Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com a classificação do Estado do Mato Grosso do Sul como uma das unidades federativas com os melhores indicadores de sustentabilidade do País.

Autor
Antonio Russo (PR - Partido Liberal/MS)
Nome completo: Antonio Russo Netto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).:
  • Satisfação com a classificação do Estado do Mato Grosso do Sul como uma das unidades federativas com os melhores indicadores de sustentabilidade do País.
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/2012 - Página 29862
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).
Indexação
  • REGISTRO, CONQUISTA (MG), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), MELHORAMENTO, CLASSIFICAÇÃO, INDICE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, MOTIVO, AUMENTO, PRODUTIVIDADE, EMPREGO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, INVESTIMENTO, POLITICA SOCIAL, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

            O SR. ANTONIO RUSSO (Bloco/PR - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, muito obrigado.

            Acima de tudo, muito obrigado ao nosso querido Paim, nosso ícone dentro deste Senado. Já admirávamos o Paim de fora do Senado com suas palavras sempre presentes, defensor não só do nosso querido Rio Grande do Sul, mas com teses de Brasil. O senhor é uma das joias do Senado. Eu me orgulho de ser seu amigo.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, depois da Rio+20, estabeleceram-se alguns consensos que devem perdurar no debate político brasileiro. Mesmo que o documento final do evento possa ter frustrado alguns segmentos da sociedade brasileira, acredito que em muitos pontos o processo tenha avançado e que, pouco a pouco, disseminará a ideia de que, sem políticas adequadas de produção econômica e proteção ambiental (ambas desenvolvidas de maneira combinada), não vamos criar, no futuro, condições de crescimento para atender às demandas das futuras gerações.

            Estou fazendo esse rápido preâmbulo para dar uma boa notícia a esta Casa: o Mato Grosso do Sul está se tornando a unidade federativa com os melhores indicadores de sustentabilidade do País.

            Considero de extrema importância dar esta informação ao Brasil porque estamos conquistando, na prática, sem alarde, e com muita responsabilidade, aquilo que vem se tornando o sonho de muitos que desejam ver um mundo melhor nas próximas décadas.

            As mudanças substanciais que vêm ocorrendo no nosso Estado há alguns anos são desconhecidas da grande mídia.

            São dados que, na maior parte das vezes, passam ao largo de acontecimentos surpreendentes que ocorrem em regiões interioranas de nosso País.

            O fato é que esses indicadores estão ajudando a criar uma nova realidade brasileira. Temos que difundir essas informações para que a população brasileira conheça o esforço que está sendo realizado para tornar o nosso Estado a principal referência de sustentabilidade brasileira.

            É importante que todos saibam que o Mato Grosso do Sul está no centro de um processo de renovação de conceitos socioeconômicos.

            O Estado, criado há 34 anos, vem promovendo uma revolução estratégica de desenvolvimento que pode servir de exemplo para muitas outras regiões fora e dentro do Brasil. Aos poucos, essa realidade está se aflorando, ganhando espaços, tornando-se conhecida além dos grupos de especialistas e pesquisadores.

            Sem alarde e de maneira continuada, o Mato Grosso do Sul ingressou num período histórico de concretização daquilo que vem sendo almejado no mundo inteiro como estágio avançado de conquistas sociais: a economia verde, processo pelo qual as cadeias produtivas crescem sem causar prejuízos ao meio ambiente.

            Esses dados surpreendentes devem ser analisados com critério e discernimento. Sustentabilidade transformou-se num assunto da moda. A palavra “sustentável” está se tornando, assim, cada vez mais gasta, em função inclusive do uso abusivo por parte de governos e instituições não governamentais.

            Poucos conseguem, neste sentido, dar aplicabilidade à ideia e demonstrá-la de maneira concreta e efetiva.

            Não é o caso de Mato Grosso do Sul.

            O conceito de que o desenvolvimento econômico e social pode ser realizado com garantias de preservação ambiental ganha cada vez mais espaço na opinião pública, só que poucos percebem como isso ocorre na prática.

            Os créditos de carbono, por exemplo, são coisas faladas, medidas, mas são invisíveis do ponto de vista material. Por isso, pela própria dificuldade em se criar um padrão monetário para essa unidade, a população não consegue medir sua importância no atual contexto.

            No fim, sobram discursos, com quase nada de resultado prático. Só que o caso de Mato Grosso do Sul é diferente.

            Pesquisadores da Embrapa - empresa cuja reputação e credibilidade dispensam apresentações - foram a campo no ano passado e mediram objetivamente o que vem ocorrendo em todo o Mato Grosso do Sul com a finalidade de compreender como vem se dando o fenômeno do crescimento com sustentabilidade.

            A Rio+20 fez deste assunto pauta preferencial da mídia mundial, escrutinando os avanços e recuos deste processo, tratando de importantes questões, com resultados positivos.

            Nesse aspecto, acredito que Mato Grosso do Sul está fazendo o dever de casa com louvor.

            Os pesquisadores da Embrapa, juntamente com várias outras instituições estaduais, descobriram que o setor produtivo mais importante do Estado - notadamente o agronegócio - conseguiu obter um crescimento acima de todas as médias nacionais, mantendo, fiquemos atentos, praticamente intocável o uso dos seus recursos naturais. Ou seja: o Estado está se desenvolvendo e preservando ao mesmo tempo.

            Mais ainda: Mato Grosso do Sul vem turbinando sua economia praticamente sobre a mesma base territorial dos últimos anos, sem que isso signifique avanço indiscriminado sobre áreas virgens ou preservadas. Melhor ainda: tem conseguido reduzir as queimadas e está mantendo estrito controle sobre o uso de seus mais diversos biomas. Milagre? Sorte? Movimento espontâneo da economia? Não. Simples resultado da perfeita aliança de planejamento, incentivos fiscais, marcos regulatórios, programas governamentais bem organizados, parcerias público-privadas adequadas e, acima de tudo, credibilidade e governança qualificada.

            O Governo do Estado, nesse aspecto, conseguiu realizar uma proeza inédita: desenvolver políticas públicas estreitamente conectadas com ações práticas, resultando em melhora global da qualidade de vida da população, obtendo altos padrões de uma economia sustentável.

            Os números são eloquentes. Para começar, a região do Pantanal sul-mato-grossense, bioma conhecido mundialmente como um dos lugares mais belos e exóticos do Planeta, representando 25% do total dos 36 milhões de hectares do território estadual, tem índice de preservação comprovado de mais de 80%.

            No restante do Estado, a cadeia produtiva vinculada ao campo vem obtendo ganhos cada vez mais elevados de produtividade, e reduzindo, paralelamente, as emissões de gases que aumentam o fenômeno do efeito estufa e poluem o meio ambiente.

            Nos últimos anos, esse processo representou melhoria expressiva no seqüestro de CO2, evitando emissões de quase 50 milhões de toneladas do gás na atmosfera.

            O que mais surpreende é que tudo isso foi obtido com o aumento de produtividade, elevação da renda, melhoria da empregabilidade e dos investimentos sociais em todos os Municípios do Estado.

            O manancial de boas informações nesse sentido impressiona. Para o lado que se olha, os dados demonstram que o Estado encontrou seu caminho e tem tudo para se transformar em uma das Unidades Federativas mais importantes do Brasil nas próximas duas décadas.

            O cinquentenário de Mato Grosso do Sul, que ocorrerá em 2029, consistirá na colheita dos bons frutos que estão plantados desde agora.

            Nesse aspecto, na agricultura, levando em conta os dez anos passados, a produtividade de soja aumentou 90%; do milho, 64%; e do algodão, 139%; e, dessa maneira, isso aconteceu em praticamente todas as culturas e atividades do campo.

            Paralelamente, o setor de energia verde explodiu: a cana-de-açúcar teve crescimento de 311%; e novas florestas ganharam espaço em regiões antes degradadas: cresceram 165%, (30% em média, nos últimos anos).

            Qual a grande vantagem de tudo isso? Esse vertiginoso expansionismo não representou, em contrapartida, a abertura de áreas para plantio com desmatamentos ou queimadas em larga escala. Tudo foi feito de maneira sustentável. E essa tendência permanecerá daqui para frente.

            Os ganhos proporcionados pelas inovações tecnológicas do setor evitaram a abertura de mais de 1,5 milhão de hectares de novas áreas, sem contar que a fixação biológica de nitrogênio, no caso da soja, evitou a emissão de 1,7 milhão de toneladas de CO2/ano.

            Só para se ter uma ideia estatística desse processo, basta considerar o seguinte número: enquanto em 2006 o Governo do Estado autorizou o desmatamento de 67 mil hectares, em 2010, as autorizações baixaram para 18 mil, ou seja, uma redução de mais de 70%.

            Noutras palavras, o Estado cresce, a economia se fortalece, e o meio ambiente mantém-se cada vez mais preservado.

            A promoção do desenvolvimento econômico nestes segmentos altamente agregadores de valores e renda - e fundamentais para a geração de commodities -, são atualmente responsáveis por mais de 20% do PIB estadual (cerca de R$ 8,5 bilhões por ano).

            Nesse sentido, a produção de gado de corte, fibras e alimentos em regiões cuja diversidade ambiental merece um aproveitamento racional, devido à sua crescente fragilidade, tem colocado o Mato Grosso do Sul num processo de "crescimento inteligente", conforme avaliam os pesquisadores da Embrapa.

            Srªs. e Srs Senadores, esse quadro evolutivo não para por aí. Só de áreas degradadas - que hoje não estão sendo aproveitadas pelo setor pecuário, o Mato Grosso do Sul - há um total de dez milhões de hectares que precisam se tornar urgentemente produtivos. E a sua recuperação gradual significará incorporar mais ganhos à economia, sem que haja qualquer dano ao meio ambiente. O projeto será viabilizado com recursos em parceria com o Governo Federal. Ou seja: à medida que as áreas degradadas sejam incorporadas à produção, menos prejuízos ao meio ambiente acontecerão e maior a nossa capacidade de produção de alimentos.

            Reunindo num só pacote todos os programas do Governo do Estado é possível concluir que o nível de sustentabilidade da economia de Mato Grosso do Sul estará acima dos países mais avançados do planeta.

            A Embrapa Gado de Corte criou o Programa de Avanços na Pecuária do Mato Grosso do Sul - PROAPE, com o subprograma "Novilho Precoce", estabelecendo novos paradigmas de sustentabilidade no Estado.

            Reunindo o "Novilho Precoce" com os incentivos para renovação de pastagens e também a conversão de pastos em áreas de reflorestamento e cultivo de cana-de-açúcar, os ganhos estão sendo estupendos.

            Com a redução do tempo de abate dos animais, foi possível evitar a emissão de 655 mil toneladas de CO2 em 2010, o que representou nas últimas décadas uma redução de gases que provocam efeito estufa da ordem de cinco milhões de toneladas.

            Srs. Senadores e Srªs Senadoras, os números da "economia verde" são eloqüentes. Eles demonstram que é possível unir num só projeto desenvolvimento econômico e redução de danos à natureza.

            O Governo do Mato Grosso do Sul, por meio do trabalho da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Produção, sob o comando da nossa Secretária Tereza Cristina Corrêa da Costa, em parceria com a Embrapa Gado de Corte, atualmente vem realizando uma verdadeira revolução silenciosa no campo, devendo constituir-se em objeto de estudo para ser adaptado às outras unidades federativas. Sentimos que estamos no caminho certo. Acredito que, dentro de algumas décadas, seremos a unidade federativa com uma das melhores qualidades de vida do País.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/2012 - Página 29862