O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco/PP - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, tenho grande satisfação de homenagear, nesta tribuna, o centenário de nascimento de uma das figuras mais marcantes da história contemporânea do Piauí, o coronel Octávio Miranda. Neste gesto, sei que estarei contribuindo para, de alguma forma, manter viva a lembrança desse piauiense, que durante toda a sua trajetória demonstrou estar à frente de seu tempo.

            O coronel Octávio Miranda, nascido no município de Campo Maior em 3 de março de 1912, viveu 90 anos e, nessas nove décadas, deu mostras de sua ética, de sua honradez. Começou sua vida profissional no Exército Brasileiro e, na condição de oficial, teve participação marcante em vários episódios, como quando liderou a unidade que desalojou os integralistas do Palácio da Guanabara, sendo destacado pelo Comando da 1ª Região Militar, Guarnição da Capital Federal, então no Rio de Janeiro.

            Sem dúvida, foi um oficial rigoroso, entendendo-se o rigor não no sentido negativo. Pelo contrário, o coronel Octávio empreendia grande esforço em executar qualquer tarefa da melhor forma possível, sempre em busca do nível de excelência.

            Essa característica o levou longe no campo político e no setor empresarial. Elegeu-se deputado estadual por duas legislaturas: 1947 a 1955. E foi na Assembleia Legislativa que ele pôde atuar incansavelmente peio desenvolvimento do Piauí.

            Octávio Miranda fundou e presidiu o Jockey Club do estado e suas iniciativas impulsionaram o desenvolvimento da zona Leste da cidade. Ativo nos eventos sociais, ele incentivou a expansão da cidade e foi mentor da primeira exposição agropecuária que se tem notícia no Piauí.

            Mais uma vez pioneiro, idealizou e dirigiu a primeira agência de desenvolvimento do estado, a Cooperativa Mista para o Desenvolvimento Agropecuário Industrial do Piauí, e, posteriormente, foi um dos responsáveis pela vinda do Banespa e do Bradesco para o nosso estado.

            A comunicação social também deve muito ao coronel Octávio Miranda, que percebeu que o nosso Piauí precisava de um jornal diário. Assim, no início da década de 60, ele adquiriu o jornal O DIA e o fez circular todos os dias a partir de l5 de fevereiro de 1964. Era um sonho do coronel se tornando realidade, e assim ele nos deu mais um exemplo, que é o de acreditar na realização dos sonhos, por maiores que sejam.

            Hoje, Senhor Presidente, o jornal O Dia se tornou um dos melhores e mais fortes veículos de informação do meu estado, com uma equipe de jornalistas de altíssima qualidade, dirigido de forma competente pelo professor universitário Valmir Miranda, filho do nosso homenageado.

            Quero registrar que o Jornal O Dia, aliás, foi uma das primeiras redações do País a informatizar sua redação, no final dos anos 70. O coronel amava as letras e, mais que isso, amava a liberdade de imprensa. E isso não é um paradoxo: mesmo sendo coronel, lutou contra a censura imposta pelo regime militar nos anos 60 e 70.

            Que os filhos que ele teve com dona Erminda Cribillete - Volmar, Vilma, Valeira, Valmira, Valmir, Octávio Filho e Edgar, continuem honrando o nome desse brilhante piauiense.

            Para encerrar, devo lembrar que o coronel Octávio Miranda trabalhou até seus últimos dias de vida e nos deixou, em consequência de insuficiência cárdio-respiratória aguda, em 22 de junho de 2002.

            Como eu disse no início, destacar essa bela trajetória aqui, na tribuna do Senado Federal, é uma contribuição para deixar viva a lembrança de Octávio Miranda. E ouso pretender mais que isso: desejo que este breve relato de sua biografia sirva de inspiração para outros brasileiros, especialmente no que se refere a abraçar suas metas até atingir a realização dos seus sonhos, por mais difícil que possa parecer.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Obrigado, Sr. Presidente.