Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar ao ex-Senador Ronaldo Cunha Lima, falecido no último sábado.

Autor
Vital do Rêgo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Vital do Rêgo Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar ao ex-Senador Ronaldo Cunha Lima, falecido no último sábado.
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2012 - Página 33226
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RONALDO CUNHA LIMA, EX SENADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. VITAL DO RÊGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Moka, Srªs e Srs. Senadores, eu iria falar em nome da Liderança do Bloco, mas permutei - e agradeço de pronto ao Senador Anibal Diniz - as nossas posições no elenco de oradores na tarde de hoje até para poder externar com mais tempo o sentimento que vem à tribuna neste momento.

            Já o fez o Senador bandeirante Aloysio Nunes, expressando a relação, a amizade longínqua, as experiências comuns, a convivência parlamentar que teve com o Senador Ronaldo Cunha Lima. Aloysio falou pelo PSDB também, como líder que o é, representando o seu partido nesta tarde. Certamente, outros falarão pelo PSDB, saudando, homenageando Ronaldo, estando mais próximos a Cássio, nosso Senador, nosso colega, neste momento de profunda dor e saudade. Nós, filhos, e eu posso dizer, bem próximos de uma dor que não se apaga em nenhum instante, essa dor que vivi há dois anos e que todo dia aumenta e não sara.

            Mas eu quero, em nome da Paraíba, ocupar esta tribuna para falar desses mesmos sentimentos, e interpretar, Srªs e Srs. Senadores, a emoção de irmãos paraibanos, que, no sábado, despediram-se do poeta - é assim que o chamávamos - Ronaldo Cunha Lima.

            Ex-Vereador, ex-Deputado Estadual, ex-Deputado Federal, ex-Prefeito de Campina Grande, ex-Governador da Paraíba e ex-Senador da República.

            Milhares, milhares de homens e mulheres de todas as idades foram às ruas de Campina Grande para fazer as últimas exéquias àquele que, sem dúvida alguma, construiu belíssimas páginas na história da política contemporânea do meu Estado.

            Ronaldo, o poeta, o advogado, o político, lutou bravamente contra complicações pulmonares e nos deixou, no último sábado, em seu apartamento, ao lado de Dona Glória, de Cássio e de seus outros filhos.

            A imprensa nacional, daí em diante, Senador Simon, registrou a sua importância, a imensa importância para o nosso Estado, narrando a sua trajetória de líder inconteste.

            Hoje, na condição de seu colega parlamentar, de seu amigo, mas também de histórico adversário que fui, venho falar sobre ele do alto da minha insuspeição, porque jamais vi um homem com tamanha capacidade criativa.

            Na rapidez com que ele falava, construía, ora com versos, ora com a dialética política, ora com o vernáculo mais rebuscado ou simplesmente com palavras bem próprias do povo, aquilo que seus liderados iriam ouvir, encantar-se e acompanhá-lo nas contendas políticas de Campina Grande e na Paraíba.

            Assim era Ronaldo.

            De vendedor de jornal e garçom, o filho de Dona Nenzinha chegou a Governar a Paraíba e ser seu representante no Senado da República. Sua carreira foi, sem dúvida alguma, marcada por vitórias e grande embates, mas também conheceu o lado escuro da ditadura militar, essa que reduziu, por força o AI-5, toda uma geração de jovens homens públicos brasileiros.

            Não posso falar de Ronaldo sem lembrar o mais histórico adversário e, com certeza, ao final da vida, o mais próximo ou um dos mais próximos amigos, o meu pai, Vital do Rêgo. Dos embates pela Prefeitura de Campina, 1968 e 1982, ou nos tribunais do júri, o que fascinava entre eles era a cultura. Ambos e outros tantos foram vítimas do AI-5, cassados na mesma época, quase ao mesmo tempo, quase na mesma lista. Para eles e para homens daquela geração - neste momento, reverencio figuras que marcaram essa geração, como Raimundo Asfora, Sílvio Porto, Osmar de Aquino -, fazer política era uma festa cívica permanente.

            Há dois anos, eu perdi meu pai. Sábado, a Paraíba deixou de ter Ronaldo na sua convivência diária.

            Certamente, a sua passagem e a grandiosidade da sua obra, no campo político ou no campo literário, serão imortalizadas por todos aqueles que admiraram o grande poeta e homem público.

            À Dona Glória Cunha Lima, marcante esposa - 53 anos como companheira inseparável - e mãe, o meu fraterno abraço. Pude trocar com ela algumas experiências dolorosas, na última quinta-feira. Desci no Aeroporto Castro Pinto e visitei o poeta Ronaldo, em seu apartamento. Troquei algumas palavras e logo o deixei. Fui conversar com a Dona Glória e vi sua imensa força espiritual e a fé inabalável que ela carregava. Meus fraternos sentimentos.

            Ao colega Senador Cássio Cunha Lima, que carrega, desde jovem, a marca da extensão política de Ronaldo na vida pública e que honra essa bela história, o meu abraço.

            À Savigny Cunha Lima, a Ronaldo Cunha Lima Filho e à Glauce Cunha Lima, os meus mais sinceros pêsames.

            Que esta palavra de hoje seja o retrato em preto e branco do que eu vi, li e senti da comoção da Paraíba com o falecimento do poeta Ronaldo.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2012 - Página 33226