O SR. RANDOLFE RODRIGUES (PSOL - AP) - Só mais dois minutos, Sr. Presidente, para concluir.

           ... quase 50% do Orçamento-Geral da União, que deveria ser investimento em infraestrutura, que deveria ser investimento em estradas, que deveria ser investimento em energia, que criaria as condições para um novo crescimento industrial. Então, quase 50% do Orçamento da União deixam de ser investidos em educação, saúde e infraestrutura e vão para o pagamento dos serviços da dívida.

           E, junto com isso, existe a altíssima taxa de juros que, embora declinante - e já houve uma declaração, na última reunião do Copom, por parte do Banco Central -, não baixará para menos de 9%. Ou seja, ancoraremos a taxa de juros, ainda uma das mais altas do Planeta, já que, como dogma, fica impossível reduzir, pelas declarações da autoridade monetária brasileira, mais do que 9%.

            Então, Sr. Presidente, para concluir, a política econômica do Governo Dilma, de fato, tem-se demonstrado, em alguns aspectos - quero, aqui, dar este testemunho -, menos conservadora do que no governo Lula e no governo Fernando Henrique. Ou seja, quero reconhecer aqui que houve sinais que apontam maior preocupação com medidas de proteção à concorrência desleal externa, que houve medidas de combate à apreciação do real e de investimentos públicos.

            Entretanto, ao mesmo tempo, parece que nossa política econômica vive uma espécie de distúrbio bipolar, porque, de um lado, tenta-se harmonizar medidas recessivas de estímulo ao crescimento...

(Interrupção do som.)

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (PSOL - AP) - Medidas recessivas de estímulo ao crescimento e, por outro lado, medidas para incentivar o crescimento. É um pouco, para fazer uma anedota com uma parábola, como se o motorista estivesse acelerando e freando ao mesmo tempo.

            É chegado o momento de uma definição na política econômica do Governo. A continuar a constatação resumida dos fatos, ainda temos aspectos recessivos, ainda temos altas taxas de juros, ainda temos aposta em uma política cambial inadequada, ainda temos a constatação do sintoma da desindustrialização. Mais do que urgentemente, os números do PIB do último final de semana dão conta de que é necessária uma urgente mudança na política econômica nacional.