Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Vivas à força da mulher empreendedora brasileira.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FEMINISMO.:
  • Vivas à força da mulher empreendedora brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2012 - Página 14358
Assunto
Outros > FEMINISMO.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, PESQUISA, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, MULHER, MERCADO DE TRABALHO, ECONOMIA, PAIS, APOIO, POLITICAS PUBLICAS, OBJETIVO, IGUALDADE, SEXO, SOCIEDADE.

            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste momento, as mulheres representam aproximadamente 51% da população mundial, tendência que parece estabilizada. No tocante a sua participação no setor produtivo, entretanto, as mulheres encontram-se sub-representadas.

            Segundo pesquisa Cenários 2020, divulgada em fevereiro último pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae, setorial de São Paulo, a participação feminina na População Economicamente Ativa - PEA cresceu de 42%, em 2000, para 45%, em 2010, com projeções mostrando que deve alcançar a marca de 49%, no ano de 2020.

            Mais auspiciosos, ainda, são os números referentes à participação feminina no grupo que trabalha por conta própria e de mulheres empregadoras, ou seja, mulheres que encontram no empreendedorismo o caminho para seu engajamento na economia brasileira.

            As trabalhadoras autônomas saltaram de 32% para 39%, entre 2000 e 2010, com projeção de alcançar 47% em 2020. As empregadoras saíram de 30% para 32%, no período citado, com projeção apontando 42% de participação, no ano 2020.

            Sem dúvida nenhuma, esses dados ajudam a quebrar o estereótipo da mulher dona de casa, dependente da renda familiar gerada pelo marido ou pai, Segundo os especialistas, ainda não podemos falar em total autonomia das mulheres, mas apontam para o sucesso de políticas públicas voltadas à promoção da igualdade de gênero.

            Características tidas como tipicamente femininas deixaram de ser sinônimo de fraqueza para se tornarem desejáveis no moderno ambiente econômico. É o caso da maior facilidade de relacionamento interpessoal, fundamental para quem atua nas áreas de serviço. O mesmo acontece com a maior disposição de transferir conhecimentos, ou de trabalhar em regime de cooperação em grupos, altamente valorizados na área corporativa,

            Além disso, pela maneira como se deu a entrada maciça das mulheres no mercado de trabalho, com dupla ou tripla jornada, representada pelas obrigações familiares, as mulheres conseguem acumular diferentes responsabilidades - trabalho, filhos, marido, lar, família -, conseguindo relativo equilíbrio entre elas. No universo corporativo os homens tendem a ser mais competitivos, no sentido destrutivo do termo, e têm forte tendência a focar em apenas uma atividade ou prioridade.

            Como resultado dessa diferença de comportamento entre homens e mulheres, empresas lideradas por mulheres têm capacidade maior de atrair e reter talentos, conforme estudos da Organização Não-Governamental Endeavor Brasil, divulgados no início do ano passado. Isso é fundamental para o fortalecimento dos negócios, especialmente no segmento das pequenas e médias empresas, lembrando que são elas as grandes geradoras de emprego e renda.

            Contudo, ainda existem restrições no acesso aos créditos. Segundo a Endeavor Brasil, apenas 19,2% das mulheres conseguiram financiamento governamental para seus projetos de inovação, contra 38,5% dos homens, um pouco mais do dobro. Ainda assim, é admirável que os resultados dos empreendimentos não reflitam qualquer tendência de gênero, com igual taxa de sucesso e desempenhos econômicos semelhantes.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é sabido que o Brasil é um dos países onde o empreendedorismo é mais desenvolvido. Esse é um vasto campo a ser ocupado pelas mulheres, especialmente no setor de serviços, onde elas têm maior destaque e são mais valorizadas.

            Na Região Norte do País, os índices de Mulheres economicamente ativas é inferior aos do estudo do Sebrae-SP. mesmo ali, o crescimento tem sido notável.

            Um dos elementos chave para essa promoção feminina no mercado de trabalho do Norte e no empreendedorísmo nessa região tem sido o aumento das ofertas de capacitação.

            É significativa a quantidade de mulheres que decide trabalhar por conta ou montar pequenas empresas depois de adquirirem novas habilidades em diversas modalidades de capacitação oferecidas pelo próprio Sebrae, ou por outras entidades públicas ou privadas.

            Nesse sentido, são até mais cuidadosas do que os empreendedores masculinos, que são mais propensos a entrar meio às cegas em determinados negócios, sem conhecimentos prévios que se demonstram essenciais para o sucesso da empreitada.

            Por essa razão, apoiamos as políticas públicas que visam fazer desaparecer a desigualdade de gêneros e aplaudimos as iniciativas de capacitação de empreendedores desenvolvidas tanto nas instituições federais de ensino técnico e tecnológico quanto no Sistema "S", especialmente o Sebrae.

            O futuro econômico do Brasil, Senhor Presidente, está cada vez mais apontando para a preponderância feminina, espelhando o que já acontece na composição populacional.

            Viva a força da mulher empreendedora brasileira!

            Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/04/2012 - Página 14358