Discurso durante a 129ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 70 anos da Companhia Vale do Rio Doce.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 70 anos da Companhia Vale do Rio Doce.
Publicação
Publicação no DSF de 12/07/2012 - Página 36562
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), MUNICIPIO, ITABIRA (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), REGISTRO, IMPORTANCIA, MINERAÇÃO, EXPORTAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, LEITURA, TEXTO, POETA, COMENTARIO, EXPANSÃO, DIVERSIFICAÇÃO, PRODUÇÃO, EMPRESA, AMBITO INTERNACIONAL, ATUAÇÃO, NAVEGAÇÃO MARITIMA, TRANSPORTE FERROVIARIO, REFERENCIA, HISTORIA, COMPROMISSO, SUSTENTABILIDADE.

            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, há exatos setenta anos, no dia 1º de junho de 1942, o Brasil inaugurava, na cidade mineira de Itabira, a Companhia Vale do Rio Doce - atualmente conhecida como Vale S.A., ou simplesmente Vale - gigante mineradora nacional, de vital importância para a emancipação econômica de nosso País. Desde a sua fundação, a Vale tem inspirado o máximo orgulho a sucessivas gerações de brasileiros,

            No livro Sentimento do mundo, lançado em 1940, o mineiro Carlos Drummond de Andrade, já então radicado no Rio de Janeiro, manifestou, na poesia "Confidencia do itabirano", a profunda saudade de sua terra natal. Disse o poeta, com sua peculiar sensibilidade:

            Alguns anos vivi em Itabira.

            Principalmente nasci em Itabira.

            Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

            Noventa por cento de ferro nas calçadas.

            Oitenta por cento de ferro nas almas.

            E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

            A Itabira da infância e juventude, abundante em recursos minerais, que para o distanciado poeta se tornaria apenas um doloroso retrato na parede, para a Vale representou a plataforma de lançamento de um audacioso programa de expansão produtiva e conquista de mercados. Com efeito, a dinâmica empresa brasileira, sem nunca ter deixado sua Minas Gerais de origem, expandiu-se para atuar, em nossos dias, em nada menos que 38 países, espalhados nos cinco continentes: África do Sul; Angola; Argentina; Austrália; Barbados; Brasil; Canadá; Cazaquistão; Chile; China; Cingapura; Colômbia; Coréia do Sul; Emirados Árabes Unidos; Estados Unidos da América; Filipinas; França; Gabão; Guiné; índia; Indonésia; Japão; Libéria; Malásia; Malauí; Moçambique; Mongólia; Noruega; Nova Caledônia; Omã; Paraguai; Peru; Reino Unido; República Democrática do Congo; Suíça; Tailândia; Taiwan e Zâmbia.

            Ao completar setenta anos, a valiosa Vale, que atualmente contabiliza mais de 150 mil empregos diretos, também comemorou o fato de ter ultrapassado, no primeiro semestre de 2012, a impressionante marca de cinco bilhões de toneladas de minério de ferro extraídas, desde o início de suas atividades.

            Sras. e Srs. Senadores, a consistente trajetória empresarial da Vale, inicialmente voltada apenas à extração de minério de ferro, aponta para a crescente diversificação de atividades, no curso dos anos: a empresa passou a também produzir níquel, no Canadá; bem como carvão; fertilizantes como o potássio, o fosfato e o nitrogênio; cobre, manganês; ferros ligas e metais diversos do grupo da platina.

            A mineradora também atua na produção de outros metais preciosos, e tem-se voltado à produção de energia hidrelétrica, gás natural e biodiesel. Em face dos seus impressionantes números, não nos parece exagerado afirmar que tudo é hipérbole, em se tratando da Vale, que detém o controle de ferrovias, trens de carga e de passageiros, portos e terminais. A vocação da mineradora à exportação resultou na sua progressiva atuação na navegação marítima, por intermédio de uma frota respeitável, de 31 navios e 26 rebocadores.

            Ainda no início de suas atividades, em 1953, a empresa fez uso, pela primeira vez, de um navio produzido no Brasil, denominado "Siderúrgica Nove", para o transporte comercial de minério de ferro. Em 1962, a Vale, com o intuito de fomentar a indústria nacional, optou por criar uma subsidiária, a Vale do Rio Doce Navegação, ou "Docenave", que em muito auxiliou no desenvolvimento da construção naval no Brasil.

            Sras. e Srs. Senadores, os progressos na produtividade da Vale são também impressionantes, e servem de estímulo e exemplo ao empresariado nacional, em todos os setores da economia. A produção de minério de ferro, que era de oito milhões de toneladas, em 1962, saltou para dez milhões, em 1966; 18 milhões, em 1970 e 56 milhões de toneladas, em 1974. Desde então, a Vale passou a liderar, ano após ano, a exportação de minério em todo o mundo, liderança que se confirma até os dias atuais.

            Em 1966, a Vale inaugurou o Porto de Tubarão, em Vitória, capital do Espírito Santo, o maior do mundo em exportação de minério de ferro, por onde a produção de Minas Gerais é escoada. Em 1983, integrou-se ao porto a Companhia Siderúrgica de Tubarão, posteriormente privatizada. A empresa conquistou ganhou renome internacional na produção e exportação de aço de alta qualidade.

            Além das importantes reservas minerais localizadas em Minas Gerais, o geólogo brasileiro Breno Augusto dos Santos, trabalhando para a Companhia Meridional de Mineração, subsidiária da United States Steel, descobriu, no ano de 1967, as gigantescas jazidas de Carajás, no Estado do Pará, que constituem a maior província mineral do Planeta.

            Em 1970, a Vale associou-se à Companhia Meridional de Mineração para dar início ao Projeto Carajás, que atingiu a capacidade produtiva de 110 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, até o momento, e que deve aumentar nos próximos anos, em face dos investimentos da empresa. Além de minério de ferro, metais como o manganês, o cobre, o ouro e o níquel são também extraídos em Carajás.

            Em nossos dias, a Vale centra seus esforços de exportação de minérios no mercado asiático, atendendo à demanda de economias maduras, como a do Japão, tradicional comprador de minério de ferro brasileiro, e de economias em franca expansão, como a chinesa.

            Sras. e Srs. Senadores, preocupada com a problemática socioambiental do nosso tempo, a Vale tem reiterado, ao longo dos anos, seu compromisso com a sustentabilidade de suas atividades, ao envidar esforços para garantir a gestão integrada de questões econômicas, ambientais e sociais.

            Para tanto, em países como o Brasil, o Canadá, a Nova Caledônia e a Indonésia, a mineradora protege nada menos que dez mil quilômetros quadrados de áreas naturas, garantindo, desse modo, a preservação da biodiversidade, por vezes em atuação conjunta com governos locais. No ano de 2008, a Vale lançou o programa Diretrizes corporativas sobre mudanças climáticas e carbono, que tem por meta fazer com que a empresa reduza a emissão de gases que causam o efeito estufa, o consumo de água e de outros recursos naturais.

            Em 2009, o documento Política de Desenvolvimento Sustentável passou a orientar a atuação da empresa nos mais diversos países. Por ele, a Vale deve atender a três premissas básicas, e ser, a um só tempo, um operador sustentável, um catalisador de desenvolvimento local e também um agente global de sustentabilidade.

            Sras. e Srs. Senadores, o admirável itabirano Carlos Drummond de Andrade assim arrematou o inesquecível poema "Confidencia do itabirano":

            Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

            Hoje sou funcionário público.

            Itabira é apenas uma fotografia na parede.

            Mas como dói!

            Na memória da "itabirana" Vale, a mina Cauê, em Itabira, a primeira a ser explorada pela Vale, é o retrato na parede que não dói, porque a vitoriosa mineradora, sem nunca ter deixado a Itabira de sua infância, ganhou o mundo, adicionando à foto de seu berço incontáveis outras, das tantas cidades brasileiras e estrangeiras, nos 38 países em que opera.

            Parabéns a todos os trabalhadores, do passado e do presente, que constituem a Vale S.A., pelos setenta anos de exitosa trajetória da mineradora, que inspira confiança em nosso futuro, ao revelar o muito que o povo brasileiro é capaz de realizar.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/07/2012 - Página 36562