Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a necessidade de comprometimento dos parlamentares com a investigação das denúncias que envolvem o Sr. Carlos Cachoeira.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.:
  • Destaque para a necessidade de comprometimento dos parlamentares com a investigação das denúncias que envolvem o Sr. Carlos Cachoeira.
Aparteantes
Waldemir Moka.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2012 - Página 14244
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.
Indexação
  • EXPECTATIVA, REALIZAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, NECESSIDADE, COMPROMETIMENTO, CONGRESSISTA, APURAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, JUVENTUDE, DIVULGAÇÃO, ACOMPANHAMENTO, POLITICA, COMBATE, CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, UTILIZAÇÃO, INTERNET, RESULTADO, FORTIFICAÇÃO, DEMOCRACIA.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente Waldemir Moka, Srªs e Srs. Senadores, quero cumprimentar os sindicalistas da Força Sindical e da União Geral dos Trabalhadores (UGT) aqui presentes, todos os que, nesta tarde, estão participando desta sessão do Senado Federal, as senhoras e os senhores telespectadores da TV Senado e os nossos ouvintes da Rádio Senado.

            Pelo nosso calendário político, foi tomada hoje uma decisão importante: a definição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar as denúncias graves que envolvem o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Essa CPMI, talvez, tenha sido, na história das CPIs, a que obteve o maior apoio, o maior número de assinaturas: mais de 70 dos 81 Senadores e quase a totalidade dos Deputados Federais a assinaram. A Presidência da CPMI ficará a cargo do Senador Vital do Rêgo, do PMDB da Paraíba, e a Relatoria, a cargo do Deputado Odair Cunha, do PT de Minas Gerais.

            Essa é uma definição importante numa hora em que a sociedade brasileira volta um olhar muito atento para o comportamento e atitudes desta Casa e, especialmente, dos seus integrantes. Por isso, tenho insistido aqui na necessidade de termos uma atitude absolutamente respeitosa, comprometida com a investigação rigorosa e profunda de todas as denúncias que foram feitas, envolvendo representantes e agentes públicos, para que a sociedade possa acreditar na instituição que aqui representamos.

            Aliás, no fim de semana, no dia 21, em todas as cidades brasileiras, Senador Moka, jovens se manifestaram por meio das redes sociais. Na capital do seu Estado, o Mato Grosso do Sul, os jovens, pelas redes sociais, sem qualquer liderança, agiram como aqueles jovens que, na Primavera Árabe, usando o mesmo e poderoso instrumento das redes sociais, derrubaram governos em vários países daquela região, por já não suportarem mais o estado de opressão em que viviam. Da mesma forma, agora, por já não suportarem mais o nível de corrupção que graça em vários setores da sociedade do Brasil, especialmente no âmbito político, a juventude e a sociedade organizada estão se mobilizando pelas redes sociais, demonstrando seu poder de convencimento e de mobilização.

            Assim, se aqui não dermos a essa população a resposta adequada, correremos o sério risco de enfrentar uma movimentação dos jovens, que, em outras épocas, fizeram mobilizações de resultado conhecido. Eles, agora, poderão voltar às ruas para exigir dos Deputados e dos Senadores uma atitude responsável e adequada a essas aspirações.

            As redes sociais, Senador Moka, até mesmo a mim, que sou uma comunicadora com mais de quarenta anos na área da Comunicação, têm assombrado pelo seu poder.

            Sabemos que a política, que precisa dos veículos de comunicação para propagar as mensagens aos eleitores, usou das ondas do rádio, um veículo popular no século passado, para iniciar as primeiras propagandas eleitorais, popularizando os slogans e músicas de partidos e de candidatos. A Televisão veio depois e ocupou o espaço que restava, possibilitando animações e novos recursos, para atingir as massas e propagar o conteúdo das mensagens desejadas.

            Hoje, vivemos um momento único. Do ponto de vista histórico, o período em que houve maiores mudanças na sociedade foram momentos onde houve revoluções de informação e relacionamento. Podemos citar aí a criação das formas de linguagem, o surgimento da palavra escrita, o Renascimento e outros. Atualmente, com a Internet e, principalmente, com as ferramentas de mídias sociais, estamos vivendo uma revolução sem precedentes de informação e relacionamento, que irá marcar a história da humanidade como um período de grandes e profundas mudanças.

            Com a Internet e com as redes sociais, é possível atingir eleitores e consumidores com escala, alcance e rapidez incomparáveis aos de qualquer outra forma de comunicação conhecida e disponível até então. Está tudo literalmente na palma da nossa mão, através de telefones, de tablets e de computadores cada dia mais eficientes e interconectados.

            Com o trabalho de jovens universitários e visionários, hoje homens milionários e até mesmo bilionários, criaram-se inúmeras ferramentas de compartilhamento de informação e relacionamento: as chamadas redes sociais. E eu me referi a pouco à força que essas redes têm e terão na mudança de atitude e na exigência de comportamentos adequados à democracia brasileira. Com o Facebook, com o Twitter e com os Blogs, é possível aproximar e unir as pessoas e, a partir disso, transformar a sociedade e, especialmente, a realidade em que vivemos.

            Cito aqui o poder das redes sociais na organização de movimentos como a Primavera Árabe, que resultou na queda de regimes e líderes que ocupavam o poder por décadas.

            No meu gabinete, temos dados que mostram que 80% das pessoas que usam a rede social, os sites e os microblogs são pessoas entre 18 e 44 anos, a mesma faixa de idade dos revolucionários do Oriente Médio. São pessoas de todos os cantos do meu Estado e também do Brasil. O que elas têm em comum é a grande vontade de colaboração e interatividade com o trabalho dos políticos, mais precisamente com o dia a dia do Senado, em busca de melhores resultados para a comunidade. Esse é o instinto desse perfil de pessoas.

            Quando uso esta tribuna para expressar minhas ideias e projetos, a resposta é imediata. Um bom exemplo foi quando votamos o fim do 14º e 15º salários para nós, Senadores. A resposta dos usuários da rede foi imediata e altamente positiva.

            O projeto da Ficha Limpa, que nasceu de um movimento social ou de uma ação popular, é também um dos assuntos que provoca o maior alcance entre os usuários da rede e os comove mais. As pesquisas mostram que as pessoas querem ver no poder líderes conectados com a dignidade.

            Mas o que tem impressionado é a manifestação sobre a CPI do Cachoeira, a que me referi há pouco. Os usuários mostram que irão seguir os passos dessa CPMI, utilizando, sobretudo, este novo veículo, a Internet. Ouso dizer, Srªs e Srs. Senadores, que iremos viver aqui uma espécie de BBB político, um reality show em que o derrotado deverá ser o corrupto e em que o único vencedor deverá ser a verdade.

            Toda essa mobilização mostra que a sociedade está se posicionando, cobrando a apuração e o fim da corrupção em nosso País. O que está em jogo ou em cena não é apenas a instituição Senado. Trata-se, sobretudo, de apurar os fatos, para dar uma satisfação moral à sociedade.

            A expectativa da sociedade brasileira é gigantesca. Se frustrarmos essa expectativa, comprometeremos a própria responsabilidade parlamentar do exercício dos nossos mandatos e a imagem da instituição.

            Com prazer, concedo um aparte ao Senador Waldemir Moka.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco/PMDB - MS) - Senadora Ana Amélia, quero parabenizar V. Exª pelo pronunciamento. V. Exª orgulha esta Casa pela postura, pela presença constante na tribuna e pela credibilidade. Concordo com V. Exª que essa CPI tem de ser tratada com equilíbrio e, evidentemente, deve apurar o que precisa ser apurado e punir as pessoas que precisam ser punidas. A população, sobretudo, os jovens, está acompanhando cada passo não só do Senado, mas também da Câmara, do Congresso Nacional. Parabéns a V. Exª por emprestar credibilidade a esta instituição! Tenho a certeza de que o Brasil inteiro acompanha essa discussão. Parabéns pelo pronunciamento que V. Exª faz!

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) - Muito obrigada pelo estímulo, Senador Waldemir Moka, que, com mais de 30 anos na área política, sabe bem da importância dessa iniciativa do Congresso Nacional, pelo apoio dos Deputados e dos Senadores à instalação dessa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.

            Tenho a convicção, Senador Moka, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, de que a maior parte dos que estão integrando esta Comissão Parlamentar de Inquérito tem, sim, compromisso com a apuração dos fatos com responsabilidade e em profundidade, para dar essa satisfação ao Brasil.

            Por fim, Senadora Marta Suplicy, aproveito estes últimos minutos para, desta tribuna, mandar um abraço, com o desejo de recuperação, ao nosso Presidente, que, hoje, faz 82 anos de idade. Que ele continue jovem, para ajudar também esta Casa!

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/04/2012 - Página 14244