Discurso durante a 157ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com realização da Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas; e outros assuntos.

Autor
Rodrigo Rollemberg (PSB - Partido Socialista Brasileiro/DF)
Nome completo: Rodrigo Sobral Rollemberg
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Satisfação com realização da Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 29/08/2012 - Página 44495
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • ELOGIO, REALIZAÇÃO, OLIMPIADAS, MATEMATICA, PARTICIPAÇÃO, ALUNO, ESCOLA PUBLICA, FATO GERADOR, INCENTIVO, ESTUDANTE, CRESCIMENTO, CONHECIMENTO, AREA, CIENCIAS.

            O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sra Presidenta Marta Suplicy, prezadas Senadoras, prezados Senadores, foi com muita alegria que vi a notícia, ontem, de entrega da premiação da 8a edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas. Tive uma alegria especial, Senadora Marta Suplicy, porque tive a honra, como Secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, quando era Ministro o hoje Governador Eduardo Campos, de coordenar a realização da 1a Olimpíada Brasileira de Matemática das escolas públicas.

            Essa era uma vontade muito grande do Presidente Lula e do Governador Eduardo Campos - na época Ministro Eduardo Campos -, e coube a mim, como Secretário, tomar as providências para implementar a primeira Olimpíada. Foi um desafio imenso, e só foi possível vencê-lo graças à competência do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), à época presidido pelo então pesquisador César Camacho, e à participação muito expressiva da Drª Suely Druck.

            Já naquela ocasião, nós tivemos a participação de 8 milhões de alunos de todo o Brasil na Olimpíada. Dois mil alunos de todo o Brasil foram premiados e receberam, além das medalhas, bolsas de iniciação científica.

            Quando eu vejo a realização da 8ª Olimpíada de Matemática, percebo que o modelo desenvolvido pelo Impa, e que contou sempre com o apoio, o patrocínio e a coordenação do Ministério de Ciência e Tecnologia, foi de grande sucesso.

            Este ano, nesta 8ª edição, mais de 19 milhões de alunos, de 46 mil escolas de todo o Brasil, participaram da Olimpíada, alunos de quase todas as cidades do País, atingindo recorde de inscritos desde a primeira realização do evento, em 2005. Em sua oitava edição, podemos agora dizer que a iniciativa ultrapassou a fase do "efeito novidade", conquistando sua estabilidade como Projeto Nacional Escolar.

            Lembro que, quando tudo começou, muitos diziam que o Brasil nunca superaria a mobilização das olimpíadas de Matemática de outros países - a Argentina, com um milhão de participantes; já os Estados Unidos, com seis milhões de inscritos. Mas hoje nós chegamos a uma mobilização de 19 milhões de crianças e adolescentes de todo o Brasil, mais que o triplo da participação nos Estados Unidos.

            Lembro também que muitos criticavam a Olimpíada dizendo que estavam estimulando a competição, e nós argumentávamos: se os países desenvolvidos de todo o mundo a fazem, por que também nós não devemos fazê-la, como um estímulo aos estudantes?

            Apenas no último mês, estudantes brasileiros brilharam em campeonatos mundiais, como os alunos da PUC-Rio que conquistaram três medalhas de ouro na Competição Internacional de Matemática, espécie de Copa do Mundo dos números e das contas, realizada na Bulgária, no fim de julho.

            Os brasileiros também ganharam no mês passado o campeonato da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, levando duas medalhas de ouro e duas de prata. Que bom seria que um dia nós pudéssemos comemorar o nosso sucesso na área de matemática, na área das engenharias e na área das ciências como comemoramos o nosso sucesso no futebol por exemplo.

            Acima de todas as controvérsias em relação aos conteúdos das provas, ao teor de avaliação ou aos efeitos nocivos da competitividade, as Olimpíadas trazem um balanço muito positivo.

            Sessenta por cento dos professores confirmaram que os alunos passaram a estudar mais após a participação nas Olimpíadas e 59% reconhecem ter realizado alguma alteração real em suas práticas de ensino.

            A importância da Bolsa de Iniciação Científica oferecida aos premiados está entre as principais repercussões, menos pelo seu aspecto financeiro e mais pela dinâmica acadêmico-científica gerada por esse estímulo. Foi possível dentificar que a grande maioria dos alunos pesquisados avançou em estudos na área das engenharias, seguida de ciências da computação e de matemática, como a terceira preferência. Dessa forma, pode-se perceber resultados concretos das Olimpíadas na formação de engenheiros e no desenvolvimento da área científica e tecnológica no Brasil. É claro que, com oito anos apenas, os resultados ainda são modestos, mas temos convicção de que isso se ampliará com o aumento do número de jovens interessados em seguir carreiras científicas.

            Lembro-me do discurso do então Presidente Lula em 2008, durante a entrega das medalhas das Olimpíadas de Língua Portuguesa, outra importante iniciativa realizada pelo Governo Federal. Na ocasião, dizia Lula: “Ninguém, nenhum ser humano se movimenta se ele não estiver motivado, se não tiver esperança. A única coisa de que ele precisa é de uma pequena provocação e de uma pequena oportunidade”.

            E esta é uma palavra que eu gostaria de destacar neste momento: oportunidade. Talvez esse seja o maior desafio do Brasil de hoje. Somos uma das nações mais criativas do mundo, a sexta economia do mundo, com um dos maiores patrimônios naturais e culturais do Planeta. No entanto, ainda somos um dos campeões da desigualdade social no mundo, vivemos uma verdadeira crise de oportunidades.

            É claro que uma ação como essa traz novos estímulos e oportunidades concretas para os nossos estudantes e para a qualificação do ensino público no Brasil.

            Segundo o relatório do movimento Todos pela Educação, apenas metade dos alunos do País conseguem concluir o ensino médio e, destes, apenas 28% aprendem o conteúdo de Português e, somente 11%, o de Matemática. São números que revelam as piores avaliações das políticas educacionais na última década. É claro que a realização das Olimpíadas de Matemática, assim como as de Língua Portuguesa, são vitais para o enfrentamento deste quadro, mas não dão conta de todas as causas do problema a ser enfrentado pelo País, que toca não só a questão de recursos, dos investimentos em educação, mas à estrutura como está organizada, à ausência de um sistemático programa educacional, federalizado e participativo.

            Vivemos um ciclo perverso, em que um em cada quatro docentes não tem a formação de nível superior (Inep/MEC). Apesar das iniciativas do Governo Federal, que oferece cursos de graduação e de aperfeiçoamento de professores, o número de matriculados ainda é baixo: cerca de 175 mil - cerca de 30% da quantidade de docentes sem o terceiro grau. Além disso, o índice de desistência é alto. Também falta um programa sólido de educação continuada para os nossos professores.

            Por isso, é preciso compreender neste momento a complexidade que envolve a crise de nossas escolas públicas. Toda e qualquer Olimpíada do Conhecimento deveria, sim, ser precedida pelo acesso universal e de qualidade a este Conhecimento.

            Sabemos que a realidade histórica de exclusão e distorções do sistema educacional brasileiro não podem ser desatados rapidamente. Também se vê que os governos da presidente Dilma e do ex-presidente Lula têm feito esforço hercúleo em direção à mudança deste quadro e que as Olimpíadas têm um papel importante nesse processo.

            Mas, neste momento, quero falar também daqueles que não foram os vencedores, quero refletir sobre o que se deve fazer com esses alunos e com aqueles que não conseguem resolver nenhuma questão do teste. A todos esses, a educação tem um compromisso de trazer ações efetivas de inclusão, a partir de estratégias pedagógicas que criem ambientes formadores capazes de compensar desigualdades que antecedem a própria escola.

            E só para que V. Exªs tenham ideia da grandiosidade da Olimpíada de Matemática, quero concluir dizendo que, nesta edição, foram concedidas 3,2 mil medalhas de ouro, prata e bronze e 3,4 mil bolsas de iniciação científica para os nossos jovens. A importância disso na seleção dos jovens que vão receber essas bolsas de iniciação científica.

            Os alunos ainda terão oportunidade de participar do Programa de Iniciação Científica Jr., oferecida pelo CNPq, com a bolsa de R$100 mensais durante um ano. E também foram premiados 131 professores, que ganharam computador portátil com programas para o ensino da Matemática; e 84 escolas, que além do computador portátil receberam um kit de projeção móvel, com tela e data show.

            Srª Presidente, era esse o registro, destacando com muita alegria o sucesso dessa 8ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/08/2012 - Página 44495