Discurso durante a 125ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo para que seja assegurado ao Rio Branco Futebol Clube o direito de estrear na Série C do Campeonato Brasileiro em partida marcada para o próximo domingo.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Apelo para que seja assegurado ao Rio Branco Futebol Clube o direito de estrear na Série C do Campeonato Brasileiro em partida marcada para o próximo domingo.
Publicação
Publicação no DSF de 07/07/2012 - Página 32880
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRIBUNAL DE JUSTIÇA, ESTADO DA PARAIBA (PB), REVISÃO, POSIÇÃO, GARANTIA, DIREITO, TIME, ESTADO DO ACRE (AC), PARTICIPAÇÃO, CAMPEONATO NACIONAL, CRITICA, INICIATIVA, JUIZ DE COMARCA, FAVORECIMENTO, CLUBE, FUTEBOL.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta Senadora Ana Amélia, Srs. Senadores, telespectadores da TV, ouvintes da Rádio Senado, o assunto que me traz à tribuna na sessão de hoje, Senadora Ana Amélia, é algo que já tratamos um pouco ontem en passant, durante a nossa reunião da Comissão de Relações Exteriores, que foi justamente aquela vitória fenomenal do Corinthians sobre o Boca Juniors e a vitória do Brasil sobre a Argentina, num evento de futebol de repercussão internacional, mostrando que o Brasil está completamente apto a receber a Copa do Mundo. Nosso povo é absolutamente hospitaleiro, o futebol é uma grande festa e está presente na vida do povo brasileiro.

            Eu disse, naquele momento, concordando com a sua observação em relação à disciplina da equipe do Corinthians e à liderança inquestionável do técnico Tite, que ele deu praticamente a sua cara àquela equipe do Corinthians e fez valer um princípio que eu considero fundamental: a disciplina consegue superar o talento. E a prova foi que o campeão foi o Corinthians, um time sem estrelas, e não o Santos, o meu time, que tem Neymar e Ganso. É uma prova de que a disciplina consegue se sobrepor ao talento. E se for disciplina com humildade, ainda mais, porque a humildade está, digamos assim, acima de todos os requisitos para se conseguir objetivos. Quanto mais humildade, acho que maiores as possibilidades de se conseguir resultados.

            Eu trago esse assunto hoje, Senadora Ana Amélia, para tratar justamente de algo que está acontecendo com o futebol brasileiro na Série C. A Série C do futebol brasileiro já deveria ter começado no dia 27 de maio. Por uma série de complicações, essa competição vem se arrastando em prejuízo de vinte clubes das mais diferentes regiões do País, clubes que sobrevivem com muita dificuldade, que têm dificuldade para planejamento, dificuldade para contratação, dificuldade para obter recursos, porque, como não são jogos televisionados, não têm direito de imagem, acabam não tendo também patrocínio e sobrevivem com muitas dificuldades.

            Eu digo isso com conhecimento de causa, porque eu acompanho o drama do Rio Branco Futebol Clube, que é o representante do Acre na Série C. É um clube que tem 95 anos. É um clube que se confunde praticamente com a história do Acre. A nossa história tem pouco mais de cem anos, quando fomos conquistados para o Brasil, naquela revolução liderada por um gaúcho, José Plácido de Castro. Então, Rio Branco tem praticamente essa idade do Acre. Por isso, ele tem uma identidade muito grande com o povo do Acre. E Rio Branco é o único representante do Acre na Série C. Aliás, toda a região Norte só esta participando do futebol nacional na Série C.

            No passado, já tivemos o Pará na Série A, com o Remo, com o Paysandu, mas já faz algum tempo que os times do Norte não participam da Série A nem da Série B do Brasileiro; estão só na Série C. O Paysandu é adversário do Rio Branco na Série C. Agora, o Remo, outro time de uma torcida fenomenal no Pará, não está nem na Série C; está na Série D. E mais: ele nem conseguiu se classificar para a Série D. Quem classificou no Pará foi o Cametá. Como o Cametá estava muito endividado, fez um acordo com o Remo para que o Remo ajudasse a pagar as dívidas, e o Cametá cedeu seu lugar ao Remo para que estivesse na Série D. Ou seja, o Remo, que é um time de grande expressão nacional, só está na Série D a convite.

            Aonde quero chegar com esse raciocínio, Srª Presidente? É que o futebol está presente na vida do povo brasileiro e tem que ser encarado com a toda seriedade, porque todos os times têm torcida. No Pará, temos o Remo e o Paysandu; no Acre, temos Rio Branco, Juventus, Atlético; em São Paulo, temos os grandes clubes: São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos; no Rio Grande do Sul, temos o Grenal, que divide, praticamente, o povo gaúcho da capital, mas há outros grandes clubes também no interior, como Caxias e outros clubes de expressão; em Minas, temos Atlético e Cruzeiro. E é assim sucessivamente. Aonde a gente vai há clubes de massa, que mobilizam milhares e milhares de torcedores, que pagam para assistir a seus clubes. Então, é algo que mexe com o coração do clube.

            E toda vez que houver uma demanda judicial que envolva clubes de futebol - aí que quero fazer a reflexão -, o juiz tem que ser muito mais técnico e muito mais jurídico, porque ele não pode, simplesmente, olhar para a paixão de um clube, porque o clube tem os seus apaixonados, mas o clube adversário também tem os seus apaixonados. Então, ao juiz não cabe ter paixão. Ele precisa ser técnico e jurídico. Ele tem que se ater aos fatos. Ele tem que buscar a mais precisa orientação técnica para a tomada de decisão.

            E o que estamos vivenciando, neste momento, na Série C? A Série C está paralisada por uma decisão iníqua, injusta, inadequada, incorreta da juíza da 1ª Vara da Comarca de Campina Grande na Paraíba. Com todo o respeito aos torcedores do Treze, da Paraíba, com todo o respeito aos torcedores de todos os clubes que compõem a Série C do Campeonato Brasileiro, o Treze, da Paraíba, não tem direito de estar na Série C. Ele não fez por onde, não ficou nem na quinta posição da Série D; ficou na sexta posição da Série D e reivindica um direito que não tem.

            E a senhora juíza da 1ª Comarca de Campina Grande, para se fazer aplaudida pela torcida do Treze, tem concedido sistematicamente liminares em favor desse clube, sem levar em conta a realidade dos fatos. Isso é muito ruim para uma magistrada; isso é muito ruim para a Justiça brasileira; isso é muito ruim para o esporte que é a paixão nacional, o nosso futebol.

            Nesse sentido faço um apelo. Faço um apelo a todas as autoridades que estiverem minimamente inteiradas desse assunto e que tiverem de tomar uma decisão a esse respeito, para que se dispam da paixão e ajam só pelo conhecimento técnico-jurídico.

            Posso historiar de frente para trás, de trás para frente esse caso, porque o venho acompanhando desde o início. O Rio Branco Futebol Clube é um clube que tem todos os direitos de estar na Série C, primeiro porque o conquistou em pontos.

            Em 2011, Senadora Ana Amélia e Senador Renan Calheiros, que tem acompanhado essa discussão também, porque já teve clube na Série C, e que hoje está com dois clubes na Série B, porque passaram honestamente pela Série C e conquistaram esse direito no campo... Há o CRB, que está na Série B e que subiu no ano passado, e o Asa de Arapiraca, que já havia subido dois ou três anos atrás, inclusive, numa vitória sobre o Rio Branco, lá em Rio Branco - numa vitória, não, num empate em dois a dois.

            Mas é assim mesmo. O bonito do futebol é quando ele se resolve em campo. E aí faço meu apelo, porque, data venia, juiz que entende de futebol normalmente está dentro das quatro linhas. Quando o juiz de fora quer tomar a decisão é muito complicado, porque acaba cometendo injustiças inomináveis.

            O que aconteceu em relação ao Rio Branco? O Rio Branco, antes de tudo, conquistou o direito de estar na Série C, porque foi o primeiro colocado do grupo dele em 2011: teve 16 pontos em oito jogos. O segundo colocado foi o Paysandu, com 14 pontos; ou seja, o Rio Branco já estava devidamente assegurado na Série C. Ele passou para a outra fase. Ele tinha o direito de disputar o acesso de chegar à Série B. No entanto, por um detalhe completamente alheio ao futebol, porque uma Procuradora de Justiça do Estado do Acre que entendeu que a Arena da Floresta, o nosso estádio, não estava apto a receber público... Um engano, porque a Arena da Floresta é um estádio novo, que foi inaugurado em 2007, um estádio que era candidato a sede da Copa do Mundo. A gente trabalhou para que a Arena da Floresta fosse um estádio sede da Copa do Mundo. A Procuradora de Justiça, por conta de um laudo apressado, que tinha também alguns equívocos, entendeu que a Arena da Floresta estava inapta para a realização dos jogos.

            Nesse sentido, o Governo do Estado teve que fazer a sua argumentação e tentou fazer um TAC com o Ministério Público do Acre para que os jogos acontecessem na Arena. Mas a Procuradora não aceitou fazer esse TAC. A gente recorreu à CBF, que falou: nós não podemos fazer jogos se vocês não tiverem autorização do Ministério Público. O Ministério Público não aceitou a negociação, não aceitou fazer um TAC. Qual foi o caminho a ser seguido? Não houve outro caminho a não ser o Governo do Estado entrar na Justiça Comum com um pedido de liminar para que os jogos acontecessem na Arena da Floresta, dando todas as garantias para o público. E assim a Justiça deu a liminar.

            Por ter requerido essa liminar na Justiça Comum, alguém representou contra o Rio Branco dizendo que o Rio Branco tinha litigado fora do Tribunal de Justiça Desportiva, o que rendeu uma penalização ao Rio Branco, em 2011. Mesmo o Rio Branco tendo sido o primeiro colocado da região Norte, ele teve que abdicar da segunda fase da competição da Série C de 2011 exatamente para que não ficasse um imbróglio que se estenderia por muito tempo.

            Para não prejudicar os demais clubes, o Rio Branco aceitou um acordo com a CBF no sentido de se retirar da competição, retirou todas as ações que tinha impetrado para garantir os seus jogos, que foram várias, e, ao mesmo tempo, a CBF zerava a situação com o Rio Branco. Foi feito um acordo que elegeu o foro do Rio de Janeiro, da cidade de Jacarepaguá, como o foro qualificado para dirimir qualquer dúvida a respeito. Foi um acordo que envolveu o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, a CBF e o Rio Branco Futebol Clube e que teve como testemunha o Governo do Estado do Acre. Então, foi feito esse acordo. O Rio Branco se retirou em 2011, mesmo tendo direito, com a garantia de estar na série C em 2012.

            Perfeito! Quando chega em 2012, anunciada a tabela e anunciado o início dos jogos do Campeonato Brasileiro da Série C, o Treze, da Paraíba, que não era da Série C, que não ficou entre os quatro da Série D e nem ficou em quinto lugar, ficou em sexto lugar, resolveu entrar na justiça questionando o acordo da CBF e reivindicando o lugar do Rio Branco. Um direito liquido e certo do Rio Branco Futebol Clube. Ele reivindicou isso liminarmente e a juíza da 1ª Comarca de Campina Grande deu liminar favorável ao Treze, da Paraíba. O Rio Branco Futebol Clube recorreu dessa sentença, obviamente, e conseguiu junto à 1ª Vara da Fazenda Pública de Rio Branco uma decisão contrária, uma decisão de garantir ao Rio Branco na Série C.

            Dessa forma, ficou instalado um conflito de competência e esse conflito de competência acabou vindo para o Superior Tribunal de Justiça. O Ministro Marco Buzzi, ao analisar esse conflito de competência, atribuiu competência à Comarca de Campina Grande para dirimir apenas as situações emergenciais e não decidir quanto ao mérito em relação a essa causa porque é uma causa extremamente complexa. Então, para as situações de emergência foi atribuída competência à juíza da 1ª Vara da Comarca de Campina Grande, deixando bem claro que era para as situações emergenciais.

            Entre muitas e vindas, com ações do Rio Branco Futebol Clube, com ação do Araguaína, o Araguaína que é de Tocantins, é um clube que ficou rebaixado da Série C para a Série D no ano passado e esse clube entendeu que, se porventura o Rio Branco não tivesse na Série C, o direito seria do Araguaína e não do Treze porque o Treze não tem porque estar nessa disputa porque não tem direito... Ele apenas está fazendo uma litigação de má-fé. Aliás, deveria responder por isso na justiça porque quem litiga de má-fé, quem reivindica direito que não tem, por má-fé, tem que responder por isso e é o que está acontecendo com o Treze da Paraíba consorciado com a juíza que, sistematicamente, tem lhe concedido liminares favoráveis.

            O que aconteceu? Após muitas idas e vindas de ações e, depois de mais de trinta dias o Campeonato Brasileiro da Série C paralisado, a CBF chegou a um entendimento. Qual seria o entendimento? Já que o Treze estava reivindicando entrar na Série C, a CBF abriu uma exceção e resolveu convocar o Treze também e fazer uma tabela com 21 clubes. Nós temos 20 clubes na Série A, 20 clubes na Série B, 20 clubes na Série D, e na Série C foram conclamados 21, exatamente para dirimir todas as dúvidas e falar o seguinte: não, vamos pôr o Treze na competição e dar início à competição, porque é muito prejuízo ficarem todos os clubes paralisados. Assim foi feito e o Treze estreou, na última quarta-feira, contra o Salgueiro de Pernambuco. Perdeu de 2x0, mas estreou, está resolvido o problema.

            Aí, para nossa surpresa, Rio Branco tem estreia neste domingo contra o Icasa, lá em Juazeiro do Norte, no Ceará. Pois acredita que a juíza, atendendo a um pedido do Treze, mesmo o Treze estando contemplado no Campeonato Brasileiro da Série C, sem direito, pois ele ainda entrou com outra liminar, exigindo a retira do Rio Branco, e a juíza, novamente, concedeu a liminar, tirando o Rio Branco, um direito líquido e certo que ele tem, dessa competição?

            Não é possível! Não é possível que uma situação como essa vá permanecer. O futebol não pode ser objeto desse tipo de esperteza afrontante a torcedores, a dirigentes, a pessoas que estão diretamente envolvidas. Então, é o Estado do Acre que está sendo afrontado, num direito líquido e certo de estar representado na Série C.

            E não é possível que essa juíza não tenha que responder por seus atos, porque ela é uma juíza de Direito, ela não é advogada de defesa de um clube. Ela está se portando como uma advogada de defesa. Ela está se insurgindo, no sentido de se colocar acima, inclusive, do Superior Tribunal de Justiça, porque a competência que o Superior Tribunal de Justiça lhe deu foi para dirimir questões emergenciais. Não havia nenhuma emergência porque a competição já havia começado. A CBF havia feito uma concessão e incluído o Treze da Paraíba. Se a reivindicação dele, central, era participar da competição, pronto, está atendido. Acaba-se o conflito. Mas não. Não! A juíza consegue atender um pedido esdrúxulo, desprovido de fundamento, do Treze da Paraíba, no sentido de tão somente prejudicar alguém que tem direito, que é o Rio Branco Futebol Clube.

            Conversei com o Senador Vital do Rêgo, que é da Paraíba, coloquei para ele a situação. Falei: olha, me desculpa, eu não gostaria de me pronunciar sobre esse assunto porque é um assunto que se resolve na Justiça. E ele mesmo disse: “Olha, tentamos de todas as formas um acordo, um entendimento, mas vi que não tinha possibilidade de acordo e eu me retirei dessa discussão”.

            Quer dizer, o próprio Senador Vital do Rêgo, que é da Paraíba, reconhece que houve excesso de desejo de litigar, por parte do 13 da Paraíba, que tem reivindicado insistentemente um direito que não possui e, mais que isso, tenta afrontar o direito de quem possui que, no caso, é o Rio Branco Futebol Clube.

            Então, Senadora Ana Amélia, eu venho para a tribuna para fazer um apelo - eu sei que nós somos, através da TV Senado visto em todo o Brasil - a dirigentes do futebol, porque eu sei do esforço que clubes grandes, médios, e pequenos, em qualquer lugar do Brasil, fazem esforços imensuráveis no sentido de garantir pagamento em dia dos seus atletas, no sentido de garantir transporte, viagens, atendimento médico, acompanhamento fisioterápico. Quer dizer, tem toda uma infinidade de ações que implicam dinheiro. A paralisação de competição significa custo dobrado. Imagine que o atraso de um mês e poucos dias, no início da Série C, significa o pagamento de mais uma folha sem que as equipes estejam atuando, não tem renda, não tem estádio cheio, é ruim para o torcedor, cria-se aquele clima de instabilidade.

            Então, eu quero fazer esse apelo aqui aos 20 dirigentes de clubes que estão na Série C para que analisem com frieza e serenidade o direito, porque hoje está sendo atacado o direito do Rio Branco Futebol Clube; amanhã pode ser atacado o direito de outro clube. Imaginemos que um clube comece a ceder de série no futebol brasileiro... A partir de decisão liminar? Então, por que vai existir o confronto no futebol? A beleza do futebol está justamente em a agente definir o melhor em campo! Eu comecei falando aqui do triunfo do Corinthians sobre o Boca Juniors. Não foi lindo todo o povo brasileiro acompanhar um jogo entre Corinthians e Boca Juniors, sabendo que o Corinthians eliminou o Santos, antes de adquirir o direito de disputar com o Boca Juniors? Esta é a beleza do futebol: a gente poder ter os resultados contabilizados a partir do desempenho em campo, onde a técnica é testada, a habilidade é testada, o conjunto é testado, o esquema tático é testado. Então, esse esforço envolve milhares e milhares de profissionais no Brasil, profissionais que estudam, estudam profundamente o futebol, estudam sistema de preparação física, sistemas táticos. Quer dizer, há todo um trabalho de teorização e de prática para se chegar ao nível de excelência que o futebol brasileiro tem.

            E agora a gente pega uma juíza, da 1ª Comarca de Campina Grande, que, provavelmente, nunca foi a um estádio, porque se fosse e acompanhasse a beleza do futebol saberia que a reivindicação do Treze era algo absolutamente desprovido de direito; mas, não, ela toma esse conjunto de decisões.

            Então, o que nós temos de dizer é que vamos recorrer a todas as instâncias quantas se fizerem necessárias. E mais: a juíza de Campina Grande vai ter que responder no Conselho, no CNJ, o porquê de ela não agir tecnicamente e agir tão somente defendendo uma agremiação. Ela vai ter que se posicionar sobre isso, porque o juiz não está no seu cargo para agradar plateia. Imagine só se cada juiz de cada Estado brasileiro resolvesse deferir sentenças em favor dos seus clubes. Aí o que aconteceria com o futebol nacional? Exatamente por isso é que há um Superior Tribunal de Justiça Desportiva para que as questões desportivas sejam decididas no âmbito de um tribunal específico. E é muito correto que seja assim, porque senão todas as questões menores iam esbarrar sempre na Justiça comum, e como é que os campeonatos se decidiriam?

            Então, nesse sentido, eu faço esse apelo e faço este protesto contra a Juíza de Campina Grande, a Drª Ritaura Rodrigues Santana, e dizer que da nossa parte ela terá que responder no Conselho Nacional de Justiça por suas atitudes que estão causando grandes prejuízos para a Confederação Brasileira de Futebol, para os 20 clubes integrantes do Campeonato Brasileiro da Série C e também causando instabilidade na Série D, porque com essa posição hoje já se criou também uma dificuldade em relação à Série D, porque o Treze, que deveria estar na Série D, com essa sua pretensão de estar na Série C sem direito, criou um vácuo na Série D e, provavelmente, se ele tivesse que ser excluído, por exemplo, não podia nem estar na Série D.

            Então, a CBF tenta encontrar um jeito de acabar com o conflito trazendo o Treze, ainda que não tenha o direito, para jogar na Série C e, agora, ele não se dá por satisfeito e resolve retirar o Rio Branco que é o que tem direito.

            Então, sou um Senador da República, pelo Estado do Acre, represento aqui os interesses do Estado do Acre. Sei que posso contar com o Senador Petecão, pois ainda que sejamos de oposição, somos ambos defensores do Estado do Acre, com o Senador Jorge Viana, com quem falei há pouco e ele está completamente solidário com essa questão; falei com o Deputado Sibá Machado, falei com o Deputado Taumaturgo Lima, que é o nosso coordenador de bancada no Estado do Acre, e a gente vai fazer todo o movimento, que se fizer necessário, em defesa do futebol do acre. Não contra o futebol da Paraíba. Pelo contrário, só estamos defendendo o direito de o Rio Branco participar, que é um direito adquirido, um direito líquido e certo. Queremos que esse direito seja respeitado e esperamos que isso aconteça.

            O Rio Branco tem estreia marcada para domingo contra o Icasa em Juazeiro do Norte. A Juíza Ritaura Rodrigues Santana já sentenciou que o Rio Branco não pode entrar em campo. Se entrar, disse que vai pagar R$200 mil de multa por dia. Olha só o absurdo!

            Queremos que essa decisão seja revista. Imagino que o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba reveja essa posição e garanta o direito líquido e certo do Rio Branco entrar em campo no próximo domingo.

            Com relação à Srª Juíza Ritaura, quero já adiantar que ela vai ter de responder às instâncias apropriadas por essas suas atitudes que transgridem completamente o direito desportivo nacional e até mesmo o direito comum, que está contido no Código de Processo Civil e na própria Constituição. Ela se sobrepôs ao Superior Tribunal de Justiça, porque tomou decisão que não compete a ela, mas, sim, ao Superior Tribunal de Justiça - STJ. E ela vai ter que responder no Conselho Nacional de Justiça por essas suas transgressões à legislação brasileira.

            Era isso que tinha a dizer, Srª Presidente.

            Agradeço muito pela atenção.

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco/PP - RS) - Senador Anibal Diniz, fico extremamente confortada com a abordagem de um tema, porque, às vezes, o telespectador não aficionado por futebol ou desinformado sobre a relevância do futebol para a economia brasileira, para as questões trabalhistas, para a questão do próprio esporte, porque é um complexo, uma indústria. Desde o cuidador da grama do estádio até o jogador...

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - O vendedor de pipoca na frente do estádio.

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco/PP - RS) - O vendedor de pipoca ao redor do estádio, passando pelas estrelas que compõem a alegria do torcedor. É um setor que temos que, cada vez mais, buscar o profissionalismo, a organização adequada dos clubes, agora já em uma situação melhor, temos a Lei Pelé.

            Ontem, falávamos na Comissão de Relações Exteriores sobre esses aspectos. Estou solidária com V. Exª pelo relato que acaba de fazer, defendendo uma instituição que é do seu Estado.

            Os times de futebol nos Estados são instituições dos Estados. Como V. Exª se referiu, no meu Estado, o Rio Grande do Sul, o Internacional e o Grêmio também são instituições que representam o Estado. Em Caxias do Sul, que é uma cidade muito importante no setor industrial, tem dois times também importantes: Juventude e Caxias.

            E quando nós aqui, os três Senadores do Rio Grande do Sul, Paulo Paim, Pedro Simon e eu, defendemos o interesse do jogador Oscar, que estava numa disputa - o senhor que gosta de futebol sabe - com o São Paulo, nós viemos à tribuna porque era um interesse, como o senhor está fazendo pelo direito da Série C do Rio Branco Futebol Clube, em relação ao Treze da Paraíba. É essa a questão: é uma questão institucional que foge à questão partidária ou qualquer outra, mas é nesse sentido de defender o interesse. Casualmente, Oscar e Damião foram convocados pelo Mano Menezes, outro treinador gaúcho. Esperamos que Mano Menezes, com essa seleção com muitos jogadores importados de times que estão jogando no exterior, brasileiros fora do Brasil, mostre exatamente a força do futebol. E que o Mano Menezes tenha, como o Tite, o sucesso no próximo desafio que temos da seleção.

            Ontem o Jornal Nacional mostrou a Fifa trazendo uma tecnologia nova: um chip colocado na bola para eliminar as dúvidas sobre a entrada ou não da bola na linha de gol. Veja aonde chega o futebol.

            Tudo isso compõe esse complexo do setor. Então nós, lá do Rio Grande do Sul, entramos também como V. Exª, fizemos uma grande audiência pública promovida pelo Senador Paulo Davim, do Rio Grande do Norte, preocupados com a distribuição dos patrocínios dos clubes da Série B e da Série C. Estavam presentes o Presidente da Federação de Futebol do Nordeste, o Presidente do Bahia Futebol Clube, que é um clube de grande organização também, assim como o Corinthians, e também os representantes da TV Globo e da Bandeirantes que são as emissoras que transmitem o campeonato brasileiro.

            Chegou-se à conclusão de que é preciso, nos Estados, pegar as estatais, que patrocinam os grandes clubes, e também darem uma contribuição para o desenvolvimento, como é o caso do Rio Branco, aos demais times, ou a Paissandu e Remo no Pará e tantos outros.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Aos pequenos clubes...

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco/PP - RS) - No Rio Grande do Sul, apenas para encerrar, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, que é um banco estatal, patrocina, e já é tradição, a dupla Grenal: o Internacional e o Grêmio. O cliente do banco recebe um talão de cheque. Se ele é colorado recebe o talão de cheque do internacional, e o cartãozinho se é do Grêmio, apenas como referência.

            Queria também saudar os nossos técnicos, não só o Tite, o Mano Menezes também, o Celso Roth, o Felipão, o Paulo César Carpegiani, o Dunga e também o Falcão, que é um catarinense, mas mais gaúcho que catarinense.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Faço minhas suas palavras e me congratulo com esse povo gaúcho, com o qual temos uma relação de profundo respeito, porque devemos ao gaúcho José Plácido de Castro a nossa incorporação ao Brasil como Estado do Acre. Nosso território foi conquistado a partir da ajuda de um gaúcho.

            Quero cumprimentar esses técnicos gaúchos que têm revolucionado o futebol nacional e têm dado uma grande contribuição.

            E espero que a participação do Mano Menezes, em 2014, seja confirmada até lá como técnico da seleção e que, se Deus quiser, possamos conquistar mais um campeonato mundial no Brasil, tendo um gaúcho na condução de nossa seleção.

            Muito obrigado por suas palavras de solidariedade e, caso precisemos do movimento de mais Senadores aqui, tenho certeza, por se tratar de uma causa justa, de que vou poder contar com a solidariedade de Senadores de diferentes Estados, de diferentes partidos, para fazer valer a justiça desportiva e para reafirmarmos que o futebol tem de se resolver dentro de campo e não através de decisões liminares e injustas que não levem em conta os resultados conquistados em campo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/07/2012 - Página 32880