Pela Liderança durante a 105ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 50 anos de criação do Estado do Acre.

Autor
Sérgio Petecão (PSD - Partido Social Democrático/AC)
Nome completo: Sérgio de Oliveira Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 50 anos de criação do Estado do Acre.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/2012 - Página 26488
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), REGISTRO, IMPORTANCIA, PESSOAS, CRIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, COMENTARIO, HISTORIA, REGIÃO.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Jorge Viana, queria saudar toda a Mesa, que faço questão de nominá-la, porque é uma honra muito grande participar desta sessão solene. Eu fazia uma pergunta ao Ministro Ilmar sobre uma curiosidade - ele que conhece o mundo todo -, se este Parlamento está entre os mais bonitos do mundo. Ele me dizia que sim, que o Senado tem um dos espaços mais bonitos do mundo. Para nós, acrianos, é motivo de muita satisfação - para este grupo todo de amigos, pessoas do Estado - comemorar esta data tão nobre: os 50 anos de emancipação política de nosso Estado.

            Eu queria saudar o nosso ex-governador Nabor Júnior, ex-Senador, tarauacaense, uma pessoa que fez muito pelo nosso Estado. Devemos muito a esse homem. Saúdo o Senador Anibal Diniz, pessoa pela qual tenho um respeito e um carinho muito grande, temos uma boa relação aqui no Senado. Divergimos muito, mas é importante, este Parlamento é para isso. Mas o Anibal é uma pessoa que sempre me respeita. Queria saudar o Governador Tião Viana, ex-Senador, que fez um belo trabalho nesta Casa. Cumprimento o Ministro Ilmar Galvão, um baiano que gosta muito do Acre. O Acre é assim: muitas pessoas fazem a opção de morar ali e de dizer que são acrianos de coração, e o Dr. Ilmar é um desses. Saúdo o ex-governador Binho e também o Prefeito de nossa Capital, Raimundo Angelim. Queria cumprimentar, na pessoa do Binho, do Angelim e do Prefeito James Gomes, já citado pelo Senador Jorge Viana, todos os prefeitos de nosso Estado. Queria cumprimentar o Juracy, Presidente da Câmara de Vereadores da nossa cidade, a capital, e, em nome dele, cumprimentar todos os vereadores do Estado.

            Esta é uma sessão importante, que está sendo transmitida pela TV Senado e, com certeza, há muitos vereadores nos Municípios assistindo a esta sessão.

            Quero saudar a Senadora Ana Amélia pelo belo discurso, agradecendo as palavras dirigidas ao povo do Acre, e ao amigo Senador e ex-governador Wellington. Gostaria de chamar a atenção do Senador Wellington, que já teve o prazer e a felicidade de provar da baixaria do Acre, para o seguinte: não sei onde ele comeu baixaria, mas faltou um ingrediente fundamental. Eu estava ao lado do ex-governador Binho, e ele me dizia: “O senhor comeu o ovo, o pão de milho e a carne moída, mas faltou o cheiro verde.” Aquela pitadinha de cheiro verde que se põe em cima do pão de milho - aquele é o toque gourmet, não é, Binho? -, o toque francês que o acriano deu à nossa baixaria.

            Eu vou procurar ser bem breve e, por isso, peço desculpas ao Sávio, meu assessor, que fez um discurso muito longo. Acho que ele combinou com o assessor do Anibal, porque os discursos ficaram praticamente iguais e, então, não vou fazê-lo - esse pessoal agora vai buscar informações nesse tal de Google e sai quase tudo igual! Então, não vou fazer esse discurso do Anibal, mas seguir a orientação que recebi ontem numa conversa com amigos.

            Estava conversando com o Luiz Calixto - já não é boa coisa, uma orientação dele -, e ele me dizia que nós não podemos falar da história recente, dessa bela história do Acre, passando uma borracha no passado. Ele dizia: “Petecão, o Acre hoje vive bons momentos, e isso é verdadeiro, mas nós não podemos nos esquecer de pessoas que dedicaram suas vidas, que fizeram muito pelo nosso Estado”. Então, eu vou aqui atender ao pedido com a orientação da minha amiga Alice, que me deu uma relação de pessoas. Eu vou tentar fazer uma falinha aqui citando essas pessoas, porque acho que é o mínimo que a gente pode fazer, um reconhecimento, citar essas pessoas que deram parte de suas vidas, dedicaram-se.

            A TV Senado esteve em meu gabinete na semana passada, uma equipe grande - tomei até um susto quando cheguei ao gabinete, havia lá muita gente. Tenho procurado dar um carinho e uma atenção muito grande à TV Senado, porque é através dela que nós chegamos lá no Estado. Chegamos hoje na capital através da TV Senado, através da Rádio Senado também. Ela é muito importante, principalmente para mim, que sou de oposição e tenho esse espaço generoso pela TV Senado e Rádio Senado. 

            Mas, quando a equipe chegou ao meu gabinete, o pessoal me parabenizou, parabenizou o Governador Tião Viana pela beleza da nossa cidade, ao Prefeito Angelim, pela limpeza da cidade. E eu, como oposicionista, perguntei se eles tinham conhecido Rio Branco todo; ele conheceu o centro da cidade muito bonito - e é verdadeiro isso -, mas nós temos uma Rio Branco que é preciso ver como um todo, nós temos uma cidade que tem dificuldades; apesar do esforço do Prefeito, apesar do esforço do Governador, nós temos dificuldades. E eu fazia um relato aos amigos da TV Senado, se eles tinham tido o prazer também de conhecer. Porque eu sou acriano, eu sou o famoso acriano do pé rachado. Senador Wellington, eu nasci na Seis de Agosto - é o bairro mais antigo de Rio Branco -, morei no Triângulo; depois, morei na Cohab do Bosque e, hoje, moro na Isaura Parente. Hoje, eu estou chique, realmente eu avancei e já estou na Isaura Parente, mas eu nasci na Seis de Agosto, nasci no segundo distrito, bairro humilde da nossa capital. E a nossa capital é muito bonita - é verdade -, mas eu perguntei ao pessoal da TV Senado se eles tinham conhecido Taquari, Areal, Cidade Nova, Santa Inês, Belo Jardim, os bairros de Rio Branco, porque as pessoas moram nos bairros, é lá que as pessoas residem, as pessoas não moram no centro da cidade, nas ruas bonitas, as pessoas moram nos bairros. E eles, inclusive, assumiram o compromisso comigo de voltarem ao Acre para que a gente possa fazer essa visita. Visitar Rio Branco como um todo, visitar o Acre como um todo.

            Eu lembro que, no ano passado, próximo do Natal e Ano-Novo, eu recebi um telefonema, e estava em meu gabinete com um amigo de São Paulo, Dr. Sérvulo, que tem uma empresa de engenharia elétrica - ele é irmão do meu amigo Fernando Melo - uma ligação da Foz do Breu. De um telefone da escola, a professora me ligava para fazer um pedido: “Deputado Federal - na época eu era Deputado Federal - nos ajude para que no Natal e no Ano-Novo nós possamos passar no claro”. No claro é na energia. Olha o tamanho do pedido. O Dr. Sérvulo chorou na minha frente e disse: “Petecão, olha o que essa mulher está pedindo? Ela quer passar o Natal e o Ano-Novo no claro.”

            Eu estou citando isso, gente, porque é preciso que a gente possa também falar um pouco do Acre real, da situação que nós vivemos. É verdade que nós tivemos grandes avanços; tudo que foi feito por esses homens, o que foi feito pelo Jorge, o que foi feito pelo Binho e o que está sendo feito pelo Tião Viana, mas ainda existe muita coisa a ser feita no Acre. Eu tenho procurado aqui, dentro das minhas possibilidades, dar a minha contribuição, ajudar o meu Estado, esse Estado que foi tão generoso comigo. Eu confesso a vocês, do fundo do meu coração, eu nem em sonho imaginava poder estar participando de uma festa. Nem sonhar, eu nunca sonhei isso, não tive esse prazer de sonhar. E, hoje, o povo do Acre me deu o prazer de viver este momento, junto de pessoas como Nabor Júnior, que tem toda uma vida, junto com o Governador do meu Estado, junto com os Senadores, colegas Senadores de outro Estado, com a imprensa, que está aqui presente, pessoas da imprensa.

            Com certeza, este discurso feito pela minha assessoria está muito bonito. E peço até desculpas aos jornalistas, porque estou falando no meu estilo, o estilo Petecão. Talvez não agrade a alguns, mas é isso. Eu fui eleito pelo povo do Acre para falar da realidade do Acre, para tentar ajudar o meu Estado. Porque eu não posso vir a esta tribuna dizer que no Acre está tudo bem, está maravilhoso, que o Acre não precisa de nada, que nós vivemos no melhor Estado do País. Não, eu não posso! No momento em que eu tiver que elogiar, vou elogiar sem nenhum problema, como já fiz; no momento em que tiver que fazer as cobranças, no momento em que tiver que fazer as críticas, pode ter certeza de que vou fazer, porque esta Casa é para isto; Parlamento, parlar, falar, para isso que eu fui eleito.

            Tive um prazer muito grande, quando cheguei, de conversar com a D. Terezinha Kalume. O meu pai é de Xapuri e trabalhava em A Limitada, uma empresa grande que havia àquela época em Xapuri. E o meu pai era uma daquelas pessoas que adoravam Kalume, porque foi um homem que deu oportunidade a ele de trabalho. Trabalhava na limpeza de um barco grande que eles tinham, que trazia, como se dizia lá no Acre, o aviamento, os mantimentos, que, àquela época, eram a pólvora, o açúcar, aquelas coisas, e levava os produtos, que eram a castanha e a borracha. E conversava, agora, com a D. Terezinha, e ela falava um pouco dessa história, o que, para mim, é muito gratificante, pois vivi um pouco dessa história, que, é lógico, foi de muitas alegrias.

            Tive o prazer de ser Deputado Estadual por três mandatos e, dentro das minhas possibilidades, tenho certeza de que dei uma contribuição para o meu Estado. Fui eleito no governo Orleir, passei dois anos ajudando aquele governador e, depois, por não concordar com algumas atitudes, algumas decisões dele, juntei-me a esse jovem que hoje já está de cabelo branco, o Jorge Viana, que, à época, era novinho, para que montássemos a Frente Popular, que, até hoje, governa o nosso Estado. Hoje não faço mais parte da Frente Popular, mas me orgulho muito de tê-la ajudado. À época, quando era um Deputado Estadual, saí do governo para, junto com Jorge Viana, com Tião, com Marina, com Carioca e com outros - cujos nomes até me desculpem de não citar, mas era muita gente -, formarmos a Frente Popular. E foram momentos de muitas dificuldades por que passamos no Acre. Tive o prazer, e sou grato à Frente Popular por ter sido, por quatro vezes, Presidente da Assembleia Legislativa do meu Estado - sou grato à Frente Popular -, depois o povo do Acre também me deu um mandato de Deputado Federal e, agora, mais uma vez, me deu um mandato de Senador, que tenho procurado honrar muito aqui. Com certeza, tenho feito um esforço grande.

            Vou citar, aqui, o nome de algumas pessoas, para poder atender ao pedido de amigos que disseram que não podemos falar do presente, neste ato que deixa pessoas felizes - como vi o pessoal da TV Senado feliz - esquecendo de pessoas que deram uma contribuição.

            Então, quero falar do governador, que não tive o prazer de conhecer, Aníbal Miranda, que governou de 5 de junho de 1962 a 1º de março de 1963. E aí tivemos o Governo de José Augusto de Araújo, que era do PTB, a partir de 1º de março de 1963. Depois, tivemos Edgard Pereira de Cerqueira, que era do PSD, de 25 de março de 1963 a 12 de setembro de 1966. E aí veio o nosso querido e saudoso Jorge Kalume, pessoa pela qual eu tinha um respeito e um carinho muito grande, pela forma sempre brincalhona de tratar as pessoas, foi governador e foi prefeito também da capital. Governou de 1966 a 1971. Depois, veio o Francisco Wanderley Dantas, que era o nosso querido Dantinha, que trouxe o pessoal do Sul, e nós temos que agradecer, porque aí veio a mão de obra especializada, vieram algumas experiências. Lógico, vieram alguns transtornos também, quando o pessoal veio e implantou a pecuária no nosso Estado, mas nós temos que agradecer ao Dantinha.

            Depois, veio o Mesquita, cujo trabalho foi importante também no Acre, pois foi ele quem implantou a agricultura, aqueles armazenamentos. Eu lembro, naquela época do Dantinha, a Cageacre, aqueles armazéns eram entupidos de feijão, de farinha. Eu não sei por que isso não acontece mais no Acre. Porque eu lembro, ali na Campina... Quantas e, quantas vezes eu fui à Campina, e aqueles armazéns eram todos cheios de produção. Nós temos que voltar a isso. Nós temos que ver que essas coisas que deram certo, se deram certo no passado, por que não podem dar certo agora? Têm que dar certo. Agora, nós temos muito mais condição. E aqui nós temos que reconhecer o trabalho do Mesquita.

            Veio o nosso amigo também Joaquim Falcão Macedo, que foi nosso governador de 1979 a 1983. Aí, veio o ilustre Governador - o primeiro governador eleito - Nabor Júnior. Veio a nossa Governadora Iolanda, a primeira governadora, que foi muito importante para o nosso Estado. Veio Flaviano Melo, que hoje é Deputado Federal.

            E aqui eu queria, Presidente Jorge Viana, fazer um registro - não sei se vale, mas eu vou registrar, porque ele me pediu: ele não pôde estar aqui porque está com sua saúde de certa forma debilitada, mas ele pediu que eu registrasse isso e que pedisse desculpas pela ausência. O Flaviano foi uma pessoa que cumpriu um papel muito importante como governador, como prefeito da nossa capital, e é uma pessoa a quem o Acre deve muito, muito mesmo.

            Depois veio o Cadaxo, que foi de 1989 a 1991; veio o nosso querido Edmundo Pinto, que foi assassinado, num episódio drástico que chocou todo o nosso Estado, um governador jovem, era deputado estadual, já veio ser governador, mas uma pessoa que também tem um importante papel, tanto no Parlamento quanto no Governo do Estado, e amigo pessoal do nobre Deputado Helder Paiva, foram vereadores juntos, em Rio Branco, foram deputados estaduais, uma pessoa de que não nos podemos esquecer. Veio Romildo Magalhães, que assumiu no lugar, e veio também Orleir Cameli, em cujo governo eu entrei na política, em 1995, quando me elegi deputado estadual pela primeira vez. Em seguida, veio Jorge Viana, por dois mandatos - e tive o prazer de participar desse governo do Jorge. Depois veio o nosso governador Binho Marques. Agora, temos o Governador Tião Viana, que foi Senador, a quem desejo possa fazer um bom Governo.

            Eu sempre tenho dito que, acima dos interesses político-partidários, estão os interesses da nossa população, estão os interesses do nosso povo. E nós vamos divergir. E é importante que haja divergências. Eu, pelo menos, não vou aceitar nunca, de forma alguma, essa mudança de horário. Porque nós tivemos um referendo, e o povo do Acre se manifestou e vai ter que ser respeitado. Vai ter que ser respeitado. Porque no regime em que vivemos, a democracia, exige isso. Se não agrada A ou B ou C, não é problema meu. O problema é que o povo do Acre foi consultado, através de um referendo democrático, e ele se manifestou dizendo que quer o horário de volta. Se vamos ter que mudar o horário lá na frente para duas horas, três horas, quatro horas, vamos ouvir o povo de novo. E disso vou divergir, porque, no regime em que vivemos, o regime democrático, eu não conheço um instrumento mais democrático de que um referendo.

            Quando fui eleito, o povo me autorizou que eu viesse aqui representá-lo. E me deu um atestado: “Você vai lá e representa o povo do Acre”. Quando o povo vai a um referendo é uma democracia direta, é o povo se manifestando. E você não respeitar? Então, vou continuar cobrando aqui nesta Casa, mas sempre respeitando a posição dos outros.

            Eu tenho pedido muito ao Senador Anibal que me ajude. Ele não tem ajudado, mas uma hora eu vou convencê-lo, e ele vai ajudar, para que possamos fazer valer esse referendo.

            Então, não quero me alongar muito, só quero agradecer ao Senador Jorge Viana, que me concedeu esta oportunidade de fazer uso desta tribuna,

            E quero dizer ao Governador Tião Viana, aos demais Senadores, colegas, que estou aqui para ajudar. Não sou problema. Sou uma pessoa que começou a carreira política junto com a Frente Popular, conheço o esforço que a Frente Popular tem feito para melhorar as condições do meu Estado, mas, como um parlamentar eleito pelo povo com 200 mil votos, pode ter certeza o povo do Acre, que está assistindo pela TV Senado e ouvindo pela Rádio Senado, que todos os dias em que eu estiver aqui neste parlamento, é apenas com intuito de ajudar o meu Estado. Não tenho nenhum problema, nas vezes em que o Governador precisar, nas vezes em que o Senador Jorge Viana, nas vezes em que Senador Anibal precisar, que o Prefeito Angelim precisar, que o meu mandato, instrumento dado pelo povo, precisar para que eu os ajude, podem ter certeza que vou ajudar.

            Agora, peço compreensão porque, quando tiver que criticar, eu também vou criticar.

            Obrigado, meus amigos. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/2012 - Página 26488