absolutamente sério, Senador Paim, e que o Governo não tem a mínima sensibilidade. Presidente Dilma, fui para rua porque acredito na senhora. E vou continuar acreditando, até porque, Senador Paim, quando o Governo Paulo Hartung começou, o Governo Lula começou, o nosso Estado quebrado, fomos até Lula - eu era o coordenador da bancada -, pedindo, Senador Moka, para ele fazer antecipação dos royalties do petróleo para salvarmos o Estado.

            Ele falou que não sabia como fazer isso, que ele estava começando o governo e nem conhecia essas contas. Mas ele sabia que não podia fazer, porque não tinha noção do preço do petróleo quando a gente fosse começar a pagar. E ele estava certo. E falou: “Mas não vou desanimar. Vou consultar o Ministro das Minas e Energia.” Viu, Senador Moka? E consultou.

            Sabe o que o Ministro das Minas e Energia falou? Não pode, Presidente. Isso é loucura. Não dá para fazer, porque não sabemos quanto vai custar o barril na época do pagamento. É loucura. Não dá para fazer, Presidente. Mas esse Estado precisa sair do buraco, o Ministro falou. E nós acreditamos num Brasil novo, sob a sua administração, e vamos trabalhar para isso. E precisamos e acreditamos no Espírito Santo.

            Presidente, vamos arriscar. E mandou, antecipou, 500 milhões para o meu Estado. Sabe quem foi esse Ministro, Senador Moka? Dilma Rousseff. Agora, pergunto, Ministra Dilma Rousseff, Presidenta da República: a mão que ajudou a salvar agora vai matar? A mão que ajudou a salvar agora vai matar? Ainda acredito na sensibilidade. Acredito que o Líder vai receber uma orientação. Tenho esperança e fé em Deus. Aí de mim se não tivesse fé em Deus! Foi para isso que fui mandado para cá, para acreditar até o final.

            Então, apelo à sensibilidade dos Srs. Senadores. Eu apelo. Amanhã, Senador Moka, o senhor vira Governador do seu Estado. Amanhã, Senador Paim, o senhor vira Governador do seu Estado ou qualquer um outro Senador e vão saber qual é a dor. Hoje, Renato Casagrande peregrinando e batendo de porta em porta, de porta em porta, e ouve uma conversa fria, calculista que ouviu do Sr. Guido Mantega... Guido Mantega, a arrogância precede a ruína. Este País não é seu; esse dinheiro não é seu. Eu penso na dor desse Governador.

            Encerro o meu pronunciamento apelando para a sensibilidade dos Srs. Senadores.

            Senador Paulo Paim.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Magno Malta, estou aqui esperando a minha inscrição. V. Exª é o último orador na tribuna. Quero dizer-lhe que pode contar com minha solidariedade. Se eu estivesse em sua situação - e por isso falo com a maior tranqüilidade - estaria na tribuna com o mesmo discurso. V. Exª está agindo corretamente. Nós, Senadores, além das questões específicas da conjuntura, da política nacional, temos obrigação de defender os interesses dos nossos Estados. Por isso, V. Exª está coberto de razão ao fazer essa defesa e de querer que haja uma compensação. V. Exª não é contra que se faça uma discussão ampla sobre o tema, sobre o pacto federativo, que se avance na reforma tributária, no Fundo de Participação dos Estados, mas que o seu Estado não seja prejudicado. Esse é o eixo do seu pronunciamento. Por isso, só posso cumprimentá-lo. Vi aqui, em um certo momento, o Senador Lindbergh fazendo um discurso duro, firme, em defesa dos interesses do Estado do Rio de Janeiro. E disse a ele, como digo a V. Exª, que faria um discurso no mesmo tom que V. Exªs estão fazendo. V. Exª está agindo corretamente na busca de uma solução. Quero dar esse testemunho. Eu fui testemunha de sua verdadeira cruzada nacional em defesa do nosso projeto, para reeleger o nosso projeto com a Presidenta Dilma. V. Exª foi aos outros Estados, mas foi também ao Rio Grande do Sul, quando havia uma avalanche de denúncias infundadas contra a Presidenta, jogando o povo evangélico em relação à reeleição dela. V. Exª foi lá para dar o testemunho de que nada daquilo procedia. Meus cumprimentos a V. Exª

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Quero dar um outro testemunho que acrescento ao meu pronunciamento, enriquecendo-o, pela sua história, pela sua biografia. A sua palavra enriquece o meu pronunciamento.

            Mas quero dar outro testemunho para V. Exª. Hoje, eu não sou nem recebido por ela. Olha, a arrogância precede a ruína. Não fui eu quem escreveu isso. Foi Salomão. A arrogância precede a ruína.

            Eu gostaria de fazer um registro, Sr. Presidente, a uma nota setorial nacional GLBT, do PT, sobre o posicionamento do Senador Lindbergh Farias.

            Na semana passada, o Senador Lindbergh me aparteou. Eu fazia um pronunciamento em defesa do Pastor Silas Malafaia, processado pelo grupo GLBT. Houve a manifestação de um procurador complemente equivocada, com uma denúncia montada, porque o Pastor Silas Malafaia, na televisão, referiu-se à Marcha do Orgulho Gay, em São Paulo, salientando que eles levaram para avenida os símbolos da Igreja Católica em posições sensuais.

            V. Exª é católico. As pessoas que estão me vendo são católicas. Você gostaria de ver os santos da sua Igreja, São José, São Cosme e São Damião, Nossa Senhora, na avenida, em posições sensuais? Eles estão querendo agredir quem? Desrespeitar quem? Porque quem quer respeito tem que dar respeito.

            Simplesmente, o Pastor Silas Malafaia estranhou, porque, há muito tempo, um pastor da Igreja Universal chutou uma santa na televisão, e parecia que o mundo ia acabar. A Igreja Católica veio para cima, junto com a Globo e com todo mundo para destruir todo mundo. “E, agora, ficaram calados”? Ele disse: “Não, tem que reagir!” E isso custou a ele um processo.

            Eu vim defender, e o Lindbergh me aparteou. Por causa do aparte dele, saiu essa nota...

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - ...que quero ler na íntegra. Sr. Presidente, permita-me, porque é importante:

Na última terça-feira, 3 de abril, o senador petista pelo Rio de Janeiro, companheiro Lindbergh Farias, fez um aparte ao pronunciamento do representante capixaba naquela Casa, o [pastor] fundamentalista [prestem atenção; isso é com relação a mim - e Senador Magno Malta (PR).

Magno Malta é um dos maiores ícones do obscurantismo, tenaz opositor dos direitos humanos, sobretudo dos direitos da população [LGBT] (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

Em seu pronunciamento homofóbico [sou eu], o senador faz ataques contra o movimento pelos direitos humanos das pessoas LGBT, propagando fantasias com a existência de um ‘império homossexual’. Magno Malta também faz a defesa de um dos principais inimigos da cidadania homossexual, o pastor Silas Malafaia, conhecido por incitar [...] e se opor ao PLC 122 [...].

Para a perplexidade da militância petista e de todo o movimento social LGBT brasileiro, assistimos ao senador Lindbergh Farias, do PT, possuidor de uma bela trajetória de esquerda, de defesa da juventude, da população negra [tal, tal], se somar a Magno Malta na defesa de Silas Malafaia.

Silas Malafaia está sendo processado pelo Ministério Público Federal por incitar o ódio, a violência [e tal]. Em seu programa semanal [tal, tal].

É preciso acrescentar que Malafaia ameaçou verbalmente e está processando o presidente da maior associação de defesa dos direitos LGBT do Brasil, Toni Reis, da ABGLT. [Por aí vai.] 

A fala do companheiro Lindbergh se torna ainda mais grave por ignorar [olha só!] e desconsiderar o cerne do debate sobre o PLC 122, que é a interdição dos discursos que incitam a violência utilizando-se do pretexto da liberdade religiosa.

Esquece-se o senador [Lindbergh] que a liberdade de expressão e a liberdade religiosa não estão acima do princípio da igualdade, da dignidade [tal, tal]. Mais ainda, discursos de ódio [não estão sob] a preoteção [tal, tal aos evangélicos]. Tanto assim, que, no Brasil [por aí vai.].

O velho Marx nos ensinou que as ideias se tornam força material quando penetram nas massas. Discursos homofóbicos [olha só!] de pastores e padres, difundidos nos meios de comunicação de massa armam as mãos que, na sequência, vão agredir e matar milhares de homossexuais e pessoas [trans] em todo o Brasil.

O Partido dos Trabalhadores tem resolução Congressual de apoio à criminalização da homofobia e ao casamento [civil] de homossexuais. A senadora Marta Suplicy (PT-SP), vice-presidente do Senado, é relatora do PLC 122, e convocou audiência pública para o [próximo] dia 15 de maio, justamente para tentar avançar, mais uma vez, na aprovação da criminalização da homofobia. Marta segue as diretrizes do PT. Lindbergh Farias, ao defender o homofóbico Silas Malafaia, se afasta [...].

Importante ressaltar que o Rio de Janeiro é vanguarda no debate e garantia dos direitos LGBT, pois é o estado com mais políticas públicas e maior orçamento para as ações [tal, tal, tal]. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) também executa políticas de promoção da cidadania dessa população.

[...]

            Esperamos, sinceramente, que o Senador Lindbergh Farias não tenha resolvido se perfilar com o segundo grupo de políticos fluminenses, os inimigos dos direitos humanos e da cidadania LGBT.

            (...)

            Apelamos para que o companheiro Lindbergh Farias se debruce um pouco mais sobre as posições do Malafaia - incompatíveis com o Estado democrático de direito (...).”

            Senador Paim, algumas coisas me chamam a atenção aqui. Primeiro, ele diz que essa é uma posição do PT. Queremos saber se é uma posição de partido.

            Pergunto ao Líder do PT nesta Casa, Senador Walter Pinheiro, que é evangélico: essa é a posição do seu Partido? V. Exª me conhece!

            Comunico aqui que esse moço me chama de homofóbico e de fundamentalista. Não conheço qualquer ação homofóbica de minha parte. O homofóbico é aquele que tem ódio, que quer matar, destruir, esganar, tripudiar. Nunca nem fiz piada, muito menos tripudiei, escarneci, discriminei!

            Sou Presidente do meu Partido num Estado que está cheio de homossexuais, e eles vão disputar a eleição, alguns para prefeito, com meu apoio, como é o caso de Moa, em Nova Venécia.

            V. Exªs já me viram com alguma atitude homofóbica nesta Casa ou fora dela?

            Esse rapaz tão somente virou o promotor do quarteirão, ele é o guardião agora e toma conta das liberdades neste País. Se você não é a favor da prática homossexual, você é homofóbico. Se você crê na Bíblia e não crê nessa prática, você é homofóbico. Não vejo ninguém processando o programa Zorra Total, não vejo ninguém processando o programa Pânico, não vejo ninguém processando humoristas. O YouTube está cheio de piadas, tirando onda...

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Evangélicos que me ouvem no Brasil e que me vêem, atenção às redes sociais! Precisamos saber qual é a posição desse Partido.

            Garanto a V. Exª, pelo amor e pelo respeito que tenho por V. Exª - V. Exª disse que fui ao seu Estado defender a Presidente Dilma; fui lá defender a candidatura de V. Exª e lá voltarei por V. Exª -, que, se essa for uma posição de partido, nunca mais na minha vida subirei em um palanque em que estiver esse Partido.

            Lindbergh não tem direito de expressão mais, não tem mais liberdade de expressão. Lindbergh foi policiado aqui e tem de seguir o Partido. Se é uma decisão de partido, o Pinheiro também vai ter de segui-la? O Pinheiro é evangélico, e é evangélico de verdade, não é meia-boca, não! O Pinheiro é evangélico de verdade. Pinheiro e Ana são pregadores na Bahia. Pinheiro não faz uma atividade de partido no domingo, a não ser a de ir para a igreja. Pinheiro também vai ser criminalizado? A minha pergunta é essa. Nós precisamos de uma manifestação.

            Com relação a mim, quem assina a carta chama-se Julian Rodrigues. Espero que seja o nome verdadeiro dele. Comunico que processarei criminalmente esse rapaz, o Julian Rodrigues, a partir de amanhã, porque quero que ele leve, em juízo, as provas do meu procedimento anti-homossexual, onde incitei ódio, onde mandei matar, onde esganei, onde debochei, onde eu o desrespeitei. Quero que leve só um discurso meu, só isso.

            Sr. Julian, vamos para a barra do tribunal, eu e o senhor, para que o senhor prove em juízo que sou fundamentalista e que sou homofóbico.

            Ora, banalizaram a palavra “homofobia” no Brasil!

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Banalizaram essa palavra e querem fazer uma lei para que ela seja banalizada mesmo!

            Se V. Exªs, Senador Paim e Senador Moka, não concordam com a prática homossexual e concordam com a prática heterossexual, V. Exªs os respeitam, como eu os respeito. Eles trabalham, eles pagam impostos, eles estudam e têm direito a seguir a vida.

            Deus deu o livre arbítrio a todos os homens, para fazerem da sua vida o que quiserem. Quem sou eu para tirar o livre arbítrio de alguém? Quem sou eu para impedir alguém de fazer algo? O meu papel é respeitar, o meu papel é ser tolerante. E sou tolerante; não sou intolerante. A intolerância, sim, é crime, mas tolerância, não! Temos de ser tolerantes com padre, com pastor, com macumbeiro, com umbandista, com hinduísta, com o menino que nasceu com uma deficiência nos olhos e nas pernas, com a cor das pessoas, com a raça das pessoas. Nós precisamos ser tolerantes com o ser humano!

            Eu presidi a maior CPI deste País, a CPI do Narcotráfico. Enfrentei a morte, enfrentei ameaças neste País. Descortinei e mostrei o estado bandido dentro do Estado de direito. O Presidente desta sessão, o Senador Moka, era Deputado Federal comigo e pertencia àquela CPI. Cruzamos as fronteiras deste País. Lembra-se, Senador Moka, de que fomos ao Paraguai com um mandato de prisão da Interpol? Fomos lá buscar Fernandinho Beira-Mar em dois aviões pequenos, em um encontro marcado com o Presidente do Paraguai, às três horas da manhã. E ele mentiu para nós!

Fugiu do encontro em que havia prometido entregar Fernandinho Beira-Mar para o Brasil.

            Botei minha vida em risco. O Brasil sabe disso!

            Dizer que eu sou contra direitos humanos? Há 31 anos eu tiro gente da rua. Eu tenho uma instituição chamada Projeto Vem Viver. Eu recupero drogados há 31 anos. É a minha vida, é o que sei respirar.

            V. Exª, Senador Paim, já esteve na minha instituição. V. Exª sabe que, lá, não tem um centavo do governo, que eles vivem dos meus direitos autorais. São seis refeições por dia. Eu aprendi a enxugar lágrima de mãe que chora, de pai que sofre, a recolher gente na rua. Agora, ouvir isto? Ouvir que eu sou militante contra os direitos humanos?

            Eu presidi a CPI da Pedofilia neste Brasil. Eu meti o dedo numa ferida que vivia escondida debaixo do tapete e revelei o crime mais nocivo, mais bárbaro, neste País: o crime de pedofilia, de abuso de criança.

            Hoje, o Brasil fala, o Brasil denuncia; hoje, o Brasil prende; hoje, tem legislação; hoje, todo mundo faz campanha de prevenção, todo mundo conhece, resultado dessa missão que Deus me deu.

            O Sr. Julian desconhece a minha história, a minha vida. Espero que seja o nome dele mesmo: Julian Rodrigues.

            Sr. Julian, nós vamos para o tribunal. Amanhã, eu processo criminalmente o senhor. Meu advogado entra amanhã, e o senhor vai provar no tribunal se eu sou homofóbico, se eu sou fundamentalista, se eu sou militante contra os direitos humanos. Aliás, pertenço, com muita honra, à Comissão de Direitos Humanos, da qual V. Exª é Presidente.

            Nós vamos fazer isso. E continuo defendendo a posição do Pastor Silas Malafaia.

            Encerro meu pronunciamento, Sr. Presidente, dizendo que acabei de falar com o Pastor Reuel, de Santa Catarina.

            Senador Moka, todo ano, acontece, em Santa Catarina, um congresso dos Gideões internacionais, que fazem missões de evangelismo no mundo inteiro.

            Sabe o que é isso? Levam donativos, levam esperança, comida e remédio para o Haiti e para a África, pregando, falando de Jesus no mundo inteiro, numa iniciativa do Pastor Cesino, um homem de Deus, pastor da Assembleia de Deus de Camboriú, que começou um evento pequenininho, Senador Paim. Esse evento recebe 300 mil pessoas todo ano, e começa dia 21, em Camboriú.

            Acabei de falar com o filho dele, o Pastor Reuel Feitosa. O congresso começa no dia 21.

            Ô Reuel, o seu Estado de Santa Catarina está sendo penalizado...

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Também está sendo penalizado pelo nosso, pelo vosso querido Guido Mantega, Senador Paim, com determinação da nossa Presidente. Eu lamento muito.

            O Governador Colombo vai passar duras dificuldades, e vocês, em Camboriú, por via de consequência, vão sofrer.

            Mas o congresso para falar de Deus vai receber 300 mil pessoas a partir do dia 21. E isso acontece há anos. É um congresso de 300 mil pessoas, Senador Paim, que não tem ocorrência policial, que não tem tráfico de drogas. As reuniões terminam, e não tem lata de cerveja no chão, não tem resto de maconha, não tem papelote de cocaína, não é ponto de prostituição. Quando esse congresso acontece, esvaziam-se os motéis de lá. Vai estar cheio de crianças, famílias, pregadores, cantores, pessoas que vão para lá para entregar o coração.

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - E, para o desespero de quem não conhece a obra de Deus e fica com raiva, entrega a oferta, para sustentar missionário no mundo inteiro, pregando o Evangelho de Jesus.

            Mais uma vez, eu abraço Camboriú, abraço o Pastor Cesino, esse homem de Deus, um homem maduro, um homem jubilado. Abraço o filho, que segue a carreira do pai, juntamente com toda a família, a Assembleia de Deus de Camboriú. Deus ajude, Deus abençoe que esse evento seja da mesma forma como foi em todos os anos. E lá, anos a fio, milhares e milhares de pessoas, lavadas, remidas no sangue de Jesus, pessoas que conhecem a vida, que conhecem a liberdade através da pregação do Evangelho.

            Também faço o registro de que o Reuel, assim como eu, é amante da luta, amante do MMA. É a Presidente querendo acabar com o nosso Estado e o Mentor querendo acabar com o MMA no Brasil, o Deputado José Mentor. É de autoria dele a lei que proíbe a transmissão dessa luta na televisão.

            Ele tinha de proibir é Deputado de beber publicamente e de fumar publicamente. Isso é que é mau exemplo. Essa lei ele não tem coragem de fazer não. Isso ele tinha de fazer. Ficar enchendo a cara de cachaça em porta de boteco e fumando aí, na frente das crianças, contra isso, ele tinha que fazer.

            Por que não fez uma lei pedindo à Globo para tirar o Big Brother do ar? Não tem coragem. Por que não faz uma lei para tirar a Fórmula 1? Nós vimos o Senna morrer ao vivo, nosso maior ídolo, não foi? Não vimos Alain Prost tentando passar por cima de Senna? Não vimos Niki Lauda ser queimado ao vivo? Isso é que é violência. Por que não tira o futebol do ar? Por que ele não faz essa lei? Já vimos a torcida do Corinthians matar gente do Palmeiras; gente do Palmeiras matar do Corinthians. Tem pessoas paraplégicas, tetraplégicas. Torcida se matando ao vivo. Por que não tira? Eu vi o dia em que o Márcio, do Bangu, quebrou o joelho do Zico, nosso grande ídolo, o Galinho. E tantas outras tragédias. Lembro a Copa de 94, em que o Leonardo deu uma cotovelada na cara de um americano. Ele não é lutador de MMA. Por que não tira do ar? Dizer que MMA é violento? Ô Deputado..,

             (Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Esse é um esporte e quem entra ali está preparado.

            O senhor comparou, na televisão, com briga de galo, deve ser porque é amigo de Duda Mendonça. Mas não é rinha de galo, não. Galo é inconsciente. Galo não tem consciência. Deus criou esses animais domésticos para o alimento do homem e ele tem um papel para cumprir com a natureza. Galo não foi feito para brigar, não. Agora, o homem que entra ali é preparado, é consciente, tem exame médico e preparou a sua musculatura. O nome é artes marciais, Deputado. É uma arte. Não sei a serviço de quem o senhor está, mas vamos trabalhar para que isso não aconteça.

            Está vendo aí, Reuel, estão trabalhando para tirar do ar e você não vai mais poder assistir. Vai continuar assistindo sim, porque não vão tirar do ar não. Ele vai tirar o MMA do ar no dia em que, na galinha, nascer dente e saci cruzar as pernas. Nesse dia, ele vai tirar. Fora isso, não vai tirar, não.

            Reuel, estou lhe mandando uma camisa do Cigano, meu amigo. Estou lhe mandando uma camisa do Paulo Thiago, nosso ídolo de Brasília, do Bope, que foi nocauteado, sábado, lá em Estocolmo, infelizmente. Quando o octógono fecha, só vai ganhar um e Paulo perdeu a luta. Foi nocauteado muito rapidamente, em 30 segundos. Sofreu um nocaute, dormiu e quando acordou perguntou quem tinha anotado a placa do caminhão, porque o caminhão já tinha ido embora. Vai continuar lutando. É um grande atleta. É um orgulho nosso do Bope daqui de Brasília.

            Estou te mandando a camisa do Paulo e uma luva assinada pelo Minotauro.

            Sr. Presidente, muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2012 - Página 13049