Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo em defesa da luta contra a corrupção no Brasil.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.:
  • Apelo em defesa da luta contra a corrupção no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2012 - Página 14654
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, ORADOR, RELAÇÃO, MEMBROS, SENADO, OBJETIVO, COMBATE, CORRUPÇÃO, PAIS, COMENTARIO, REFERENCIA, MANIPULAÇÃO, INSTITUTO BRASILEIRO, PESQUISA, MOTIVO, RESULTADO, APROVAÇÃO, GOVERNO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o País, nosso tão querido País, passa por momentos difíceis.

            Hoje, passei o dia todo, na parte da manhã mais especificamente, na Comissão de Ética, na CPI... Pode-se até chamar não de CPI do Cachoeira, mas de CPI da Delta, porque está mais para Delta do que para Cachoeira.

            Neste momento por que passa a Pátria, a Nação, deveríamos todos estar unidos, deveríamos todos estar juntos, independente de cor partidária. A Nação, neste momento, precisa de nós. É hora de nos unirmos e de fazermos uma faxina de verdade neste País.

            Que faxina a Dilma faz se seis ministros foram tirados das suas pastas e mais dezenas e dezenas de servidores públicos e nada aconteceu? Nenhum exemplo foi dado à Nação. Nada aconteceu. Absolutamente nada aconteceu. Já passou. Já esquecemos até o nome dos ministros que saíram do Governo por corrupção. A Pátria nem lembra mais o nome dos ministros que saíram. Tudo passou. Nada se cobra. Nenhuma punição. Nenhum exemplo. Aqueles que roubam a Pátria não pagam pelos seus pecados mortais. A Pátria perdeu o leme. A Pátria perdeu o rumo. A Pátria não pode conviver com corrupção desse tamanho. A Pátria não pode crescer com uma corrupção tão galopante. Todos os setores, toda a Pátria está corrompida.

            Todos os meses, há muitos anos, as televisões publicam a corrupção deste País. Parece que o brasileiro já tem isso como normalidade. O que era, antigamente, um pecado capital, uma anormalidade brutal, uma sem-vergonhice brutal hoje é uma coisa muito simples. A corrupção, hoje, é uma coisa muito simples.

            Há dois anos, Brasil, estão aí escritos nas notas taquigráficas, eu dizia, desta tribuna, que corrupção no Brasil estava virando cultura. Recebi uma série de correspondências dizendo que eu estava exagerando, que eu era isso, que eu era aquilo. A corrupção no Brasil, hoje, é aceita com a maior simplicidade. E nós, Senadores da República, devíamos olhar para nossa Pátria com maior amor e com maior carinho. Devíamos todos, neste momento, não optar por defender partido, ou por defender governo, ou por defender companheiros.

            Hoje seria uma oportunidade fundamental, pelo momento em que a Pátria passa, de se dar um rumo a esta Pátria amada, de se pôr os bandidos na cadeia, de punir severamente aqueles que roubam o povo brasileiro. Mas isso não acontece já faz muito tempo, já faz muitos anos.

            Já citei os números da corrupção anual: são 80 bilhões, brasileiros, 80 bilhões que estão roubando do povo brasileiro. 

            Este País é o que cobra mais imposto de seus filhos. Este País cobra R$1,5 trilhão em impostos de seu povo, para aqueles beneficiados, sem-vergonhas, patifes, ladrões, roubarem, corromperem a Nação.

            Eu aqui chamei atenção durante anos, desde que entrei aqui, para a roubalheira do Dnit, foram trilhões de corrupção. Por eu ser um Senador de oposição, ninguém me deu bola. Tentei abrir três CPIs. Derrubaram todas as três, engavetaram, riram da minha cara. Mas não é da minha cara que riem, não é da minha cara, é da cara do povo brasileiro, que eu represento aqui, do povo do meu querido Estado do Pará, que eu represento aqui, de 1,5 milhão de eleitores que me mandaram para cá defender os interesses dos paraenses e dos brasileiros.

            As estradas da minha terra, todas as BRs da minha terra, todas estão esburacadas, e o Dnit embolsando o dinheiro das estradas que deveriam ser feitas para o povo da minha terra e do meu querido País.

            Neste Brasil se engana em tudo, e eu tenho de dizer a verdade aqui, a covardia não mora no meu peito, eu não sou covarde. Institutos de pesquisas, senhores brasileiros, guiam as pesquisas neste País, fazem o que querem das pesquisas. A Folha de S.Paulo, brasileiros e brasileiras, mostra, nesta semana, e pergunta ao Brasil como é que a Dilma aparece bem nas pesquisas. Por que a Dilma aparece bem nas pesquisas? Porque o instituto faz o que quer.

            Vou mostrar a vocês, brasileiros. Esta reportagem que o Senador Mário Couto mostra ao Brasil é importante. Eu vou ler o que o Estado de S.Paulo diz: “Como a Presidente Dilma pode ter popularidade tão elevada se a população desaprova a gestão do Governo na maioria dos setores essenciais? É a questão levantada a partir da pesquisa Ibope divulgada neste mês”.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Já vou descer, Presidente.

Nada menos que 77% dos brasileiros (mais de três em cada quatro) aprovam o modo como a presidente Dilma leva o país. O pessoal também considera a presidente melhor que seu governo, este com 56% de ótimo/bom (20 pontos a menos do que avaliação pessoal de Dilma).

Mas o governo tem aprovação maior que a desaprovação em apenas três áreas. Vai bem no:

- combate ao desemprego (...);

- à pobreza (...); e

- no controle do meio ambiente (...).

Em outras áreas [essenciais à população brasileira], é reprovado. (...) Atente, Brasil!

- 65% dos pesquisados desaprovam o sistema de impostos [é o país que cobra mais imposto no mundo, Brasil!];

- (...)

- 61% reprovam a segurança pública [quantos brasileiros morrem nas ruas por dia! Será que a segurança pública está boa em sua cidade? Será que a segurança pública é boa no País?];

- 63% condenam os serviços de saúde;

- 50% reprovam o combate à inflação (...);

- 55% condenam os juros; 48% condenam a educação aplicada no País e reprovam o Governo.”

            Como é que a Dilma está bem?! Como é que a Dilma está bem, Brasil?!

            Brasileiros, temos uma única oportunidade. Já vou descer, Presidente. Uma única: é se nós, brasileiros e brasileiras, Senadores e Senadoras, disséssemos a nós mesmos: “Eu sou brasileiro, eu sou brasileira. Eu não quero cargo público, eu não troco a minha moral e a minha honra, eu não troco o meu coração de brasileiro por interesses particulares. Neste momento por que a Nação passa, eu serei brasileiro, eu estarei do lado do povo, eu vou acusar, eu vou colocar a limpo”...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Presidente, eu peço por favor.

            O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. PMDB - MS) - Já lhe dei quatro minutos. Eu peço que V. Exª conclua nesse minuto.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Já vou concluir, sem nenhuma discussão.

            Mas não fazem, Brasil, se rendem, Brasil, se ajoelham, Brasil nos pés do Governo. Ei, Senadores, é a hora, Senadores, de colocar em pratos limpos este País. Vamos mandar para a cadeia os corruptos, os ladrões que assaltam a nossa Pátria. Vamos juntos, Senadores e Senadoras, esqueçam cada um os seus problemas pessoais, pensem na sua Pátria, olhem para aquela bandeira, leiam ali brasileiros e brasileiras “Ordem e Progresso”. Nós temos ordem neste Brasil hoje? Não. A Pátria está corrompida. Nós temos progresso neste País hoje? Não. Nós não temos educação, nós não temos segurança, nós não temos saúde. O País está parado, brasileiros e brasileiras.

            Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2012 - Página 14654