Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Conclamação da sociedade a participar da 3ª Marcha contra a Corrupção, movimento que está sendo organizado pelas redes sociais; e outro assunto.

Autor
Pedro Simon (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA POLITICA, SENADO.:
  • Conclamação da sociedade a participar da 3ª Marcha contra a Corrupção, movimento que está sendo organizado pelas redes sociais; e outro assunto.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2012 - Página 13148
Assunto
Outros > REFORMA POLITICA, SENADO.
Indexação
  • CONVITE, POPULAÇÃO, DISTRITO FEDERAL (DF), PARTICIPAÇÃO, MARCHA, OBJETIVO, EXTINÇÃO, CORRUPÇÃO, POLITICA, FATO, PREJUIZO, BRASILEIROS.
  • APREENSÃO, ORADOR, REFERENCIA, INEXISTENCIA, EMPENHO, SENADO, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MOTIVO, EXISTENCIA, INTERESSE PARTICULAR, NEGAÇÃO, ALCANCE, RESULTADO, APURAÇÃO, CRIME, CORRUPÇÃO.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ilustre Sr. Senador Mozarildo Cavalcanti e eu! Ainda bem que a TV Senado não mostra o plenário, mas somos nós três que estamos aqui: um, dois, três. Justo em uma terça-feira, quando a imprensa, no sábado e no domingo, noticiava em manchetes os grandes debates que teríamos no Congresso Nacional, tendo em vista a Comissão de Ética, que aceitou a denúncia do PSOL com relação ao Senador Demóstenes, tendo em vista a decisão da Bancada do PT, acatada por todos os partidos, de se criar uma CPI mista para abordar as publicações que têm saído com relação ao Sr. Cachoeira.

            De Porto Alegre, amigos meus, parlamentares, políticos, me telefonavam, dizendo que estavam chegando, porque o debate ia ser muito intenso; era muito empolgante o que ia acontecer, e eles queriam estar presentes para assistir. Eis que, senão quando, as coisas mudaram. Ninguém parece que está muito interessado nessa CPI.

            Todo mundo está recuando; todo mundo está recuando nisto que, nos meus trinta e tantos anos só de Senado, nunca vi: um amontoado de denúncias tão absolutamente escandalosas como estamos vendo aqui.

            Ontem dizia, desta tribuna: meus irmãos de todo o Brasil, não esperem nada do Congresso, porque do Congresso não sai nada; não esperem nada do Executivo, porque do Executivo não sai nada; e, infelizmente, não esperem nada do Judiciário, porque do Judiciário não sai nada. A forma de movimentar é o povo, é a sociedade, são os jovens.

            E dizia, ontem, eu, desta tribuna: há um fato impressionante que está revolucionando o mundo inteiro. São as chamadas redes sociais de Internet, em que as pessoas, aos milhões, se intercomunicam pelo mundo e movimentam e agitam. Da noite para o dia, sem uma arma, sem um tiro, sem um militar na rua, derrubaram o governo do Egito. São os jovens pelas redes sociais.

            Os Estados Unidos se agitaram, pois uma dessas redes sociais se movimentou e de repente quase fecharam Wall Street em protesto contra os banqueiros. O movimento foi feito de tal ordem, de tal maneira que Nova Iorque parou. São as redes sociais. É um movimento espontâneo; é um com outro. Eu diria que é uma das coisas positivas que a tecnologia apresentou. O cidadão está sozinho, na sua casa, em qualquer fim de mundo deste Brasil e deste mundo, com o seu aparelhozinho singelo e, daqui a pouco, está se conectando com o Brasil inteiro.

            Ainda não existia essa rede social, mas foi uma rede social feita de boca em boca que levou os jovens para a rua nas Diretas Já que derrubou a ditadura, sem um tiro, sem uma morte. Levamos anos e anos lutando.

            Muitos lutaram, pegaram em armas, queriam fazer uma Cuba, uma revolução social, uma guerra civil, um movimento de guerrilha; sequestraram embaixadores trocando por pessoas, achando que resolveria - não resolveu. Resolveu quando o velho MDB, quando ainda não tinha os nossos líderes de hoje - esses líderes de hoje estavam não sei onde - mas Ulysses, Tancredo, Teotônio, Mário Covas, reunimo-nos, lançamos uma plataforma positiva, e os jovens e o povo vieram. Primeira bandeira: Diretas Já; segunda bandeira: anistia; terceira bandeira: fim da tortura; quarta bandeira: liberdade de imprensa.

            Só deu certo porque, aos milhões, os jovens foram para a rua. A Arena ainda existia, ainda tinha maioria enorme no Congresso Nacional, podia ter eleito o Sr. Maluf Presidente da República; não elegeu. Ganhou Tancredo porque o povo estava na rua, e os homens da Arena tiveram vergonha de votar no seu candidato e votaram no Tancredo. O povo na rua.

            Votamos o que parecia impossível, a ficha limpa. Ninguém acreditava. A ficha limpa, meu irmão, se você não sabe, mudou a vida do Brasil. O cidadão, hoje, tem que ter vida ilibada, não tem que ter condenação; não tem que empurrar com a barriga: lá vai, lá vai, lá vai; 10 anos, prescreve e não acontece nada e um bolo de ladrão e vigarista continua na política. Agora não, agora, condenado a primeira vez, vai a segunda; condenado a segunda, vai para a cadeia e não é mais candidato a nada. Nós não iríamos votar. O Congresso não votaria, nem o Supremo homologaria, se o povo não estivesse na rua cercando o Congresso.

            Por isso, ontem, fiz aqui um apelo. Fiz um apelo aos jovens e à sociedade brasileira para que fossem para a rua. Isso, que pode ser, nessa onda positiva, que é a Ficha Limpa; nessa onda positiva, que é desmontar as coisas erradas; nessa onda positiva, em que a Presidente da República está demitindo as pessoas que erraram, ao contrário de seus antecedentes. Nós temos que fazer a apuração que está aí e fazer um apelo aos jovens: vão para a rua!

            Dizia ontem eu, quando esta Casa tinha quatro pessoas, como agora - agora, temos mais um, a querida Senadora Ana Amélia, então somos quatro; éramos três, agora somos quatro -, ontem eu dizia que estavam esvaziando esta Casa para esvaziar a CPI. Hoje, eu confirmo. Mas eu só venho a esta tribuna por um motivo: está aqui, em O Globo, na coluna do Ilimar Franco:

“Saia do comodismo e lute contra a corrupção. Mostre a cara do ladrão” - Dia do basta!, texto de convocação, na Internet e nas redes sociais, da III Marcha contra a Corrupção e a Impunidade no sábado, dia 21 [de abril].

            É com muita emoção que leio isso: “Saia do comodismo” - mais um Senador nos honra aqui, o bravo representante de São Paulo - “Saia do comodismo e lute contra a corrupção. Mostre a cara do ladrão”, é a caminhada do dia 21 de abril das redes sociais.

            E tenho aqui duas notas da OAB, a do Distrito Federal e a de Brasília. O Presidente da OAB do Distrito Federal e o Presidente Ophir, de Brasília, apoiando essa marcha, e fazendo um chamamento a toda a classe, no sentido de apoiar essa caminhada.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP. Fora do microfone.) - Vou assinar a CPI.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - O bravo companheiro Aloysio vai assinar a CPI.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP. Fora do microfone.) - Estou indo agora lá.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Só me diga que número é, porque ontem me disseram que eu era o 26.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco/PSDB - SP. Fora do microfone.) - Eu vou lá e lhe digo.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Depois, me diga o número qual é.

            Tem que ir atrás, porque antigamente, para a CPI, eles diziam: Olha, assina aqui a CPI, assina aqui. Ontem eu tive que sair atrás. Consegui. Agora o Senador Aloysio está indo atrás, vai assinar a CPI. Tomara que ele encontre a lista da CPI.

            O Presidente Ophir Cavalcante está se dirigindo à CNBB, para que a CNBB, como tem feito tradicionalmente, entre nessa caminhada. E eu estou me dirigindo a ABI, bravo ilustre companheiro Maurício Azedo, para que ele também entre nessa caminhada.

            Eu creio...

            (Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - O assunto mudou. Eu creio que é mais uma caminhada e é uma caminhada positiva. Eu entendo o está acontecendo.

            Todo mundo está apavorado com o Sr. Cachoeira. Tudo mundo apavorado com o Sr. Cachoeira porque a notícia que se tem é que ele está muito magoado porque rasparam o seu cabelo e está bufando. Até hoje está lá em Natal, na penitenciária de força máxima de Natal. Mas o seu ilustre advogado conseguiu que o ilustre desembargador daqui de Brasília o transferisse para Brasília.

            Diz o ilustre embaixador e a imprensa publica que a informação que ele tem é que o Sr. Cachoeira está muito angustiado, está muito triste porque está muito longe, longe da sua esposa. E diz o desembargador que não vê no Sr. Cachoeira motivo nenhum de perigo, que ele não bota em risco coisa nenhuma.

            Brilhante o advogado do Sr. Cachoeira! Conseguiu a transferência. Deve estar chegando aqui. E o medo que se tem é com o mar de gravações que ele tem de todo mundo e o que se quer é controlar para ver as fitas que ele libere, algumas, sim, outras não.

            É por isso que é hora de mostrarmos a nossa cara e de cada um dizer quem é, o que quer e o que pretende fazer.

            A última vez que nós quisemos mexer com o Sr. Cachoeira e com o Sr. Waldomiro, o Dr. Sarney, Presidente do Senado, não deixou criar a CPI. Primeiro, eu fui ao Lula, Presidente da República, e disse: após a televisão publicar a conversa do Sr. Cachoeira com o Sr. Waldomiro, que demitisse o Waldomiro da subchefia da Casa Civil. Não demitiu. Que investigasse o Cachoeira. Não investigou.

            O Sr. Ministro da Justiça era o Dr. Bastos, advogado de Cachoeira hoje, que orientou o Presidente Lula no sentido de quê? De vir a dizer que o Mensalão era um engodo. Mas o Mensalão era não mais orientação do Sr. Bastos, não mais do que caixa dois, que todo mundo usa o caixa dois. É contravenção, não é nem crime.

            Olha, quantos anos se passaram! O Mensalão, quarenta processados no Supremo, mas ninguém atingiu o Sr. Cachoeira. E, agora, ele e o seu brilhante advogado estão aí. De Natal vêm para Brasília. O Ministro do Supremo nega a entrega dos documentos ao Conselho de Ética, e a CPI, que parecia um grande momento deste Congresso, está vivendo essa hora ridícula que nós estamos vendo.

            Lutem, jovens! Vão para a rua, usem suas redes sociais. Cobrem. Cobrem de nós, parlamentares, políticos - Executivo e Judiciário. Cobrem! Porque aí, sim, eu acredito, eu acredito na força da pressão de fora para dentro, mas eu não acredito em nenhuma ação de dentro para fora.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2012 - Página 13148