O SR. PAULO DAVIM (Bloco/PV - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje o Brasil amanheceu mais pobre ou mais empobrecido e o Rio Grande do Norte amanheceu triste. Faleceu na noite de ontem o potiguar, lá de Acari, uma pequena cidade do Seridó, o Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales. Homem que viveu 91 Anos, dos quais dedicou sessenta anos ao sacerdócio.

            Ainda em 1962, quando era padre em Natal. Dom Eugênio Sales foi responsável pela 1ª Campanha da Fraternidade. Em 1964, portanto dois anos depois, foi oficializada para todo o Brasil a Campanha da Fraternidade.

            Dom Eugênio Sales deixou uma obra inconteste, magnífica, um grande exemplo de sacerdote, de homem, de brasileiro. Criou aproximadamente sessenta igrejas; ordenou 215 sacerdotes e cerca de 20 bispos foram sagrados por ele.

            Ingressou no Seminário Menor em 1936 e foi ordenado sacerdote em 1943.

            No dia 13 de março de 1971, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro por Sua Santidade o Papa Paulo VI. Permaneceu no cargo até o ano de 2001, quando se tornou Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro.

            Dom Eugênio Sales era, sobretudo, um humanista. Foi Dom Eugênio Sales que criou várias pastorais, como, por exemplo, a Pastoral do Trabalhador, a Pastoral das Favelas, a Pastoral das Domésticas, a Pastoral da Cultura e Meio Ambiente, a Pastoral da Saúde, a Pastoral Penal, a Pastoral do Anônimo, a Pastoral Universitária, entre muitas outras.

            Dom Eugênio Sales também esteve presente quando foi criada a primeira Regional da CNBB, instalada em Natal, Rio Grande do Norte, que teve como seu primeiro coordenador o Padre Eugênio Sales.

            Certa vez perguntaram a Dom Eugênio se ele era progressista ou conservador. Dom Eugênio Sales respondeu que nunca havia pensado em ser progressista ou conservador. Ele disse que ele tinha que ser o que ele era, um mero pregador e divulgador do Evangelho.

            A trajetória de Dom Eugênio Sales está atrelada à história cristã e também política do nosso País. Muitas vezes chegou a contrariar os ditames do regime militar, visitando presídios onde celebrava missas e, no início do século XXI, em uma entrevista, revelou que, entre meados dos anos 70 e início dos anos 80, desenvolveu um trabalho que chegou a proteger cinco mil refugiados políticos de toda a América Latina.

            Sr. Presidente, o Brasil, portanto, perde um filho dileto, ciente de sua função clerical e social. E o meu Estado, o Rio Grande do Norte, perde um filho legítimo, já que Dom Eugênio Sales era natural da pequena, mas aconchegante, cidade de Acari.

            Acari, lá da região do Seridó, lá do semiárido, entre outras coisas daquela terra quente do semiárido do Seridó potiguar, também deu ao Brasil o gênio, o brasileiro, o cívico, o santo Dom Eugênio Sales.

            Era só, Sr. Presidente.