Pela Liderança durante a 167ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do falecimento do bispo de Juazeiro, Dom José Rodrigues. (como Líder)

Autor
Lídice da Mata (PSB - Partido Socialista Brasileiro/BA)
Nome completo: Lídice da Mata e Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do falecimento do bispo de Juazeiro, Dom José Rodrigues. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 12/09/2012 - Página 47428
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, BISPO, MUNICIPIO, JUAZEIRO (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), REGISTRO, ELOGIO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, DEFESA, POPULAÇÃO, REGIÃO NORDESTE.

            A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB - BA. Pela Liderança. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero inicialmente parabenizar o Senador Rodrigo Rollemberg pelo discurso importante que fez nesta Casa, e parabenizar também a Presidente Dilma - terei a oportunidade de falar sobre este assunto em outro momento -, que hoje encaminha a esta Casa uma medida de extrema importância, visando a baixar o custo da energia elétrica em nosso País, contribuindo decisivamente para a produção industrial e para a vida de todos os consumidores brasileiros.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras que nos assistem pelos veículos de comunicação desta Casa, quero registrar com muita tristeza a morte do Bispo Emérito de Juazeiro Dom José Rodrigues, ocorrida no último dia 9, no Hospital Santa Mônica, em Goiânia, Goiás, após uma cirurgia para tratamento de uma hidrocefalia. Ele teve o seu estado de saúde agravado, não resistiu e veio a falecer aos 86 anos de idade.

            Conheci Dom Rodrigues, como era chamado na Bahia, e sua luta tenaz em defesa dos mais pobres do Vale do São Francisco, onde fez sua história, defendendo a sofrida população do sertão nordestino. No tempo em que era estudante e vereadora de Salvador, ir a Juazeiro em missão política, na defesa dos interesses dos trabalhadores, na busca de fortalecer as organizações populares, era um destino absolutamente obrigatório passar na casa de Dom Rodrigues, o Bispo da Diocese de Juazeiro, para lá receber a sua opinião, a sua visão sobre o momento político que o Brasil vivia e receber o seu estímulo para continuar na luta da organização popular do nosso povo.

            Dom José Rodrigues nasceu no Estado do Rio de Janeiro, em 1926, foi professor de Português no Seminário de Aparecida, São Paulo, e entre 1966 e 1968, fez o curso de especialização em catequese pastoral em Bruxelas. Voltando para o Brasil, trabalhou nas missões em São Paulo, Minas, Paraná e Amazonas. Em 1970, foi eleito superior provincial dos missionários redentoristas de Goiás e do Distrito Federal. Em 1975, foi ordenado Bispo e nomeado para a Diocese de Juazeiro.

            Na ocasião, a construção da hidroelétrica de Sobradinho tinha desalojado 75 mil pessoas. Dom José entrou na luta em defesa dessas pessoas. Foi a primeira das muitas lutas pelo direito dos pobres, no enfrentamento das questões da terra, na qual se envolveu, enfrentando, inclusive, o regime militar naquele período.

            Em Juazeiro, promoveu as Pastorais da Terra, da Criança, da Juventude, Meio Popular, Mulher Marginalizada, da Saúde, Pescadores, Carcerária, criou também o setor diocesano da comunicação audiovisual com biblioteca com 45 mil volumes, equipamentos, produzindo três programas semanais de rádio.

            Foi o criador do projeto de cisternas caseiras para armazenar água da chuva, prestou depoimentos em várias CPIs e esteve presente em inúmeros debates sobre a seca e a fome do Nordeste.

            Membro da Associação Baiana de Imprensa, durante seis anos seguidos, recebeu o troféu Mandacaru de Ouro, criado por um grupo de jornalistas para homenagear os destaques do ano em política, economia, arte, cultura e religião.

            Em 1992, sua biografia foi publicada em alemão, já traduzida e publicada sob o título Bispo dos Excluídos: D. José Rodrigues.

            Peço, Sr. Presidente, que V. Exª possa dar como lido todo o meu pronunciamento a respeito deste momento de pesar que o povo baiano vive. E mando o meu abraço a toda a população de Juazeiro.

            Fui autora, juntamente com, à época, o Vereador Ney Campello - nós dois Vereadores pelo PCdoB -, de um título de Cidadão de Salvador a D. Rodrigues, pela solidariedade com que desenvolveu as nossas lutas em defesa da moradia e da terra urbana para o povo trabalhador da nossa cidade.

            Muito obrigada.

 

SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DA SRª SENADORA LÍDICE DA MATA.

            A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB - BA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, brasileiros e brasileiras que nos assistem pelos veículos de comunicação desta Casa:

            Quero registrar nesta tribuna, com muita tristeza, a morte do bispo emérito de Juazeiro, Dom José Rodrigues, ocorrida no último domingo, dia 9, no hospital Santa Mônica, em Goiânia. Depois de uma cirurgia para tratamento de uma hidrocefalia, teve seu estado agravado e não resistiu, falecendo aos 86 anos.

            Conheci Dom Rodrigues, como era chamado na Bahia, e sua luta tenaz em defesa dos mais pobres do Vale do São Francisco, onde fez história defendendo a sofrida população do sertão nordestino. E a terra de Juazeiro receberá nessa terça-feira seus restos mortais, com um sentimento de grande perda que toma conta de todos os baianos. Quero solidarizar-me com toda a população de Juazeiro e com a Arquidiocese, nesse momento de muita dor.

            Dom José Rodrigues nasceu no Estado do Rio de Janeiro, em 1926. Foi professor de português no Seminário de Aparecida (SP) e entre 1966 e 1968 fez o curso de Especialização em Catequese e Pastoral em Bruxelas. Voltando para o Brasil, trabalhou nas Missões em São Paulo, Minas, Paraná e Amazonas. Em 1970, foi eleito Superior Provincial dos Missionários Redentoristas de Goiás e Distrito Federal. Em 1975, foi ordenado bispo e nomeado para a Diocese de Juazeiro.

            Na ocasião, a construção da Hidroelétrica de Sobradinho tinha desalojado 72 mil pessoas. Dom José entrou luta em defesa dessas pessoas. Foi a primeira das muitas lutas pelos direitos dos pobres, no enfretamento das questões da terra, na qual se envolveu. Enfrentando, inclusive a ditadura militar.

            Em Juazeiro promoveu as pastorais da terra, da Criança, Juventude, Meio Popular, Mulher Marginalizada, da Saúde, Pescadores, Carcerárias, criou também o setor diocesano da comunicação audiovisual, com a Biblioteca com 45 mil volumes, equipamentos, produzindo três programas semanais de rádio.

            Foi o criador do projeto de cisternas caseiras para armazenar água de chuva. Prestou depoimentos em várias CPIs e esteve presente em inúmeros debates sobre a seca e a fome no Nordeste.

            Membro da Associação Baiana de Imprensa, durante seis anos seguidos recebeu o Troféu Mandacaru de Ouro, criado por um grupo de jornalistas para homenagear os destaques do ano em política, economia, arte, cultura e religião.

            Em 1992, sua biografia foi publicada em alemão, já traduzida e publicada sob o título "O Bispo dos Excluídos: Dom José Rodrigues".

            O corpo de Dom José Rodrigues chegou a Juazeiro, procedente de Goiânia, no final da tarde de ontem e foi recebido com caloroso aplauso dos fiéis que lotavam a Catedral de Nossa Senhora das Grotas, onde foram rezadas duas missas à noite. Nesta manhã foi realizada missa de corpo presente, presidida por D. José Geraldo da Cruz, Bispo Diocesano de Juazeiro.

            A Diocese de Juazeiro, que organizou a programação, estima que mais de cinco mil pessoas passaram pelo templo no período entre as missas e a madrugada de vigília. O sepultamento se dá no Cemitério Diocesano de Carnaíba do Sertão, onde os restos mortais de Dom José Rodrigues permanecerão pelos próximos cinco anos, até serem trasladados para a cripta da catedral de Nossa Senhora das Grotas.

            Portanto, Sr. Presidente, Srs. e Srªs Senadoras, se, de um lado, essa grande perda nos deixa um sentimento de vazio, por outro nos inspira a seguir seus exemplos de justiça, solidariedade, coragem, coerência e amor ao próximo, especialmente os mais necessitados.

            Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/09/2012 - Página 47428