Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato sobre a indignação de um cidadão com a prática de corrupção por políticos brasileiros; e outros assuntos.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Relato sobre a indignação de um cidadão com a prática de corrupção por políticos brasileiros; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 03/05/2012 - Página 15283
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ORADOR, ORGANIZAÇÃO, REUNIÃO, ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL, MORADOR, PREFEITO, MUNICIPIO, UBATUBA (SP), PARTICIPAÇÃO, SOLENIDADE, COMEMORAÇÃO, DIA, TRABALHO, COMENTARIO, PROTESTO, AUTORIA, CIDADÃO, REFERENCIA, REPUDIO, CORRUPÇÃO, POLITICO, BRASILEIROS, DEFESA, PROPOSTA, GARANTIA, ETICA, POLITICA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Presidente, Senador Waldemir Moka, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, ontem, ao estar no encontro muito agradável com meu filho, a sua noiva e os pais dela, comendo uma pizza onde costumo e gosto de ir à pizzaria Primo Basílico, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, eu que havia passado momentos muito agradáveis até do ponto de vista de repercussão do meu trabalho no Senado, na véspera, em Ubatuba, na Vila de Picinguaba, onde organizei uma reunião da associação dos moradores com o Prefeito de Ubatuba, Eduardo César e com o administrador do parque. O Prefeito teve a gentileza de ir com todos os seus secretários para ali conversarmos a respeito de problemas relacionados ao fato de a Vila de Picinguaba ter sido colocada como área do parque estadual da Mata Atlântica, o que implica diversas restrições aos seus moradores, tanto os nativos quanto os visitantes, ou os turistas.

            Também houve ali diversas reivindicações sobre a melhoria da educação, da assistência à saúde, das estradas e proposições que serão encaminhadas ao governo do Estado. Houve um diálogo com os pescadores que, logo, logo, terão uma reunião com o Ministro da Pesca, Marcelo Crivella, nosso colega, aqui, no Senado, que se dispôs, inclusive, a dialogar lá com os pescadores tradicionais, assim como com aqueles que estão, hoje, realizando um empreendimento muito bem-sucedido de criação de vieiras, na ilha em frente à praia de Picinguaba.

            Essa reunião foi um sucesso, com a participação de cerca de 100 pessoas, muitas das quais vieram me cumprimentar.

            Ao meio do dia, na tarde de ontem, fui até Taubaté, onde participei da solenidade de comemoração ao Dia do Trabalho, junto com o Sindicato dos Comerciários, numa festa onde estavam presentes cerca de três mil pessoas, numa chácara daquela região. Em seguida, numa área da Prefeitura Municipal, cerca de 10 mil pessoas estavam presentes para as comemorações do Dia do Trabalho, organizadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté. E ali o Presidente Isaac do Carmo informou-me sobre passos muito positivos que o Sindicato dos Metalúrgicos deu com vistas a realizar um entendimento com a Volkswagen, que estava considerando a hipótese de realizar investimentos em outras áreas do Brasil, mas que, tendo em conta um acordo feito para os próximos quatro anos, segundo o qual os trabalhadores passarão a ter direitos de participação nos resultados ou nos lucros da Volkswagen, foi definida de forma minimamente satisfatória para ambos os lados. Em virtude deste entendimento, a Volkswagen resolveu expandir as suas atividades, e se hoje ela tem 100.200 trabalhadores diretos em Taubaté, com este novo acordo o investimento fará com que a expansão de oportunidade de emprego ali seja próxima de mais mil, com inúmeras repercussões de novas oportunidades de empregos indiretos.

            Juntamente com o Prefeito José Augusto de Guarnieri Pereira, de Santo Antonio do Pinhal, distante 35 minutos ali de Taubaté, eis que me senti mais uma vez muito bem recebido e respeitado por todos com os quais interagi. E outra vez ainda porque, no final da tarde, vim para São Paulo, onde participei do final do ato da Central Única dos Trabalhadores, em comemoração ao dia 1º de maio, e, ali, o Presidente Adi, da Central Única dos Trabalhadores, também foi muito carinhoso e respeitoso comigo na hora de apresentar-me, logo após o show da Elba Ramalho, que foi muito vibrante para o povo que se encontrava ali no Anhangabaú.

            E eis que, à noite, nesse encontro com meu filho, a sua noiva e os pais da noiva, ao final da refeição - e já estava por pagar a conta - um senhor, ao sair daquela pizzaria, levantou-se e disse, com voz muito brava comigo, que ele havia ontem pago o seu Imposto de Renda e estava indignado com todos nós, políticos, porque não aguentava mais saber de tanto roubo, de tanto desvio de dinheiro, de tanta corrupção que vem ocorrendo no Brasil. Eu até quis com ele dialogar, mas ele saiu bravo sem querer trocar outra palavra. Apenas quis fazer o protesto.

            Meu filho André e o Sr. Henrique foram até a porta tentar dialogar com ele, amainar os ânimos. Eu logo o segui, tentei falar com ele, que quis entrar logo em seu carro, sequer quis se apresentar. Eu transmiti a ele a convicção de aqui realizar o trabalho sempre o mais sério possível. E quero aqui transmitir a essa pessoa, que ontem não quis comigo dialogar, mas que de alguma maneira representa o sentimento de muitas pessoas hoje, de indignação para com o que se passa aqui no Congresso Nacional.

            Daí, refletindo um pouco, prezado Senador Moka, que preside esta sessão, eu fiquei pensando: puxa, nesses últimos dias, de fato, a imprensa está dia após dia transmitindo fatos que levam a um sentimento de protesto muito forte com respeito a nós que estamos na vida pública, sejam aqueles que estão no Poder Executivo, nos três níveis de governo, sejam aqueles que, como nós, estamos no Congresso Nacional e às vezes até no Poder Judiciário.

            Ainda hoje notei ali que o impostômetro mencionou e possivelmente houve um aumento significativo por causa do prazo último, dia 30, para que os cidadãos pudessem fazer o pagamento do seu Imposto de Renda. Eis que hoje ultrapassou a casa dos R$500 bilhões, desde o primeiro de janeiro deste ano.

            Então, esse senhor que estava ali disse que na véspera, dia 30, havia pagado seu imposto, mas que estava muito indignado com tantas notícias de desvio de dinheiro.

            Quero transmitir a esse senhor que eu compreendo a sua indignação, mesmo que porventura ele não tenha votado em mim, eu que tive praticamente metade dos votos no Estado de São Paulo e mais da metade, 51,37%, na capital, ou seja, de cada duas pessoas, mais de uma votou em mim. Quero transmitir a essa pessoa, quero lhe dizer que eu, no Senado Federal, tenho propugnado pela maior transparência possível em nossas ações. Fui aqui favorável a que a remuneração de todo e qualquer servidor do Senado, assim como a nossa, dos Senadores, seja inteiramente transparente aos que pagam com recursos públicos a nossa remuneração; que possam sempre ser inteiramente transparentes as ações de licitações e contratações; e que tudo se dê da maneira mais correta possível. Sou a favor e apresentei projetos de lei no sentido de que haja total transparência, em tempo real, de todas as contribuições às nossas campanhas políticas - quando uma pessoa faz uma contribuição, pessoa física ou jurídica, para um candidato, a qualquer cargo, que isso seja registrado na rede mundial de computadores para imediato conhecimento das pessoas; além de eu ser a favor do financiamento público de campanha, se pudermos chegar a isso.

            Mas eu quero aqui transmitir, inclusive no que diz respeito à nossa própria remuneração, que avaliei que poderíamos, sim, cortar o 14º e o 15º salários, e assim por diante.

            Quero transmitir inclusive que está se iniciando agora a reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre o caso Cachoeira, que é uma das notícias que vêm revoltando tanto as pessoas e as deixando indignadas. Pois bem, quero transmitir aos membros da CPMI: vamos ser o mais possível rigorosos e que possam todos realizar ali um trabalho sério de apuração dos fatos e das responsabilidades.

            Esse é o sentimento de compreensão pelo estado de indignação daquele cidadão. Eu sei que é o estado de indignação de muitas pessoas. E acho que nós, no Senado Federal, no Congresso Nacional, precisamos estar à altura deste anseio da população brasileira, deste cidadão. Podemos andar da forma a mais correta possível, inclusive apoiando as ações da Presidenta Dilma Rousseff com respeito a quaisquer malfeitos, quaisquer desvios de procedimentos, quaisquer ações inadequadas que venham a significar atos de corrupção, de enriquecimento ilícito.

            Era o registro que eu hoje queria fazer, Senador Moka. Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/05/2012 - Página 15283