Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à nova diretoria da CUT pela organização de manifestações públicas em defesa dos réus do “Mensalão”.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Críticas à nova diretoria da CUT pela organização de manifestações públicas em defesa dos réus do “Mensalão”.
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2012 - Página 33220
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), MOTIVO, ANUNCIO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, DEFESA, MEMBROS, REU, PARTICIPAÇÃO, PAGAMENTO, PROPINA, MESADA, CONGRESSISTA, NECESSIDADE, ENTIDADE, RETORNO, LUTA, MELHORAMENTO, VIDA, TRABALHADOR, PAIS.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nós estamos assistindo a eleição e a posse da nova direção da CUT, entidade muito importante e que exerceu um papel principalmente muito importante inclusive na época da ditadura. Um papel de luta, de avanço. Depois se identificou com o PT, na época em que o PT era o grande partido da oposição.

            Agora temos a nova diretoria da CUT. Eu tenho tido um pouco de restrições a alguns movimentos sociais, sou sincero. A CUT e a UNE são alguns deles.

            Eu fui dirigente da UNE, um apaixonado pela UNE, acompanhei todo o trabalho da UNE. Eu me nego a aceitar que a UNE seja uma entidade que tenha como objetivo a construção de uma sede a mais espetacular do mundo, a defesa dos gays e a meia passagem. São bandeiras, não estou discutindo, mas do resto a UNE não fala. Ela não discute, ela não está em lugar nenhum.

            E a CUT? O que está nos jornais de hoje sobre a CUT é uma coisa impressionante. Nós sabemos que a situação ficou muito delicada. Não há dúvida nenhuma de que o ideal não era votar o mensalão num mês de eleição. Não era o ideal! Quanto a isso ninguém discute.

            E vamos até fazer justiça. Aqui, no Congresso, os Parlamentares, a classe política está olhando isso com muito cuidado. É um problema do Supremo, está lá no Supremo, o Supremo vai decidir.

            Então, vem a CUT e, em primeiro lugar, exige um julgamento imparcial. A maior central do País, a CUT, exige: “o julgamento em agosto não pode ser um julgamento político”. Tem razão. Tem razão a CUT! O julgamento não pode ser um julgamento político, mas daí a CUT ameaçar sair ás ruas para defender os réus do mensalão? Mas o que é isso?

            Eu acharia um absurdo e seria o primeiro a lamentar e a protestar se, de repente, aparecesse gente que fosse para as ruas defender que os nomes do mensalão têm que ser condenados. Absurdo!

            Quando a CUT fala que o julgamento do Supremo tem que ser imparcial, tem que ser jurídico, ela está certa. Quando ela vai para a rua defender os réus do mensalão para serem absolvidos, é uma incongruência. Não tem lógica; não tem raciocínio; não tem compreensão.

            O novo Presidente da CUT, Vagner Freitas, diz que pode levar ás ruas a força da maior central sindical do País para defender os réus do mensalão que começarão a ser julgados pelo Supremo Federal em agosto. E, depois, diz: “Não pode ser um julgamento político”. Se isso ocorrer, iremos também para a rua.

            Eu me lembro que, em 2005, quando o mensalão veio à tona, a CUT reuniu dez pessoas em Brasília para uma manifestação em defesa do Governo Lula. Um movimento organizado logo depois da queda do Ministro José Dirceu. No ano passado, foi uma plenária da CUT em Guarulhos, na grande São Paulo, que o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, lançou uma campanha para mobilizar militantes em sua defesa, dele, Delúbio. O Delúbio também foi dirigente da CUT antes de cuidar das finanças do PT. Foi expulso do partido no auge do escândalo; agora, foi reintegrado.

            Começa mal a nova direção da CUT. Vai às ruas também a CUT exigir aumentos de salário. E a Dilma, aqui, mostra-se numa posição que merece respeito, inflexível até com os grevistas, mandando cortar ponto. E Dilma aceita enfrentar a pressão da CUT.

            Todos nós sabemos a situação difícil que ocorre no mundo e todos nós sabemos, hoje, que a questão interna do Brasil não é uma questão apenas interna do Brasil; é uma situação em que a crise mundial influencia a economia do Brasil. E nós temos que lutar nesse desafio. E a CUT, que foi governista durante os oito anos do Lula, inflexível a favor do Governo, em qualquer circunstância, não pode agora querer criar esse tipo de situação e esse tipo de crise para o nosso Governo.

            Muito delicado esse julgamento do Supremo Tribunal. As revistas, os jornais, a imprensa fazem a análise com relação a determinados Ministros, invocando até que um deles deveria pedir para se afastar do julgamento por questões de foro íntimo. Eu não sei; eu confio muito nesse julgamento. Eu confio porque acho que, a partir dele, quando terminarem com a impunidade, será o início de um país no qual vamos começar uma nova caminhada.

            É impressionante como fizemos um movimento que derrotou a ditadura, terminou com a violência, com a tortura, com tudo o que se pode imaginar. Mas parece até - e não gosto de dizer isso - que algumas vezes a imprensa comenta: “mas na época da ditadura era mais sério, não tinha tanta corrupção”. Tinha, só não era publicado. Mas, às vezes, parece que agora tem mais. Sinceramente ao que me parece, assim olhando, que agora tem mais. Exatamente porque a impunidade hoje é absoluta, é total!

            Por isso, esse julgamento é importante. Por isso, quarta-feira nós vamos vier uma hora muito importante nesta Casa, triste, dolorosa, mas importante.

            Creio que estamos a viver um momento novo na sociedade brasileira...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - (...) Eu creio.

            Há uma certa interrogação em relação a Dilma e Lula. Até que ponto eles estão juntos e até que ponto um olha para o outro. Eu não acho felizes as análises que estão sendo feitas de que o Lula já estaria pensando em ser candidato à Presidência e que a Srª Dilma estaria vendo isso como uma interrogação.

            Acho que o natural é a reeleição da Dilma, a candidatura dela. Mas acho que são duas as questões: Deus me perdoe, em primeiro lugar a saúde dos dois. Qual dos dois estará inteirinho, com a saúde integral? Em segundo lugar, qual dos dois será a melhor oportunidade?

            Na minha opinião, acho que temos que dar força para a Presidente Dilma. Eu acho correta a posição do Congresso, qual seja, a de que há um entendimento, de certa forma, no sentido de torcer para que a Dilma dê certo. É por isso que a CUT se dará muito mal. A CUT se dará muito mal se for paras as ruas para fazer uma movimentação, para uma agitação em torno do tema salários. Importante, necessário, não estou dizendo que não é importante, mas estamos vivendo sessenta dias da crise mundial e nacional, e o cuidado é necessário.

            Quando o Sr. Mantega anuncia os números e a situação que estamos vivendo, vemos que ela é muito séria. Quando se analisa a situação da nossa indústria, com a diminuição e o fechamento de setores tradicionais da nossa indústria...

(Interrupção do som.)

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - (...) e já encerro, Sr. Presidente.

            Nós temos a obrigação de encarar essa situação.

            Dias importantes viveremos aqui: na quarta-feira, o Senado decidirá por conta dele. Logo adiante, o Supremo dará a sua palavra sobre esse importantíssimo caso. E eu creio que nós teremos condições, Sr. Presidente, de darmos um avanço.

            Eu acredito. Por isso, meu amigo Presidente da CUT, o senhor não começou muito bem. Está assumindo com declarações muito infelizes. Mas não significa que V. Exª não possa dar uma continuidade positiva ao início da sua administração. Faça isso!

            A CUT tem causas extraordinárias para lutar a favor do trabalhador brasileiro. Faça isso, mas readquira a respeitabilidade e a credibilidade que a CUT sempre teve - que hoje não tem, mas que pode fazer por melhorar, e não por piorar, como está acontecendo neste momento.

            Agradeço pela tolerância em relação ao tempo, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2012 - Página 33220