Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao atual governo do Estado de Rondônia.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE RONDONIA (RO), GOVERNO ESTADUAL. ELEIÇÕES.:
  • Críticas ao atual governo do Estado de Rondônia.
Publicação
Publicação no DSF de 11/07/2012 - Página 35292
Assunto
Outros > ESTADO DE RONDONIA (RO), GOVERNO ESTADUAL. ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANALISE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), PRECARIEDADE, RODOVIA, NECESSIDADE, AGILIZAÇÃO, RECONSTRUÇÃO, TRECHO, LIGAÇÃO, MUNICIPIO, VILHENA (RO), PORTO VELHO (RO), JI-PARANA (RO), CRIAÇÃO, PONTE, CONEXÃO, ESTADO DO ACRE (AC), CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, INCOMPETENCIA, GESTÃO, REFERENCIA, CORTE, GRATIFICAÇÃO, SALARIO, ATRASO, PAGAMENTO, EMPRESA, FORNECIMENTO, MATERIAL, RENUNCIA, PREFEITO, DIVIDA, CONVENIO, REGISTRO, IMPORTANCIA, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL.
  • ELOGIO, CANDIDATO, PREFEITURA, MUNICIPIO, PORTO VELHO (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), IMPORTANCIA, ELEITOR, PESQUISA, QUALIDADE.

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com alegria que mais uma vez uso a tribuna desta Casa. Mas também, ao mesmo tempo, é com tristeza que venho aqui, especialmente, para levantar as situações graves que o Estado de Rondônia ainda vive e enfrenta. Alguns desses fatos são por incompetência; outros são, infelizmente, por falta de seriedade.

            A exemplo disso, quero também parabenizar os Deputados que fazem parte da Comissão de Fiscalização, comandada pelo Deputado Carlos Magno, que vai estar na próxima quinta-feira, no Estado de Rondônia, a nossa casa, para, juntos com os demais Deputados, fiscalizarmos, verificarmos a situação que hoje enfrenta a BR-429, Sr. Presidente, a BR que interliga a cidade de Presidente Médici à cidade de Costa Marques.

            Há um trecho comprometido porque, infelizmente, a corrupção atingiu a construção prejudicando a conclusão dessas obras tão importantes para o Vale do Guaporé. Sem contar a necessidade que nós temos, urgente, de duplicação e de restauração da BR-364, interligando a cidade de Vilhena a Porto Velho. Da mesma maneira, enfrentamos, todos os anos, a falta de uma ponte sobre o rio Madeira para interligar o nosso Estado de Rondônia com o Estado do Acre e a Transoceânica. Infelizmente, vivemos hoje esse problema com a interligação com todos os países andinos. Ao mesmo tempo, a Bolívia, que é um país pobre, com rios imensos, concluiu as obras fundamentais para a interligação do Oceano Atlântico e do Oceano Pacífico. No lado brasileiro, infelizmente, ainda impera a incompetência, a falta de seriedade e de ação.

            Não é diferente, Sr. Presidente, com a BR-425. Estive há poucos dias na cidade do meu amigo e candidato a Prefeito de Pérola do Mamoré, Miguel Sena, passando por Nova Mamoré. É uma estrada que essa empresa de malas, essa empresa que está aí todo dia nos jornais, comandada não só por Cachoeira, mas por cataratas, infelizmente pegou. A obra foi paralisada no meio do caminho, parou bem antes das denúncias. E a população se encontra lá com uma estrada em frangalhos.

            Temos a obrigação e o dever, aqui nesta Casa, de cobrar ações mais rápidas, resultados mais imediatos. Precisamos da conclusão urgente da BR-364, especialmente na cidade de Ji-Paraná, nas marginais que estão sendo feitas. Já foi dada a ordem de serviço. É uma ação da Bancada federal, dos três Senadores e também dos oito Deputados Federais. Assim, o compromisso que temos com Rondônia e com o Brasil.

            Temos divergências políticas, como qualquer político tem numa questão partidária, mas temos que ser inteligentes quando trabalhamos em prol de levar recurso para a nossa região. E mais uma vez, hoje, a cidade de Ji-Paraná está sendo contemplada, e queremos agradecer ao Ministro dos Transportes, ao Diretor-Geral do Dnit, nosso general, por já terem dado a ordem de serviço. Ao mesmo tempo, queremos a conclusão urgente do trecho que interliga a cidade de Vilhena a Ouro Preto, que está em fase de licitação.

            Ao mesmo tempo, quando falo de tantas obras, vejam que momento triste vive o meu Estado de Rondônia, ou melhor, amigos e amigas de Rondônia que nos assistem e nos acompanham pela TV Senado e pela Rádio, que situação triste implantaram nesta nova Rondônia, em nosso Estado! Que situação de pesadelo! Em 2010, já alertava a população para que tomasse cuidado, porque, quando as promessas, são muitas; temos que desconfiar até de quem quer fazer as mágicas.

            Infelizmente, nessa expectativa de busca de dias melhores, criou-se, no meio de nossos eleitores, a expectativa de mudança; a expectativa de que, naquele momento, o Senador Ivo Cassol era duro; a expectativa de que, na época, o Governador Ivo Cassol era firme, mas tinha gestão e controle.

            O Estado de Rondônia teve um governo com começo, meio e fim. O Estado de Rondônia, na minha gestão, por dois mandatos, Senador Casildo, teve comando. No nosso Estado, criou-se a expectativa dessa nova Rondônia e pegaram o Estado enxuto, pegaram o caixa em dia, o DER com mais de 500 máquinas, equipamentos e viaturas e levaram toda essa estrutura para um buraco negro.

            Hoje, infelizmente, esses mesmos servidores, na expectativa de dias melhores do que já estava bom, hoje estão percebendo o erro que cometeram. Sei que há muitos que estão até envergonhados de admitir isso. Mas quero deixar bem claro para todos os eleitores do Brasil que errar é humano. Quem é o ser humano que não erra? Agora, burrice é insistir no erro. E temos muitas pessoas humildes, pessoas simples, independente do cargo que ocupam, que admitem o erro todos os dias e pessoas que vêm e dizem para mim o seguinte: “Senador Cassol, nós éramos felizes e não sabíamos”.

            Eu estava, no último sábado, na cidade de Vilhena, numa das maiores feiras agropecuárias da região amazônica. Quero parabenizar a comissão organizadora, em nome do Agostinho Pastore, do ex-Presidente Ilário Bodanese, pela festa extraordinária. Eu andava pelo parque de exposição vendo a alegria daquele povo em cumprimentar o Senador Ivo Cassol, ex-Governador. E falavam da maneira em que se encontra o Estado. Não foi diferente quando eu passei por Ji-Paraná, por Ariquemes, em Porto Velho, no último domingo e na última segunda-feira. Mas o pior de tudo ainda, Sr. Presidente, está para vir, o pior de tudo ainda não chegou.

            Nesta semana, poucos dias atrás, o Governo do Estado baixou um decreto cortando todas as gratificações do salário em si, obrigatório, por 120 dias, para poder regularizar a folha de pagamento do Estado.

            Sr. Presidente, foram oito anos de Governo Ivo Cassol, de 2003 a 2010. Peguei folha de pagamento atrasada na época da gestão do PMDB. Peguei folha de pagamento atrasada na época do Governo do PFL. Assumi o Estado e não havia uma máquina para arrumar um careador. Não tinha como escoar um produto agrícola porque não existia estrada.

            A nossa polícia militar não tinha uma viatura para rodar. Hoje, infelizmente, a situação que criaram no Estado de Rondônia está tão crítica que, de um lado, estão priorizando o pagamento dos servidores, o que está correto, mas, por outro lado, estão sacrificando fornecedores. O pagamento aos fornecedores já está atrasado há cinco, seis meses, como se esses prestadores de serviço não tivessem família, como se esses prestadores de serviço não tivessem empregados, como se essas empresas que prestam serviços para o Estado não tivessem compromissos sociais ou compromissos do dia a dia para poder continuar mantendo sua empresa.

            Infelizmente o descrédito pegou nos quatro cantos da cidade.

            Eu dizia da bolha que a usina ia viver, que os empregos são passageiros. E as usinas ainda estão em pleno desenvolvimento, em construção. Ainda não há crise das usinas. A crise das usinas vai se aproximar no ano que vem. Não adianta ninguém, nenhum político vir aqui dizer que a crise é mundial. No nosso Estado, a crise é da incompetência. No nosso Estado, a crise é daqueles para quem falta seriedade com a gestão pública. No nosso Estado, a crise que está para frente e a que já estamos vivendo é a crise de falta de gestão, a crise de falta de patrão, a crise em que cada um da gestão pública, da administração do Estado faz por conta.

            Ao mesmo tempo, nós estamos assistindo, todo dia e toda hora, ao estímulo que as pessoas tinham deixar ser levado rio abaixo. Eu quero pedir aqui para a população do nosso Estado que não desista. Fique firme e permaneça de pé. Aqueles que achavam que o Senador Ivo Cassol, quando estava no Governo, era duro hoje perceberam que, dentro de uma empresa, dentro de uma instituição pública, dentro de uma casa, onde um pai tem mais de 10 filhos, é preciso haver administração, controle, sob pena de virar a casa de ponta cabeça. Este preço nós estamos pagando muito caro em nosso Estado.

            Chegou ao cúmulo, Sr. Presidente, de, na semana passada, o Secretário de Estado reunir os Prefeitos que tinham convênio de restos a pagar do ano passado e dizer que estava suspenso, que tinha sido cancelado. O desespero bateu em vários pré-candidatos a prefeitos, que muitos nem candidatos saíram, como é o caso do prefeito de Alta Floresta e de outras cidades do nosso Estado.

            Depois de muita insistência, o Governo do Estado, o governador, manteve os convênios, mas manteve o convênio quem tinha R$1 milhão e pagou R$20 mil. Quem não tem hoje para pagar R$1 milhão e dá R$20 mil não vai ter R$980 mil para pagar daqui a 90 dias!

            E não é a crise mundial, não é a crise nacional; é a crise de falta de gerência, de falta de competência.

            Hoje, de um lado, fico feliz com o fato de as pessoas reconhecerem o trabalho que fiz à frente do nosso Estado, à frente do Município Rolim de Moura. Mas eu não queria de maneira nenhuma que fosse a esse preço. Eu não queria que fosse dessa maneira.

            É por isso que conclamo os candidatos a prefeito do Brasil, os candidatos a prefeitos do meu Estado a não participar de eleições simplesmente para ganhar dos adversários. Eu não faço isso. Eu quero ganhar com qualidade, com competência, com eficiência, a exemplo do nosso candidato de Porto Velho.

            Porto Velho, a nossa capital, infelizmente está destroçada, foi estuprada sem direito a fazer o BO, com o dinheiro das usinas de rolo, com recurso federal de “caminhonada”. Infelizmente, todas as obras estão inacabadas, paralisadas, e alguns estão enriquecendo, mas o povo está na miséria.

            Lá nós também temos candidato a prefeito, que é um grande empreendedor, um cara firme, um cara duro, que não nasceu em berço de ouro. É o Mário Português, um guerreiro. Empresário que deixa sua empresa para ser candidato a prefeito, na atual situação, em que o Ministério Público é que dá as ordens dentro da Prefeitura, não é fácil.

            Parabéns ao meu irmão, que saiu lá em Rolim de Moura! Parabéns ao Mário Português, esse guerreiro, e ao vice dele, o grande amigo Genaro!

            Genaro foi meu secretário de Fazenda por oito anos. Por oito anos consecutivos, ele elevou a nossa receita para além do PIB nacional; era de 18% e chegou até a 30% de aumento da receita no nosso Estado. Hoje ele é o nosso candidato a vice-prefeito da capital.

            Nós não estamos disputando por querermos que o Mário Português ou o Genaro tenham um salário amanhã como prefeito e como vice-prefeito; ao contrário, eles não dependem do salário. Eles vão entrar com independência para poderem fazer as transformações como eu fiz como governador do Estado de Rondônia. É por isso que eles têm meu apoio.

            Todo mundo sabe que eu sou do Partido Progressista, mas todo mundo sabe que eu, acima de tudo, defendo as pessoas de bem, independentemente da cor partidária a que elas pertençam. Todo mundo sabe que carne de pescoço, nó cego e sem-vergonha também há em todos os partidos. E olha que o que existe de candidato mala por aí não é fácil! Muitas vezes, o nosso eleitor se deixa comover, deixa se levar por aquele instante, aquele momento que é feito na mídia e depois não adianta ficar chorando pelo leite derramado.

            E quantos baldes, infelizmente, acabam indo por terra? É essa gordura que nós não podemos deixar queimar, é a gordura desse leite que nós não podemos deixar ir por terra. É por isso que a cada um, em cada um dos nossos Municípios, nos quatro cantos desse rincão brasileiro e no meu Estado de Rondônia, eu conclamo os meus eleitores: verifiquem cada um, analisem cada um dos seus candidatos a prefeito, olhem para ele e vejam se ele tem pelo menos competência para administrar sua própria casa. Porque, no meu Estado, há candidato a prefeito que não sabe administrar o quintal dele, não sabe administrar o consultório dele, não sabe administrar a casa dele, não sabe administrar um sítio e quer administrar uma cidade de 400 mil habitantes, ou de 200 mil habitantes ou de 100 mil habitantes ou de 50 mil habitantes.

            E quem irá pagar o prejuízo dessa conta? Infelizmente, seremos nós. E não existe retorno. São quatro anos de pesadelo, são quatro anos de tristeza, são quatro anos de amargura. É assim!

            As pessoas me perguntam: “Cassol, quanto tempo passou deste atual governo?” Eu respondo: “Passou um ano e seis meses, só um ano e meio. Há mais dois anos e meio pela frente”. “E agora? O que vamos fazer?” Eu digo: “Aguenta! E aguenta firme, porque não existe outro caminho”.

            Agora, o que você, servidor público, e a população em geral podem fazer no meu Estado? Denunciar, quando há servidores, quando há pessoas utilizando do cargo público em benefício próprio.

            Sr. Presidente, pediria mais dois minutinhos antes de encerrar o meu tempo.

(Interrupção do som.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Recebi hoje, Sr. Presidente, uma denúncia de um servidor público do meu Estado, exatamente do Município de Cacoal, do hospital. Enquanto o Estado, o Governo fica cortando direitos dos servidores, coisa que nunca fiz, há muitos nomeados que ganham sem trabalhar, os chamados servidores fantasmas. O que há de assessor puxa-saco, assessor que não faz patavina - desculpe-me a expressão -, sangrando os cofres públicos, e não se toma providência. Isso é inaceitável!

            Portanto, se nós queremos melhorar ainda mais as condições do nosso Estado ou as condições dos Municípios dos que nos assistem ou do Brasil, só existe um caminho: não sermos coniventes com as coisas irregulares, não sermos coniventes com o que há de errado, quando há alguém se locupletando ou levando vantagem, quando, muitas vezes, faltam recursos para a população até para a compra de remédios e para atender a saúde básica em todas as regiões.

(Interrupção do som.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Por isso, Sr. Presidente, quero aqui deixar bem claro que, na gestão pública, precisávamos não só da peneira da eleição; nós tínhamos de ter, acima de tudo, os partidos políticos, uma peneira em que teríamos de brigar por qualidade, brigar por gestão de resultado. Muitas vezes, infelizmente, o eleitor se obriga a escolher o menos ruim.

            Agradeço esta oportunidade. Agradeço, mais uma vez, às senhoras, aos senhores e aos jovens que sempre vão à igreja ou que, mesmo em casa, sempre estão orando pelas autoridades, para que Deus continue nos abençoando, nos iluminando, dando saúde e paz. Do restante, nós corremos atrás.

            Um abraço e obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/07/2012 - Página 35292