Discurso durante a 91ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Srs. Assis Gurgacz, José Carlos da Silva Júnior, Ricardo Coimbra de Almeida Brennand e Said Samou Salomão in memorian.

Autor
Armando Monteiro (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PE)
Nome completo: Armando de Queiroz Monteiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Srs. Assis Gurgacz, José Carlos da Silva Júnior, Ricardo Coimbra de Almeida Brennand e Said Samou Salomão in memorian.
Publicação
Publicação no DSF de 30/05/2012 - Página 22036
Assunto
Outros > HOMENAGEM, POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, GANHADOR, PREMIO, EMPRESARIO, INDUSTRIA, CONTRIBUIÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, PROGRESSO, BRASIL, ENFASE, CONGRATULAÇÕES, DESTINAÇÃO, FUNDADOR, INSTITUTO, ARTES, CULTURA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, INDUSTRIA, FATO, SETOR, AUXILIO, CRESCIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, PAIS.

            O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco/PTB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito boa tarde a todos. Queria cumprimentar o Presidente José Sarney, que preside esta sessão; quero saudar o nosso 1º Secretário do Senado Federal, Senador Cícero Lucena; cumprimentar os ilustres homenageados nesta sessão do Conselho do Diploma José Ermírio de Moraes: o Sr. Assis Gurgacz, José Carlos da Silva Júnior, Ricardo Coimbra de Almeida Brennand e o Sr. Said Samou Salomão, que recebe in memorian essa homenagem. Uma saudação ao Ministro de Estado das Cidades, Agnaldo Ribeiro; meus cumprimentos ao Ministro do TCU, José Múcio Monteiro; uma saudação a todos os colegas Senadores e Senadoras que prestigiam este encontro; cumprimentar os Deputados Federais, que aqui comparecem de forma tão expressiva, tributando também o seu reconhecimento aos homenageados nesta sessão; um cumprimento ao Sr. Luiz Carlos Dutra, que representa o Grupo Votorantim e a Família Ermírio de Moraes nesta sessão. Uma saudação muito especial aos familiares dos homenageados e me permitam fazê-lo por meio da esposa do Dr. Ricardo Brennand, Dª Graça Monteiro Brennand, que está aqui, por meio de quem eu cumprimento todos os familiares dos homenageados.

            Quero, neste momento, dizer que havia trazido um pronunciamento mais alentado, mas tendo em vista que vários oradores, que nos precederam, já puderam trazer as suas palavras, sublinhando de forma muito marcante os perfis dos homenageados, que, a meu ver, honram com as suas trajetórias e com os seus exemplos de vida essa ilustre galeria do Diploma José Ermírio de Moraes, que embora instituído há tão pouco tempo, em 2009, já tem uma ilustre galeria.

            Cabe destacar, por exemplo, que foram já homenageados com esse Diploma o nosso saudoso José Alencar Gomes da Silva, o Dr. Jorge Gerdau Johannpeter e ainda outros notáveis empreendedores, como José Mindlin, o Senador José Macedo e outros homenageados.

            Gostaria, se me permitirem, dada à circunstância, não só da conterraneidade, mas por poder ter acompanhado, de maneira mais próxima, a trajetória de um dos homenageados, eu me permitiria fazer aqui um registro especial à trajetória de Ricardo Coimbra de Almeida Brennand.

            Originário de família inglesa e formado em engenharia industrial, Brennand iniciou sua trajetória empresarial nos ramos açucareiro e cerâmico e, mais tarde, implantou e desenvolveu empreendimentos por todo esse País em outros setores como metalurgia, mineração, cimento, vidros.

            Nos últimos dez anos, Brennand participou de projetos na área da geração de energia hidrelétrica, na produção de cimento e no ramo imobiliário, com as holdings Brennand Energia, Brennand Cimentos, Brennand Investimentos e Terrenos e Construções S.A.

            Em 1990, fundou o Instituto Ricardo Brennand (IRB), sociedade sem fins lucrativos, uma homenagem ao saudoso tio homônimo. Ao dar esse passo, Brennand criou um polo cultural que é ao mesmo tempo local, nacional e global. O complexo é formado por três construções distintas - o castelo, a pinacoteca e a biblioteca.

            O Governo da Holanda, reconhecendo que o Instituto Ricardo Brennand utilizava tecnologia de ponta no tocante aos controles de umidade e temperaturaentre outros aspectos, colocou o Estado de Pernambuco na rota das grandes mostras internacionais, e permitiu que a exposição itinerante sobre Albert Eckhout fosse transportada para o Recife, dando ensejo à inauguração da pinacoteca, que tem exposição permanente de paisagens do artista holandês Frans Post e obras do francês Jean-Baptiste Debret.

            Em setembro de 2003, Brennand inaugurou o Museu Castelo São João, uma construção inspirada nos castelos da região toscana, na Itália. Esse castelo possui um calabouço, vitrais antigos (originários de igrejas e castelos europeus) e um altar em estilo gótico.

            O local está repleto de armas brancas e armaduras medievais completas, representando o acervo adquirido por Ricardo Brennand durante meio século de vida. São pinturas, esculturas, vitrais, tapeçarias, desenhos, gravuras, canivetes, estiletes, clavas, adagas, espadas, lanças, armaduras medievais e uma série de outras armas para a caça e para guerra, provenientes de vários séculos e de origens distintas, além de um mobiliário gótico.

            O Instituto Ricardo Brennand conta, inclusive, com inúmeros trabalhos em mármore, réplicas de estátuas elaboradas por famosos escultores europeus, tudo isso como fruto de um longo tempo em que esse tesouro artístico não se destina apenas a dar satisfação a esse colecionador compulsivo, uma das características marcantes da personalidade de Brennand, ele transforma todo o seu inestimável acervo em instrumento de desenvolvimento social e cultural de grande auxílio na educação. Por isso, o Instituto mantém programas educacionais voltados para os alunos das redes municipal e estadual de ensino, e para crianças e adolescentes deficientes.

            Esses programas complementam o ensino regular de História, aprofundando o conhecimento desta disciplina e das artes, com o objetivo de despertar nos jovens o gosto pela cultura.

            Vale salientar que um dos pilares mais importantes do Instituto Ricardo Brennand é, como já frisei, a educação.

            Quero, ao final, registrar, quando destaco aqui a trajetória do homenageado, que Brennand também concebeu e implantou ações de grande alcance no âmbito social como o Instituto do Fígado - primeiro centro especializado no atendimento médico gratuito de pacientes hepáticos - e a Creche Nossa Senhora do Rosário. Além disso, tem sido grande aliado do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), referência nacional no atendimento pediátrico e da saúde da mulher, e grande incentivador do Hospital do Câncer de Pernambuco, também referência no atendimento oncológico do País.

            Gostaria de fazer também um registro a todos os três ilustres homenageados que têm perfis que, a meu ver, enriquecem hoje essa homenagem. As características de pioneirismo e de perseverança que constituem, a meu ver, a grande marca dos empreendedores que atuaram em momentos difíceis da história deste Pais. Um País que viveu, durante longo tempo, períodos de instabilidade macroeconômica, onde empreender era uma aventura de grande risco em meio a grandes turbulências, e que puderam, graças à sua obstinação e à sua crença no trabalho produtivo, ao final, representar exemplos do êxito e de conquistas indiscutíveis.

            Queria, neste momento, dizer que essa solenidade se insere nas comemorações do Dia da Indústria. O Senado Federal quis tributar, através da figura de José Ermírio de Moraes, o seu apreço a esse extraordinário brasileiro que, no início do século passado, pôde construir os pilares da indústria de base no Brasil. O Brasil era, à época, em 1930, um país de industrialização incipiente, e, graças ao arrojo e à determinação de José Ermírio de Moraes, pudemos já construir, naquele momento, os pilares de uma indústria de base do nosso País, produzindo insumos básicos, a siderurgia, o alumínio e metais não ferrosos.

            Portanto, neste momento em que falamos de desindustrialização, em que a indústria vive ameaças muito presentes, é muito importante lembrar e evocar a figura de José Ermírio de Moraes, esse extraordinário brasileiro que pôde enfrentar e superar diversidades episódicas, construindo um grupo que é orgulho para nosso País.

            Mas creio que, neste momento em que o Brasil se defronta com uma conjuntura especialmente adversa para a indústria, em função de uma série de custos que ainda comprometem a competitividade da indústria nacional, custos tributários, logísticos, financeiros, grandes problemas na área da infraestrutura especialmente, e, ainda mais recentemente, o País foi perdendo competitividade e passou a ter custos acrescidos em áreas que são muito importantes para a indústria, como a energia por exemplo.

            O Brasil tem hoje uma das mais caras energias para o setor industrial do mundo. Isso por quê? Porque a energia se tornou base de tributação no Brasil. Na conta da energia, estão encargos setoriais e tributos que contribuem para onerar extraordinariamente os custos de produção.

            Então, neste momento em que evocamos Ermírio de Moraes, esta Casa legislativa deve voltar-se para uma agenda pró-competitividade, porque o Brasil não pode perder esse patrimônio, que foi uma construção de gerações. A indústria é um precioso ativo do nosso País. A indústria que tem uma força transformadora, a indústria que impacta a produtividade global da economia, a indústria que dissemina o conhecimento, a indústria que qualifica os recursos humanos; a indústria que paga os melhores salários.

            O Brasil não pode, portanto, abdicar da sua justa ambição de manter uma presença no cenário internacional com uma indústria vigorosa e diversificada. Não podemos permitir que o Brasil faça um percurso regressivo de se conformar com a condição de exportador de commodities, ainda que reconheçamos que o Brasil tem vantagens comparativas excepcionais nessa área.

            Então, neste dia, vamos todos, de alguma forma, afirmar a nossa crença de que o Brasil precisa, mais do que nunca, apoiar a indústria, apoiar aqueles que confiam e que empreendem neste País. E eu tenho certeza de que os exemplos de vida dos nossos homenageados representam, para todos nós, uma referência de como podemos enfrentar as dificuldades sem perder nunca a crença no nosso País.

            Quero, mais uma vez, parabenizar os homenageados, cumprimentar o nosso Presidente Sarney por esta memorável sessão, e dizer que o Senado Federal estará alinhado aos interesses do setor produtivo porque reconhece que a agenda do setor produtivo é uma dimensão da própria agenda do País.

            Muito obrigado. Muito boa tarde a todos. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/05/2012 - Página 22036