O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Moka, eu pretendo, posteriormente, no decorrer desta sessão, falar de jabuticaba, uma mirtácea nativa da Mata Atlântica brasileira.

            No Brasil, sabemos que a jabuticaba é autóctone, é exclusivamente brasileira, não dá em outro lugar do mundo. Como também diploma de jornalista é outra jabuticaba; justiça eleitoral é uma jabuticaba diferenciada, apenas como exemplo.

            Eu ouvi no plenário hoje alguns pronunciamentos liberais que me revelaram o liberalismo jabuticaba. É um liberalismo à moda brasileira, o mesmo liberalismo que aplaudiu a queda do João Goulart, o liberalismo que tentou cassar o Lula, no início do seu mandato, e a respeito da queda do Presidente Lugo no Paraguai.

            O art. 17 da Constituição paraguaia garante que não pode surgir nenhuma pena ou nenhuma sanção para ninguém no Paraguai, do Presidente da República ao infrator de trânsito, julgamento prévio, sem que o acusado disponha das cópias, meios e prazos indispensáveis para apresentação da sua defesa, e que possa oferecer, praticar e controlar e impugnar provas.

            E o Decreto nº 6.704, da Presidência da República do Paraguai, em seus arts. 17 e 20, oferece 10 dias de prazo para a oferta de provas de defesa em audiência e 5 dias de prazo para recurso de reconsideração de procedimento à aplicação de uma simples multa de trânsito.

            Mas o liberalismo jabuticaba, exercitado por alguns Parlamentares brasileiros e pela nossa mídia, resolveu fazer tábula rasa desses procedimentos indispensáveis para uma comunicação.

            E eles abundam na mídia e têm frequentado agora, como no discurso do Senador Alvaro Dias, o plenário do Senado.

            Eu pretendo, durante o meu horário, Senador Moka, fazer um discurso sobre o liberalismo jabuticaba no Brasil, ao longo da História, desde os jabuticabas da abolição da escravatura, incluindo o famoso Joaquim Nabuco. Mas isso é para depois.

            No momento, agora, na verdade, quero fazer uma denúncia, uma revelação à Mesa. Sou Presidente do Parlasul, e como todos os representantes do Parlasul, eu tenho direito a uma passagem para a nossa Assembleia, no Uruguai, em Montevidéu. Eu requisitei essa passagem. E esta passagem foi retirada pela agência do Senado por R$3.414,00.

            Na última hora, eu resolvi que não queria ir desacompanhado e perguntei a minha mulher se ela queria me acompanhar na viagem. Ela concordou, e eu mandei a minha agência em Curitiba tirar uma passagem no mesmo dia, no mesmo avião, nos mesmos trechos.

            Essa passagem, Sr. Presidente, foi tirada, e não custou R$3.414,00 e, sim, R$1.654,00, sem pedir nenhum favor, retirada diretamente pela agência na Internet, sem nenhuma oferta especial ou promoção.

            O que significa que a agência do Senado Federal pagou pela minha passagem mais do que o dobro do preço que qualquer cidadão pagaria pela passagem que retirasse na Internet ou por meio de uma agência qualquer.

            Eu quero encaminhar à Mesa a cópia das reservas do Senado e a cópia da reserva da minha agência para que a Mesa tome uma providência. Não é a primeira vez que isso acontece. Nós estamos pagando mais do que o dobro do que qualquer pessoa pagaria e, ao mesmo tempo, nos contam dez litros de gasolina por dia. Só essa diferença aqui cobre dois meses de gasolina de um Senador qualquer.

            Então, eu espero que a Mesa tome uma providência, e a providência correta era de uma vez por todas acabar com esta agência que cobra o dobro por uma passagem que qualquer pessoa tira pela metade.

(Interrupção do som.)

            O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB - PR) - O mais sobre as jabuticabas e os liberais jabuticabas do Senado e da mídia eu pretendo me referir mais tarde, depois da Hora do Expediente, quando tiver a oportunidade de usar a palavra nos tradicionais 20 minutos, tal qual eu espero a tolerância, porque estou com o discurso histórico e pode ultrapassar um pouco esse tempo.

            Muito obrigado, e quero entregar à Mesa, para que seja levado ao conhecimento da 1ª Secretaria e do Presidente Sarney e da Vice-Presidente, Marta Suplicy, como V. Exª quiser, porque ficou difícil para mim tolerar e calar diante deste absurdo, absurdo feito com o dinheiro público.

            O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/PMDB - MS) - Senador Roberto Requião, quero tomar para mim a responsabilidade de, na primeira reunião da Mesa, que, creio, possivelmente ocorrerá esta semana, transcrever a denúncia que V. Exª faz aqui e exigir providências da Mesa.

            O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB - PR) - Os documentos estão sendo levados à Mesa pela minha Assessoria.