O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, primeiramente, nossa homenagem aos jovens que saíram às ruas no último sábado, na terceira marcha contra a corrupção.

            É evidente que não houve a adesão que gostaríamos, mas é evidente também que já é um começo. A sociedade, especialmente jovem, recuperando sua capacidade de indignação diante dos escândalos que sacodem o País.

            Nessa manifestação, três temas essenciais para o Congresso e para o Senado: o voto aberto. Nós temos, além de uma proposta de minha autoria que diz respeito ao voto aberto para deliberação sobre quebra de decoro parlamentar, ou seja, a cassação de mandados de Senadores e Deputados, que, inclusive, já percorreu cinco sessões de discussão, portanto, é uma emenda pronta para deliberação, e temos outras duas emendas que dizem respeito a voto aberto tramitando no Senado Federal.

            A outra reivindicação diz respeito a um projeto do Senador Pedro Taques, que se encontra na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, que transforma a corrupção ativa e passiva em crime hediondo e, como Relator, eu acrescentei também o peculato como crime hediondo.

            Estamos, insistentemente, reivindicando prioridade para deliberação dessa proposta que tem o relatório favorável já apresentado à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

            A outra reivindicação dos jovens que foram às ruas, especialmente em Brasília, trata do fim do foro privilegiado. Também temos várias propostas tramitando no Congresso Nacional, uma delas de autoria do Senador Cássio Cunha Lima, há uma outra de minha autoria e certamente outras de outros Parlamentares, tanto na Câmara quanto no Senado, colocando fim ao chamado foro privilegiado.

            Portanto, as propostas estão no Congresso, basta que sejam priorizadas e sejam colocadas na Ordem do Dia para deliberação. É o nosso desejo.

            Creio que o Congresso pode dar respostas à sociedade que reivindica uma nova instituição, que deseja um novo cenário para atividade pública neste País mais oxigenado, já que a poluição das imoralidades, ocorridas nos últimos tempos, transforma o cenário da atividade pública brasileira num cenário escuro, distante das aspirações da sociedade.

            Venho hoje também, embora certamente a Comissão Parlamentar de Inquérito que será instalada brevemente, passará a ser a estrela do Congresso Nacional nos próximos meses, há assuntos que não podem ser ignorados e que pertencem ao dia a dia da nossa atividade.

            A Senadora Ana Amélia focalizou aqui um tema essencial para esse momento que é a rediscussão do pacto federativo. Há um outro tema também fundamental, que preocupa o nosso Partido, o PSDB, que, através do Instituto Teotônio Vilela, deve realizar, na próxima semana, em Brasília, um debate sobre a desindustrialização do País.

            É outro tema central que deve, certamente, preocupar a todos os brasileiros que, com lucidez, sentem perspectivas de futuro e sabem perfeitamente que há necessidade de alterações de rumo em matéria de política industrial.

            Antes de concluir, Sr. Presidente, peço a V. Exª que considere lido um artigo do economista Hélio Duque, doutor em ciências, que trata desse assunto com muita competência. Em artigo intitulado Dilma e o voo da galinha, Hélio Duque faz referência às palavras oportunas da Presidente, que diz o seguinte:

Tenho convicção profunda de que não há hipótese de o Brasil dar certo; não há hipótese de nós continuarmos nos desenvolvendo, distribuindo renda, gerando emprego, afirmando a nossa soberania, tendo importância internacional, se nós não tivermos uma indústria forte. Não sou daquelas pessoas que acreditam que o mundo mudou e é hoje só o setor de serviços. Não acredito nisso.

            A Presidente, com louvável realismo, falou na abertura do Programa de Apoio à Competitividade da Indústria, promovida pelo BNDES. Radiografou na perspectiva de futuro a economia brasileira.

            É bom ouvir isso porque quase sempre se ouvia como resposta às preocupações da oposição, que nós somos os pessimistas, aqueles que apostamos no quanto pior melhor e ficamos prevendo sempre um cenário de dificuldades para o País, quando, na realidade, nós vivemos no paraíso.

            Portanto, a própria Presidente, com essa afirmação, coloca este assunto no seu devido lugar. Tem que haver preocupação. E este artigo do economista Hélio Duque é, sem sobra de dúvida, um parâmetro para a análise que necessitamos fazer com um realismo insubstituível nesta hora de transição do Brasil.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I, § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

-“Dilma e o voo da galinha”, artigo de Hélio Duque.