Pronunciamento de Ana Amélia em 18/06/2012
Pela Liderança durante a 105ª Sessão Especial, no Senado Federal
Comemoração dos 50 anos de criação do Estado do Acre.
- Autor
- Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
- Nome completo: Ana Amélia de Lemos
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Comemoração dos 50 anos de criação do Estado do Acre.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/06/2012 - Página 26483
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, HISTORIA, REGIÃO.
A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pela Liderança. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Presidente Jorge Viana.
Os gaúchos, dois deles, escreveram a história do Acre: o Plácido e o João Goulart. Só para responder à sua provocação amável ao me chamar para esta tribuna.
Caro Senador Jorge Viana, queria cumprimentá-lo pela iniciativa desta sessão, que comemora os 50 anos de criação do Estado do Acre; caro Ministro Ilmar Galvão, do Supremo Tribunal Federal; caro Senador Anibal Diniz, que me antecedeu na tribuna; Senador Sérgio Petecão; Governador e Senador da República, de 1999 a 2010, Senador Tião Viana, que muito honrou esta Casa. Muitas vezes o entrevistei, na Liderança, quando falava sobre a famosa Emenda nº 29, que nós não resolvemos aqui; caro Secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino do Ministério da Educação, Sr. Binho Marques, ex-Governador; Senador da República, de 1986 a 2003, Nabor Júnior; Exmº Sr. Prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim; autoridades; Deputados; Parlamentares convidados; caro colega Senador Wellington Dias; acrianos e acrianas, que vêm participar desta importante e cívica cerimônia, neste dia especial para os representantes do Estado do Acre, Srs. Parlamentares, e, principalmente, para a população desse Estado tão jovem, o Acre, quero dizer que o Rio Grande do Sul, o meu Estado, e o PP nos associamos às homenagens a esse Estado que há 50 anos se integrava ao nosso Brasil como um ente federativo autônomo.
Faço esta homenagem, também em nome do nosso Líder, Francisco Dornelles, porque sou uma defensora da Federação. O Nosso Brasil, de dimensões continentais, é imenso, sim; é diverso em seus sotaques, na sua gastronomia, nas suas festas e costumes, mas é um só.
Como Senadora que sou, eleita pelo voto dos gaúchos, estou aqui representando esse povo que também contribuiu para a criação do Estado do Acre. E essa diversidade foi vista por mim com muita atenção, ao ouvir o Hino do Estado do Acre, que é tão bonito e cujo ritmo, como o definiu o Senador Anibal Diniz, marca a diversidade cultural brasileira. Ali parece um cadinho de tudo um pouco de Brasil que o Acre sintetiza.
Um dos gaúchos que enfrentou distâncias e adversidades e que se encantou pelas terras acrianas foi exatamente o militar Plácido de Castro, que se desiludiu com as questões políticas do seu tempo porque defendia eleições diretas para Presidente lá nos idos de 1899.
Problemas políticos do Rio Grande do Sul levaram Plácido de Castro, um homem inquieto, à procura de desafios para a fronteira do Brasil com a Bolívia, onde foi tentar a sua sorte como medidor de terras. Encontrou naquela região um terreno fértil na questão de uma disputa territorial.
O Ciclo da Borracha deu importância ainda maior à região, e trabalhadores brasileiros foram se fixando nas terras de fronteira. Não demorou muito para que os impasses de posse de terras iniciassem com a Bolívia, que alegava invasão por parte dos brasileiros.
Os seringueiros que foram para a região, representando todas as partes do Brasil, resolveram decretar a independência, criando o Estado do Acre em 1899, que foi, mais tarde, dissolvido por tropas do próprio Governo brasileiro.
Plácido de Castro, corajosamente, resolveu agir. A experiência militar que trouxera dos confrontos do sul ajudou o gaúcho a reunir combatentes, e um movimento armado iniciou-se pela posse da região. Sucessivas batalhas pareciam apenas ensaios para uma revolução final, envolvendo mais de 30 mil homens, liderados por Plácido de Castro, que venceu tropas bolivianas e que proclamou, definitivamente, o Estado independente do Acre. Plácido tornou-se, com isso, o Presidente do novo país.
Mais tarde, em 1903, a postura do Governo Federal brasileiro mudou, e, a partir de negociações do Ministro das Relações Exteriores, o patrono da diplomacia brasileira, o Barão de Rio Branco, o Acre foi anexado ao Brasil. De território brasileiro, o Acre foi elevado à condição de Estado, no dia 15 de junho de 1962, pelo então Presidente, o gaúcho João Goulart.
Da história recente, que conta a formação do Estado do Acre, posso lembrar alguns dos acrianos que ajudaram a escrever os nossos dias de hoje. Um Estado que reuniu brasileiros de diferentes pontos do nosso País com o primeiro objetivo de extrair a borracha hoje tem representantes em diversos setores da sociedade.
Lembro aqui um dos filhos ilustres da cidade de Xapuri, militar e político de destaque, meu amigo, ex-Ministro, ex-Senador, Jarbas Passarinho. Ex-ministro do Trabalho, da Educação e da Previdência Social durante o regime militar e depois Ministro da Justiça do período democrático.
Da política, vou para a Medicina. Adib Domingos Jatene é acriano, também de Xapuri, médico, professor universitário e cientista. Já ocupou cargos públicos como o de Secretário Estadual de Saúde, em São Paulo, e Ministro da Saúde dos Governos de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.
Fui testemunha ocular da história, quando Jarbas Passarinho, acriano de Xapuri, convidava o conterrâneo Adib Jatene para integrar o governo à época -ele, Ministro da Justiça de Fernando Collor. Foi o primeiro Ministro da Saúde a defender a CPMF e, hoje, ele faz uma revisão histórica, porque aquela não foi a finalidade pela qual ele criou a CPMF. O desvirtuamento o deixou entristecido. Um grande brasileiro de que nós todos nos orgulhamos muito. Eu estava lá presente.
O Acre produziu também talentos para a televisão. A festejada novelista Glória Perez, que revolucionou o folhetim televisivo no Brasil, nasceu na capital Rio Branco. Lembro também o trabalho do ex-Senador e hoje Governador do Acre, Tião Viana, autor do projeto de lei que regulamenta a Emenda nº 29, que fixa em 10% o percentual mínimo a ser investido na área de saúde pela União para os Estados e os Municípios. Não conseguimos avançar muito, mas o seu trabalho ficou marcado nesta Casa, e nós vamos continuar essa luta, caro Governador Tião Viana.
Na semana em que discutimos aqui o desenvolvimento sustentável da Rio+20, quero lembrar outra filha da cidade de Rio Branco que tanto tem trabalhado pelo Brasil. Ambientalista, historiadora e política, Marina Silva, ex-Ministra do Meio Ambiente, é outro exemplo de liderança desse Estado em defesa da natureza e dos povos indígenas, parte importante da comunidade do Acre. Aliás, de novo, fui testemunha da história, porque eu estava em Washingtown quando o Presidente Lula, recém-eleito, fez um roteiro de visitas, no primeiro contato com o Presidente dos Estados Unidos, e anunciou - a primeira Ministra da equipe do primeiro governo de Lula a ser anunciada - Marina Silva. Ela, claro, foi um nome muito festejado pelo prestígio que desfrutava no cenário internacional na área ambiental.
Em algumas questões, tenho algumas divergências, pelo radicalismo da Ministra Marina Silva, pela forma com que encaminhou a questão do Código Florestal, não dando, eu diria, atenção e não tendo respeito ao Relator do Código, o Deputado Aldo Rebelo, mas eu respeito, por ser uma democrata, a forma como ela agiu, porque isso é um direito do cidadão. E a percepção histórica e ambientalista da Ministra Marina Silva lhe dava também esse direito.
Respeito à natureza, mas com olho no desenvolvimento sustentável, foi o que conduziu o trabalho de outro acriano, nosso colega, Presidente desta sessão, Senador Jorge Viana, que, na relatoria conjunta com o Senador Luiz Henrique da Silveira, elaborou o Código Florestal. O que foi feito aqui, no Senado, representa, sem dúvida, um avanço na relação da produção agrícola e o meio ambiente com sustentabilidade.
Como um dos Estados da região amazônica, o Acre tem papel relevante no equilíbrio da região que representa o pulmão do Planeta.
O respeito ao meio ambiente aliado ao aumento da produção agrícola é um dos principais desafios da humanidade, e, quando se fala da região amazônica, o valor desse equilíbrio é ainda maior, e o Acre é um dos Estados que possuem o histórico mais relevante em ações de programas para a sustentabilidade.
Destaco, aqui, o programa de desenvolvimento sustentável do Acre, já considerado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento como um modelo para outros países. O objetivo geral desse programa é a melhoria da qualidade de vida da população e a preservação do patrimônio natural, visando a um longo prazo. A política florestal foi fortalecida, houve aumento de manejo florestal e de unidades de conservação e florestas públicas, os produtores rurais receberam ajuda técnica para diminuir queimadas e facilitar o escoamento da produção.
Estado, sociedade e governos trabalham juntos na gestão dos recursos naturais, sem resultar em prejuízos para as famílias que dependem da agricultura para viver e sobreviver. Houve a redução de custos de transporte e o aumento do acesso à energia elétrica, ou seja, a simplicidade e a importância do trabalho agrícola estão muito bem representadas nessa região tão próspera e com uma história tão bonita, tão jovem sendo.
O Brasil cresce e tem, em Estados como o do Acre, não apenas o pulmão verde, as raízes brasileiras, mas a representação do quanto é importante trabalhar pelo equilíbrio entre a natureza e o homem, o desenvolvimento das cidades e a manutenção das raízes de um povo na área rural.
Em tempos de Rio+20, vale dizer que o Acre não é tão distante assim. Se olharmos com a visão ambientalista, o Acre é o centro do Planeta.
Muito obrigada. (Palmas.)