Discurso durante a 78ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o papel do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, por ocasião do lançamento de documentário da TV Câmara sobre o político.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre o papel do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, por ocasião do lançamento de documentário da TV Câmara sobre o político.
Publicação
Publicação no DSF de 12/05/2012 - Página 17937
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ELOGIO, ORADOR, RELAÇÃO, ATUAÇÃO, POLITICA, INTELECTUAL, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUTOR, FILME DOCUMENTARIO, EXIBIÇÃO, TELEVISÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.

            A SRª LÚCIA VÂNIA (Bloco/PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, ao ensejo do lançamento do documentário A Construção de Fernando Henrique, da TV Câmara, nesta última terça-feira, permito-me tecer considerações sobre a figura do intelectual e do político Fernando Henrique Cardoso.

            Como intelectual, e como político, Fernando Henrique é um grande líder do nosso país.

            A Presidente Dilma Rousseff, por ocasião do aniversário de 80 anos de Fernando Henrique, no ano passado, teve a grandeza de, assim, dirigir-se, em carta, ao ex-presidente: "0 acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica".

            A presidente, embora de campo político divergente de FHC, ainda completou: "Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato".

            Podemos dizer que, historicamente, há uma certa imperícia dos intelectuais no exercício do poder. FHC, entretanto, é um caso raro de intelectual bem sucedido no trato da realidade política, em um país complexo, de escala continental e com as características do Brasil contemporâneo.

            O primeiro mecanismo de sustentação dos grupos sociais ao longo da história é a liderança, que consiste na capacidade de alguém chefiar, comandar ou orientar outros indivíduos.

            Entre a liderança institucional, atribuída ou promulgada, e a pessoal, FHC fez convergir as duas.

            Não é por acaso que, ao agradecer a homenagem que lhe foi prestada no lançamento do documentário, A Construção de Fernando Henrique, ele tenha dito: "Há coisas que só dão certo quando nos juntamos em nome do povo. E no Congresso, na Câmara em especial, a gente aprende que isso é maior do que nós. Isso é Brasil".

            O Brasil, não há como desconhecer, está no contexto das sociedades contemporâneas. Essas sociedades se caracterizam por sua complexidade, por suas constantes mudanças, por sua globalização, que internaliza o mundo na vida dos países e das pessoas e, mais recentemente, pela presença da mídia no cotidiano das nações.

            Somos uma sociedade que requer lideranças que reúnam saber técnico, capazes de apontar rumos diante das incertezas das transformações e de orientar políticas públicas que venham ao encontro das necessidades de nossa população.

            Há exatamente 39 anos, em 1973, na convenção do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, Ulysses Guimarães proferiu o seu histórico discurso intitulado "Navegar é Preciso, Viver não é Preciso". Na oportunidade lançava a sua "anti-candidatura" à presidência da República. Tinha como candidato a vice-presidente Barbosa Lima Sobrinho, outra grande liderança brasileira e grande democrata.

            Ao agradecer a homenagem que recebeu, merecidamente, Fernando Henrique mais uma vez demonstrou o grande democrata que é. Elogiou o papel do Congresso no processo democrático e disse que é preciso respeitar a vontade popular: "Sem esse respeito e sem a confiança nas instituições, os projetos sociais e econômicos não avançam. O Congresso é a vida", completou ele.

            É de líderes desse nível que o Brasil precisa.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/05/2012 - Página 17937