Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato de audiência pública realizada hoje na CRA.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. HOMENAGEM.:
  • Relato de audiência pública realizada hoje na CRA.
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2012 - Página 14670
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, AUDIENCIA PUBLICA, COMISSÃO DE AGRICULTURA, OBJETIVO, DEBATE, PROJETO DE LEI, SENADO, REFERENCIA, AUTORIZAÇÃO, PRODUÇÃO, CANA DE AÇUCAR, AREA, VITIMA, IMPACTO AMBIENTAL, REGIÃO, CERRADO, Amazônia Legal, COMENTARIO, APOIO, SENADOR, RELAÇÃO, APROVAÇÃO, PROJETO.
  • COMENTARIO, REFERENCIA, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), REGISTRO, IMPORTANCIA, ORGÃO PUBLICO.

            O SR. ACIR GURGACZ (Bloco/PDT - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, pela manhã, na audiência pública da Comissão de Agricultura, discutimos o Projeto de Lei do Senado nº 626, de 2011, de autoria do Senador Flexa Ribeiro, sob a relatoria do Senador Mozarildo Cavalcanti, que, se aprovado, permitirá a produção de cana-de-açúcar nas áreas alteradas de cerrado e campos gerais da Amazônia Legal.

            Mediamos o debate, que contou com a participação de representantes dos Ministérios da Agricultura e do do Meio Ambiente, e sentimos que precisamos dialogar muito para que a proposta seja vista como uma alternativa para diversificar a produção agrícola da Amazônia.

            Entendo que, para que essa proposta seja mais bem compreendida, é preciso conhecimento sobre as diferenças e a diversidade da Amazônia.

            Como morador e conhecedor da região e representante de parte da população amazônica neste Parlamento, sinto-me à vontade para apresentar meu ponto de vista, os anseios dos amazônidas e apontar alguns caminhos para o desenvolvimento da região, respeitando o tripé da sustentabilidade, qual seja, o crescimento econômico com inclusão social e proteção ambiental.

            O primeiro aspecto para o qual chamo a atenção é as diferenças da Amazônia, região onde vivem 25 milhões de brasileiros e que abriga os maiores rios e a maior área de floresta tropical preservada do planeta, mas que não é uma massa homogênea, ao ponto de podermos falar que existem várias "Amazônia". Trata-se de uma região heterogênea, contraditória e desigual. As diferenças são geológicas, ecológicas, culturais, históricas, sociopolíticas e econômicas.

            A ‘Amazônia” do meu Estado de Rondônia, que é resultado do maior esforço da Nação brasileira em promover a reforma agrária, numa epopeia de colonização, iniciada na década de 70, no século passado, que ainda se encontra em curso, é muito diferente da “Amazônia” do nosso vizinho Estado do Amazonas, por exemplo, que teve sua ocupação limitada ao pólo industrial de Manaus e tem mais de 90% de sua área territorial em florestas preservadas.

            Sobre a agricultura da Amazônia, ouso dizer que ela tem tudo para ser uma grande potência, mas sustentada em um zoneamento agroecológico, que leve em conta as suas diferenças, a sua diversidade.

            A diversidade, por sinal, é também a palavra-chave para a agricultura em Rondônia, que se tem destacado, nos últimos anos, pelo avanço da pecuária, sendo que o Estado abriga o sétimo maior rebanho bovino do País, com mais 14 milhões de cabeças, e é o quarto maior exportador de carne bovina brasileira.

            Podemos manter e até avançar nessa conquista, mas precisamos, sobretudo, diversificar nossa agricultura, resgatando as culturas do cacau, do café, das culturas típicas da Amazônia como a produção do cupuaçu, o açaí, a graviola, além da piscicultura, que tem avançado muito no Estado de Rondônia, como também o manejo florestal.

            Essa diversificação, juntamente com o aperfeiçoamento dos sistemas agroflorestais e agricultura de baixo carbono são os caminhos para o desenvolvimento sustentável de Rondônia e de toda região Amazônica. Nesse sentido, creio que a produção de cana-de-açúcar nas áreas de cerrado e nos campos gerais da Amazônia pode ser mais uma alternativa de renda para nossos agricultores, diversificando nossa produção agrícola e contribuindo também para o incremento da produção de biocombustível, como o etanol.

            Creio que os caminhos para essa diversificação pode ser muito bem apontados por nossa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que completou ontem 39 anos de fundação.

            Estive, juntamente com o Senador Waldemir Moka, que representava o Senado e a Comissão de Agricultura, na solenidade em que a Embrapa comemorou 39 anos. Ouvimos o seu Presidente, Pedro Arraes, falando do grande salto da produção agrícola nacional nesse período.

            A Embrapa surgiu na década de 70 quando o Brasil ainda dependia da importação de alimentos básicos. De lá para cá, a produtividade média de grãos subiu de 783kg/hectare para 3.173kg por hectare: um salto de 774%.

            Com avanços em eficiência, graças à pesquisa, inovação e investimentos, além de políticas macroeconômicas, setoriais e da crescente organização dos segmentos agroindustrial e agroalimentar, a agricultura brasileira respondeu às demandas de uma população urbana crescente, proporcionando alimentos mais acessíveis e baratos, que contribuíram para reduzir pressões inflacionárias e amenizar as desigualdades sociais.

            O País se tornou líder em inovação na agropecuária tropical e se consolidou como grande produtor mundial de alimentos graças em boa medida aos esforços da Embrapa, de seus pesquisadores e do seu corpo técnico e dirigente.

            A Embrapa foi instalada em Rondônia, em 1976. e contribuiu decisivamente para o crescimento da agricultura do nosso Estado. Foi a Embrapa que desenvolveu e selecionou cultivares de diversas espécies vegetais e animais totalmente adaptadas às condições ambientais da região, como as primeiras sementes de soja, adaptadas às condições ambientais da região Norte.

            Com a participação da Embrapa e da Emater, a expansão da fronteira agrícola em Rondônia caracterizou-se pela predominância das culturas do café, do cacau, do feijão, do arroz, do milho, da mandioca, da banana, além da soja e da pecuária. Essa política foi fundamental para a diversificação e consolidação da agricultura rondoniense. É esta agricultura diversificada e rica que queremos manter e resgatar com o apoio da Embrapa, visto que hoje temos uma predominância da pecuária e um crescimento da monocultura da soja. Contamos com o apoio dessa grande empresa e de seus pesquisadores, principalmente para que possamos liberar o plantio de cana-de-açúcar na Amazônia.

            Os debates de hoje serviram para comprovar que não existe nenhum estudo em que diz que não se pode produzir cana-de-açúcar na Amazônia. Queremos fazer com que a região Amazônica possa contribuir ainda mais para a produção de alimentos no País. Este é o nosso desejo e o nosso trabalho. Com consciência com relação ao meio ambiente, queremos produzir mais, queremos que a Amazônia dê uma contribuição ainda maior para que o Brasil possa ser um dos líderes maiores na produção de alimentos no mundo.

            Era esse o tema que tinha para esta tarde.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, Senador Waldemir Moka.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2012 - Página 14670