A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pela Liderança. Sem revisão da oradora.) - Srª Presidente Marta Suplicy, eu até ia lhe propor que eu usasse o tempo que o nosso Líder Francisco Dornelles não usou para completar o meu tempo. É brincadeira. Dos dez minutos a que tinha direito, ele usou só quatro minutos. Ele diz todas as coisas em muito pouco tempo, o que é muito bom para quem é capaz de...

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - RS) - É uma característica dele.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS) - O poder de síntese. Ele é realmente notável sob esse aspecto. Então, eu queria cumprimentá-lo pelo pronunciamento.

            Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, todo dia que a gente vê na tevê ou ouve no rádio ou lê no jornal uma notícia sobre a questão dos acidentes, a gente fica perplexa, mas essa guerra, essa carnificina parece não ter fim.

            Trago aqui, hoje, o resultado de um levantamento que a mim, pelo menos, não causou surpresa e também à maioria dos brasileiros.

            O Ministério da Saúde concluiu que, no ano passado, praticamente metade do dinheiro do Sistema Único de Saúde, o SUS, reservado para atender as vítimas de acidente de trânsito, foi utilizado para socorrer motociclistas nos hospitais. Vou repetir: metade do dinheiro para essa finalidade foi para socorrer motociclistas vítimas de acidentes de trânsito. Isso quer dizer que o Governo gastou mais de R$200 milhões com acidentes de motos.

            O número de internações de motociclistas aumentou mais de 95% entre os anos de 2008 a 2011. Entre as regiões brasileiras, Norte e Nordeste são as que mais usam as verbas do SUS com acidentes de motocicleta.

            Só no Pará, os acidentes com moto foram responsáveis por mais de 83% dos atendimentos. Em Pernambuco, o custo com os acidentes de moto subiu 1.286% nos últimos quatro anos.

            Eu disse que os números não causam surpresa porque venho insistindo que precisamos estancar essa carnificina que atinge principalmente os jovens brasileiros. Já promovi uma audiência pública, muito concorrida, na Comissão de Assuntos Sociais, onde discutimos o assunto. E um seminário, decorrente do interesse que a matéria despertou nessa audiência pública, será realizada em setembro, com a presença de todos os setores que vivem da motocicleta ou se envolvem com esse meio de transporte, desde Associações de motoboys, no seu Estado, São Paulo, no meu Estado e em vários estados brasileiros e mototaxistas, departamento de transito, fabricantes de motos, legisladores e também a área da medicina e hospitalização.

            Para o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, Senadora Marta Suplicy, estamos vivendo uma epidemia de acidentes de trânsito, e o aumento dos atendimentos envolvendo motociclistas é a prova mais do que concreta disso.

            O serviço de urgência no SUS, que tem sido pressionado durante anos pelos problemas que já existentes no atendimento, está, inegavelmente, sobrecarregado.

            Como toda doença, acidentes com motos precisam de um trabalho de prevenção. O Presidente do Sindicato dos Motociclistas do Rio Grande do Sul, Valter Ferreira Silva é claro: é preciso investir muito em educação no transito, melhorar e muito e muito as aulas de formação dos novos motociclistas.

            O governo federal expandiu, para todas as capitais, o Projeto Vida no Trânsito para tentar frear esse número alarmante com políticas de prevenção de lesões e mortes no Brasil. Estamos sempre no Brasil correndo atrás do prejuízo. Álcool, imprudência e excesso de velocidade puxam as estatísticas de morte e acidentes para cima. E mais: o número de motos nas ruas cresceu, uma clara consequência do crescimento econômico dos últimos anos.

            Mas existe um outro fator, Senadora Marta Suplicy, é que muitas pessoas e mais pessoas estão dependendo de entregas de alimentos e remédios e, consequentemente, mais motoboys nas ruas. Mas esse não é o maior problema ainda: mais pessoas hoje, especialmente jovens, estão usando a motocicleta como uma opção mais barata e rápida de transporte, pois o nosso sistema de transporte público é ineficiente e muito caro na maioria das cidades brasileiras.

            Eu queria, então, dizer a V. Exª que este tema vai ser motivo de uma audiência pública em setembro que, por ser grande e pelo interesse, será no Auditório Petronio Portella, usado por V. Exª para outros seminários importantes também, como a questão de homofobia. Então, nós vamos fazer lá dada a relevância não só do tema, mas do número de pessoas interessadas em participar desse debate, especialmente as partes mais envolvidas que são as principais vítimas do transito: os motociclistas, os motoboys e as pessoas que estão direntamente envolvidas como a industria do setor de motociclistas, o setor do Denatran, autoridades da área da saúde e também acho que a gente tem que entrar na área de educação porque, sem prevenção, não há salvação Senadora Marta. Muito obrigada!