Discurso durante a 163ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com a infraestrutura do Estado do Mato Grosso; e outros assuntos.

Autor
Cidinho Santos (PR - Partido Liberal/MT)
Nome completo: José Aparecido dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE MATO GROSSO (MT), GOVERNO ESTADUAL, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Preocupação com a infraestrutura do Estado do Mato Grosso; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 05/09/2012 - Página 46347
Assunto
Outros > ESTADO DE MATO GROSSO (MT), GOVERNO ESTADUAL, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • APREENSÃO, ORADOR, INFRAESTRUTURA, REGIÃO, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, MELHORIA, RODOVIA, OBJETIVO, ESCOAMENTO, PRODUTO AGRICOLA, REGISTRO, DADOS, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, REGIÃO CENTRO OESTE, IMPORTANCIA, GOVERNO, LANÇAMENTO, PROGRAMA, FINANCIAMENTO, ARMAZENAGEM, PRODUTO NACIONAL.

            O SR. CIDINHO SANTOS (Bloco/PR - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente. Comprometo-me em ser bastante rápido.

            Em primeiro lugar, queria fazer um comentário sobre o pronunciamento do Senador Jorge Viana e parabenizá-lo pelas colocações muito bem feitas. Ao mesmo tempo, porém, também queria expressar a nossa preocupação, como membro da comissão que examinou o Código Florestal, em relação à colocação do Senador quando diz que o entendimento que foi feito entre todas as lideranças da Comissão que analisou a medida provisória não foi um entendimento com o apoio do Governo.

            Acredito que as mudanças efetuadas foram para melhor e, com certeza, a Presidente Dilma poderá estranhar num primeiro momento, mas vai entender que o Governo também não é o dono da verdade. Não é possível que o Governo simplesmente vete um entendimento feito, de forma unânime, pela comissão formada por Senadores e Deputados Federais, por não ter sido consultado.

            Sr. Presidente, também aproveito a oportunidade desta tarde para falar um pouco sobre o nosso querido Estado do Mato Grosso. Neste último final de semana, tive oportunidade de viajar de carro pelo trecho da BR-163/364, de Cuiabá até a cidade de Pedra Preta, passando por Rondonópolis e por Juscimeira. Assim, quero manifestar a minha preocupação quanto à questão da estrutura dessa rodovia, já que demoramos cinco horas para percorrer um trecho de aproximadamente 250 quilômetros, trecho este em que há um grande volume de caminhões e carros. Ou seja, é praticamente uma aventura, Sr. Presidente, viajar pela BR-364. Encontramos vários acidentes.

            E a nossa preocupação, sempre colocada aqui, desde o dia da nossa posse, é a infraestrutura de que o nosso querido Estado do Mato Grosso precisa, que o nosso Estado almeja.

            A Presidente Dilma anunciou a concessão da rodovia BR-163 e BR-364, no trecho de Rondonópolis até Posto Gil, duplicada com recursos do PAC, para depois ser feita a concessão. Também no trecho de Posto Gil a Sinop, a duplicação é feita através de concessão, assim como no trecho de Rondonópolis até Dourados.

            Isso é um alívio, mas são situações para que nos precisamos atentar, para que ocorram na maior brevidade de tempo possível. Para se ter uma ideia, o trecho de Rondonópolis a Cuiabá, a Serra de São Vicente, demorou 10 anos para ser duplicado. Se demorarmos mais 10 anos para conseguirmos duplicar o outro trecho restante, de Rondonópolis até Jaciara, Juscimeira e depois da Serra de São Vicente, que, praticamente só 20 quilômetros, demorou 10 anos para ser feita a duplicação...

            Então, o Mato Grosso está ansioso para que as obras de duplicação da BR-163, a partir de Sinop, passando por Cuiabá, por Rondonópolis, até Dourados, seja realmente uma realidade. Precisamos hoje de infraestrutura para escoar nossa produção.

            Sobre esse tema, Sr. Presidente, quero colocar aqui uma preocupação que aflige os produtores do Estado do Mato Grosso, que é a armazenagem. Vemos algumas iniciativas do Governo Federal, como falei antes, como ferrovias, rodovias, portos, aeroportos, mas o Governo Federal tem de começar a se preocupar com armazenamento. E acredito que esteja se preocupando, porque já participei de audiência com o Ministro da Agricultura, com a Ministra Gleisi Hoffmann, quando falamos sobre nossa preocupação em relação ao armazenamento.

            Nas viagens que temos feito pelo interior do Estado do Mato Grosso, na semana atrasada, pudemos percorrer a BR-163, no trecho Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, até Sinop, e ver a grande quantidade de produção de milho a céu aberto por falta de armazenagem. Para se ter uma ideia, Sr. Presidente, o Mato Grosso tem capacidade de armazenagem de 27 milhões de toneladas, e esta safra, colhida agora, foi de 35 milhões de toneladas de grãos - soja, 20 milhões de toneladas, e aproximadamente 14 a 15 milhões de toneladas de milho.

            O Mato Grosso se prepara para, no ano de 2013, colher a maior safra de sua história, podendo chegar a 40 milhões de toneladas. Isso vai fazer com que esse gargalo da armazenagem se acentue muito mais no ano que vem.

            Aliado a isso, nós temos a questão do escoamento dessa produção. Como coloquei antes, temos dificuldades em função da distância dos portos, da falta de uma ferrovia que possa integrar a área de produção de grãos no Estado. Então, com certeza, a falta de infraestrutura em rodovias e ferrovias, aliada à dificuldade de armazenagem, fará com que no ano que vem o Estado do Mato Grosso tenha bastante dificuldade na questão de escoamento.

            Nós temos iniciativas de alguns fazendeiros do Estado, que estão, de forma empreendedora, construindo seus próprios armazéns, buscando recursos no BNDES, mas a burocracia, as dificuldades e o programa de financiamento de recursos, que é o PSI, que financia apenas 50%, não atende as necessidades dos nossos produtores. Então, é preciso que o Governo Federal, que a Presidente Dilma, que a Ministra da Casa Civil, que também está preocupada com essa situação, a Ministra Gleisi, e o Ministro da Agricultura Mendes Ribeiro possam, de forma definitiva e urgente, junto com o Ministério da Fazenda e com o BNDES, anunciar e implantar um plano para o financiamento da armazenagem em nosso País, especialmente em nosso Centro-Oeste e em nosso querido Estado de Mato Grosso.

            Eu quero colocar aqui, Sr. Presidente, alguns dados sobre a produção do Centro-Oeste, região que mais cresce hoje no Brasil. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal estão, em função do bom momento na agricultura, desenvolvendo-se segundo índices superiores ao índice nacional. Para se ter uma ideia, o Centro-Oeste, nestes últimos 12 meses, cresceu 5,9%, seguido pela Região Sul, com 4,4%, e o Nordeste, com 4,2%.

            O Centro-Oeste é hoje o principal produtor de grãos do Brasil. Na safra de 2012, que está acabando de ser colhida, que deve ser recorde de produção, a nossa Região Centro-Oeste, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, será responsável pela produção de 42,7% da produção de leguminosas e oleaginosas em todo o País. Mato Grosso, como eu disse antes, produz sozinho 20 milhões de toneladas de soja. Se fôssemos pensar em Mato Grosso como um país, ele seria o quarto maior produtor de soja do mundo.

            Então, são números significantes, Sr. Presidente, e o Mato Grosso, como já coloquei aqui, como já disse antes no meu discurso de posse, não pede nada para o Governo Federal além daquilo que merece: que lhe sejam dadas condições para escoar sua produção, condições para seus produtores trabalharem.

            E para isso, nós precisamos de infraestrutura - de ferrovias, de rodovias, de armazenagem. E essa questão da armazenagem, que não estava, talvez, na ordem do dia, mas, com o crescimento da nossa produção brasileira - graças a Deus, porque é essa produção que está sustentando a balança comercial do Brasil -, precisamos que o Governo também dê a sua parte, dê a sua contribuição e venha com programas que possam facilitar, que possam ajudar o nosso País a crescer e se desenvolver, oferecendo aquilo de que os produtores precisam e que não pedem como esmola, mas como apoio do Governo Federal, que são as condições para produzir: rodovias, ferrovias, portos e agora, também, armazenagem.

            Era só isso, Sr. Presidente.

            Eu espero voltar, nos próximos dias, à tribuna do Senado Federal, com a boa notícia de que o Governo Federal ouviu este grito dos produtores rurais, do segmento, da Famato do Mato Grosso, da Aprosoja, de todas as entidades de classe do Brasil que trabalham, que têm essa preocupação, da Abiove, que é a Associação Brasileira de Produtores de Óleos Vegetais. Espero que o Governo entenda essa necessidade e possa lançar um programa para financiamento para a armazenagem no nosso Brasil, principalmente no nosso Centro-Oeste, onde temos esse gargalo hoje. E o Estado do Mato-Grosso caminha, nesse sentido, para um colapso em função de não termos nenhum projeto em andamento. Os que existem, são projetos acanhados, com recursos próprios, ou uma parte só financiada a juros, que ainda não estão dentro da realidade brasileira, que é o juro compatível, para que nossos produtores possam contrair esses financiamentos e fazer os investimentos em suas propriedades ou em outras propriedades, mas que possam atender essa demanda de armazenagem de que o Mato-Grosso e o Centro-Oeste precisam.

            Era só isso, Sr. Presidente. Obrigado e uma boa tarde a todos. Agradeço a oportunidade de estar aqui na tribuna do Senado, mais uma vez, falando a todos os ouvintes e telespectadores da Rádio Senado e da TV Senado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/09/2012 - Página 46347