Pela Liderança durante a 101ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca da importância da Cúpula Mundial dos Legisladores, evento paralelo à Rio+20.

Autor
Eduardo Lopes (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Eduardo Benedito Lopes
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Comentários acerca da importância da Cúpula Mundial dos Legisladores, evento paralelo à Rio+20.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2012 - Página 25096
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • ANUNCIO, OCORRENCIA, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CONFERENCIA INTERNACIONAL, DEBATE, MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, ERRADICAÇÃO, MISERIA, REGISTRO, ORADOR, PARTICIPAÇÃO, DISCUSSÃO, AREA, GRUPO, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, OBJETIVO, FISCALIZAÇÃO, LEGISLAÇÃO, BUSCA, EQUILIBRIO ECOLOGICO.

            O SR. EDUARDO LOPES (Bloco/PRB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Logo em seguida, então, o nosso Senador Jayme estará aqui.

            Bom, eu também vou falar nesta noite a respeito da Rio+20 e, certamente, nos próximos dias, na próxima semana, o Rio de Janeiro estará recebendo milhares e milhares de pessoas. Uma boa parte do nosso Senado estará ali presente e quero destacar, dentro dos eventos da Rio+20, a Conferência Mundial, ou melhor a Cúpula Mundial do Poder Legislativo.

            A Conferência Mundial, a Rio+20, ela vai se realizar no Rio de Janeiro, do dia 13 até o dia 22 e será precedida por numerosos eventos preparatórios e ensejará diversos outros paralelos, todos da maior importância nos debates e decisões que envolvem o futuro do nosso planeta.

            Um desses eventos será a Cúpula Mundial dos Legisladores, da qual terei a honra de participar, atendendo ao amável convite da nossa amiga, ex-Senadora Serys Slhessarenko, Embaixadora da Globe International, entidade que promove o encontro de parlamentares.

            Esse encontro inédito, Sr. Presidente, ocorrerá nos dias 15 a 17, ou seja na próxima semana, melhor nesta semana, e será aberto pelo Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.

            Também discursarão na abertura a Presidenta Dilma Rousseff e, por meio de videoconferência, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon. A Cúpula terá ainda a participação do Presidente da Globe Internacional John Gummer.

            Entre os representantes brasileiros estarão os Presidentes do Congresso e da Câmara dos Deputados, José Sarney e Marco Maia, o Presidente da Globe Brasil, Senador Cícero Lucena e também a Embaixadora da organização, a ex-Senadora Serys Slhessarenko.

            A Cúpula Mundial dos Legisladores, como disse, é um evento inédito que reunirá parlamentares das maiores economias do mundo, para monitorar os governos nacionais na implementação de políticas públicas voltadas para a preservação ambiental e a sustentabilidade.

            A Globe foi criada em 1989 por incentivo da própria Organização das Nações Unidas, com o objetivo de envolver os legisladores na busca de soluções para os grandes desafios ambientais do nosso planeta. Desde então, a entidade vem apoiando o desenvolvimento de legislação complementar e de políticas sobre as mudanças climáticas, além de ações nas áreas de capital natural, silvicultura e pesca.

            Agora, a instituição dá um passo mais ousado com a realização da Cúpula Mundial de Legisladores, que deve estabelecer um processo permanente de acompanhamento e fiscalização dos compromissos a serem assumidos pelos Chefes de Estado na Rio+20, mesmo porque muitas das decisões tomadas pelos governantes somente poderão ser efetivadas depois de aprovadas pelos legisladores de cada país.

            Para isso, a Cúpula Mundial de Legisladores estabeleceu três objetivos básicos que deverão nortear os seus trabalhos em relação aos temas que serão discutidos na Rio+20: a fiscalização, a legislação e o capital natural. No primeiro caso, a fiscalização, a Cúpula Mundial de Legisladores pretende desenvolver o mecanismo internacional de monitoramento dos compromissos assumidos pelos governos durante a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável.

            Estive aqui, na semana passada, conversando com a Senadora e também com o representante da Globe, e, no aspecto da fiscalização, do monitoramento, eles estavam pensando em reunir essa cúpula, em um determinado local do mundo, de dois em dois anos e eu sugeri que esse período fosse diminuído. Nós poderíamos pensar em fazer essa reunião, essa cúpula mundial com os legisladores para observar os resultados, para monitorar os resultados, anualmente. E poderíamos fazer em cada continente, de ano em ano, para que pudéssemos acompanhar, para que a Rio+20 não tivesse aquele gosto de que se falou, falou, falou, discutiu, discutiu, discutiu, mas, na verdade, pouca coisa acontece na prática, pouca coisa é implementada, realmente. Então, eu dei, como sugestão, à Serys, nossa ex-Senadora, Embaixadora, e ao representante da Globe, de que essa reunião fosse realizada em um tempo menor e não de dois em dois anos, como foi a ideia inicial. Espero que eles acatem nossa sugestão.

            No tocante à legislação, os parlamentos representados no encontro devem elaborar uma plataforma de promoção e compartilhamento de práticas legislativas, além de criar um instrumento de reconhecimento das legislações nacionais. Segundo informação de nossa Embaixadora, nossa ex-Senadora, nós já tínhamos confirmadas as presenças de 85 presidentes de parlamentos mundiais.

            Pegarei o número exato em minha agenda para que vocês tenham ideia da importância dessa Cúpula Mundial de Legisladores. Então, como anotado, estão confirmados 85 congressos e 38 presidentes de congressos; quer dizer, nós teremos 38 presidentes de congresso, assim como nosso Presidente do Senado, José Sarney, e o Presidente da Câmara, Marcos Maia. Teremos, então, 38 presidentes de Congressos nessa Cúpula Mundial de Legisladores, além de 85 congressos já confirmados. Repito: essa Cúpula Mundial de Legisladores acontecerá na Alerj - Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

            Quanto ao capital natural, a Cúpula de Legisladores vai examinar as formas de integração dessa riqueza às estruturas econômicas nacionais. Grosso modo, podemos definir o capital natural como sendo o conjunto de todas as riquezas naturais que podem ser utilizadas como fonte, como meios ou como recursos para produção de bens e serviços em beneficio da vida.

            Pela expressão "capital natural", a Cúpula reporta-se às condições que proporcionam valor socioeconômico na prestação de serviços ambientais.

            A contínua deterioração dos ecossistemas em todo o mundo levou essa organização a se preocupar com a preservação dos recursos naturais. A sua proposta é de que a deterioração desses recursos seja levada em conta na formulação dos projetos do setor produtivo. A organização também defende uma justa compensação para aqueles que, ao protegerem os seus próprios recursos, contribuem para reduzir a deterioração do ambiente global.

            O fio condutor dos debates no âmbito da Cúpula Mundial de Legisladores pode ser resumido, senhoras e senhores, todos que nos acompanham, na seguinte pergunta: como a legislação dos países que participam da Conferência da ONU pode ser reconhecida nas negociações internacionais? Esse é um ponto que eu quero reforçar. Então, a pergunta é essa. O fio condutor, nos debates no âmbito da Cúpula Mundial de Legisladores pode ser resumido com a seguinte pergunta: como a legislação dos países que participam da Conferência da ONU pode ser reconhecida nas negociações internacionais? A resposta a essa indagação, a essa expectativa, pode ser a criação de um mecanismo que venha a influenciar a formulação dos tratados internacionais. Ao mesmo tempo, esse mecanismo pode contribuir para o aprimoramento das legislações sobre meio ambiente em vários países do mundo.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, não se propõe a fazer uma revisão da Rio 92, ou Eco 92, que sediamos há duas décadas. A Conferência de agora pretende discutir o desenvolvimento sustentável a partir de duas vertentes, a adoção da chamada economia verde no contexto da sustentabilidade, incluída a questão da erradicação da pobreza, e as políticas governamentais voltadas para o desenvolvimento sustentável. De qualquer forma, há uma razoável coincidência na eleição dos temas básicos do encontro, como era de se esperar.

            O Brasil, ainda que tenha muitos desafios a enfrentar nesse contexto, tem também alguns trunfos, como as medidas tomadas para reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera, o incentivo à utilização dos carros flex é um exemplo, assim como a nossa matriz energética, na qual se destaca a geração hidrelétrica.

            Entre outras conquistas, podemos citar também a significativa redução da mortalidade infantil e a redução da miséria, nos últimos anos.

            Com uma economia emergente, vastos recursos naturais, e agora resultados de políticas públicas voltadas para a inclusão social e o combate à miséria, o Brasil se credenciou não apenas para ser o anfitrião da Conferência da ONU, mas também para ser um interlocutor de vários povos do Planeta no que concerne à sustentabilidade.

            Às vésperas da Conferência da ONU, portanto, quero me congratular com o povo brasileiro por sediarmos um evento de tamanho significado e de tamanha magnitude. E às vésperas da Cúpula Mundial de Legisladores, quero estender minhas congratulações aos Parlamentos de todos os países que estarão representados no evento.

            Tenho absoluta convicção, Sr. Presidente, de que o envolvimento dos parlamentares nos debates e na fiscalização dos compromissos representará um grande avanço para que o desenvolvimento sustentável deixe de ser um objetivo para se tornar uma realidade.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Permite um aparte, Senador?

            O SR. EDUARDO LOPES (Bloco/PRB - RJ) - Pois não, com muito prazer, Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Eu faço aparte e, com ele, até não preciso mais fazer o discurso que eu ia fazer, Senador. Eu fico feliz que o assunto da Rio+20 esteja aqui na tribuna, graças ao seu discurso. Fico feliz pela maneira como o senhor levou seu discurso, não só pelo ponto de vista do conceito, mas, sobretudo, do envolvimento dos parlamentares do mundo. Tenho a impressão de que, se nós não criarmos uma espécie de bancada mundial de um novo desenvolvimento, ou de desenvolvimento sustentável, ou o que for, é bem capaz que isso não vá adiante. Porque os presidentes da República - sobretudo eles - têm um compromisso com o seu eleitor, com o imediato, não são capazes de pensar o Planeta inteiro. Então, eles chegam ali e vão decidir o que for mais útil para o momento, talvez essa seja a razão pela qual o Presidente Obama não vem. Porque defender desenvolvimento sustentável aqui o levaria a perder votos nos Estados Unidos, porque com o desemprego que lá está, ele não tem como se preocupar com sustentabilidade, não. Ele quer se preocupar em como gerar emprego imediatamente. Aliás, aqui também. Embora sejamos a sede da Rio+20, a Presidenta tomou algumas medidas relacionadas ao aumento da venda de automóveis, que nada têm a ver com a sustentabilidade, mas que responde a uma demanda imediata de emprego. Talvez os parlamentares, juntos, pudessem trabalhar, em médio e em longo prazo, até porque aparecem menos nas suas análises, nas suas formulações, na busca disso em que o senhor insiste, fala e defende, que seria o desenvolvimento sustentável em escala planetária. Não há presidente do mundo. Pode haver uma bancada parlamentar do mundo. Isso pode haver. Eu, lamentavelmente, por outras atividades que vou ter na Rio+20, não deverei estar presente à reunião dos parlamentares, salvo em um pequeno momento, mas deixo, aqui, a minha manifestação de que tenho esperança de que essa reunião dos parlamentares possa ser a origem, a semente de um grande fato daqui para a frente.

            O SR. EDUARDO LOPES (Bloco/PRB - RJ) - Obrigado, Senador, pelo aparte.

            Eu quero até reforçar um ponto que apresentei também: nós vamos ter, no final de semana, o Fórum Nacional do PRB, em São Paulo, então, não poderei participar como gostaria desse evento também, mas dou todo apoio.

            Conversei com a nossa Senadora Serys e dei a minha sugestão. Eles pensavam em uma reunião de dois em dois anos, a partir da Rio+20, e eu sugeri diminuir esse prazo para anual, sendo que, a cada seis meses, nós faríamos uma reunião por blocos, por continentes.

            Pensei eu e dei como sugestão: a cada seis meses, uma reunião de blocos e, a cada dois anos, uma reunião geral, global, dentro desse pensamento que o senhor bem colocou, de uma bancada planetária pensando nessa questão da sustentabilidade, do desenvolvimento e até, principalmente, na aplicação prática daquilo que for decidido, porque o que for decidido, o que se tornar lei num país vai ser decidido pelas Casas, vai ser decidido pelo Congresso, pelas casas legislativas de cada país.

            Então, daí a importância do encontro, do monitoramento, do constante encontro no período que for decidido, mas, repito, na minha sugestão, de seis em seis meses, por bloco, por continente, e a cada dois anos, uma reunião geral para avaliarmos resultados, enfim, para que isso seja não apenas discurso, mas para que seja fato e que aquilo que for decidido, debatido, seja realmente implementado para o bem de todos, para o bem do nosso Planeta.

            Obrigado, Sr. Presidente. 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2012 - Página 25096