Pela Liderança durante a 81ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao governo da Presidente Dilma Rousseff. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, CORRUPÇÃO.:
  • Críticas ao governo da Presidente Dilma Rousseff. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2012 - Página 19189
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, CORRUPÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RELAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, PREFEITO, MUNICIPIOS, PAIS, COMENTARIO, REFERENCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna, Senador Aloysio, fazer uma crítica à postura da Presidenta Dilma com relação aos prefeitos brasileiros.

            A Presidenta Dilma deveria saber, por ser Presidenta de um país pobre, que no interior deste País está o foco da pobreza. A Presidenta deveria saber desses interiores. E ela tão maltratou os seus representantes ontem, negando a eles o direito de debater a divisão dos royalties do petróleo. Ela deveria saber como está a saúde nos interiores do País. Ela deveria saber como está a educação nos interiores deste País. A educação! Porque Dilma tirou dos prefeitos até o transporte escolar.

            Quando cheguei aqui a esta Casa, Brasil, uma das primeiras coisas que pedi ao Líder do Governo à época, o Senador Jucá, foi que se interessasse pelo transporte escolar nos interiores do País.

            Brasil, creia na dificuldade dos estudantes do interior deste País para irem às escolas estudar. Creia na dificuldade, onde não há prefeito honesto, principalmente, de os alunos saírem do interior do interior para estudar na sede do interior.

            Dilma faz ou a Dilma pensa que no interior deste País, por ela dar a Bolsa Família, tudo está às mil maravilhas. Dilma não tem conhecimento, ou faz que não tem, da violência que impera no interior deste País. Dilma não tem conhecimento, ou faz que não tem, das estradas que levam o povo brasileiro, levam os brasileiros que moram nos longínquos interiores deste País.

            Talvez ela saiba sim, mas finge que não sabe. Quando foi perguntada sobre ou convidada a debater o problema, ela deveria, pelo menos, ter tido respeito para com aqueles prefeitos honestos, que lutam pelo povo brasileiro nas suas cidades; que lutam pela educação desprezada pela Presidenta da República ou pelos Governos do PT; que lutam pela saúde, uma saúde abandonada e desprezada, de hospitais abandonados e desprezados. Às vezes, muitos interiores, muitos Municípios neste País não têm hospital nem médico; e, quando têm, não funciona, Brasil.

            Ela estava nervosa, visivelmente nervosa quando colocou o dedo bem no nariz do Presidente da Associação Brasileira de Municípios. Dilma deve muito às prefeituras. O Governo petista deve muito às prefeituras. O Governo petista deve muito ao nosso País. Mas, em compensação, Brasil, quando ela nega ao povo brasileiro, aquele mais pobre, que mora no interior, ela não nega ao Senado Federal, ela não nega à Câmara dos Deputados.

            Hoje, de manhã, a Presidenta da República deu mais um presente para Deputados e Senadores. Deu R$2 bilhões às emendas de que tanto os Senadores gostam; às emendas de que tanto os Deputados gostam; às emendas que já criaram tanto problema de corrupção neste País; às emendas que foram desviadas tantas vezes por políticos; às emendas que não chegam ao seu objetivo final, que é o bem da população; às emendas que são desviadas; às emendas que já foram assunto de CPIs; já foram assunto de investigações.

            Às emendas, povo brasileiro, para os Deputados, para os queridinhos Deputados que obedecem ao Governo, para os queridinhos Senadores que obedecem ao Governo. Às emendas!

            Hoje de manhã, às 10h45, entrava a liberação dessas emendas. As emendas que estão sendo trocadas... E é uma moeda de troca comprovada. É uma moeda de troca de favores comprovada! Eu dou a você, Senador ou Deputado, mas você tem que fazer o que eu quero, você tem que me obedecer, você tem que se ajoelhar aos meus pés. As emendas!

            Sabe, Brasil, isso é uma vergonha. Este Brasil cai na descrença do povo. Este Governo petista desmoralizado! Este Governo petista que implantou a corrupção em todo este País! Este Governo petista que cinicamente mente a todo o povo brasileiro! Este Governo petista que deixa de dar aos aposentados! Este Governo petista que deixa de aplicar na saúde! Este Governo petista que não zela pela educação! Este Governo petista que deixa a violência correr frouxa nas ruas do Brasil! Dá dinheiro, dá bilhões de reais aos Deputados e Senadores nas emendas, como forma de troca de favores.

            Ô Dilma, quatro bilhões e meio, Dilma, de emendas! Quatro bilhões e meio de emendas, Brasil. Em abril, R$2,5 bilhões; e agora mais R$2,5 bilhões.

            É por isso, Dilma, que levaste vaia ontem dos prefeitos. É por isso, Dilma. O Brasil não aguenta mais as sórdidas mentiras do Governo Federal, as sórdidas mentiras dos petistas no Governo. Você, Dilma, na campanha, prometeu fazer seis mil creches neste País. Onde estão as seis mil creches prometidas por ti, Dilma? Onde estão? Diga-me, Brasil, onde estão as seis mil creches que Dilma prometeu ao nosso País, ao nosso povo, aos nossos jovens? As creches podem não ser feitas, mas as emendas não falham.

            Você, Dilma, sabe! Ela sabe, Senador Aloysio, que se ela não der os bilhões à Câmara dos Deputados e a este Senado, ela não terá o apoio nas votações. Isso é aberto, Senador. Isso parece que é uma coisa natural, Senador. Uma moeda de troca clássica, Senador. Este Senado fica preso na mão da Presidenta, Senador. Isso devia ser proibido, Senador. Isso é o mensalão escondido, Senador.

            O que era o mensalão, Senador? O mensalão era o dinheiro que ia todo mês para o bolso dos políticos para que eles votassem as matérias do Governo Federal. O que são as emendas? O dinheiro que vai para o Senador ou o Deputado Federal negociar com seus prefeitos suas reeleições e para votar, ter a obrigação de votar no Governo e onde o Governo mandar.

            É o mensalão! É o mensalão clássico! E não se quer dizer que é mensalão! É a hipocrisia! Nobre Presidente, essa é a hipocrisia da política! É a faixa suja da política, é a faixa sem moral da política, é a enganação clássica! Engana-se o povo brasileiro, mente-se para o povo brasileiro!

            Mas, Brasil, não tenho medo de falar. Brasil, não tenho medo de dizer. Brasil, eu vim para cá com voto limpo, sou ficha limpa, não pratico corrupção! Podem ir atrás da minha vida, podem falar o que quiserem! Procurem, mexam! É o direito que meu povo me deu, que me deu o Pará querido, da Virgem de Nazaré, a minha querida e abençoada padroeira, padroeira da minha querida Belém do Pará! Foi aquele povo que me mandou para cá e me disse para eu ser honesto com meus princípios, para eu ser honesto com a Nação brasileira, para eu ser honesto com minha Pátria e com minha terra!

            Por isso, Brasil, não quero emendas, não quero cargo público! Quero que o povo do meu País, o povo da minha terra tenha saúde e educação, possa andar nas ruas. Quero que haja estrada! É isso que eu quero. Não quero emendas, não! Não quero emendas, não! Não quero ficar devendo a ninguém! Quero votar com minha consciência, quero votar no que é bom para o povo, quero respeitar aqueles que votaram em mim, quero respeitar minha Pátria! Quero olhar para o brasileiro de nariz em pé! Quero entrar num avião e caminhar pelo aeroporto de pescoço em pé, de cabeça erguida!

            Desta tribuna, defendo o povo brasileiro. Ali, naquela cadeira, senta um Senador que não se corrompe, que não se vende, que não troca seu voto por emenda! Ali, naquela cadeira, senta um paraense marajoara, que foi criado, na pobreza, pelo pai e pela mãe com muita dignidade, com sofrimento. Vim do interior pobre, do centro do Marajó, onde a pobreza impera. Vim de lá, cheguei aqui, e não seria aqui que eu ia esquecer meu passado, não seria aqui que eu ia esquecer meu sofrimento, não seria aqui que eu ia esquecer o quanto sofri para poder me educar!

            Podem ficar aborrecidos, podem olhar com cara feia para mim, podem não dar bom dia para mim, se não quiserem! Podem andar atrás da minha vida! Eu não mudarei! Estarei sempre ao lado daquela bandeira, olhando para a frase “Ordem e Progresso”. Hoje, neste País, não há ordem. Hoje, este País está desmoralizado pela corrupção. O povo paga seu imposto em dia, e o dinheiro do povo é roubado. E nada se apura. Não se prende ninguém! Quem foi preso até hoje? Cadê um petista preso? Diga-me um que tenha sido preso!

            CPI, CPI, quá, quá, quá, quá! Diga-me o que terá acontecido daqui a três meses, Nação brasileira!

            E o Governo anuncia obras do PAC. A única coisa que o PAC construiu neste Brasil foi uma cachoeira, Senador! A roubalheira tomou conta da Nação brasileira! A corrupção, Senador, tomou conta da Nação brasileira! E o PT mente, o PT mente, o PT mente muito. Até quando, Brasil, nós vamos aturar tudo isso?

            Nação brasileira, eis nesta tribuna um Senador que te adora, um Senador que te ama, um Senador capaz de dar o próprio sangue por ti, que não se vende e que te defende a toda hora e a todo custo. Eis aqui um Senador que é perseguido, mas que não se rende. Doa a quem doer, Nação brasileira, vim para cá não para me servir, mas para servir a ti!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2012 - Página 19189