Discurso durante a 100ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de investimentos em infraestrutura para o fomento do turismo em Santa Catarina.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Necessidade de investimentos em infraestrutura para o fomento do turismo em Santa Catarina.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/2012 - Página 24774
Assunto
Outros > TURISMO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • ELOGIO, PAISAGISMO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), RELEVANCIA, TURISMO, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, EXPANSÃO, RODOVIA, AMPLIAÇÃO, SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (SIMPLES), SUGESTÃO, REDUÇÃO, IMPOSTOS, SOLICITAÇÃO, MELHORIA, ATUAÇÃO, MINISTERIO DO TURISMO, IMPORTANCIA, DIFUSÃO, ATRAÇÃO, BRASIL, COMPARAÇÃO, EUROPA.

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, e caros colegas, trago um tema que para nós, catarinenses, para nós do Sul, nessa época do ano, não deixa de ter a sua significação. Para nós é importante, em função até das características, adentrarmos, em poucos dias, o inverno propriamente dito. Eu até diria que, em Santa Catarina ou mesmo no Sul, nós vivemos bem nitidamente as quatro estações do ano, nós as temos bem claras, e, agora, de acordo com o calendário, no próximo dia 21, vamos adentrar o inverno, Mas já estamos sentindo isso. Por essa razão, trago aqui algumas coisas sobre nosso Estado.

            Os campos brancos, cobertos de uma fina camada de gelo, revestem-se de beleza singular. Nos termómetros, as temperaturas alcançam quase dez graus abaixo de zero. Tamanho frio só arrefece diante de uma boa lareira, com um café bem quente ou uma taça de um bom vinho.

            Este cenário idílico que acabei de relatar, senhoras e senhores, poderia ter lugar nas mais belas paragens europeias, mas está logo aqui, ao alcance de todos os brasileiros: em Santa Catarina e, especialmente, em nossa região serrana, a mais fria do Brasil, que reserva uma série de atrativos para os turistas que desejarem conhecer paisagens de cartão postal e, com sorte, até neve!

            Senador Buarque, neste último final de semana, nossa Estado deu a largada na temporada de inverno que, oficialmente, só chegará dentro de dez dias. O frio chega a todos os nossos Municípios, mas é na altitude de nossa região serrana que atinge força maior. No último sábado, por exemplo, o Município de Bom Jardim da Serra registrou a temperatura mais baixa do Brasil nos últimos 20 anos: 9,2ºC negativos, com sensação térmica chegando a 25ºC abaixo de zero!

            Os visitantes que resolveram encarar o desafio foram brindados com a geada que deixava os campos e prados cobertos de uma fina camada branca, embelezando ainda mais a paisagem. A umidade do ar ainda não permitiu a formação da neve, mas deu lugar a outro fenómeno climático, chamado de sincelo.

            O acontecimento é comum na Europa e nos Estados Unidos, mas raríssimo e restrito a um único lugar no Brasil: no Morro das Antenas, em Urupema, que fica na grande Sao Joaquim. Uruupema é um Município jovem, desmembrado de Sao Joaquim.

            Muito semelhante e tão bonito quanto a neve, o sincelo é um nevoeiro, ou seja, uma nuvem próxima ao solo que, em dias de temperaturas muito baixas, congela ao tocar a superfície.

            A diferença da neve é que esta é uma precipitação que vem congelada das nuvens, localizadas em altitude bem maior. Os fatores fundamentais para os dois fenómenos são praticamente os mesmos: frio e umidade, com a diferença que a neve exige mais do segundo elemento.

            Além do clima, a riqueza da serra, com sua geografia marcante, sua cultura e culinária complementam as atrações do visitante. Multiplicam-se os hotéis fazenda, onde se pode vivenciar um pouco de vida no campo, desfrutando de conforto e da rica gastronomia campeira. As atrações espalham-se por cidades como São Joaquim, Urupema, Urubici, Bom Jardim da Serra e Lages, só para citar algumas.

            A novidade dos últimos anos também está aquecendo corpos e almas dos brasileiros. Além das maçãs serranas, já conhecidas mundialmente por sua qualidade, chegou a vez do vinho catarinense. Conhecidos como vinhos de altitude, pois as uvas são cultivadas a mais de mil metros acima do nível do mar, nossas vinícolas atingiram elevado padrão de excelência, com sabores marcantes e únicos.

            Contudo, nobres colegas, ainda temos muito que avançar. Nossa infraestrutura ainda precisa receber investimentos federais que permitam a expansão da atividade turística, especialmente em nossas rodovias. Santa Catarina aguarda, ansiosa, a conclusão da duplicação no trecho sul da BR-101, além de melhorias das BRs 470, 282, 280, 153 entre outras. Nossos aeroportos ainda são poucos e acanhados, penando uma eterna espera pelas anunciadas obras de ampliação. Trens de passageiros, então, até me envergonha em falar: os projetos de carga ainda engatinham...

            A carga tributária é outro fardo. Neste ponto, abro um breve parêntese: recentemente apresentei nesta Casa um projeto de lei prevendo alteração no Simples Nacional, de forma a permitir a inclusão de micro e pequenas cervejarias e vinícolas. Trago este tema por entender que está diretamente relacionado com o turismo: quando visitamos uma região, como a serra catarinense ou gaúcha, a exemplo do que ocorre na Europa, as vinícolas ou cervejarias tornam-se importante atrativo aos visitantes.

            A inclusão no Simples, que desburocratiza e reduz a carga de impostos, já se converteria em importante incentivo ao turismo, esta indústria limpa e sustentável que emprega milhares de pessoas.

            É importante destacar que o Brasil possui um potencial gigantesco no setor, mas historicamente está aquém dessa capacidade. Recebemos, ao ano, pouco mais de cinco milhões de visitantes, ou seja, 5% do fluxo turístico internacional. Nossa balança comercial ainda está deficitária: enquanto mandamos divisas para o exterior, por meio das viagens dos brasileiros, não recebemos visitantes na mesma medida.

            Aliadas às essenciais reformas estruturais, que podem dar vigoroso impulso ao turismo, como redução da carga tributária e melhorias na infraestrutura logística, o Ministério do Turismo deve ser mais efetivo na elaboração e execução das políticas públicas do setor.

            O turista estrangeiro tem grande importância, sem dúvida, mas é preciso mostrar aos brasileiros as riquezas e a imensa diversidade de atrações nacionais disponíveis. Afinal, em que outro país podemos encontrar, no mesmo final de semana, os campos brancos catarinenses e o calor das praias do litoral nordestino?

            São essas considerações, caro Sr. Presidente, nobres colegas, que trago nesta tarde. Vivenciamos, no último final de semana, o frio praticamente chegando, o que tem atraído pessoas. O inverno, de acordo com o calendário, ainda não adentrou, mas as perspectivas são essas. Diria que nós vivemos no Brasil, ou podemos viver, uma espécie de continente europeu: se quiser o gelo, a neve, o frio, se quiser o calor, isso, aquilo, a praia, nós temos. Temos, nitidamente claras, as quatro estações muito evidentes, muito patentes em nosso País.

            De Santa Catarina trago essas características, por quê? Um Estado com um território pequeno, 1.3% do Terriotório Nacional, mas com características muito claras, muito nítidas. Com a serra vivendo uns nichos de mercado de terroir de vinhos de altitude e maçãs extraordinárias, já com o plantio de oliveiras para fazer o azeite, que já estamos começando a produzir; enfim, tudo isso atrai também. A pera, produzida inclusive...

(Interrupção do som.)

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - Nobre Presidente, começo a concluir.

            Inclusive, há as características da Serra, da pera, e já começa o aproveitamento da pera, fazendo até o poire - o famoso poire de Ulysses Guimarães, como é conhecido. Então, é uma espécie de artesanato. São valores que se agregam à própria economia do turismo.

            Sei que muitas pessoas perguntam. Quem não conhece aqueles caminhos vai querer conhecê-los: os caminhos das neves, os caminhos dos frios, os caminhos da altitude, os caminhos diferentes, com aqueles hotéis-fazenda, com as vinícolas, com as cantinas. E o frio acaba se envolvendo com aquele tipo característico de bem receber, que aquece com o calor humano. Então, são coisas que nós detemos. E esse Sul nosso é extraordinário em relação a isso.

            Por isso, digo que o Brasil é uma minieuropa, é um país, de certo modo, continental, mas em que podemos sentir todas as características.

            Não pude deixar, ao encerrar, Sr. Presidente, nobres colegas, de fazer o registro...

(Interrupção do som.)

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC) - (...) dessas características que nós temos em Santa Catarina.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2012 - Página 24774