Comunicação inadiável durante a 83ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Convocação aos espectadores da TV Senado para assistir seminário da Seção Brasileira do Parlasul a ser realizado hoje, destinado a analisar soluções para a economia brasileira; e outro assunto.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO. SENADO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).:
  • Convocação aos espectadores da TV Senado para assistir seminário da Seção Brasileira do Parlasul a ser realizado hoje, destinado a analisar soluções para a economia brasileira; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2012 - Página 19793
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO. SENADO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, SENADO, SEMINARIO, SEÇÃO, BRASIL, PARLAMENTO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), OBJETIVO, INVESTIGAÇÃO, ANALISE, SOLUÇÃO, DEFESA, ECONOMIA NACIONAL.
  • COMENTARIO, CRITICA, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, AUSENCIA, INVESTIGAÇÃO, QUEBRA DE SIGILO, RELAÇÃO, GOVERNADOR, POLITICO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MOTIVO, REDUÇÃO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, REFERENCIA.

            O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB - PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, Senador Paim, concordar com o Senador Alvaro Dias: na busca da informação, o jornalista pode procurá-la no céu ou no inferno. E eu digo isto na qualidade de jornalista diplomado. Mas, no entanto, eu não posso concordar que o jornalista passe a ser um agente do diabo, um seletor de informações, um participante de uma quadrilha de desinformação para motivar a opinião pública no sentido de apoiar os interesses que representa. E os interesses da grande imprensa brasileira são conhecidos, ligadas aos grandes grupos econômicos e aos grandes bancos.

            E eu trago aqui a minha experiência como Relator da CPI dos Títulos Públicos, a famosa “CPI dos Precatórios”. Eu, sem direito de resposta, fui agredido pela Veja e pela Isto É. Fizeram uma matéria em que acusavam a minha mulher de ter mandado recursos para fora do Brasil. Telefonaram-me antes, e eu mandei os documentos da origem dos recursos, participação da herança da minha mulher, da sua irmã que morava na Califórnia. Os documentos foram ignorados, queriam desacreditar o acusador da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Títulos públicos. A grande imprensa estava, evidentemente, durante todo o tempo ao lado dos predadores, ao lado do roubo, ao lado das quadrilhas.

            Não podemos confundir o direito de investigação do jornalista com a participação em uma societas sceleris, com a participação em um conluio para, seletivamente, denunciar determinadas pessoas, divertindo a opinião pública - do italiano divertere, desviar do que importa.

            Esta CPI, para ser verdadeira, tem que quebrar, sim, o sigilo dos governadores, dos políticos, da Veja, do Roberto Civita e do Policarpo, para sabermos até que ponto estavam envolvidos em conluio organizado para a predação de recursos públicos, a quem protegiam, o que denunciavam e a que interesses serviam.

            Achei magnífico o discurso do Senador Alvaro Dias, mas, se é para fazer uma abertura, trazer a verdade, que se traga por inteira, e não parcialmente.

            Que história é essa de confundirmos a liberdade do repórter com a liberdade da calúnia e da difamação, quando personagens inquinados e denunciados não têm sequer o direito de resposta?

            Eu fui objeto, na tentativa de desmoralização da CPI dos Títulos Públicos, de páginas da revista Veja. Nunca pude responder a essas acusações! Ah, sim, processe, peça o direito de resposta, para ter o sucesso do Brizola, que conseguiu direito de resposta cinco anos depois do fato. É evidente que não é esse o caminho.

            E me perdoe o Senador Alvaro Dias. Concordo com tudo o que ele disse, desde que a sua vontade e o seu desejo de investigação sejam completos, e não seja o desejo de acobertar uma imprensa ligada, em conluio evidente e claro, ao crime organizado, aos interesses econômicos, aos interesses financeiros e do grande capital no Brasil.

            Mas, não foi esse o motivo que me levou a pedir um espaço para uma breve e urgente comunicação.

            Eu ainda, Senador, acredito que, se essa CPI se desse ao respeito, teria imediatamente promovido a exclusão do famoso Deputado que fez a declaração exposta pelos jornais, ontem, e filmada pelo SBT. A manutenção do Deputado na CPI tira completamente a credibilidade desse processo.

            Mas o motivo da minha intervenção hoje é utilizar a tribuna do Senado para fazer uma convocação.

            A Grécia está renovando suas eleições e rompendo com a Zona do Euro, provavelmente abandona a moeda comum do Mercado Comum Europeu. A Espanha está em recessão. A Presidente Dilma luta para derrubar os juros enquanto os bancos sobem suas taxas internas. A tal “marolinha” se transforma em um “marolão” e ameaça a estabilidade da economia no mundo, não só a brasileira. E nós temos de aprofundar os exames das causas, dos efeitos e das soluções.

            A Comissão que eu presido, a Seção Brasileira do Parlasul, realiza hoje, às 16h, um seminário para investigar e analisar soluções possíveis em defesa da economia brasileira e do povo brasileiro, com o economista Carlos Lessa, o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e o jornalista Mauro Santayana. Será a primeira de uma série de três reuniões. A próxima será dia 25 e a última, dia 1º de junho.

            E eu quero, usando esta tribuna, chamar a atenção dos espectadores da TV Senado para que sintonizem nossa televisão hoje às 16h. E nós vamos tentar também, se conseguirmos quebrar um sigilo colocado no sistema de nosso Prodasen (sistema de informática do Senado), paralelamente fazer uma Twittica, ou seja, nós queremos abrir esse seminário para a consideração dos telespectadores e dos usuários da Internet no Brasil e deste Cone Sul latino-americano: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

            Então, o motivo de minha atenção é exatamente este: chamar atenção para o seminário.

            Agora, como diria Mussolini a Claretta Petacci: “Não nos venha [o PSDB] de borzeguins ao leito”. Investigação de verdade não exclui ninguém. Liberdade de imprensa e de informação não significa direito de formação de quadrilha. Societas sceleris não é imprensa! E chamo atenção do Plenário do Senado para meu projeto de direito de resposta. Não quero censura de espécie alguma, mas desejo garantir a cada pessoa difamada ou citada, de forma desairosa no meio de comunicação, o direito da resposta imediata e rápida. É o direito ao contraditório que existe em juízo.

            Agora, fiquei impressionado com o encaminhamento do discurso do meu amigo, Senador Alvaro Dias, até a grande decepção quando ele mostra sua parcialidade. A parcialidade em defesa de um dos aspectos das quadrilhas que se organizam para predar o País, a quadrilha que, evidentemente, está organizada na imprensa nacional.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2012 - Página 19793