Discurso durante a 144ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Propostas para os Jogos Olímpicos de 2016, a serem realizados no Brasil.

Autor
Sergio Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Sergio de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE.:
  • Propostas para os Jogos Olímpicos de 2016, a serem realizados no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2012 - Página 40399
Assunto
Outros > ESPORTE.
Indexação
  • REGISTRO, APROVAÇÃO, COMISSÃO, MEIO AMBIENTE, DEFESA, CONSUMIDOR, REQUERIMENTO, AUTORIA, ORADOR, OBJETIVO, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, DISCUSSÃO, PLANEJAMENTO, INVESTIMENTO, RESULTADO, BRASIL, OLIMPIADAS, APRESENTAÇÃO, NECESSIDADE, APROVEITAMENTO, OCORRENCIA, EVENTO, ESPORTE, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), FATO, DESENVOLVIMENTO, RELAÇÃO, ESPORTE PROFISSIONAL, PAIS.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco/PMDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Tomás Correia. É um prazer vê-lo na Presidência do Senado Federal. Tenho certeza de que o povo de Rondônia se orgulha muito de V. Exa.

            O SR. PRESIDENTE (Tomás Correia. Bloco/PMDB - RO) - Muito obrigado.

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco/PMDB - PR) - Caros Senadores e Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, companheiro Zezinho, que nos atende aqui no plenário, já ultrapassadas as 21h do dia de hoje, venho à tribuna para fazer algumas reflexões sobre as Olimpíadas de 2016 e também sobre as Olimpíadas de 2012, que ocorrem em Londres.

            A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle desta Casa aprovou, na data de ontem, requerimento de minha autoria com a finalidade de discutir o planejamento, os investimentos e os resultados da participação brasileira nas Olimpíadas de Londres, em 2012, e as perspectivas para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

            A oportunidade de sediar, pela primeira vez na América do Sul, os Jogos Olímpicos, como será o caso do Rio de Janeiro, em 2016, deve ser aproveitada em sua integralidade, tanto para promover a imagem do Brasil no cenário internacional, quanto para desenvolver e aprimorar a prática desportiva no País.

            E, assim, diante da participação atual da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres, pareceu-me importante analisar a experiência recentemente vivida, os resultados e as metas atingidas para, eventualmente, nortear o planejamento para 2016 no Rio de Janeiro. Para tanto, sugeri o convite a várias autoridades envolvidas com o tema, a exemplo do Ministro do Esporte, Deputado Aldo Rebelo; o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Sr. Carlos Arthur Nuzman; o Presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Sr. Ary Graça; o Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Sr. José Maria Marin; o Sr, Roberto Gesta de Melo, Presidente da Confederação Brasileira de Atletismo; a Sra. Maria Luciene Cacho Resende, Presidente da Confederação Brasileira de Ginástica; o Sr. Coaracy Gentil Monteiro Nunes Filho, Presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos; o Sr. Paulo Wanderley Teixeira, Presidente da Confederação Brasileira de Judô; o Sr. Carlos Boaventura Corrêa Nunes, Presidente da Confederação Brasileira de Basketball; e o Sr. Carlos Luiz Martins Pereira e Souza, Presidente da Confederação Brasileira de Vela e Motor.

            Sras. e Srs. Senadores, sei que usualmente as audiências públicas na Casa têm menos debatedores, porém, diante da complexidade e sobretudo da abrangência do tema, pareceu-me razoável convidar as duas maiores autoridades no assunto: o Ministro dos Esportes e o Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, bem como os representantes das confederações, que têm apresentado maior destaque na história olímpica brasileira, sem prejuízo de que alguma outra modalidade seja acrescida no debate.

            Penso que, se for necessário, podemos até realizar outras reuniões para discutir esse tema.

            Enfim, primeiramente, cumpre ressaltar que não há, por parte deste Senador, nenhum interesse em personalizar críticas ou apontar eventuais fracassos na participação brasileira nos jogos de Londres, até porque entendo que o simples fato de estar classificado para defender o País nas Olimpíadas já representa uma vitória para o Brasil e para esse esportista.

            Em verdade, a motivação para trazer a discussão do tema ao Senado é justamente procurar auxiliar no desenvolvimento do esporte brasileiro, aproveitando a realização dos jogos no País.

            O crescimento da prática desportiva em qualquer nação representa ganhos significativos em vários aspectos sociais. Além de ajudar na construção da cidadania e do patriotismo, representa a defesa da conquista pelos próprios méritos, o incentivo ao espírito da competitividade e a promoção de uma sociedade mais saudável.

            Isso, sem falar na capacidade de retirar a juventude do caminho da violência ou das drogas. Enfim, os reflexos positivos são muitos, e a ocorrência de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas no País deve ser aproveitada ao máximo.

            Trata-se do momento de fazer crescer valores morais e éticos exemplares nas gerações futuras nacionais. Trata-se do período de incentivar a aparição de novos heróis nacionais que possam inspirar nossos jovens.

            Sr Presidente, Sras. e Srs. Senadores, Senador Paulo Paim, somos amplamente conhecidos como País do futebol, o que é natural, afinal nossas conquistas nessa modalidade nos credenciam para tanto. Entretanto, senhoras e senhores, no que se refere à participação brasileira em Olimpíadas ainda estamos muito distantes das nações mais vencedoras.

            Não seria razoável imaginar que, no curto período de tempo, no prazo de um ciclo olímpico que nos separa dos Jogos no Rio, conseguiríamos nos aproximar de países como a China, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha ou a Rússia, cuja tradição olímpica data de muito tempo.

            Contudo, entendo que é fundamental nos inspirarmos no exemplo da Coreia do Sul que realmente aproveitou a realização dos Jogos Olímpicos em Seul, no ano de 1988, para, desde então, ter se transformado numa das atuais potências médias olímpicas, obtendo cerca de 30 medalhas a cada participação.

            É forçoso reconhecer que a participação brasileira nos Jogos vem melhorando desde 1982, mas, diante do tamanho de nossa população e, sobretudo, levando em consideração nossa aparente vocação esportiva, penso que poderíamos almejar resultados mais expressivos e sonhar com metas mais ousadas, especialmente agora que chegou a hora de realizarmos os jogos em terras nacionais.

            Parece-me absolutamente fundamental aproveitarmos o momento em que, na condição de sede, poderemos inscrever atletas em todas as modalidades para elevarmos nosso número de medalhas conquistadas e, assim, incentivar o crescimento das práticas desportivas no País. Nossa melhor participação em quantidade de medalhas ocorreu nos Jogos Olímpicos de Pequim, quando obtivemos 15 medalhas, sendo três de ouro, quatro de prata e oito de bronze, o que nos colocou na 23a posição.

            Porém nossa melhor classificação aconteceu quatro anos antes, em Atenas, em 2004, quando obtivemos cinco medalhas de ouro, duas de prata, três de bronze e ficamos em 16° lugar. Porque são as medalhas de ouro, Sr. Presidente, que dão a prioridade entre os primeiros lugares.

            Até o momento, faltando ainda cinco dias para o término das competições, o Brasil já conquistou dez medalhas, sendo duas de ouro, uma de prata e sete de bronze, ocupando a 23a colocação no quadro de medalhas. Já garantimos, pelo menos, outra medalha no boxe, uma medalha no vôlei de praia masculino, uma medalha no futebol masculino, e ainda temos chances de medalha no voleibol masculino e no feminino.

            Ao que tudo indica, podemos superar nossa marca total de medalhas em Pequim, afinal existem outras modalidades em disputa que podem nos surpreender.

            No entanto, creio que nossas pretensões para 2016 devem ser muito maiores e, para tanto, é fundamental que as autoridades envolvidas trabalhem de forma estratégica, com planejamento, metas e transparência, na administração dos recursos públicos envolvidos.

            Antes do início das Olimpíadas de Londres, houve um pequeno desencontro nas declarações do Ministério dos Esportes e do Comitê Olímpico Brasileiro no que se refere às expectativas de medalhas conquistadas. As pretensões do Ministério dos Esportes se mostravam claramente superiores àquelas anunciadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro, em torno de quinze medalhas.

            Na verdade, o Ministério dos Esportes demonstrou descontentamento com o fato de a pretensão do COB para Londres ser idêntica aos resultados obtidos em Pequim, quando o investimento do Governo Federal no esporte de alto rendimento dobrou de uma Olimpíada para outra, passando de R$1 bilhão, nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, para R$2,1 bilhões, nos Jogos Olímpicos atuais.

            É bem verdade, Sras. e Srs. Senadores, que as competições esportivas de alto nível, como são os Jogos Olímpicos, não podem ser comparadas a ciências exatas e não podemos imaginar que, ao dobrarmos o investimento, dobraremos o número de medalhas conquistadas.

            Mas, em se tratando de recursos públicos, é absolutamente salutar, numa democracia consolidada como a nossa, que haja prestação de contas em relação ao planejamento e aos resultados, de preferência para que possamos ser ainda mais bem-sucedidos nos próximos Jogos. É exatamente essa a finalidade principal do requerimento de audiência pública que propus na Comissão de Fiscalização e Controle.

            As várias experiências vividas nos Jogos de Londres, aquelas que se mostraram bem-sucedidas e aquelas que, eventualmente, podem ter sido equivocadas merecem discussão, e o Parlamento é o local adequado para isso.

            Sei, por exemplo, que em Londres, pela primeira vez a delegação teve a sua disposição um centro esportivo de treinamento, o Cristal Palace, o que, em princípio, me parece louvável, porém, me parece bastante razoável avaliar em que medida tal decisão aprimorou nossa participação nesses Jogos.

            Outra questão que me parece absolutamente importante, e por isso sugeri o convite de tantos presidentes de confederação, é avaliar os casos de sucesso de algumas modalidades olímpicas brasileiras, responsáveis por parte expressiva das medalhas que conquistamos ao longo da história, como é o caso do judô, da vela ou do vôlei. Afinal, o que podem estes esportes ensinar para outras categorias também obterem o mesmo sucesso?

            Igualmente importante é ouvir daqueles responsáveis pela gestão esportiva no País, quais são os principais desafios e obstáculos para suas respectivas modalidades e em que ponto o Poder Público pode auxiliar.

            E obviamente, em se tratando de distribuição de recursos públicos, temos a obrigação de debater a gestão adotada por cada confederação, especialmente no que se refere à transparência, à organização e aos resultados de cada trabalho.

            Enfim, Sr. Presidente, como disse há pouco, não se trata de procurar fracassos ou criticar o passado, mas, sim, de colocar o Poder Legislativo Federal a serviço do esporte brasileiro desde o início desse próximo ciclo olímpico que começa no dia 13 de agosto, daqui a seis dias, e se encerra em 2016 com o Rio de Janeiro se transformando na sede das Olimpíadas.

            Temos que trabalhar para ampliar nossas conquistas olímpicas, porém, mais do que tudo, temos que garantir o crescimento do esporte na vida nacional, nas categorias de base, nas escolas e nos nossos clubes.

            Espero que a audiência pública que realizaremos possa prestar esse serviço ao esporte brasileiro. Que seja um primeiro passo do trabalho conjunto que haveremos de fazer para que, ao final das Olimpíadas de 2016, possamos nos orgulhar da realização e da nossa participação nesses jogos.

            Gostaria ao final, Sr. Presidente, de saudar e parabenizar todos os medalhistas brasileiros em Londres e todos aqueles que representaram ou representam o Brasil nas Olimpíadas de Londres. Trata-se, todos eles, de heróis nacionais. Gostaria, entretanto, de destacar os feitos da piauiense Sarah Menezes, do judô, e do paulista Arthur Zanetti, da ginástica, ambos campeões olímpicos pelo nosso País. São histórias belíssimas de conquistas individuais que tanto nos orgulham e nos inspiram.

            Espero que, até o final dos Jogos de Londres, ainda possamos celebrar mais conquistas de novos heróis. E parabenizo todos aqueles que lá estiveram defendendo as cores da bandeira brasileira e honrando o nosso País.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Desejo a todos uma boa noite e até amanhã.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2012 - Página 40399