O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, todos que nos acompanham no nosso País, ao cumprimentar V. Exa., Presidente Sérgio Souza, quero reafirmar a nossa satisfação e alegria em ouvir o resultado, assistir ao resultado e ver, já nas páginas dos vários sítios da Internet, o resultado do diálogo patrocinado entre a Presidente da Petrobras e a Governadora do Maranhão acerca da Refinaria Premium I. Mais especialmente, da reunião de hoje à tarde entre a Presidente Graça Foster, da Petrobras, e o Governador do Estado do Ceará, reafirmando o empenho da Petrobras em iniciar as obras da Refinaria Premium II. Isso significa um extraordinário investimento no Estado do Ceará, patrocinado pelo Governo Federal, através da mais importante empresa brasileira, que é a Petróleo Brasileiro S/A, a Petrobras.

            A Refinaria Premium II, que vai refinar 300 mil barris/dia, tem importância estratégica no projeto de desenvolvimento do meu Estado, o Estado do Ceará. É evidente que todos os cearenses estão satisfeitos, estão alegres com a notícia. E precisamos não comemorar, mas, sobretudo, trabalhar intensamente para tornar esse empreendimento um sucesso para o nosso Estado, para o Nordeste brasileiro e para o Brasil.

            A refinaria chega ao Ceará para responder às necessidades de um projeto nacional, é o nosso País, é a nossa integração sul-americana, é o crescimento da economia de forma distribuída pelo território nacional. Isso tem grande significado, tem grande impacto e vai se juntar a outros empreendimentos.

            Há poucos dias, estive com o Diretor de Gás da Petrobras, discutindo um projeto de aproveitamento do frio num projeto de regaseificação do GNL, que chega ao Porto de Pecém e que é regaseificado em um navio. Queremos ampliar esse projeto para não só ter o gás retornando do navio em forma de óleo como poder usar o gás no meu Estado em vários projetos, entre eles, o projeto da própria Refinaria. Queremos aproveitar o frio, queremos condicionar os produtos que são exportados pelo Porto de Pecém em condições mais adequadas. Ali exportamos flores, frutas, peixes e muitos outros produtos que precisam daquela refrigeração.

            A nossa reunião com o Diretor Alcides, da Petrobras, para tratar desse projeto foi uma reunião excelente. Significou a criação de uma estrutura que vai estudar o projeto do Ceará, que vai começando a mostrar o que significa você ter uma refinaria, pois, ao lado dela, já vai ter um projeto de aproveitamento do frio, que buscamos conquistar auxiliando o Governo do Estado do Ceará no seu propósito de fazer a nossa região se desenvolver e crescer ainda mais.

            Então, quero fazer esse registro que considero muito importante no dia de hoje, um dia triste para o Congresso Nacional, mas que tem muitas notícias alvissareiras para o Brasil e para o meu Estado, para o Estado do Ceará. Evidentemente que isso trará repercussão na minha cidade, na cidade de Fortaleza, porque, ao crescerem os investimentos do Porto do Pecém, isso impacta a nossa cidade de Fortaleza, pois a refinaria se constrói numa cidade vizinha à cidade de Fortaleza.

            Mas, Sr. Presidente, passo ao segundo ponto que quero destacar neste meu pronunciamento, neste final de dia no Senado Federal. O nosso Partido, o PCdoB, o Partido do socialismo, o Partido que almeja ampliar o espaço de crescimento do País, que defende o desenvolvimento, que tem buscado discutir com a nossa Presidenta, assim como fizemos com o Presidente Lula, desde quando formamos, em 1989, a Frente Brasil Popular, lá atrás, nós tínhamos como meta fazer o nosso País crescer, o nosso povo se erguer, ficar de cabeça erguida, criar condições para melhorar a educação, a formação profissional, o sistema de saúde, o combate e o enfrentamento à violência, às drogas, a defesa do meio ambiente. Todos esses projetos e proposições estavam inseridos no desejo de ter um projeto nacional arrojado, de que o nosso País tenha um lugar no mundo mais destacado.

            Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, para que esse projeto possa avançar ainda mais, como disse a nossa Presidenta, na sua campanha de 2010, continuar avançando, continuar para crescer mais, continuar para dar mais sustentabilidade ao nosso crescimento, foi nesse sentido que, em reunião da direção nacional do nosso Partido, o PCdoB, partido do socialismo, partido do desenvolvimento, partido da sustentabilidade econômica, partido ligado às lutas sociais do povo brasileiro, ao movimento sindical, ao movimento estudantil, à juventude, às mulheres, aos negros, partido dedicado a fazer o nosso País avançar, foi que decidimos, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, lançar mais de 220 candidatos a prefeituras no País.

            É a primeira grande experiência com essa largueza, com esse número de candidatos. Mas, mais que isso, pela primeira vez, nós vamos disputar as eleições em seis capitais, com candidatos que têm forte relação com as cidades. Não é à toa, não são inventados, não são laboratoriais. São candidatos de relações sociais, de relações fortes com as suas cidades. Alguns tiveram a oportunidade de ocupar a função de vereadores, como é o caso da nossa candidata em Florianópolis, Ângela Albino, ex-Vereadora de Florianópolis, Deputada Estadual, destacada Parlamentar que disputará a Prefeitura de Florianópolis.

            Também é o caso da Deputada, querida Manuela, que vai disputar a eleição em Porto Alegre. Manuela foi Vereadora, uma liderança estudantil, Diretora da UNE, grande capacidade política, formação política. Conhece a realidade de Porto Alegre, anda bairro a bairro, rua a rua. Conhece os problemas da comunidade. Vai disputar a eleição na cidade de Porto Alegre.

            Em Goiânia, vizinha nossa, uma destacada Parlamentar, Isaura, vai colocar o seu nome num teste muito importante, numa cidade muito importante do centro-oeste brasileiro. A cidade de Goiânia nas mãos, então, de um grande debate com quem conhece, com quem vive, com quem está no dia a dia. São lideranças testadas no meio do povo.

            Em Manaus, Sr. Presidente, vamos disputar a eleição numa junção de esforços, de lideranças fortíssimas daquele Município e daquele Estado, que alçaram a nossa camarada, lutadora e combativa - ex-Vereadora de Manaus, Deputada Federal, Senadora da República -, à condição de candidata naquele importante Município da Região Norte ligado a muitos países. Manaus está ligada a Caracas, Bogotá, a Lima, a La Paz, está próxima das Guianas, daquela região imensa do nosso continente sul-americano.

            Vamos disputar também, Sr. Presidente, as eleições com candidatos a vice em seis importantes capitais brasileiras. Em São Paulo, estaremos apoiando a candidatura de Haddad, ex-Ministro da Educação, com um papel destacadíssimo e extraordinário ali, e de Nádia Campeão, uma mulher dedicada àquela cidade, vivendo tantos anos os seus problemas - foi ali secretária da nossa companheira Deputada Erundina -, será Vice de Haddad.

            No Acre, vamos ser Vice da candidatura do Partido dos Trabalhadores.

            Em Recife, Luciano Siqueira, que já foi Vice de João Paulo durante seus dois mandatos, vai ser Vice na chapa do PSB.

            Em Belém, haverá uma experiência muito importante para nós, do PC do B, e tenho certeza de que também para as legendas que estão nos acompanhando naquela chapa de Edmilson Rodrigues, que é candidato pelo PSOL e tem como Vice o nosso companheiro Panzera, que vai discutir os problemas da cidade ao lado de um ex-Prefeito que teve dois mandatos destacadíssimos. É uma chapa do PSOL com o PCdoB e com o apoio do PSTU. É uma experiência muito rica que nós vamos realizar na cidade de Belém.

            Em Teresina, vamos ter o Vice na chapa do PSB.

            Em Salvador, vamos apoiar a chapa do Partido dos Trabalhadores. Olha, é um passo que deixa o Rubicão para trás. Com isso, o PCdoB atravessa o Rubicão.

            Nós passamos de uma fase em que só pensávamos eleger deputados federais, estaduais, vereadores, senadores. Passamos a disputar a eleição em cidades de grande porte, de grande dimensão, e que podem ter um papel destacado na vida política do Brasil. É este o nosso propósito: queremos governar pensando nas nossas cidades, nos seus problemas, no problema da mobilidade urbana, do transporte de massa, do trem, do metrô, que é a nossa defesa, em um transporte público de grande qualidade para o povo, na saúde pública, em que temos de colocar a nossa competência e a nossa compreensão. Temos de ter governos de competência que façam o que nós estamos fazendo com os nossos Secretários de Saúde no Ceará. Colocamos dois Secretários de Saúde, meu caro médico Jayme Campos, ex-Governador, ex-Prefeito, ex-quase-tudo no Mato Grosso. Eles têm a mais rica experiência para a governança da saúde, talvez, do Nordeste, e um grande papel em nosso País. Falo do nosso companheiro o Deputado João Ananias e Arruda Bastos, que é o atual Secretário de Saúde. É uma rica experiência.

            Queremos usar essas experiências para fazer o País se desenvolver a partir de suas grandes cidades. Elas são instrumentos de desenvolvimento. As nossas cidades podem ajudar o Brasil a crescer em uma velocidade maior para sair do “pibizinho”. Com um “pibizinho” não dá; o “pibizinho” precisa ser superado. Quem vai ajudar? As nossas cidades.

            Por isso também, Sr. Presidente, decidi, com o meu Partido, disputar a eleição na minha cidade, a cidade de Fortaleza. Eu vim lá da periferia, de um bairro pobre, simples, que não tinha escolas, que não tinha água, que não tinha luz, que não tinha transporte, onde o povo teve de se organizar para conquistar tudo isso antes que chegasse um governo popular, como o de Lula, antes que chegasse um governo democrático como o de Lula, que nós defendemos. Defendemos Lula em tudo, na hora fácil e na hora difícil, nas horas que até o seu partido fugia na sua defesa o PCdoB estava aqui para defender, para lutar por ele, porque sabíamos que estávamos buscando um projeto maior para o nosso País, para a nossa Nação. Foi esse o nosso propósito.

            É por isso que vou disputar a eleição na minha cidade, na cidade de Fortaleza, que tem problemas que já foram resolvidos. No meu bairro, já tem água, já tem eletricidade, conseguimos um posto de saúde, conseguimos escolas. Já tem alguma coisa, mas ainda tem muito o que ser feito, é preciso ser feito muita coisa, a cidade não tem um plano, a cidade não tem sequer um instituto de planejamento, não tem um órgão para fazer seu planejamento transparente, aberto, para que todos saibam para onde queremos levar a cidade, como fazer avançar a nossa cidade num projeto de desenvolvimento do nosso País.

            A nossa cidade sofre ainda com as dificuldades na área de saúde, na área de educação, na área de segurança pública. São problemas cruciais que temos que ajudar a resolver com a mente aberta, as novidades que surgem, as experiências ricas feitas por outros partidos, feitas por outras legendas, por outros governos, no Brasil e fora do Brasil. O mundo está cheio de exemplos muito bons que podemos trazer, mas temos que contar, sobretudo, com a nossa capacidade e inteligência, para ajudar a resolver os graves problemas que enfrentamos nas grandes cidades brasileiras, em especial, no meu caso, na cidade de Fortaleza.

            Ali aprendi a lutar para poder conseguir o que precisávamos na minha comunidade, no bairro pobre, filho de gente pobre, de gente muito humilde, mas com muita disposição, garra, coragem, para enfrentar a eleição na adversidade, porque não é fácil. Por isso falei para o Senador Lopes que iria fazer como Crivella: eram 17 partidos de um lado e o Crivella sozinho do outro. Parecia que ele estava só. Aparentemente, quando você olhava, imaginava-se que o Crivella estivesse só. Não estava. Estava com muita gente, muita gente do povo, muita gente da sociedade. Ali somos relacionados com as lideranças comunitárias, populares, sindicais, com os empresários, porque com eles discutimos o projeto da nossa cidade, do nosso Estado e do nosso Brasil.

            Lembro muito bem, quando começamos a discutir a maior obra, meu caro Senador Armando Monteiro, de macrodrenagem, que está sendo realizada hoje, pelo Governo do Estado do Ceará, na região metropolitana de Fortaleza, em Fortaleza. Mas foi uma obra que veio para cá, para o PAC. E ela só veio porque foi discutida pelo Movimento Social, porque não tinha projeto para mandar para o PAC no Ceará. Fomos nós que entregamos, digamos assim, de mão beijada, para o Governador do Ceará entregar para o Presidente Lula e hoje se transformar na maior obra de macrodrenagem que acontece naquela cidade.

            E assim temos feito. É nossa responsabilidade ajudar o nosso Estado, ajudar a nossa cidade. Mas, melhor do que isso, é governar a nossa cidade, é convocar o nosso povo, a nossa militância, os nossos amigos, com quem dialogamos, da universidade, das empresas, os empresários, as lideranças sindicais, patronais e dos trabalhadores, as lideranças comunitárias. Nós temos chamado todos para poder discutir conosco.

            Nós companheiros, Senadores e amigos, vamos enfrentar essa eleição nessas circunstâncias e nessas condições. Acho que vai ser uma maravilha. Vai ser uma belíssima disputa na nossa cidade. Eu respeito todos, porque sei que todos têm absolutamente direitos e têm qualidades excepcionais para dirigir qualquer cidade, mas queremos dizer que vamos nos enfrentar num bom e elevado debate sobre a nossa cidade.

            E esse nosso projeto tem um objetivo: ajudar as cidades brasileiras, mas ajudar o Brasil, nos encontrarmos com a Presidente Dilma.

            Presidente, nós queremos governar as cidades. Sabemos que temos o seu apoio e que vamos ter o apoio do Governador do Ceará também, porque ele governa para todos os cearenses e evidentemente vai ter uma relação de excelência com uma administração que tem um interesse de agir, com planos, projetos, organização, ousadia e fazer a nossa cidade avançar para se colocar no patamar da exigência do seu povo, de 2,5 milhões de habitantes, com um entorno na região metropolitana de 1,5.

            É esse o nosso objetivo. É esse o nosso sentido, lá em Fortaleza e no Recife. Lá no Acre e em São Paulo. Lá em Porto Alegre e em Floripa; em Macapá, Manaus, Teresina e Salvador. Onde estivermos nós vamos trabalhar para eleger os vereadores que são da nossa legenda, mas também os nossos aliados, os nossos amigos, que estão conosco nessa grande luta de fazer o nosso País crescer e se desenvolver na ordem que ele precisa, que é num patamar muito elevado.

            Por isso, Sr. Presidente, eu queria fazer esses registros, que ora concluo aqui na tribuna do Senado, depois de votarmos tantas matérias, umas tristes mas outras muito positivas para o nosso País. Agradeço, portanto, Sr. Presidente, essa deferência de poder nos ouvir nesta quarta-feira. Vamos caminhar rua a rua, bairro a bairro, casa a casa. Espero contar com o apoio de todos vocês para governar aquela linda cidade de Fortaleza.

            Muito obrigado.