Discurso durante a 108ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Questionamentos sobre a gestão do atual Governo do Estado do Acre; e outros assuntos.

Autor
Sérgio Petecão (PSD - Partido Social Democrático/AC)
Nome completo: Sérgio de Oliveira Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Questionamentos sobre a gestão do atual Governo do Estado do Acre; e outros assuntos.
Aparteantes
Anibal Diniz.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2012 - Página 27090
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, DEBATE, EVENTO, CONFERENCIA INTERNACIONAL, MEIO AMBIENTE, MOTIVO, BUSCA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.
  • COMENTARIO, GESTÃO, GOVERNO ESTADUAL, DENUNCIA, PERIODICO, JORNAL, ESTADO DO ACRE (AC), REFERENCIA, ACUSAÇÃO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, CORTE, PRONUNCIAMENTO, GOVERNADOR, TIÃO VIANA.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, mais uma vez, agradeço este generoso espaço que essa Presidência me concede na tribuna do Senado, ouvindo atentamente o pronunciamento desse patrimônio moral desta Casa, que é o Senador Pedro Simon, que nos orgulha muito.

            Um dos sonhos que eu tinha, Senador Paulo Paim, era o de, um dia, dividir o Parlamento com o Senador Pedro Simon. Deus foi muito generoso comigo e me concedeu essa oportunidade. No dia a dia do plenário e das Comissões de que faço parte, como a Comissão de Constituição e Justiça, da qual S. Exª também faz parte, tenho procurado ouvi-lo e segui-lo, espelhando-me em suas decisões e em suas atitudes. Uma pessoa que admiro muito é o Senador Pedro Simon.

            Volto a um tema que foi abordado por S. Exª da tribuna, a Rio+20, evento para o qual estão virados os holofotes do mundo, evento que reúne cientistas, intelectuais, parlamentares, presidentes e ministros e que, de certa forma, cria a expectativa, principalmente junto à população mais humilde, de dias melhores.

            Vou falar pelo meu Estado, o Acre, e pela Amazônia, que, com certeza, é uma das regiões mais citadas nesses eventos.

            Quero desejar boa sorte aos participantes que lá estão muito preocupados em nos trazer dias melhores. Mas, hoje, a população já não acredita muito nisso. Já foram realizados vários fóruns como esse, mas um benefício direto para a população muitas vezes não chega.

            Posso falar pela minha região. Com certeza, o Acre está sendo enaltecido, está sendo comentado. Devem falar sobre a floresta, sobre o companheiro Chico Mendes, sobre as lideranças indígenas.

            Nesta semana toda, estou em Brasília, torcendo para que esse fórum possa trazer dias melhores para a população do meu humilde Estado, para as pessoas que têm muitas necessidades, para os nossos seringueiros, que são os verdadeiros guardiões da floresta, que vivem o dia a dia ali, que passam por dificuldades e que, muitas vezes, são cobrados. Mas poucos são os benefícios que chegam ali.

            Então, eu queria aproveitar essa oportunidade, a Rio+20, que está acontecendo neste momento e que se encerra no dia 22, sexta-feira - estamos na quarta-feira, temos a quinta e a sexta-feira -, para dizer que espero que essas pessoas que estão ali, no Rio de Janeiro, encontrem alternativas; encontrem a grande alternativa que é conciliar o desenvolvimento com a preservação do meio ambiente. Nós entendemos que esse é o grande desafio. Eu acredito que um dia poderemos chegar a esse entendimento.

            Sr Presidente, outro assunto que me traz à tribuna é o seguinte: na verdade, na segunda-feira, tivemos aqui uma sessão solene, uma sessão muito bonita que marcou os 50 anos de emancipação política do meu Estado, o Estado do Acre. Houve uma participação em massa. O Senador Wellington, inclusive, fez uma fala aqui parabenizando os acrianos. E eu também procurei, dentro das minhas possibilidades, dar a minha contribuição; lógico, da forma que eu acho que é o melhor para o meu Estado. Eu não estou preocupado em agradar a, b ou c. Estou preocupado com as pessoas que me deram o voto de confiança e me deram a oportunidade de estar aqui, no Senado, representando-os. Não estou preocupado se vou desgostar o governador, ou se vou desgostar o senador.

            Eu tenho procurado pautar o meu mandato em cima deste entendimento: o que for melhor para o meu Estado, eu vou ser a favor; o que não for, com certeza, vou ser contra.

            E, quando estive nesta tribuna, tive a oportunidade de fazer alguns questionamentos. Tivemos aqui o pronunciamento do Senador Anibal, um belo pronunciamento; tivemos aqui o pronunciamento do Senador Jorge Viana, um belo pronunciamento. Mas, no meu entendimento, é importante salientar algumas coisas que foram ditas.

            Seria muita injustiça da minha parte não reconhecer que no meu Estado houve grandes avanços; seria injustiça da minha parte eu não reconhecer que o Estado do Acre não começou de doze anos para cá. Houve pessoas que dedicaram toda a sua vida ao Estado, e fiz questão de nominá-las, de citá-las aqui. Procurei citar todos os ex-Governadores, os Parlamentares que também deram a sua contribuição para o nosso Estado. O mínimo que nós podemos fazer é citar essas pessoas e reconhecer o trabalho feito por elas.

            Mas eu disse que, no Acre, nem tudo são flores. Nós temos problemas. E eu procurei ser moderado, porque era uma sessão solene. Se eu fosse falar das dificuldades do Acre, eu falaria a tarde toda.

            Eu entendi e tentei somente lembrar ao nosso Governador - eu nunca poderia perder aquela oportunidade, porque teria que falar na frente dele, que estava aqui, nesta mesa - e aos Senadores que também estavam aqui no plenário que o Acre não é só maravilhas. Nós temos problemas graves, e eu os citei.

            Nós temos que reconhecer que o Governo do Estado tem feito um grande esforço com esse Programa Ruas do Povo, como eles chamam lá, o que, no meu entendimento, acho um total desrespeito para com os prefeitos. Ora, se há recursos, eles não são do Estado, Senador Paulo Paim. Os recursos são do BNDES; são recursos federais.

            O Governo do Estado do Acre, hoje, virou um verdadeiro prefeitão. Eu conheço prefeitos, no interior do meu Estado, principalmente nos Municípios pequenos, que têm dito: “Petecão, eu não sei mais o que faço. O que eu fazia aqui eram as ruas; e o Governo do Estado resolveu fazer todas as ruas do meu Município”. Isso é ruim? Não. É bom. Mas fica uma espécie de desconfiança do prefeito.

            Ora, se você vai fazer a obra, repasse os recursos para a prefeitura e cobre do prefeito. Nós temos instituições que fiscalizam, até porque o dinheiro é federal.

            Aqui, eu queria fazer um agradecimento, porque vejo, às vezes... Quantas vezes eu fui questionado aqui sobre o porquê de o Presidente Lula nunca ter tido uma votação expressiva no Acre. Por que a Presidente Dilma não ganhou as eleições no Acre?

            Estão aqui dois exemplos claros. O Programa Ruas do Povo é dinheiro do Governo Federal. E vejo essas pessoas pouco, mas muito pouco mesmo citarem essas ações do Governo Federal, as ações da Presidente Dilma.

            E eu aqui tenho feito um esforço grande para ajudar o Governo da Presidente Dilma. Lá no Acre, eu tenho problemas; isso é publico e notório. Vou fazer oposição ao Governo do PT. Quando tiver que elogiar, vou elogiar, mas aqui eu tenho que agradecer. Agradecer não só por este beneficio que o Governo Federal, que a Presidente Dilma está levando para o nosso Estado, que é esse recurso. São mais de R$700 milhões contraídos pelo Governo, dinheiro do BNDES, dinheiro do Governo Federal, para que o governo do Estado faça esse Ruas do Povo.

            Conversei com alguns prefeitos e eles estão preocupados porque é verdade que algumas ruas já estão sendo concluídas, é verdade, mas a preocupação dos prefeitos é de que não está chegando o saneamento básico, que também é de fundamental importância. Ora, estão fazendo as ruas, depois vão ter que cortar essas ruas para fazer o saneamento básico. E aí é de onde vem a nossa preocupação com o dinheiro público, o dinheiro dos nossos impostos, que, de certa forma, poderá ser desperdiçado, está sendo desperdiçado.

            Fica aqui o nosso agradecimento à Presidente Dilma.

            E teve outra ação do Governo Federal agora, cujos dados estou levantando para trazer a esta tribuna, para que eu possa fazer esse agradecimento à Presidente Dilma. Já pedi para que a nossa equipe levantasse junto ao Ministério da Saúde, porque, no primeiro momento, eu confesso que achei que se tratava de uma ação do governo do Estado, porque os óculos que foram distribuídos para aquelas pessoas que foram beneficiadas com aquelas cirurgias de vista tinham bandeira do Estado, tinham a logomarca do governo do Estado, e eu tive uma informação no Ministério da Saúde de que é uma ação do Governo Federal. E as pessoas não divulgam.

            Era importante que isso fosse divulgado, que esse reconhecimento fosse feito para que nós pudéssemos, eu que faço parte da base do Governo aqui, agradecer à Presidente Dilma por essas ações estarem chegando ao meu Estado, estarem chegando ao povo acriano. Mas fica aquela coisa fechada, como se tudo fosse feito pelo governo do Estado.

            Mas, com certeza, nós estamos levantando os dados, vamos, no momento certo, divulgá-los da tribuna desta Casa.

            Os jornais do governo, por conta da minha posição nesta tribuna... Não fiz nem críticas. Não estaria sendo justo com o governador se eu dissesse, desta tribuna, que o Acre é um paraíso. Ora, já pensou se a Presidente Dilma estivesse assistindo a essa sessão solene? Ela pensaria: se o Acre está um paraíso, não precisamos mais destinar recursos para lá. Não. Houve avanços, é verdade que houve, mas o Acre tem problemas.

            Na semana passada, na segunda-feira, quando em vim, tivemos de sair de madrugada porque a pista do aeroporto de Rio Branco, nossa capital, Senador Paim, passou dois dias fechada. Dois dias fechada passou a pista do aeroporto de Rio Branco, nossa capital. Imaginem se houvesse alguém com necessidade de viajar para um tratamento de emergência! Teria morrido. Então, não está tudo bem.

            Citei um exemplo, e eles não gostaram. Disse que uma professora da Foz do Breu me ligou dizendo que o maior sonho dela - veja só Senador Paim - era poder passar o natal e o ano novo em claro. Em claro, como chamamos lá no Acre, é passar com energia. Não tinha energia para que ela passasse o natal e o ano novo na Foz do Breu. São coisas pequenas de se contar e que é preciso dizer. Não podemos ter vergonha de dizer isso para o Brasil, senão o Brasil vai ficar pensando que o Acre é um paraíso. O Acre não é um paraíso.

            Há aqui o Jornal Página 20, mas lá no Acre nós o conhecemos como Página 13. Ele teceu algumas agressões à minha pessoa, o que, inclusive, chocou alguns Senadores. Ontem, tive a oportunidade de ouvir. O senhor, Senador Paulo Paim, é conhecedor disso e sabe que aqui na Casa nós temos um Regimento. A sessão solene foi uma sessão especial. Por conta do horário, a TV Senado teve de suspender a exibição da sessão. Foi exatamente no meio da fala do nosso Governador Tião Viana. Os jornais do Acre, os jornais do governo, onde não sai uma linha que não seja autorizada pelo Assessor de Comunicação do Governo, não sai uma linha, todas as semanas eu recebo agressão desse jornal. Não sai uma linha aqui que não seja autorizado pelo Assessor de Comunicação do Governo, inclusive a coluna aqui era assinada pelo Assessor de Comunicação do Governo, onde eles dizem que a sessão foi cortada na hora da fala do governador, porque o Presidente desta Casa, Senador José Sarney teria mandado cortar a fala do Senador Tião Viana.

            Então, isso é um absurdo! Isso é um absurdo!

            Ontem mesmo, o Diretor de Comunicação Social aqui do Senado já emitiu uma nota de esclarecimento a este jornal, o jornal Página 13, dizendo que a iniciativa de suspender a fala não partiu do Presidente Sarney, até porque ele não estava sequer na Casa. É uma nota que foi assinada pelo Sr. Fernando César.

            São atitudes como essa que dão uma dimensão a que ponto chegou a política no Acre.

            Fica aqui o nosso repúdio. Não tive interesse nenhum de agredir, de denegrir a imagem do governador. Muito pelo contrário, as minhas palavras aqui foram de ponderação. Coloquei-me à disposição do governador e quero me colocar, quero reiterar isso, todas as vezes que ele precisar; não só ele, como à disposição de todos os prefeitos - e eu tenho feito isso -, independente de cor partidária, independente de ideologia política. Eu sempre coloquei meu mandato à disposição para ajudar ao meu Estado.

            E tenho dito que acima dos interesses político-partidários estão os interesses da população do meu Estado.

            Sinceramente, não me abati com essas agressões desse jornal, porque ele já faz isso todo dia mesmo. Agora o que deixou a muitos amigos e Senadores e ao próprio Presidente desta Casa indignados foram as agressões, a calúnia que foi feita por conta desse jornal contra o Presidente.

            Mas, quero agradecer à TV Senado, mais uma vez, que fez uma nota de esclarecimento, porque até eu fiquei preocupado quando o jornal publicou que a TV Senado teria cortado a fala do ex-Senador e Governador Tião Viana. Está aqui uma das notas; vou ler:

Também considerada desrespeitosa com o povo acreano, a atitude da TV Senado foi debitada ao ranço que o presidente da Casa, José Sarney, ainda tem do fato de quase ter perdido a disputa da presidência para o então senador Tião Viana.

            Veja só, Senador Paim, a que ponto essas pessoas chegam, lá no Acre. Eu não estava aqui, mas, pelas informações que tenho, essa não foi uma disputa acirrada. Acho que o Presidente Sarney teve 49 votos, salvo engano. Isso nem se discute aqui, nesta Casa, mas, infelizmente...

            São várias notas aqui. Vou ler outra:

            “Mesmo com o desrespeito da TV Senado...”

            Desrespeito? A TV Senado passou quase uma semana, lá no Acre, fazendo um especial para o governo. Um especial foi exibido na TV Senado, aqui, neste plenário, na sessão, e TV Senado ainda desrespeitou, no entendimento do jornalista.

Mesmo com o desrespeito da TV Senado, que retirou do ar a fala do governador para colocar notas pouco expressivas de um pretenso noticiário nacional da emissora, o pronunciamento de Tião Viana foi considerado histórico por vários internautas das redes sociais.

            Para vocês verem como é que é, Senador Wellington. O senhor é do PT, mas eu o conheço. O seu procedimento é exatamente contrário ao do PT do Acre.

            É preciso tornar público isso porque as pessoas precisam saber o que está acontecendo no Acre.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Senador Petecão, me permite um aparte

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Concedo um aparte ao nobre Senador Anibal Diniz.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Senador Petecão, em primeiro lugar, eu me sinto muito à vontade em dialogar politicamente com V. Exª, porque eu gosto de fazer política de maneira transparente. E V. Exª tem deixado bem claro que é adversário aberto do nosso projeto lá no Acre. Eu procuro ouvir com muita atenção cada um dos seus argumentos para, justamente, tentar colocar os devidos pingos nos is. Em primeiro lugar, em nenhum momento a gente quer passar para a população a ideia falsa de que o Acre é um paraíso. O Acre não é um paraíso. Ainda hoje, fiz um pronunciamento e deixei, com muita clareza, a minha posição de que temos desafios extremos a serem superados no Acre. Nós temos indicadores sociais completamente desfavoráveis. Veja só, nós tínhamos um índice de analfabetismo de 25%. Houve muito trabalho, mas ainda hoje nós temos mais de 13% de analfabetos no Acre. Nós temos o índice de pobreza absoluta superior a 18%. Nós temos uma ponte sobre o rio Madeira que nos mantém isolados do resto do Brasil. E hoje nós já temos uma informação do Ministério dos Transportes de que não está na ordem das prioridades, daqui para 2014, tocar nessa ponte sobre o rio Madeira. São problemas que exigem de todos nós completa unificação para tentar resolver. Nossa economia é uma econômica deficitária. As empresas que atuam no Acre atuam basicamente graças à indução da política econômica desenvolvida para o Estado, porque, se não tivesse, estaria muito pior. E V. Exª é testemunha de que o Acre estava completamente inviável há treze anos, quando ganhamos o Governo da Floresta, com V. Exª nosso aliado, que nos ajudou naquele processo. Então, a gente não pode separar, não deixar de reconhecer aquilo que avançou. Quando a gente diz que avançou muito, que a gente diz que conseguiu manter esses 87% da floresta preservados e que é preciso encontrar uma forma de dar sustentação econômica para esse projeto, justamente para poder melhorar a qualidade de vida do nosso povo e manter a preservação da floresta, é um desafio posto e a gente está permanentemente levantando a voz quanto a isso. Com relação aos recursos fruto de financiamento do BNDES, só temos financiamento do BNDES porque nós conseguimos tornar o Acre um Estado adimplente. Ninguém consegue financiamento junto ao BNDES ou aos organismos internacionais se não tiver certificação de adimplência absoluta, se não tiver comprovação de um desempenho fiscal favorável. Hoje mesmo, quando o Brasil inteiro, quando os Estados do Brasil inteiro estão chorando porque devem duas vezes, três vezes o seu Produto Interno Bruto, o Acre consegue ainda obter financiamento. Então, isso é uma prova de que a gente mudou e mudou para melhor nos últimos anos. Temos problemas? Temos. Agora, por exemplo, quando V. Exª diz que a Presidenta Dilma perdeu no Acre, e isso é porque nós fizemos as ações de governo mostrando mais as marcas do governo e não o do Governo Federal, eu acho que V. Exª entra numa seara que nos ofende pelo seguinte: nós fizemos a campanha da Presidenta Dilma e hoje somos, no caso do discurso de V. Exª, responsabilizados pela derrota da Presidenta Dilma. E V. Exª, que fez campanha contra a Presidenta Dilma no palanque do PSDB, vem aqui no plenário cobrar posição, como se nós tivéssemos a culpa pela nossa aliada ter tido menos votos. Nós tivemos uma série de circunstâncias nas últimas eleições. Nós perdemos a Marina, que deixou de estar conosco e resolveu ter uma candidatura própria. Isso interferiu no cenário local, até mesmo pela decisão de V. Exª. Imagine: se nós tivéssemos Marina candidata ao Senado, muito provavelmente V. Exª não teria sido candidato ao Senado. Então, a saída da Marina mexeu no tabuleiro político do Acre, e isso causou certa situação. Nós tivemos uma campanha para o Governo extremamente acirrada. O PSDB do Acre teve 49,5% dos votos contra 50,5% do Governador Tião Viana, do PT e da Frente Popular. Quer dizer, nós tivemos toda uma alteração eleitoral. O Senador Jorge Viana e V. Exª, que foram eleitos Senadores, tiveram praticamente a mesma votação. Ou seja, houve uma disputa muito acirrada, e o nosso segundo candidato ao Senado perdeu. Quer dizer, o conjunto do comportamento eleitoral do Acre foi muito diferente nessas eleições. É algo, digamos, completamente novo na política do Acre? Não! O eleitor do Acre sempre foi um eleitor muito consciente. Ontem mesmo, nós mostramos que Guiomar Santos lutou para elevar o Acre a Estado, e, na primeira eleição que disputou para Governador, ele perdeu. Na eleição em que V. Exª foi eleito Deputado Estadual, em 1984, o eleitorado do Acre votou em Nabor Júnior para o Senado, votou em Orleir Cameli, do PP, para o Governo e votou em Marina Silva, do PT, para Senadora. Ou seja, a gente sempre teve uma posição do eleitorado do Acre de dividir um pouco as forças. Na última eleição, também aconteceu isso. V. Exª, que era adversário, foi eleito Senador, o Senador Jorge Viana também foi eleito, mostrando uma divisão de forças, e, entre os dois candidatos ao Governo, do PSDB e do PT, o povo do Acre manteve o Governo do PT. Agora, com relação à Presidência, houve uma postura realmente diferente, para a qual a gente não tem uma explicação direta. Sabemos que temos problema no sentido da interpretação dessa posição do eleitorado, mas não podemos simplesmente atribuir a culpa à nossa atitude, como Governo, quando, na realidade, há uma conformação de forças bem diferenciada. O próprio PMDB, que é um aliado nacional - e V. Exª é testemunha disso -, no Acre é adversário do nosso projeto e fez campanha contra a Presidenta Dilma. O PMDB inteiro fez campanha contra o Vice-Presidente da República, Michel Temer, no Acre, por birra contra o nosso projeto. E agora nós sermos responsabilizados pela derrota da Presidente Dilma por uma pessoa que fez campanha contra a Presidente Dilma parece-me um pouco demais. E exatamente por isso eu voltei ao plenário para aparteá-lo, para tentar deixar essa questão um pouco mais clara junto aos nossos telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado. Muito obrigado pela atenção de V. Exª de ter me dado o aparte.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Senador, se o senhor me permite, ainda gostaria de lhe conceder o tempo que for necessário, se a Presidência permitir, para que o senhor comente essas agressões por parte do jornal Página 20 contra o Presidente do Senado, em que ele acusa o Presidente do Senado de ter cortado o microfone, cortado a fala do então Governador Jorge Viana. O senhor gostaria de comentar isso?

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Olha, Senador Petecão, eu sou a favor de total liberdade de imprensa com responsabilidade. Por isso, sou a favor de que cada um responda pelos seus atos. Eu acho que a atitude de uma pessoa comentar, em tais termos, a questão da TV Senado sem procurar se informar previamente é precipitada. Tanto é que, quando eu soube que o nosso programa não foi transmitido na íntegra, liguei inicialmente para o Diretor de Comunicação. Sr. Fernando César Mesquita, que me disse que tinha tido problema, sim, por conta de uma comissão que estava acontecendo no mesmo horário, mas ele, imediatamente, assumiu a responsabilidade de retransmitir o programa à noite. E pronto. O assunto para mim estava encerrado. O esforço que fiz foi tornar público que haveria retransmissão do programa à noite, como também no sábado e no domingo. Para mim, o assunto foi encerrado ali. Em nenhum momento, fiz qualquer ilação de corte de microfone por motivo ideológico. Eu acho que, se alguém fez comentário nesses termos, já o fez de maneira precipitada. Essa é a minha opinião.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Não. Eu trouxe esse assunto aqui porque temos que corrigir algumas injustiças. Está aqui, no jornal, o qual tem uma relação direta com o Governo, não sai uma nota nesse jornal aqui que não tenha o aval do assessor de comunicação do Governo. Espero que o que estou dizendo não seja do conhecimento do senhor, até porque nós moramos no Acre e todos nós nos conhecemos. E o senhor sabe do que estou falando aqui, do jornal Página 20, que lá é chamado por todos de Página 13.

            Quanto a essa questão da Presidente Dilma, Senador Anibal Diniz, eu estou buscando saber por que o povo do Acre não votou na Presidente Dilma.

            Eu estou aqui agradecendo à Presidente Dilma pelos benefícios. Isso é o mínimo que eu posso fazer. O mínimo que eu posso fazer é vir a esta tribuna e ter a humildade de agradecer pelos benefícios. Não estou, de forma alguma, dizendo que o Governo do Estado está deixando de fazer. Se vocês não quiserem divulgar, acho ainda melhor que vocês não divulguem. Agora, eu não posso deixar de reconhecer que os recursos que estão chegando ao meu Estado contam com uma participação direta do Governo Federal.

            Eu defendo o Governo da Presidente Dilma aqui nesta Casa exatamente porque entendo que, acima dos interesses político-partidários... Não é por conta das divergências que nós temos lá no Estado que eu vou deixar de reconhecer que o Governo Federal tem ajudado.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Mas esse reconhecimento...

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - Eu estou tentando buscar aqui um entendimento. Eu quero saber por que o povo do Acre... Não justifica! No Amazonas, a Presidente Dilma teve 90% dos votos. No Acre, a Presidente Dilma perdeu a eleição.

            Então, é esse entendimento... Eu acho que o senhor deveria era me agradecer por eu estar tentando encontrar uma alternativa. E eu acho que um dos problemas é este: não se divulgam as ações do Governo Federal. E essa ação que o senhor... O senhor me falou o óbvio. Todo mundo sabe que o Acre só poderia se endividar se ele ainda tivesse um poder de endividamento. No entanto, se não tivéssemos o apoio do Governo Federal, nós não conseguiríamos esse recurso, porque o recurso é do BNDES.

            O Sr. Anibal Diniz (Bloco/PT - AC) - Perfeito.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (PSD - AC) - É isso que eu estou dizendo. Só estou dizendo isso. Eu não estou dizendo mais do que isso.

            O que o senhor disse - “Ah, não; o Estado pode se endividar” - é óbvio, mas o problema, Senador Anibal, é que, daqui a uns anos, quem vai administrar o Estado totalmente endividado, totalmente quebrado?

            A razão de vir à tribuna é porque eu estou feliz. Conversei com alguns prefeitos, e eles me chamaram a atenção. Aquele projeto, aquela ação do Governo Federal de levar o benefício do tratamento de vista às pessoas, para mim, foi maravilhoso. Eu não vi... Eu vi lá, está nos óculos, na bandeirinha do Estado, no Governo do Estado do Acre. Eu não vi se o senhor fez isso aqui - desculpe-me -, mas, se fez, temos que fazer todo dia, temos que agradecer porque aquele benefício do Governo Federal ajudou milhares de acrianos que precisavam do benefício naquele momento. O que eu estou fazendo aqui é agradecer o apoio que a Presidente Dilma tem destinado ao Governo de vocês, ao Governo do PT.

            Automaticamente, esse benefício, indo ao Governo do PT, chegará à população do meu Estado, porque eu não faço aquela política pequena, como faz o Governo do Estado: em algumas prefeituras em que o Governo não é do PT, ele sequer assina convênio com os prefeitos. Eu acho que nós temos que deixar a política de lado um pouco e tratar o Estado como um todo, até porque a política não é tudo. Nós temos que entender que, acima dos interesses político-partidários, estão os interesses da população do nosso Estado.

            Então, eu quero dizer ao senhor que, da minha parte, não fica mágoa. Agora, eu fiquei sinceramente preocupado com essas calúnias que foram aqui publicadas nesse jornal que o senhor conhece muito bem, o Página 20, que é 100% governista. O jornal poderia muito bem ter feito hoje uma nota pedindo desculpas ao Presidente desta Casa pelo que foi feito com a sua pessoa.

            Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2012 - Página 27090