Discurso durante a 151ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Maçonaria Brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2012 - Página 42825
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MEMBROS, MAÇONARIA, IMPORTANCIA, ENTIDADE, CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, BRASIL, DEFESA, DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS, PROMOÇÃO, BEM ESTAR SOCIAL, APERFEIÇOAMENTO, MORAL, CIDADÃO, CRITICA, AUSENCIA, ETICA, ATIVIDADE POLITICA, NECESSIDADE, COMBATE, CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, autoridades maçônicas já nominadas, senhores visitantes de todo o País, senhoras visitantes a esta sessão especial, aceitei a convocação do Senador Mozarildo Cavalcanti, não poderia deixar de aceitá-la, reconhecendo a importância deste momento. O caráter libertador da Maçonaria, responsável pela sua importância no movimento de emancipação política, deve ser ressaltado sempre como um marco decisivo no cenário das discussões dos ideais liberais e democráticos. O combate travado contra o Absolutismo, em diversas frentes, credencia a Maçonaria como um baluarte na luta em prol da nossa independência: isso é História, isto é verdade, é reconhecimento.

            Mais do que nunca se faz necessário agora propugnar o aperfeiçoamento moral, intelectual e social por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade. Os postulados proclamados pela Maçonaria devem ser fonte de inspiração permanente dos que estão investidos da missão de governar ou de representar a sociedade brasileira nesta e em todas as Casas Legislativas. Em síntese, devem nortear a sociedade, governos e governantes, exemplo da luta pela equidade, destinando a cada indivíduo o que for justo de acordo com sua capacidade.

            “O verdadeiro instrumento do progresso dos povos encontra-se no fator moral”. A frase do genovês Giuseppe Mazzini, apóstolo da unidade da independência italiana, pode servir de moldura nesse momento.

            Não enxergo alternativa diante do quadro vigente: é imperioso deflagrar o movimento em prol da reconstrução da base ética, solapada de forma sistemática nos últimos tempos.

            A Maçonaria moderna tem missão moderna: empalmar a bandeira da ética por todos os cantos do País. Esta creio ser a tarefa prioritária, exigência da nacionalidade brasileira. Que bom se a Maçonaria pudesse liderar no País o movimento de moralização. Não é mais a missão dos pedreiros ingleses que se impõe neste momento, mas, diferentemente, é a missão de construir as pilastras morais para a construção de instituições públicas respeitadas, acreditadas e valorizadas pela sociedade brasileira.

            Mais uma vez, e não se trata de mera coincidência, enquanto nos reunimos, por convocação de Mozarildo Cavalcanti, o País assiste, de certa forma indignado, a um julgamento histórico no Supremo Tribunal Federal e assiste aos trabalhos de investigação por parte da Polícia Federal, do Ministério Público e do Congresso Nacional; investigação que tem por objetivo desvendar um esquema de corrupção, que se denominou Cachoeira.

            Ora, senhores, os escândalos se sucedem. Eu tenho repetido aqui, desta tribuna, inúmeras vezes: o escândalo de hoje faz esquecer o de ontem, e espero o de amanhã para ser esquecido, porque são tantos os escândalos.

            Quantos ministros caíram, no último ano, denunciados por corrupção? Há algum tempo tivemos o escândalo do Banestado, um gigantesco escândalo de evasão de divisas. Um pouco antes, o escândalo dos precatórios, que ensejou a instalação de comissão parlamentar de inquérito. Tivemos, na esteira desses dois grandes escândalos, outros: sanguessugas, cartões corporativos; agora, Cachoeira; mensalão no Supremo Tribunal Federal.

            Quando este País viverá cenário diferente? Quando deixaremos de ler, como manchetes principais da imprensa nacional e internacional, os escândalos que se sucedem na esfera governamental do nosso País?

            Os valores basilares da Maçonaria, na condição de instituição filantrópica, progressista, evolucionista, devem ser alçados para destacar tudo aquilo que ela representa: uma filosofia de vida baseada em princípios éticos, morais, verdade, tolerância e na defesa dos direitos e das garantias individuais.

            Sem um referencial claro na busca da conquista da paz e do bem-estar social, ensinamento e fulcro da crença maçônica, vamos continuar mergulhados nessa babel e consagrando esse ambiente de promiscuidade entre as esferas pública e privada.

            Há uma onda que se propaga em velocidade vertiginosa - infeliz daquele que estiver investido de mandato popular e que não se der conta disso: a sensação de que, no final das contas, tudo acaba na impunidade.

            A exemplo da Maçonaria - que abriga homens comprometidos a estender amor fraternal e afeição a todos em qualquer lugar do mundo, sem, entretanto, interferir nas crenças das pessoas, obter vantagens para seus membros do ponto de vista profissional ou político - as estruturas e engrenagens governamentais deveriam ser tomadas por esse espírito que enaltece o que é público e coletivo em detrimento do viés individual e individualista.

            Para isso, precisamos mudar o modelo vigente no Brasil. Acabar com essa relação de promiscuidade que existe do Poder Executivo com o Legislativo, partidos políticos e agentes privados. Acabar com a cultura de que a governabilidade exige a instalação de um balcão de negócios, a instalação de um propinoduto, que a governabilidade exige essa relação de promiscuidade com a política do toma lá dá cá. É preciso que alguém se eleja neste País com autoridade, competência, lucidez e formação moral suficiente para demonstrar que é possível, sim, governar adotando uma relação ética entre os poderes.

            É evidente que é possível um governante que conquiste credibilidade nacional, o apoio popular terá também o apoio do Congresso Nacional porque aqui ninguém rema contra a correnteza.

            Discordo daqueles que justificam escândalos como o do mensalão afirmando que esse modelo foi adotado em nome da governabilidade, porque seria impossível governar o País se esse modelo não fosse adotado.

            Ora, precisamos acreditar mais na existência de homens de bem. Precisamos acreditar mais no povo brasileiro. O que tem faltado, talvez, até aqui e nos últimos anos especialmente, seja liderança com autoridade capaz de galvanizar a opinião pública a seu favor, estabelecer a relação ética como um caminho para a solução dos grandes problemas nacionais na busca da promoção do desenvolvimento deste País.

            Para concluir, Sr. Presidente, diante da sucessão de escândalos e desmandos gerenciais que assolam o País, é vedado o uso de antolhos. A promiscuidade permeando as relações entre esfera pública e privada chegou às raias do paroxismo. Uma instituição que prega uma filosofia de vida, baseada em princípios éticos e morais e que enaltece o valor da verdade, merece ser aplaudida e referenciada. Por isso, os nossos aplausos à Maçonaria brasileira. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2012 - Página 42825