Pela Liderança durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre as atividades da Embrapa, no transcurso de seu 39º aniversário; e outro assunto.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO. HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre as atividades da Embrapa, no transcurso de seu 39º aniversário; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2012 - Página 14494
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO. HOMENAGEM.
Indexação
  • EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), ELOGIO, ATUAÇÃO, EMPRESA PUBLICA, DESENVOLVIMENTO AGROPECUARIO, PAIS, DEFESA, AUMENTO, INVESTIMENTO, ENTIDADE.

            A SRª. ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pela Liderança. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente, Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, nossos telespectadores da TV Senado, antecedeu-me nesta tribuna o Senador Valadares, cuja posição apoio integralmente, porque a agricultura brasileira corresponderá às expectativas do mundo, especialmente das áreas que passam fome, quanto à produção de alimentos em nosso País. O Senador Valadares terá todo o meu apoio em defesa de uma área fundamental, que é a produção de um dos elementos da composição dos fertilizantes.

            V. Exª terá uma quarta Senadora em sua bancada para defender esses projetos que são importantes para nosso País, haja vista que ainda hoje somos importadores de fertilizantes, dependemos de matérias-primas importadas, apesar de termos reservas muito relevantes que podemos explorar, com valor agregado e gerando desenvolvimento ainda maior, beneficiando a agricultura brasileira.

            Cumprimentos, Senador Valadares!

            Eu, na verdade, Senador Paim, queria dizer que estou um pouco mais aliviada com a instalação da CPMI para investigar as sérias denúncias envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

            Tenho a convicção de que, nesse processo, os Senadores e os Deputados estarão imbuídos de máxima responsabilidade e comprometidos com as expectativas da sociedade brasileira com um trabalho que tenha por objetivo único, essencial e fundamental fazer uma investigação profunda, uma investigação isenta e retirando todo o caráter midiático ou de espetaculosidade, ou de denuncismo barato que não leve a um lugar e a um resultado adequados à expectativa da população brasileira.

            Esta CPMI, diferentemente daquela que resultou no caso do “mensalão”, tem um fator novo e relevante. Naquela, a imprensa brasileira teve um papel relevante e decisivo, antecipando as denúncias e ajudando, com essas informações, no processo investigatório. Agora, temos a força das chamadas redes sociais, que, associadas ao trabalho investigativo de uma imprensa muito responsável e comprometida com a informação adequada e veraz, irão, sem dúvida, esses dois processos, auxiliar enormemente o trabalho dos integrantes da CPMI.

            Em qualquer tentativa de manobra para esvaziar, fragilizar ou obter um resultado não satisfatório, não há dúvida de que a pressão dessas redes sociais vai se sentir aqui.

            É natural que haja um ou outro caso de exacerbação do interesse de aparecer, o interesse midiático, mas a maioria dos Deputados e Senadores que integram a CPMI, como titulares e também como suplentes, irá, junto com o Presidente, nosso colega, Vital do Rêgo, promover uma investigação absolutamente necessária.

            Nem vou discutir aqui o mérito do trabalho, Deputado Onix Lorenzoni, que faz parte dessa CPMI, mas quero dizer que é possível, sim, acreditar que a experiência daqueles que participaram da CPMI dos Correios tenha também agora um papel relevante nesse processo.

            Então, é a expectativa que eu, como Senadora e ex-jornalista, agora, aguardo ansiosamente, da mesma forma que este primeiro dia de trabalho pareceu revelar, exatamente, a disposição de todos os integrantes da CPMI, tanto o Presidente quanto o Relator, no sentido de oferecer um trabalho de qualidade, sério e, sobretudo, responsável.

            Queria também, caro Presidente Paulo Paim, aproveitar este meu tempo na tribuna - e agora falo também em nome do Presidente Francisco Dornelles - para falar da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a nossa Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

            Há 39 anos, a Embrapa iniciava um trabalho de excelência na busca de melhorias no campo. É com muita satisfação que venho hoje prestar esta homenagem aos funcionários, pesquisadores e todas as pessoas envolvidas nessa busca de soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a agricultura, em benefício da sociedade brasileira.

            A Embrapa não precisa de muitas apresentações. Está intimamente ligada à história de superação da atividade rural em nosso País.

            Exatamente hoje, quando a Câmara Federal inicia a votação do Código Florestal, sobressai ainda mais a relevância do trabalho desta empresa hoje comandada pelo pernambucano Pedro Arraes, Senador Armando Monteiro. Aliás, ele diz que nasceu no Rio de Janeiro, mas esse sobrenome lhe dá a identidade pernambucana ou, pelo menos, o trabalho que presta é de grande relevância.

            Nos últimos 60 anos, o Brasil superou o quadro de dependência e insegurança alimentar. Sempre tivemos a agricultura como uma das principais bases da economia, mas evoluímos das extensas monoculturas para a diversificação de produção com um conjunto de planejamentos que culminou na autossuficiência e na capacidade exportadora que testemunhamos hoje. Aliás, sai do campo o principal valor e volume que sustenta a pauta de exportação ou a pauta comercial brasileira.

            A agricultura é hoje responsável por mais de 24% do Produto Interno Bruto e representa a força principal das nossas exportações de commodities, conduzindo o Brasil a ocupar o cargo de sexta economia do mundo.

            Esses resultados não foram atingidos por acaso, Senadora Lídice da Mata. No campo, Srªs e Srs. Senadores, temos a força e persistência dos nossos produtores e a capacidade da tecnologia dos pesquisadores da Embrapa.

            Problemas, nós todos sabemos que não faltam. A agricultura brasileira apresenta desafios que vão da reforma agrária às queimadas; do êxodo rural ao financiamento da produção; da rede escoadora à viabilização econômica da agricultura familiar, envolvendo questões políticas, sociais, ambientais, tecnológicas e econômicas.

            Quanto às ambientais, no seu Estado, Senadora Lídice, também foi desenvolvido um grande trabalho de produção sustentável na área da cacauicultura, que é um orgulho para todos os brasileiros. E é nesse momento que, claro, entra o trabalho da Embrapa.

            No Rio Grande do Sul, o meu Estado, os projetos são em grande número. Quero ressaltar aqui, por exemplo, o trabalho que a Embrapa vem fazendo com os vitivinicultores no projeto Embrapa Uva e Vinho.

            A vitivinicultura, independente do destino da produção, é uma atividade geradora de emprego e renda, auxiliando na fixação do homem no campo e gerando riquezas na região onde ela já se consolida.

            A Embrapa tem dado subsidio técnico para a produção de uvas destinada à elaboração de vinhos comuns de mesa, mas também rótulos campeões mundiais. É exatamente nessa área que a Embrapa tem dado ao Brasil a possibilidade de descobrir que lá, no vale do São Francisco, em Pernambuco, também se desenvolve uma próspera indústria vinícola, como em Santa Catarina e no meu Estado, já consolidada, graças a essas tecnologias e a essas variedades desenvolvidas com o exemplar trabalho dos nossos pesquisadores da Embrapa.

            No momento em que o vinho brasileiro enfrenta uma forte concorrência dos vinhos estrangeiros, com a desvalorização excessiva do dólar, buscar a excelência do nosso produto é vital para a sobrevivência dos agricultores; principalmente no cultivo da uva, que é uma atividade desenvolvida com o uso da mão de obra familiar.

            Outro trabalho inovador é o estudo das mudanças climáticas e catástrofes que vêm quebrando as safras atualmente no Brasil. Só neste ano, o Rio Grande do Sul teve uma queda de 50% na safra de soja e 45% na safra de arroz; a Bahia também sofre enormemente as consequências desse problema climático.

            A Embrapa está identificando as áreas que podem ser atingidas pela seca ou pelo excesso de chuvas, e esses estudos podem contribuir para a elaboração de políticas públicas que vão do crédito ao seguro rural. Temas muito caros também ao Senador Walter Pinheiro, que aqui tem falado muito do problema da seca na Bahia, que tem causado prejuízos aos agricultores daquele Estado.

            No ano em que o Brasil irá sediar a Rio+20, a Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, queria ressaltar aqui que a Embrapa tem, a cada ano, adotado a cultura da sustentabilidade. A empresa tem mostrado uma visão moderna e coerente para o futuro da agricultura. A Embrapa sabe que os novos tempos trazem desafios ainda maiores.

            A agricultura do futuro deve basear-se em conceitos e métodos multifuncionais, sintonizada com o modelo de economia verde. O padrão tecnológico do agronegócio do futuro passa por sistemas integrados com respeito aos mercados étnicos e regionais, utilizando também a bioenergia.

            Tenho certeza de que a Embrapa está preparada para esse grande desafio e pronta para continuar a servir o campo brasileiro.

            Aliás, nesses últimos trinta anos, enquanto a área cultivada teve um aumento percentual relativamente pequeno, a produtividade teve um aumento substancial, graças, exatamente, à adoção de modernas tecnologias, usando biotecnologia, usando manejos adequados à sustentabilidade, como o plantio direto na palha, e também manejos adequados com curvas de nível.

            Todas essas atividades, todas essas iniciativas demonstram esse compromisso que a Embrapa tem com os produtores rurais brasileiros, tanto da agricultura familiar como os médios e grandes agricultores. Todos são dependentes desse centro de excelência, que espalha o seu conhecimento para várias regiões, não só na América do Sul, mas também em países africanos.

            Por isso, no momento em que o Brasil, através de um programa ambicioso do Governo brasileiro, envia jovens para universidades internacionais de renome a fim de colaborarem com o desenvolvimento industrial do nosso País, que hoje sofre o grave problema da desindustrialização em função das questões conjunturais e estruturais da economia, como a questão do câmbio, a questão da deficiência da logística e tantos outros problemas, como as barreiras comerciais que agora nos impõe a Argentina, é preciso encontrar um caminho para favorecer exatamente a formação desses jovens.

            E, se estamos mandando para fora esses jovens, nós poderíamos ampliar os investimentos na Embrapa, esse centro de excelência, para preparar ainda mais pesquisadores e explorar, cada vez mais, com mais qualidade, aquilo que temos de patrimônio maior, que é a possibilidade de o Brasil continuar sendo o grande celeiro do mundo para fornecer alimentos para regiões que ainda passam fome, como alguns países da África, e também aumentar, cada vez mais, o seu protagonismo no mercado globalizado, oferecendo alimentos de qualidade.

            Mas isso só haveremos de vencer com mais investimentos em setores essenciais, como o é o investimento na pesquisa agropecuária.

            Já avançamos muito com a biotecnologia e muito mais fará essa empresa que orgulha todos os brasileiros. É exatamente por isso que hoje faço questão de registrar, da tribuna, os 39 anos da Embrapa.

            Por fim, Senador Paulo Paim, acabo de ter, junto com a bancada do Rio Grande do Sul, uma audiência com a Ministra da articulação política institucional, Ideli Salvatti, e com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tratando da liberação de recursos para o Rio Grande do Sul, oriundos de emendas de Bancada, porque, enquanto não se muda o sistema de repartição dos recursos, nós temos que solicitar a liberação desses recursos que fazem falta em setores fundamentais, como a educação, como a saúde, e tantos outros tão fundamentais ao nosso Estado.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2012 - Página 14494