Pela Liderança durante a 145ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação em virtude da greve dos servidores públicos no País. (como Líder)

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, ORÇAMENTO, GOVERNO FEDERAL.:
  • Preocupação em virtude da greve dos servidores públicos no País. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2012 - Página 40650
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, ORÇAMENTO, GOVERNO FEDERAL.
Indexação
  • REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, GREVE, SERVIDOR, ENFASE, MOBILIZAÇÃO, FUNCIONARIOS, UNIVERSIDADE FEDERAL, RESULTADO, PREJUIZO, ALUNO, REFERENCIA, PARALISAÇÃO, POLICIA FEDERAL, POLICIA RODOVIARIA FEDERAL, OPINIÃO, ORADOR, FALTA, ACORDO, POSSIBILIDADE, CONFLITO, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, SETOR, ECONOMIA, ORÇAMENTO, ANALISE, NECESSIDADE, CONTENÇÃO, DIVIDA INTERNA, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, ocupo a tribuna para manifestar-me com relação ao tema que o Senador Alvaro Dias abordava, a quem solicitei um aparte. Como não se pode conceder aparte em discurso de líder, e V. Exa. cavalheirescamente me concedeu a palavra como líder, venho tecer alguns comentários em adendo ao que o Senador Alvaro Dias colocou como preocupação, uma preocupação com a onda de greves que assola o País, e greves sem consequência, sem solução.

            A greve dos professores universitários demorou uma exagerada quantidade de meses, com desgaste profundo para as instituições universitárias e para o alunado, que vai entrar pelo período final do ano, nas férias escolares, para recuperar o tempo perdido, sem falar no atropelo, nas conseqüências da interrupção do ano letivo, nas contestações geradas, nos conflitos observados entre professores e dirigentes universitários; entre dirigentes universitários e dirigentes do Ministério da Educação; o desconforto aos estudantes, etc, etc, etc.

            E agora, Senadora Ana Amélia, começam greves de ordem geral. Agora, é a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, todas as greves decorrentes de reivindicações salariais que não são nem ao menos consideradas. Os grevistas manifestam-se indignados pelo fato de o interlocutor do Governo, Ministro Gilberto Carvalho, não estar oferecendo argumentação à altura de suas expectativas.

            E está criado um ambiente de conflito. É preocupante isso? É claro que é preocupante. Mas, muito mais preocupante do que isso é o quadro geral. São as raízes do problema.

            Do que decorre isso tudo? Na minha opinião - e é o que eu pretendia colocar como adendo às preocupações pontuais que o Senador Alvaro colocou - o Brasil, há anos, desde o governo Lula e, agora, com o Governo Dilma, adotou um modelo econômico que vendeu ao Pais e ao mundo que o Brasil estava nadando de braçada em termos econômicos, que até dinheiro para o FMI estava destinando. Dívida externa? Já era! Pequena, pequenininha! E escondia-se o cupim da economia, e o cupim da economia chama-se dívida interna, que está beirando os R$2 trilhões, remunerada à maior taxa de juros do mundo; que produz rombos monumentais no Orçamento Geral da União e que produz a indisponibilidade de recursos para a provisão da infraestrutura e que agora está, evidentemente... Basta ver que a Presidente anunciou uma interrupção no processo de desoneração fiscal para a atividade produtiva.

            Ou seja, corte nos cortes de impostos porque a receita não permite, porque a recessão está instalada, porque o pequeno crescimento está instalado, e a arrecadação geral da União, que vinha batendo recordes sucessivos, sofreu um processo de interrupção. E porque interrompeu não pode mais haver desoneração fiscal para tornar a economia brasileira competitiva, para dar ânimo à indústria, que está combalida. Muito menos há dinheiro para oferecer reajustes aos servidores público. Até a Petrobras, que era usada como instrumento de contenção da inflação, que é outro problema que o Governo administra neste momento, deu mostras do cansaço do modelo: R$1,3 trilhão de prejuízo no segundo trimestre do ano de 2012 e, agora, vem aumento de combustível, inexorável aumento de combustível.

            Há todo um quadro de preocupação motivado pela sangria que, ao longo de vários anos, ocorreu na economia, decorrente da dívida interna do Brasil que mascarou um sucesso econômico, dívida interna que, é verdade, diminui um pouco o valor do seu serviço com a taxa de juros artificialmente abaixada, mas que está gerando interrupção no processo de corte de impostos para ativar a economia, para dar um ânimo à indústria que está em processo de queda livre. Não vai ter recursos - nem pensar! - para dar reajuste de salário aos servidores, e a onda de greve pode paralisar este País, já está paralisando alguns segmentos.

            A Petrobras, que era modelo de eficiência, vai ter que aumentar o preço da gasolina, o preço do óleo diesel para sobreviver, porque já não pode ser mais instrumento de contenção de inflação. O que é preciso é que se ataque, Presidente Marta, o âmago da questão, que se chama dívida interna, que anda à volta de R$1,8 trilhão com o serviço da dívida, que impede a disponibilidade de recursos para a provisão de infraestrutura que melhora o custo Brasil, que está impedindo que haja sobra de recursos para atender aos reajustes salariais e que só tem um caminho, um remédio para solução: diminuição dos gastos da máquina pública. Sobre esse assunto, o Governo não dá um passo, não toma nenhuma providência. Não há um decreto de contenção de gastos da máquina pública, nada; pelo contrário, é o que está deixa rolar; diminuir nada, providência zero. Parece que falta coragem ou determinação política.

            A minha palavra, portanto, é de alerta. É um alerta que venho fazendo...

(Interrupção do som.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco/DEM - RN) ...há anos seguidos (Fora do microfone.) - já concluo - ao modelo que reputo completamente superado, vencido e, neste momento, ineficaz. Ou o Governo adota providências no sentido de fazer o que a Europa em crise está fazendo: conter o gasto público, apertar o cinto, cortar na própria carne, ou o Brasil vai entrar num processo de descrédito dentro do País e fora do País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2012 - Página 40650