Discurso durante a 81ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a atual situação do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário de Rondônia (Idaron).

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PECUARIA, SAUDE.:
  • Preocupação com a atual situação do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário de Rondônia (Idaron).
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2012 - Página 19214
Assunto
Outros > PECUARIA, SAUDE.
Indexação
  • APREENSÃO, ORADOR, REFERENCIA, SITUAÇÃO, PRECARIEDADE, ORGÃO REGIONAL, DESENVOLVIMENTO, AGROPECUARIA, ESTADO DE RONDONIA (RO), FATO, AUSENCIA, ATENÇÃO, MANUTENÇÃO, SAUDE, GADO, ENFASE, NECESSIDADE, ATUAÇÃO, PODER PUBLICO, RELAÇÃO, PROBLEMA.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumprimento meu amigo e parceiro de Partido, o Senador Benedito de Lira.

            É uma alegria também deixar nosso abraço aos nossos telespectadores que nos acompanham por este Brasil afora! Ao mesmo tempo, mando um abraço para todos os nossos amigos conterrâneos do grande Estado de Rondônia, esse Estado rico, esse Estado forte.

            Hoje, ocupo a tribuna, Sr. Presidente, com uma grande preocupação.

            Quero aqui parabenizar os ex-Presidentes do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado de Rondônia (Idaron). Quem fez e quem faz a história do Idaron sempre tem muito para contar. Aqui, quero deixar meu abraço ao primeiro Presidente do Idaron, Irineu Barbieri, que ocupou o cargo de 1999 a 2002. Também quero mandar meu abraço ao grande amigo não só do Ivo Cassol, mas também do povo do Estado de Rondônia, Décio Adão Lira, esse parceiro de todas as horas, que ajudou a abrir o Estado de Rondônia, como os demais. Ele, que é pecuarista, foi Presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado de Rondônia (Idaron) de 2003 a 2007 e fez um grande trabalho, especialmente cuidando da área mais cobrada dos organismos internacionais, a sanidade animal. Juntamente com Décio Adão Lira, posteriormente, de 2007 a 2008, ocupou o cargo Lourival Ribeiro Amorim, hoje Deputado Estadual. Por último, na nossa gestão, na minha gestão e de João Cahulla, ocupou o cargo de Presidente do Idaron o ex-Secretário do Meio Ambiente Augustinho Pastore, de 2008 a 2010.

            Há também uma pessoa importante que contribuiu muito para que conseguíssemos lutar contra a febre aftosa, para que a sanidade animal estivesse controlada, mesmo com vacinação. Refiro-me ao Vidal, parceiro do povo do Estado de Rondônia, Presidente do Fefa, que trabalhava e trabalha até hoje com a Parceria Público-Privada (PPA). Infelizmente, isso hoje se perdeu. Quando se fala de parceria pública, remete-se ao Governo do Estado, que, juntamente com os Municípios, cuida para que nosso rebanho, em torno de 12 milhões de cabeças de gado, não vá para o ralo.

            Um trabalho extraordinário é feito por esses homens que aqui citei e também por um grande técnico conhecido no Estado de Rondônia como um cara arrojado, um técnico que “pega o boi pelo chifre”, que é o Fernando Pinto, do Ministério da Agricultura.

            Em pouco mais de dez anos, conseguimos obter uma grande conquista: nosso rebanho é um dos melhores rebanhos em termos de sanidade animal, é controlado. A carne está sendo colocada no mercado nacional e no mercado internacional. Mas, de público, da tribuna desta Casa, alerto para a situação que pode ocorrer no meu Estado.

            O Idaron, hoje, mantém 13 postos de fiscalização fixos em fronteiras, funcionando todos os dias do ano. Desde 2004, na época do meu Governo, no começo, foram feitas mais de 50 mil horas de vigílias sanitárias nas estradas e mais de 13 mil horas de vigílias fluviais. Desde 2003, foram feitas mais de 120 mil fiscalizações em lojas que vendem vacinas. Foram inspecionadas quase 210 milhões de doses. Dessas doses, foram destruídos dois milhões impróprios para o uso.

            O Programa de Educação Sanitária Animal é a base sobre a qual se assentam todas as ações descritas até aqui. Com ele, o Idaron, na nossa época, procurava mudar o comportamento do público alvo, produtores rurais, consumidores, comerciantes e alunos das escolas, para que fossem multiplicadores das ações profiláticas.

            Nos últimos cinco anos, foram distribuídos mais de 117 mil cartazes e três milhões de panfletos. Também foram feitas mais de sete mil palestras e reuniões e geradas 23 mil reportagens na televisão e no rádio, além de campanhas incansáveis contra a febre aftosa. Foram realizadas campanhas de vacinação, para que o nosso rebanho fosse sadio.

            Por conta de tudo isso, os técnicos do Idaron, do nosso Estado, vão a cinquenta quilômetros dentro da Bolívia, país vizinho, vacinando o rebando e criando uma barreira sanitária em defesa da nossa pecuária. Em uma economia em que ela representa 20% do PIB, não se podem correr riscos.

            Ao fim da nossa gestão, havia 240 viaturas, 40 barcos - barcos chalanas e barcos grandes, com dormitórios e equipamentos - e uma aeronave anfíbia.

            No começo, à época, o agronegócio em Rondônia representava 20% do PIB estadual; hoje, representa, diretamente, 40% do PIB estadual e, indiretamente, representa praticamente 100%. Aproximadamente 80 mil proprietários criam bovinos ou bubalinos. Na sua grande maioria, são pequenas propriedades em que se alternam a produção de carne e a produção de leite.

            Rondônia possui aproximadamente 12 milhões de cabeças de gado, entre bovinos e bubalinos. É o sétimo maior produtor nacional de carne. Conta com dezessete frigoríficos com inspeção federal e com cinco frigoríficos com inspeção estadual, onde são abatidos mais de dois milhões de animais por ano.

            Ao mesmo tempo, somos, no País, o quarto maior exportador de carnes para a Rússia, para a China, para os países da África e da Europa. Mais de 80% da produção de carne são destinados a outros Estados ou consumidos em nosso Estado e, como frisei, em outros países.

            Nós somos o maior produtor de leite da região Norte e o oitavo do País. A produção de leite é de aproximadamente um bilhão de litros processados anualmente, com cerca de 50 laticínios instalados no Estado, todos fiscalizados e inspecionados.

Existem três fábricas de leite em pó, duas em Ji-Paraná - uma do Geraldo Coleto e outra da Tradição - e outra fábrica da Italac, em Jaru. Está quase pronta, também, a da Mariela, do Pedro Bertelli, na cidade de Rolim de Moura, sem contar a fábrica de leite condensado e a fábrica que aproveita o soro para fazer soro em pó.

            São exatamente 11 anos sem um só registro de febre aftosa.

            Ao mesmo tempo, dessa produção de quase um bilhão de litros de leite por ano, nós temos 120 milhões de litros de leite UHT; temos mais de 100 milhões de quilos de moçarela; mais de 12 milhões de quilos de cremes lácteos; seis milhões de quilos de leite condensado; cinco milhões de quilos de outros queijos; três milhões de quilos de manteiga; e mais de dois milhões de quilos de leite em pó.

            Foi esse o trabalho de 11 anos, sem um registro de febre aftosa, mas Rondônia não pode diminuir a vigilância e a vacinação maciça. Tanto isso é verdade que se realiza, a cada seis meses, uma campanha de vacinação obrigatória dos bovinos e bubalinos, nos períodos de abril a maio e de outubro a novembro.

            A febre aftosa representa uma ameaça para o bem-estar da população, devido ao seu impacto sobre a economia, já que a estabilidade do comércio com os diversos mercados consumidores depende, diretamente, da confiabilidade dos alimentos como a carne e o leite.

            Qual é a preocupação que trago aqui, neste instante, a esta tribuna? Infelizmente, hoje, Senador Jayme Campos, grande amigo e parceiro, desse grande Estado produtor de carne e leite que é o Mato Grosso, V. Exª que está acompanhado desse grande Senador do Estado do Paraná, Senador Sérgio, nós assistimos ao Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado de Rondônia deteriorado.

            Eu, aqui, queria fazer um chamamento para o Governador que criou uma nova Rondônia: infelizmente, os 1,4 mil quilômetros de faixa de fronteira estão desguarnecidos. O Idaron, hoje, no nosso Estado, infelizmente está sucateado. A divisa com os demais Estados que não estão livres da aftosa, mesmo com vacinação, pode, a qualquer momento, complicar ou condenar a pecuária do nosso Estado. E com isso, Srªs e Srs. Senadores, levam a nossa economia. Por mais que alguém venha aqui dizer: “Mas, Senador Cassol, são 12 milhões de cabeças”. Eu quero aqui dizer que nós somos diferentes do Mato Grosso do Sul, quando aconteceu aquela febre aftosa que isolaram aquela região. Se isso acontecer no meu Estado, Senador Benedito de Lira, vão isolar o nosso Estado e nós não teremos para quem vender a nossa carne. Nós não teremos para quem vender o leite. Nós não teremos para quem vender os derivados do leite.

            Como ficarão as cidades de Jaru; Ouro Preto do Oeste; Rolim de Moura; de Ji-Paraná; Ariquemes; Colorado - e aqui estava hoje o Prefeito Anedino -; da região de Vilhena, o Prefeito José Rover; da região de Santa Luzia d’Oeste do Prefeito Luza da Cassol, que esteve aqui; de Alto Alegre dos Parecis, que são bacias leiteiras que fazem a diferença em nossa economia. Nós que, em programas, incentivamos a inseminação com gado de qualidade genética para aumentar a produção de leite, hoje nós assistimos à aclamação geral dos nossos produtores e reclamações dos proprietários nas faixas de fronteira. Hoje, infelizmente, temos os nossos barcos, Sr. Presidente, encostados, quebrados e sem combustível. Hoje, Sr. Presidente, nós vimos os técnicos do Idaron desmotivados, assim como os supervisores, infelizmente sem poderem fazer nada. Mas o cabidinho de emprego está aí. Muitas pessoas acomodadas, muitas pessoas ganhando, mas colocando em risco o meu Estado, colocando em risco a nossa economia. E aí nós não podemos concordar.

            Se isso vir a acontecer e der uma febre aftosa em nosso rebanho, infelizmente, Senador Jayme Campos, quebra o Estado e os seus Municípios, porque nós vamos perder 50% a 70% da receita do nosso Estado, que é fruto do agronegócio, que é fruto dos frigoríficos, que mexe com a economia, como também fruto dos derivados de leite. É isso que eu estou combatendo aqui. Mas há tempo ainda para o presidente do Idaron do nosso Estado, que, na verdade, de pecuarista o que ele entende é de uma boa picanha na mesa ou uma boa costela na churrasqueira, a gente vê isso com tristeza, porque jamais poderíamos deixar sucatear o nosso Idaron.

            Eu não estou falando aqui para jogar pedra nas estrelas nem para criticar governo nenhum. Estou aqui para chamar atenção do nosso povo. No final de semana que passou, falei com o ex-governador João Cahulla; falei com o Dr. Ronaldo, médico e pecuarista de Porto Velho; falei com vários pecuaristas e presidentes da região; falei com o Deputado Josualdo Pires, de Ji-Paraná; falei com o Deputado Luiz Cláudio; falei também com o Deputado Marcelino, de Ouro Preto, sobre essa preocupação, para que não venha a acontecer amanhã uma desgraça na economia do nosso Estado. Porque as primeiras vítimas serão os servidores públicos, que não receberão salário. A segunda vítima é a sociedade como um todo.

            Cabe a mim, como Senador da República, chamar atenção das autoridades que administram o nosso Estado. Foi um trabalho de vários anos não só meu, mas do governo que me antecedeu, que não pode ser desmanchado. Nós não podemos de maneira nenhuma menosprezar o trabalho que o Presidente do Fefa, Vidal, vem fazendo e veio fazer.

            Há pouco tempo, tivemos pessoas retaliando, coibindo o nosso Presidente do Fefa de continuar estimulado a fazer essa parceria público-privada nos locais mais difíceis. Hoje, estamos com a maioria das viaturas, Sr. Presidente, em cima de cepos, sem combustível, e os nossos servidores estão desmotivados. Sem contar os fiscais da faixa de fronteira, porque boa parte deles nem está mais lá.

            É gado que passa de um lado. É gado que está passando de outro. E urge que a Assembleia Legislativa, por intermédio de seus Deputados, do próprio Governador e dos representantes aqui em Brasília, da bancada federal, tome providências.

            Eu quero aqui pedir da tribuna desta Casa que todos aqueles que me assistem, toda a faixa de fronteira do Guaporé, ajudem a controlar, ajudem a combater. Denunciem quem está transportando gado de um lado para o lado e que não tenha documento. Não vamos colocar em risco a nossa economia. Eu também sou pecuarista, vou perder junto com vocês. Cada um que tenha uma cabeça, ou mil cabeças, ou dez mil cabeças será prejudicado. E depois há um efeito dominó nos empregos, que vão perder, e na geração de impostos para as prefeituras e para o Estado, para poderem gerar a riqueza que o Estado de Rondônia gera.

            É por isso que quero parabenizar os ex-presidentes: tanto o Irineu Barbieri, primeiro Presidente do Idaron; o Augustinho Pastore; o Vidal, Presidente do Fefa; o Lorival Ribeiro; e também o Désio Adão Lira.

            Na pessoa do Désio, desse grande guerreiro, pecuarista, trabalhador, que foi manchete, no mês de dezembro, no jornal Folha de Londrina, na capa, como um produtor paranaense que acreditou nesse novo Brasil, nesse novo eldorado, que ajudou a abrir e fazer um Estado rico, um Estado forte, eu quero aqui deixar meu abraço a toda a família do Idaron e pedir a todos os funcionários, especialmente ao Fernando Pinto, grande guerreiro, grande técnico do Ministério da Agricultura, que nos ajudem, porque esse é um trabalho de todos, que não tem copartidário, que só tem um propósito: defender as nossas riquezas, defender a nossa economia.

            É esse alerta que coloco aqui, no âmbito nacional, para que tomemos precaução agora, que cobremos das autoridades agora para que, amanhã, não choremos o leite derramado.

            Que Deus abençoe a todo mundo!

            Obrigado. Um abraço!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2012 - Página 19214