Pela Liderança durante a 105ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 50 anos de criação do Estado do Acre.

Autor
Wellington Dias (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: José Wellington Barroso de Araujo Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 50 anos de criação do Estado do Acre.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/2012 - Página 26485
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Agradeço-lhe.

            Em primeiro lugar, saúdo os não presentes; saúdo todo o povo do Acre, os que moram no Acre e os que moram em outras partes do Brasil que, sei, têm muito orgulho de seu Estado; saúdo o nosso Presidente, Senador Jorge Viana, e o parabenizar pela iniciativa desta sessão com os demais Parlamentares do Acre; Ministro Ilmar Galvão; Senador Anibal Diniz; Senador Sérgio Petecão, sei do empenho da bancada do Acre aqui nesta Casa, sempre aguerrida e presente na discussão dos principais temas desta Casa; meu querido Senador e Governador Tião Viana, é um prazer enorme recebê-lo aqui em sua Casa; meu querido Governador Binho Marques, com quem tive o privilégio de partilhar os desafios de governar na mesma época, uma parte com o Jorge, e a outra com o Binho, o Arnóbio Marques; saúdo o Senador Nabor Júnior; saúdo o Prefeito Angelim. Em nome deles - acho que a Mesa está um pouco machista -, saúdo todas as mulheres, todos os homens e todas as autoridades presentes.

            Tive o privilégio de visitar, pela primeira vez, o Acre, em 1984, época em que militava como sindicalista da Caixa Econômica Federal, pois havia, ali, uma política de fechamento de agências espalhadas em todo o Brasil. Tivemos uma campanha salarial não resolvida, com demissões espalhadas em todo o Brasil, e eu era da coordenação nacional do movimento sindical bancário pela Caixa e para lá me desloquei.

            Depois, tive a oportunidade de visitar o Acre, em 2001, à época, como Deputado Federal e, mais à frente, já no Governo Jorge Viana, ocasião de vista do Presidente Lula.

            Recentemente, a convite dos Parlamentares pelo Acre, lá estive para tratar do pré-sal, ano passado, e de outros temas, como a política sobre dependência química, onde tive o privilégio de não só voltar a conhecer as novidades de Rio Branco, as novidades da nossa capital. Infelizmente, não foi possível ir a outras cidades, como gostaria. Lá atrás, tinha conhecido outras cidades.

            Mas estou aqui, neste instante, pelo Partido dos Trabalhadores, mas também representando o nosso Líder, Walter Pinheiro, e também pelo meu Estado o Piauí, e elo Nordeste brasileiro, Nordeste esse que teve também o Acre recebendo muitos dos seus filhos, ajudando na construção dessa parte preciosa do nosso Brasil.

            Eu nasci em março de 1962, o mesmo ano em que o território do Acre era reconhecido à condição de Estado nacional. Portanto, o Acre é muito jovem, e eu também, muito jovem. Então, é um privilégio muito grande participar desta sessão comemorativa.

            O que me impressiona no Acre?

            Primeiro, o carinho com que trabalha e o respeito aos nativos. Eu sou indiodescendente e sei as dores que vivenciamos os primeiros povos deste nosso País. Claro que nós, brasileiros, normalmente olhamos a história do Brasil para 1500, alguns até um pouco antes, porque se reconhece a visita de outros portugueses, espanhóis, enfim, antes do Pedro Álvares Cabral, mas é como se o Brasil tivesse começado há 500 anos, há 500 e poucos anos. E o fato é que a gente não pode desprezar toda uma história anterior,de tantos anos.

            Lá no meu Estado, na mais antiga e completa biblioteca da pré-história, na serra da Capivara, comprova-se que, certamente no Brasil, 30 mil, 50 mil, talvez mais anos atrás, já tínhamos a presença de homens e mulheres que chamamos de índios há bastante tempo. E o Acre descobriu mais cedo, dentro da Amazônia, dentro do Brasil, uma forma decente de tratar a natureza.

            Eu destaco aqui o mais famoso dos seus líderes, o Chico Mendes. Sei que são muitas as lideranças, algumas que colocaram a sua vida em jogo para que o Planeta, para que o Brasil pudesse discutir uma alternativa de desenvolvimento que levasse em conta não só a cultura, os costumes, mas o respeito a toda a natureza, aos animais, aos vegetais. E, para isso, o Acre é uma grande escola.

            Eu louvo aqui toda comemoração. Sei que por trás desses 50 anos há muita luta, mas eu não posso deixar de ressaltar esta: a luta para que a gente tenha, no Acre, no Brasil e no mundo, um desenvolvimento que hoje, na Rio+20, nós estamos debatendo. O que é mesmo esse tal de desenvolvimento sustentável? Há muitas interpretações sobre o desenvolvimento sustentável.

            Eu quero, assim, dizer do orgulho que tenho de ver, desde 1984, quando fui lá pela primeira vez, os avanços que foram possíveis no nosso Acre, desde o tempo de Território, mas principalmente nesta fase de Estado. Mas permitam-me, dentro disso, falar da forma com que se trabalha um desenvolvimento ali, olhando as reais necessidades do ser humano para ter qualidade de vida.

            Meu querido Tião, você não imagina... Permitam-me aqui, com todo o carinho por todos os partidos, dizer do orgulho que temos pelo trabalho encabeçado - sei que com outros partidos também - pelo Partido dos Trabalhadores. É a mais antiga experiência que temos de governo estadual, inclusive de governos consecutivos, o que não é fácil. Sei das dificuldades que tem para ser novidade, para as inovações, enfim, para mostrar o novo.

            São coisas simples. São coisas que, olhando para outras regiões do Brasil, talvez para o Rio Grande do Sul, talvez para São Paulo, podem parecer algo que não tenha a mesma prioridade. Mas tive lá o privilégio de ver o lançamento do programa que pretende, com asfalto, com calçamento, enfim, urbanizar todas as cidades, todas as ruas. Isso é algo espetacular diante daquilo que a gente vê nas fotografias mais antigas, as imagens com a falta de urbanização, os desafios das enchentes, como a que foi enfrentada no último inverno. Então é saneamento. Não se trata só ali de uma operação de obras de calçamento, mas de saneamento olhando para os desafios de conviver em harmonia com a natureza, ao lado de rios, riachos, enfim, áreas de escoamento. Aquilo me impressionou.

            Há o carinho na área de saúde, de ter um sistema. Poderia falar do hospital. Esses dias estive com a esposa do meu querido Lauro Campos, a D. Oraida, que dizia do orgulho de ter ido lá. Tenho o privilégio de ter lá a sua filha, a Isabela, com sua experiência, trabalhando comigo. E ali ela disse o quanto ficou impressionada de ver aquele trabalho, na inauguração do hospital. Mas citaria para todo o Brasil o quanto se pensa esse lado humano. Fizemos visita a uma UTI domiciliar de tantas outras já implantadas. Com a UTI domiciliar, alguém que, por alguma situação de saúde ou acometido de uma doença - no caso, era uma paralisia -, viveria, provavelmente, os anos restantes da sua vida numa UTI de hospital, num ambiente de hospital; mas, com aquelas instalações, poderia conviver com seus vizinhos, com a sua família. Aliás, esse paciente que visitamos - acho que isso é simbólico - veio a se casar em casa, numa UTI, podendo receber visita ali, onde as pessoas são treinadas.

            Digo isso porque, muitas vezes, quando a gente é Prefeito, quando a gente é Governador, quando é de governo, quando é de oposição, quando é Parlamentar, quando é do setor privado ou quando é do setor dos trabalhadores, a gente valoriza muito a coisa das obras de concreto, de cimento, enfim, mas, do ponto de vista humano, a obra mais importante é aquilo que podemos fazer para a felicidade humana. E é esse olhar que se destaca no Estado do Acre. Assim, quero dizer que cada coisa feita ali é feita com muito carinho.

            Não posso deixar de destacar também o trabalho da nossa companheira Marina Silva, com todas as lições que ela dá. E acho que é importante para o mundo ter pessoas com posições firmes anos-luz à frente para que a gente, que está mais atrás, possa também dar passos para a frente. É assim que funciona a humanidade.

            Em nome do Partido dos Trabalhadores, quero saudar cada um dos filiados e cada um dos membros de todos os partidos no Acre, seja de quem é Governo, seja de quem é da oposição, porque é assim que se faz acontecer a democracia e que se fazem os avanços.

            Meu querido Jorge Viana, tive o privilégio de aprender muito com você. Quando tomei posse... Aliás, quando terminou a eleição, ainda antes de tomar posse como Governador do Piauí, a primeira visita que fiz, para beber da experiência, foi ao escritório do Acre aqui, em Brasília, onde você me recebeu, com toda a sua equipe, e onde tive a oportunidade de aprender sobre muitas coisas que pude implementar, com a minha equipe, no Estado do Piauí.

            Também tive o privilégio de conhecer o Binho, o Raimundo Angelim, o Anibal, torcedor do nosso Rio Branco Esporte Clube. Tive o privilégio de participar de uma festa comemorativa, o aniversário do Rio Branco Esporte Clube, e minha mulher vai saber agora que fui lá e que dancei até altas horas da madrugada, porque o povo lá gosta de dançar.

            E, de tantas coisas boas tem o Acre, na cultura, no esporte, no seu desenvolvimento, enfim, nos seus exemplos na área da política, da sua história, da sua lutam quero destacar uma coisa simbólica, que se parece muito com a mistura da cultura indígena com a cultura nordestina e africana: a baixaria. A baixaria é um cuscuz com ovo e carne moída. Que coisa maravilhosa! Que coisa maravilhosa! E cura ressaca, hein! Dou aqui a receita.

            Então, quero dizer a todo o povo acriano que a Bancada do Acre, aqui, tem pelo menos quatro Senadores. E quero ter o privilégio de somar-me ao Anibal, ao Jorge e ao Petecão nas causas que são de interesse do povo acriano. É um orgulho do povo brasileiro.

            Como sou lá do Piauizinho também, sei da dificuldade, pela concentração muito forte dos meios de comunicação no nosso País, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. É ali onde estão todas as redes de televisão nacionais, as revistas. Acho que isso não permite ao Brasil conhecer o Acre como ele é. Como sou lá do Piauí, e vivemos a mesma situação, faço questão de vir a este encontro e de partilhar deste momento.

            Que Deus abençoe o povo do Acre! E muitas vitórias, porque é um pedaço do Brasil que é orgulho do povo brasileiro.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/2012 - Página 26485