Pronunciamento de Alvaro Dias em 14/06/2012
Pela Liderança durante a 103ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Crítica à CPMI do “caso Cachoeira” pelo sobrestamento de requerimentos de convocação. (como Líder)
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.:
- Crítica à CPMI do “caso Cachoeira” pelo sobrestamento de requerimentos de convocação. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/06/2012 - Página 25848
- Assunto
- Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO.
- Indexação
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- CRITICA, DESENVOLVIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MOTIVO, DEMONSTRAÇÃO, CONGRESSO, AUSENCIA, INTERESSE, APURAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, CRIME, CORRUPÇÃO.
- CRITICA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, RELAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MOTIVO, SOBRESTAMENTO, REQUERIMENTO, CONVOCAÇÃO, DEPOIMENTO, ENGENHEIRO, PROPRIETARIO, EMPRESA, CONSTRUÇÃO CIVIL, EX-DIRETOR, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), FATO, INICIATIVA, CRIAÇÃO, OBSTACULO, INVESTIGAÇÃO, ESCLARECIMENTOS, CORRUPÇÃO.
O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje tivemos uma manhã trágica na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o esquema Cachoeira.
Inacreditável que a Comissão tenha rejeitado requerimento de convocação de Fernando Cavendish e de Pagot.
Tenho tentado insistentemente defender essa Comissão Parlamentar de Inquérito. Já compareci a esta tribuna inúmeras vezes, mas hoje o desencanto tornou-se real e absoluto. De início, especulou-se que o objetivo dessa Comissão Parlamentar de Inquérito seria desviar o foco do julgamento do mensalão. Agregou-se a isso um episódio envolvendo o ex-Presidente da República e o Ministro Gilmar Mendes, quando teria o Presidente da República tentado convencer o Ministro a colaborar com o adiamento deste julgamento histórico do mensalão, com data marcada, agora, para o mês de agosto.
De outro lado, especulou-se que a CPI tinha por objetivo alcançar alvos previamente determinados, com orientação política. Hoje, somos forçados a acreditar que essas especulações possuem razão de ser. Há, sim, orientação política nessa Comissão Parlamentar de Inquérito. O seu objetivo não é investigar a empresa Delta e as suas conexões com o setor público, especialmente. Se já temos material suficiente para concluir que recursos, em volumes significativos, saíram dos cofres do Governo Federal para a empresa Delta e dela para a conta da empresa Alberto Pantoja, e daí para pagamento de propinas a criminosos que estão sendo investigados nessa Comissão Parlamentar, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, como, portanto, justificar o sobrestamento da votação de um requerimento que convoca Fernando Cavendish, aquele mesmo que disse ser possível, com 30 milhões, conseguir o que deseja do Governo, porque é capaz de comprar políticos e que, com R$6 milhões, compraria um Senador? Fato que ensejou uma interpelação judicial, que, juntamente com a Senadora Ana Amélia, impetramos contra Fernando Cavendish, que não respondeu à Justiça, que desdenhou dela, justificando, da parte da Justiça Federal no Rio de Janeiro, a adoção dos procedimentos para a queixa-crime que propusemos.
Portanto, não ouvir Cavendish e não ouvir Pagot?
Pagot disse que foi defenestrado do seu cargo por Carlos Cachoeira e pela empresa Delta. E ocorria, durante a sua gestão, a prática dos aditivos sem fim, uma vez que, segundo cálculos, os valores de contrato da Delta foram elevados em cerca de 60%. Mais de R$4,1 bilhões empenhados de 2007 até 2012.
E não querem ouvir Pagot, que quer falar.
Ora, ele tem muito a dizer e, sobretudo, há de afirmar à CPI quem determinava a concessão dos aditivos que foram concedidos à empresa Delta.
Se não convocarmos, a nossa esperança é de retomar caminhos de seriedade. Se não ressuscitarmos a crença nesta CPI, estaremos afrontando uma instituição parlamentar essencial no Estado de direito democrático. Temos esperança de retomar o bom caminho. Acreditamos ainda na possibilidade de convocarmos essas pessoas, de quebrar sigilo bancário de Fernando Cavendish, para mostrar ao País o que ocorreu. Se não fizermos isso, terminaremos não a CPI, mas terminaremos uma farsa.
Afinal, ontem aplaudiram um investigado. Aplaudiram quando anunciou que quebrava o seu sigilo, que já estava quebrado. O sigilo do Governador de Brasília havia sido quebrado pela Justiça. E, no momento em que o Procurador-Geral da República determinava a investigação em duas denúncias, Anvisa e Cachoeira, a CPI, pela maioria, aplaudia o Governador.
Ou convocamos quem devemos convocar ou temos que assinar embaixo: a CPI é uma farsa.