Comunicação inadiável durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

– Reflexões sobre a crise da suinocultura no Brasil.

Autor
Sergio Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Sergio de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
PECUARIA.:
  • – Reflexões sobre a crise da suinocultura no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2012 - Página 36793
Assunto
Outros > PECUARIA.
Indexação
  • APREENSÃO, SUINOCULTURA, PAIS, RESULTADO, PREJUIZO, PRODUTOR RURAL, REFERENCIA, CRISE, REDUÇÃO, PREÇO, SUINO, EXCESSO, CUSTO, REGISTRO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, COMISSÃO DE AGRICULTURA, PARTICIPAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), DEBATE, NECESSIDADE, INCLUSÃO, SETOR, DESONERAÇÃO TRIBUTARIA, FOLHA DE PAGAMENTO.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco/PMDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente, de fato, é uma questão muito importante. Gostaria de aproveitar a presença da Senadora Ana Amélia para parabenizar V. Exa., Senadora Ana Amélia, pela iniciativa e pela forma como conduziu a crise dos suinocultores que chegou a seu ápice e realmente precisa de decisões o mais rápido possíveis. Hoje, durante a audiência pública da Comissão de Agricultura, nós pudemos ouvir o setor e também o Governo, através do Ministro Mendes Ribeiro, sobre esta situação que causa prejuízos enormes aos Estados do Sul principalmente, que têm na sua cadeia produtiva a maior parte ou boa parte de produtores independentes, e a outros Estados do Centro-Oeste e do Mato Grosso.

            Eu venho justamente para fazer meu pronunciamento nesta tarde, que veio bem a calhar como comunicação inadiável, porque é realmente inadiável, Sr. Presidente.

            A suinocultura brasileira apresenta números bastante expressivos, porém vivencia um momento de grande dificuldade.

            O Brasil é o quarto maior produtor e o quarto maior exportador mundial de carne suína. São 1,65 milhão de matrizes tecnificadas; 3,4 milhões de toneladas de carne em 2011; o setor responde por cerca de um milhão de empregos diretos e indiretos no Brasil; são 50 mil produtores; 1,43 bilhão de dólares em exportação somente no ano de 2011; 9,6 bilhões de reais no valor bruto da produção em 2011.

            Os números da crise são muito preocupantes. Certamente o principal deles é a queda nos preços.

            Aqui, Sr. Presidente, faço uma reflexão muito profunda: o preço do quilo do suíno vivo em São Paulo caiu de R$2,70 em julho de 2010 para R$1,91 em julho de 2012. Mesmo se considerarmos a inflação nesse período, de quase 10%, veremos que o prejuízo é enorme. Para piorar, os custos da produção tiveram um aumento que chegou a 45% de 2010 para 2012.

            Enquanto a Embrapa diz que o custo médio da produção por quilo corresponde a R$2,73, o produtor brasileiro está vendendo o quilo de carne a R$1,91. Há um prejuízo direto por quilo de R$0,82. Se os preços continuarem como estão, se o produtor abate um leitão, tem um prejuízo de R$40,00; mas, se ele decidir continuar na recria, para engordar esse leitão, o prejuízo dele vai aumentar ainda mais, vai para R$80,00 por unidade.

            O pior é que a situação, neste ano de 2012, está se agravando ainda mais, e o prejuízo aos suinocultores do Brasil já chega a R$1,78 bilhão.

            No meu Estado, Paraná, que responde por 17% da produção nacional, o custo de produção por quilo em 2012 corresponde a R$2,45. Enquanto o preço do quilo do suíno vivo encontra-se no patamar de R$1,65.

            O prejuízo no Paraná está a R$0,70 por quilo. Trata-se de um prejuízo de R$80,00 por suíno vendido, ou seja, um prejuízo estimado de R$291 milhões na suinocultura paranaense somente neste ano de 2012. A crise já atinge a todos os segmentos do setor. Na agroindústria integração, que representa 60% da produção, o produtor também está perdendo, passando a pagar para trabalhar e a pagar para produzir.

            Para piorar, Sr. Presidente, a concorrência para as exportações brasileiras no mercado mundial está crescendo e alguns mercados tradicionais de nossa produção se fechando. Há o menor custo da produção nos Estados Unidos; queda no consumo e aumento dos excedentes exportáveis, subsidiados, da União Europeia, que leva à distorção dos preços de mercado.

            O Brasil que em 2007 respondia por 12% das exportações mundiais caiu, em 2012, para 8%.

            A participação da mão de obra nos custos da produção de suínos no Brasil é maior que na Alemanha, na Espanha, na Itália e no Reino Unido; é semelhante à da Dinamarca e à dos Países Baixos. Este conjunto de países detém quase 90% da produção da União Europeia.

            Em relação aos Estados Unidos da América, o custo unitário do trabalho na indústria representa US$103,6 aproximadamente, enquanto no Brasil, quase US$150.

            De 2003 a 2011, o custo da eletricidade para a indústria subiu, no Brasil, 246%, enquanto, nos Estados Unidos da América, no mesmo período, subiu tão somente 35%.

            Sr. Presidente, Sras. e Srs Senadores, a situação é extremamente preocupante e os desafios são grandes.

            Foi muito positivo ter a presença do Ministro Mendes Ribeiro, representante do Governo da Presidente Dilma, na audiência pública de hoje e saber que ele está se empenhando para solucionar esses impasses.

            Consegui negociar, recentemente, junto ao Governo e junto ao Relator Romero Jucá, relator da Medida Provisória 563, a inclusão da suinocultura, Senadora Ana Amélia, na desoneração da folha de pagamento.

            Ainda há muito mais por fazer.

            Hoje, pela manhã, o setor produtivo nacional apresentou várias demandas.

            É fundamental, Sr. Presidente, estarmos atentos à crise vivida pelo setor e procurar, juntamente com o Governo brasileiro, apresentar soluções para a suinocultura do Brasil, uma das mais importantes cadeias produtivas deste País, que, como eu disse aqui, geram milhares e milhares de empregos por este País afora, alimentando todo o Brasil e também muitos países em torno do grandioso Planeta Terra.

            Eram essas as minhas palavras.

            É esta a comunicação inadiável que entendi necessária neste momento, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.

            Sei que a Senadora Ana Amélia fará importantes apontamentos logo mais, quando usará desta tribuna.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2012 - Página 36793