Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre os avanços tecnológicos da agropecuária brasileira.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PECUARIA. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Considerações sobre os avanços tecnológicos da agropecuária brasileira.
Aparteantes
Ivo Cassol.
Publicação
Publicação no DSF de 04/05/2012 - Página 15494
Assunto
Outros > PECUARIA. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • COMENTARIO, ORADOR, BENEFICIO, INOVAÇÃO, TECNOLOGIA, INVESTIMENTO, AGROPECUARIA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PAIS, ENFASE, IMPORTANCIA, CAMPANHA, VACINAÇÃO, FEBRE AFTOSA, FATO, SAUDE, GADO, AUMENTO, DESENVOLVIMENTO, SETOR, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, POPULAÇÃO.
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, INVESTIMENTO, SAUDE, EDUCAÇÃO, TRANSPORTE, REGIÃO AMAZONICA, FATO, REGIÃO, APRESENTAÇÃO, CARENCIA, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, serei breve e não utilizarei esses 20 minutos, Senadora Ana Amélia. Agradeço a V. Exª sua generosidade. Sei que é regimental, mas, de qualquer maneira, como V. Exª é sempre bondosa, nós temos de agradecê-la.

            Uma economia torna-se poderosa como começa a enxergar seu potencial como fonte de prosperidade e avanços sanitários sociais. O lucro deixou de ser a expressão mais eloquente do mercado dando lugar ao desenvolvimento sustentado e solidário, com matrizes da pujança e da força propulsora de uma Nação.

            Não interessam mais os dividendos; o que importa é o equilíbrio e a somatória de índices que reflitam o grau de bem-estar da economia. Nesse contexto, a economia serve como ferramenta indispensável para se alcançar o progresso, mas não mais como agente de concentração de riquezas, mas sim como fator de inclusão social e de distribuição de renda. Mesmo as atividades conservadoras, Senadora Ana Amélia, como o setor primário, começam a se redimir do seu isolamento secular, abrindo-se ao mercado internacional como captadores de investimentos externos e emissoras de novas tecnologias e incentivadoras do melhoramento genético de espécies.

            Essa nova postura do empresário do campo contribui não só para melhorar o perfil dos negócios agropastoris como também para impulsionar o mercado como um todo, gerando empregos, investindo na educação e transformando os indicadores sociais. Nesse sentido, Mato Grosso tornou-se, nos últimos anos, uma fonte inesgotável de boas notícias para o País. Somos hoje os maiores produtores de soja e algodão do Brasil. Nesse primeiro trimestre de 2012, nosso Estado figura como vice-líder nacional na exportação do agronegócio, superado apenas pelo Estado de São Paulo.

            No caso específico da pecuária, minha região concentra o maior rebanho do País: 29 milhões de cabeças. Esse setor emprega atualmente mais de 40 mil trabalhadores diretos e cerca de 200 mil de forma indireta.

            Cito esse número, Srªs e Srs. Senadores, para informar que nosso Estado deu início nesta semana à campanha de vacinação contra a febre aftosa. Conforme previsão do Indea, que é o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso, serão imunizados, na primeira etapa, que vai até o dia 31 de maio, 12,5 milhões de cabeças com idade entre 0 e 24 meses. Deve ser o mesmo na vacinação que, imagino, faça o Rio Grande do Sul. Não sei se o Estado do Rio Grande do Sul já está fora ou se ainda continua vacinando. Não, só Santa Catarina. Mas, até novembro, o restante do rebanho será vacinado.

            Neste momento, as fazendas do Pantanal, por exemplo, serão deixadas de lado em função do período das águas. Não é fácil entrar no Pantanal nesta época do ano. Quanto à dificuldade de acesso aos pastos, somente nesta área, Senadora Ana Amélia, que compreende 60 mil quilômetros quadrados, ou seja, 6,8% do território estadual, vivem 2 milhões de cabeças de gado de corte.

            Em 2011, nada menos do que 99,76% de nosso rebanho foram vacinados contra a febre aftosa. Sinto-me especialmente gratificado ao me deparar com tais números, pois foi em 1990, durante o meu governo, que Mato Grosso deu início às campanhas maciças de vacinação contra essa doença. Eram outros tempos, mais difíceis. Mesmo assim, empreendemos um gigantesco esforço no sentido de abrir nosso mercado de carnes para exportação. De lá para cá, o nosso Estado converteu-se no terceiro maior exportador de proteína bovina do nosso País, com a comercialização de 9,5 mil toneladas desse produto para países de cinco continentes.

            Mas, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como eu disse no início do meu discurso desta tribuna, uma economia se torna poderosa quando gera prosperidade e benefícios sociais. Pois bem, a agropecuária fomenta negócios cultivando alimentos, fontes de proteína, portanto, gerando fartura e vida. Além do mais, converteu-se em fator de antecipação de tecnologia, ou seja, de antecipação tecnológica, agente ativo na geração de empregos e renda.

            Mas até uma nova consciência global motiva os nossos produtores a raciocinarem como indutores da conservação ambiental, como defensores do melhoramento genético e no combate a doenças, tais como a febre aftosa, um exemplo só.

            Sendo assim, rompemos o isolamento e nos tornamos parceiros importantes da economia nacional, não mais como marginais do mercado global, mas como atores principais do desenvolvimento do País, Afinal, produzimos vida, colhemos recordes e semeamos a confiança de um Brasil solidário e próspero onde o calo das mãos é um ativo, onde o suor é moeda forte e onde a esperança é fonte de paz e de otimismo.

            Diante de tudo isso, Senadora Ana Amélia, tenho certeza absoluta de que o meu Estado, o Mato Grosso, indiscutivelmente, é um Estado que continuará dando alegria para este País. Já superamos, com certeza, vários Estados brasileiros diante da produção, do agronegócio. Falei hoje mesmo desta tribuna que precisamos apenas de logística, de transporte intermodal, que nós precisamos de investimentos do Governo Federal.

            Hoje, como eu disse aqui, a Senadora Lúcia Vânia capitaneou os membros da Comissão de Infraestrutura - estivemos lá junto com o Senador Ivo Cassol, Waldemir Moka, Kátia Abreu, Vicentinho Alves - em reunião que achei extremamente produtiva. Ali, com certeza, deram-nos notícias alvissareiras, sobretudo sobre as obras planejadas estrategicamente pelo Ministério dos Transportes. Diante da proposta do Governo Federal, serão realizados pelo PAC alguns investimentos.

            É o caso da ferrovia que sairá do Estado de Goiás, passando por Mato Grosso e, em uma variante, pelo Estado de Rondônia, que foi muito bem governado pelo Senador Ivo Cassol; a conclusão da BR-163, que Mato Grosso demanda, ligando-o ao Estado do Pará, através da saída por Santarém; a conclusão das obras da BR-158. E, sobretudo - o que me deixou muito contente, diante da fala do Diretor do Transporte Aquaviário do Dnit - que estão sendo feitos estudos em relação aos nossos rios Teles Pires, Tapajós e Juruena e que é possível que saia também a hidrovia Paraguai-Paraná e a hidrovia Araguaia-Tocantins, que é um rio que nos permite fazer o transporte intermodal, através da ferrovia, através da rodovia, através das nossas hidrovias.

            Dessa maneira, são investimentos propícios, tendo em vista que sem derrubarmos uma árvore sequer, Senador Ivo Cassol, nós vamos dobrar ou triplicar a nossa produção na área da agricultura, uma vez que, hoje, a nossa agricultura “tecnificada” nós dá alegria e contentamento, por vermos que o Mato Grosso já produz, em determinadas áreas, 120, 140 sacos por hectare. Algumas regiões estão produzindo 63 a 70 sacos de soja por hectare.

            Precisamos de investimento do Governo Federal. Nós estamos fazendo a nossa parte. O brasileiro que está ali está fazendo a sua parte com uma produção que, certamente, é sustentável, buscando a preservação dos nossos ecossistemas.

            Concedo um aparte ao Senador Ivo Cassol com muita honra.

            O Sr. Ivo Cassol (Bloco/PP - RO) - Obrigado, Senador Jayme Campos. É uma alegria e uma satisfação fazer um aparte a V. Exª.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) - Obrigado.

            O Sr. Ivo Cassol (Bloco/PP - RO) - Ao mesmo tempo, quero dizer que o senhor é um eterno guerreiro.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) - Obrigado.

            O Sr. Ivo Cassol (Bloco/PP - RO) - E com conhecimento de causa. Hoje, discutimos com o Ministro dos Transportes e todos os diretores de departamentos especialmente essa questão da infraestrutura, porque nós fazemos parte da Comissão de Infraestrutura. Ao mesmo tempo, foram debatidos não só os nossos Estados da região amazônica, mas o Brasil, e o senhor levantou pontos importantes para o desenvolvimento do Mato Grosso. A exemplo disso, no último sábado, eu estive na região de Campos de Júlio, visitando os produtores de soja, a família Mazutti, tanto o Juca, como o Volnei. Aquele é um exemplo de produção, um exemplo de preservação e eles são um exemplo de pessoas empreendedoras que temos nessa grande região. A preocupação deles, como a sua também, como representante do povo, foi buscar resposta de toda a equipe do Ministério dos Transportes: quando, como, de que maneira serão atendidos. Portanto, a preocupação de V. Exª é com a BR-163, que se interliga com o Pará, onde estão faltando em torno de 400 quilômetros de pavimentação. E V. Exª está preocupado em escoar e ampliar a produção sem precisar desmatar. No momento em que aquela saída se tornar alternativa, com certeza os municípios da BR-163 que saem para o Pará serão um dos grandes locais de produção, como parte deles já é para o Brasil. Ao mesmo tempo, a grande preocupação de V. Exª foi também com a questão das nossas ferrovias. Nós sabemos que, hoje, não há o interesse por parte de algumas multinacionais, porque, o interesse, muitas vezes, pela geração de emprego é vender caminhões e não em fazer ferrovias, tanto que o projeto de ferrovia no País anda a passos lentos, a passos de tartaruga. Mas, ao mesmo tempo, nós ouvimos do Ministro dos Transportes e de toda a sua equipe que há o interesse em melhorar todo esse sistema. E houve outro ponto fundamental levantado ali. V. Exª, com o grande e extraordinário conhecimento que tem como ex-Governador, hoje como Senador do Brasil por Mato Grosso, também levantou a questão das eclusas e ao mesmo tempo da navegabilidade dos rios, não para tirar o frete ou parte do transporte, mas para dar oportunidade de diversificar o transporte brasileiro, como nos outros países. Então, de um lado se pode ter ferrovia, do outro, rodovia, e de outro se pode ter também o transporte fluvial, que vem com um custo menor e, ao mesmo tempo, desenvolve as regiões. Então, quero dizer que é uma alegria fazer parte aqui deste Senado, juntamente com V. Exª, que traz o conhecimento de ex-Governador. E quando cobramos é com a experiência vivida na pele. Infelizmente, muitas vezes, na região Amazônica, somos cobrados por todos, especialmente pelos “bacaninhas” que moram nos grandes centros, estes são os que mais fazem discursos demagogos, mas eu nunca vi esses aí se preocuparem de verdade com a Amazônia. Porque, se eles se preocupassem com a Amazônia, a primeira coisa que fariam seria se preocupar com a capital, ou seja, de que maneira eles poderiam ajudar, para que as capitais brasileiras fossem modelo em nível nacional, quando se fala em preservação ambiental. Então, este aparte é para registrar a garra, a determinação de V. Exª, o que me estimula ainda mais a estar ao lado de pessoas com conhecimento - eu tenho conhecimento no Poder Executivo -, para melhor ajudarmos este Brasil a crescer. Um dos pontos importantes que frisamos lá, eu, inclusive, em aparte na reunião da comissão, é que a CPMI do Cachoeira, que já virou cascata, já virou ...

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) -... rio...

            O Sr. Ivo Cassol (Bloco/PP - RO) -... sete quedas, já virou tudo o que se pode esperar para frente. Nós esperamos que isso não venha a atrapalhar a obrigação dos ministérios, especialmente do Ministério dos Transportes, onde a Delta tem uma boa fatia de todas as obras - tinha ou tem; que isso não paralise as obras. Que o Governo Federal, que os ministros coloquem a taca na taca de quem tem de ser colocada; que cada um responda pelo seu CPF ou pelo seu CNPJ, mas que as obras, Srª Presidente Ana Amélia, não parem. Que o Brasil não trave, que o Brasil não fique estagnado, para que não fique como a Europa está hoje, com falta de investimento, de expectativa e de desenvolvimento. Lá é uma situação diferente, mas, se deixar, aqui, daqui a pouquinho, a lambança de tudo o que está para trás para ser apurado, com certeza, pode, de repente, querer travar em algum lugar. Aí, eu peço que nós, nesta Casa aqui, trabalhemos pesado para que a CPI apure os responsáveis, apure quem corrompeu e quem foi corrompido e, ao mesmo tempo, puna essas pessoas, sem atrapalhar as obras em Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rondônia e outros Estados brasileiros. Por isso, é importante, nessas nossas comissões, cobrar dessas autoridades, sob pena, de repente, de essas autoridades ficarem com medo e as coisas não funcionarem. Mas, como eu disse, lá dentro tem um general pedra 90, que é o diretor do Dnit. Eu falei: “bota no toco porque esse Brasil não pode parar; este Brasil precisa andar é para frente”. Obrigado.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) - Agradeço a V. Exª, Senador Ivo Cassol, na medida em que acho que há muitas Senadoras e muitos Senadores experientes, pelos cargos que já exerceram. E, particularmente nós, que tivemos a primazia de ser governador de estado, Senador, três vezes prefeito da segunda maior cidade do estado. Nós sabemos, de fato, das nossas realidades. Temos de conviver todos os dias com nossa problemática que existe.

            Entretanto, espero e tenho a certeza de que vai chegar o dia de essa região do Brasil, que é a região amazônica, realmente receber os investimentos, até porque somos 23 milhões de brasileiros que moram nessa região do Brasil. Entretanto, os investimentos são muito poucos na saúde, na educação, mesmo na questão de transporte, logística etc; mas me parece que surge uma perspectiva de um amanhã melhor. Acredito perfeitamente que essa região do Brasil será, sem sombra de dúvida, uma nova Califórnia brasileira, principalmente a Região Centro-Oeste. Nós temos tudo para dar certo: clima, terras boas, ainda baratas e, acima de tudo, os gaúchos, que são competentes. Confesso, aqui, de público, que tiro o chapéu. Eu tenho dito que se não fossem os gaúchos, os paranaenses que ali chegaram e claro, natural também, por conseguinte, os catarinenses, mineiros, paulistas, nordestinos, goianos, talvez Mato Grosso não tivesse chegado aonde chegou.

            Hoje é um Estado cuja economia é forte e está crescendo. Na medida em que nós conseguirmos transformar aquela produção por meio da agroindustrialização, não tenho dúvida alguma de que vai ser um grande Estado da Federação esse que, certamente, amanhã ou depois, pouco ou quase nada vai depender do Governo Federal. Se o Governo Federal fizer a sua parte, nós lá no Mato Grosso também faremos, principalmente o homem do campo. A agroindústria, a indústria e o comércio têm feito já muito. Mas eu imagino que o mínimo que o Governo tem que oferecer é aquilo que é da sua responsabilidade, que é constitucional: saúde, educação. E, acima de tudo, dar o mínimo de retorno da contribuição que damos por intermédio dos tributos que recolhemos. Ou seja, investir naquilo que vai dar retorno para o Governo Federal por meio dos impostos. Porque, lamentavelmente, temos uma das cargas tributárias mais pesadas do Planeta.

            Nós perdemos, Senadora Ana Amélia, para poucos países, dentre eles os da Escandinávia. Mas se a senhora for conhecer alguns países, vai ver que lá há saúde de boa qualidade, segurança, transporte coletivo. Aqui se paga essa carga tributária pesada; entretanto, quase nada nós temos de retorno.

            Concluindo, agradeço a V. Exª. Agradeço ao valoroso amigo, ex-governador e competente Senador Ivo Cassol, porque eu tenho visto a sua luta aqui buscando os investimentos para o seu Estado de Rondônia, que, indiscutivelmente, também é um grande estado hoje. Ninguém pode desconhecer que Rondônia - eu antevejo para esse estado um futuro extraordinário - daqui a pouco também vai ser um grande estado produtor, por intermédio da sua agricultura, não só familiar, mas também da agricultura de grande porte, que ali está crescendo, prosperando. E V. Exª deu sua contribuição por intermédio do trabalho que fez, por duas vezes, como governador daquele grande Estado da Federação.

            Agradeço. Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/05/2012 - Página 15494