Pela Liderança durante a 80ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

– Homenagem pelo transcurso dos 145 anos do Município de Várzea Grande.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • – Homenagem pelo transcurso dos 145 anos do Município de Várzea Grande.
Publicação
Publicação no DSF de 16/05/2012 - Página 18784
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, VARZEA GRANDE (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), COMENTARIO, HISTORIA, CRESCIMENTO ECONOMICO, PROBLEMA, VIOLENCIA, CRISE, POLITICA, CIDADE.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje vou falar da minha cidade, Várzea Grande, que comemora 145 anos de fundação.

            Quando enxergamos uma árvore frondosa, de tronco robusto e frutos saborosos, normalmente admiramos suas cores e sua imponência, mas, geralmente, esquecemo-nos de observar, com o devido respeito, a vitalidade e a firmeza que brotam de suas raízes. A beleza espontânea e viçosa da folhagem encobre a base que sustenta e que alimenta aquilo que os olhos podem contemplar. Pois bem, uma comunidade também possui sua raiz. O alicerce histórico é a estaca capaz de escorar seu desenvolvimento humano e fincar nesse núcleo os parâmetros para seu crescimento econômico.

            Se a história de um povo é a luz tênue que incide sobre o passado, e, às vezes, não tem força para iluminar o futuro, ao menos possui o brilho suficiente para sinalizar os caminhos para as novas gerações. Por isso mesmo encontramos, nas tradições seculares, nos hábitos e na cultura de um povo a explicação para a altivez e a grandeza moral de toda uma comunidade.

            Falo isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, porque, nesta data, minha cidade de Várzea Grande completa 145 anos de fundação; e nossa história é a bússola para apontar o norte, a direção do porvir, enquanto nossos costumes revelam o sentido de nossa própria existência como sociedade.

            Várzea Grande nasceu da determinação heróica de brasileiros que implantaram naquelas paragens, na margem direita do rio Cuiabá, um acampamento militar durante a guerra do Paraguai. Nossa história, portanto, remonta ao tempo das lendas patrióticas e resgata a virtude dos pioneiros que ampliaram os horizontes do País.

            O nosso fundador, General Couto de Magalhães, plantou, na antiga terra dos índios guanás, a semente de uma comunidade fértil e dinâmica, pois nestes 145 anos deixamos a condição de um povoado apêndice da capital mato-grossense e nos transformamos em uma sociedade rica em sua cultura e vibrante no seu desenvolvimento.

            Atualmente, somamos mais de 250 mil habitantes e contribuímos com a terceira maior arrecadação de tributos de Mato Grosso. Segundo levantamento do IBGE de 2009, Várzea Grande posiciona-se entre os 160 Municípios com o maior produto interno bruto do Brasil.

            Isto nos orgulha, mas ao mesmo tempo nos faz refletir. Pois, se a um passo, a economia mostra-se competitiva e virtuosa, de outro os índices sociais apresentam uma cidade refém da violência e com baixos investimentos na área de saúde.

            Nossa vizinha Cuiabá experimentou um crescimento demográfico da ordem de 13,2% nos últimos dez anos, enquanto Várzea Grande chegou a um número superior aos 17,3%, nesse mesmo período. Tal explosão populacional pouco contribuiu com a melhoria das condições de vida de nossa gente; ao contrário, o índice de criminalidade está assumindo proporções insustentáveis.

            Quando cruzadas as informações alcançadas pelo Estudo Global de Homicídios, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, e o Mapa da Violência de 2012, divulgado pelo Instituto Sangari, na última semana, em parceria com os Ministérios da Justiça e da Saúde, nossa cidade, caso fosse um território independente, seria o 4o país mais violento do mundo. É, convenhamos, uma notícia pouco animadora para um município com as tradições que cultivamos ao longo destes 145 anos.

            Várzea Grande sempre foi reconhecida pela generosidade, bondade e alegria de nossa gente. Nossas festas e nossa cultura retratam o estado de espírito de uma comunidade múltipla e dinâmica; isto contradiz a onda de violência que assola nosso município.

            As novas exigências de um centro industrial e comercial moderno, contudo, não justificam tais desvios de comportamento, visto que o várzea-grandense aprendeu a respeitar os ecos de seu passado tranquilo e pacífico.

            Nossa gente traz no peito o emblema do progresso. Mesmo que o setor público tenha claudicado, vacilado, o cidadão sempre chamou para si os deveres e responsabilidades do desenvolvimento. Somos uma comunidade talhada para o trabalho, com vocação para a luta e firme no propósito do fortalecimento econômico com avanços no campo social.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, infelizmente, há sete anos o nosso município vive uma crise política sem precedentes. Chegamos a ter três prefeitos em menos de dez dias no comando do Paço Municipal.

            Os reflexos desse desacerto institucional acabaram repercutindo na qualidade da gestão da cidade. A saúde, a educação e a estrutura urbana vivem próximas ao caos. Em certa medida, sinto-me frustrado por pouco poder contribuir com os meus irmãos várzea-grandenses, pois o município não possui regularidade fiscal e as verbas do Governo Federal e do Orçamento Geral da União não podem ser aplicadas em favor da nossa gente.

            O município acumula dívidas e os serviços são cada vez mais deficitários; a infraestrutura urbana está pelo menos uma década defasada. Várzea Grande se perdeu em arengas políticas, disputas paroquiais e a população foi a grande vítima, ficando sem investimentos e sem obras públicas.

            Fui prefeito três vezes da minha terra. Em minha última passagem pelo Paço Couto Magalhães, fiz questão de entregar ao meu sucessor todas as certidões contendo a absoluta regularidade fiscal do município. Deixei as folhas salariais e os fornecedores todos quitados. Não quero me vangloriar dessa atitude, apenas cumprir com minha obrigação. Quero apenas alertar a comunidade várzea-grandense para os riscos daqueles que apresentam um discurso fácil, muito falam e pouco realizam.

            Ao finalizar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria apenas de expressar a minha profunda fé nos destinos da minha cidade natal. Várzea Grande não é uma ilha, um terreno, Várzea Grande é uma ponte que liga o passado de uma gente gloriosa ao futuro de uma nação rica e próspera. Várzea Grande é o tamanho dos sonhos de quem lá vive.

            Por isso, Sr. Presidente, não poderia deixar de nesta data prestar minha homenagem àquele povo valoroso, àquela população trabalhadora que, indiscutivelmente, em que pesem os percalços que têm acontecido no cotidiano daquela população, ela vem se sobrepondo por meio do seu trabalho, por meio da crença na perspectiva de uma Várzea Grande, de um Mato Grosso e de um Brasil melhores.

            De maneira que aqui, aproveitando a oportunidade, saúdo, cumprimento toda aquela população, na certeza de que dias melhores virão para o povo várzea-grandense.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/05/2012 - Página 18784