Pronunciamento de Antonio Carlos Valadares em 12/09/2012
Pela Liderança durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro do transcurso dos cem anos de nascimento do ex-Governador do Estado de Sergipe, Augusto Franco.
- Autor
- Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
- Nome completo: Antonio Carlos Valadares
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Registro do transcurso dos cem anos de nascimento do ex-Governador do Estado de Sergipe, Augusto Franco.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/09/2012 - Página 47615
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), ELOGIO, VIDA PUBLICA.
O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no último dia 4, Aracaju comemorou cem anos de nascimento do ex-Governador Augusto Franco. Foi um evento assinalado pela presença de pessoas de todos os segmentos da sociedade, inclusive com a apresentação de um seminário para discussão de problemas nacionais organizado pela Fundação Augusto Franco.
Quando o Estado de Sergipe se reúne para comemorar festivamente cem anos de Augusto Franco, o seu povo está a demonstrar que o passado dos homens públicos que valorizaram a nossa história com o seu trabalho deve ser exaltado e enaltecido. Não apenas com relação ao ex-Governador Augusto Franco, também desta feita quero rememorar a figura de um dos políticos mais ilustres que ajudaram a construir o edifício do desenvolvimento do progresso do Estado de Sergipe. Falo do ex-Governador José Rollemberg Leite.
Em razão de esse homem público completar, na próxima quarta-feira, isto é, de hoje a oito dias, 100 anos de seu nascimento, apresentei um requerimento de congratulações, de aplausos à sua família, família honrada do Estado de Sergipe.
Dr. José Rollemberg Leite é um dos mais admirados homens públicos em meu Estado, e sua memória merece o registro que faço nesta Casa, a que ele pertenceu entre 1965 e 1970.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE) - Nascido em Riachuelo, Sergipe, em 19 de setembro de 1912, Dr. José Rollemberg Leite estudou em Aracaju, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, dos Salesianos; fez o secundário no Colégio Antônio Vieira, em Salvador; de lá, foi para Minas Gerais estudar Engenharia, na Escola de Minas de Ouro Preto, onde se formou, em 1935, engenheiro civil e de minas.
Para não tomar o tempo dos demais oradores, já que não posso ler o discurso na sua totalidade, farei um resumo, mas eu pediria a V. Exª, Senador Moka, que fizesse constar dos Anais desta Casa este pronunciamento na íntegra, para que o Senado, futuramente, pudesse registrar na sua história que nós Senadores reconhecemos o valor de um homem autêntico, que se tornou governador por duas vezes. Inclusive, eu gostaria de registrar que, no seu segundo governo, tive a honra e o privilégio de ser o líder de José Leite na Assembleia Legislativa; após essa missão, fui eleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, com o seu total e integral apoio.
José Rollemberg Leite era uma figura ímpar da política do nosso Estado, um homem simples, um homem modesto e enérgico no cumprimento do seu dever, do seu trabalho. Exigia dos seus secretários seriedade, exigia honestidade, critério e devotamento à causa pública. Ele deixou, então, para todos nós um grande exemplo de como um homem público deve portar-se no comando do governo do Estado e no exercício de qualquer função pública.
Para fazermos a história do Estado de Sergipe, a sua história política, devemos incluir, sem fazer favor algum, esta figura exponencial que se chama José Rollemberg Leite, ex-Governador de Sergipe.
Volto a pedir a V. Exª, Sr. Presidente, que faça constar dos Anais da Casa, a leitura completa deste discurso em homenagem ao nosso Governador, figura histórica, homem que todo o Sergipe admirava e conhecia pela sua integridade de caráter, pelo bom cidadão que era, bom chefe de família, governante e parlamentar. Deu exemplos a serem seguidos pelas novas gerações.
Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.
SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR ANTONIO CARLOS VALADARES.
O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para registrar a passagem do centenário de nascimento de um dos mais ilustres filhos de Sergipe, o Dr. José Rollemberg Leite.
Dr. José Leite é um dos mais admirados homens públicos de meu estado e sua memória merece o registro que faço nesta Casa, a que ele pertenceu entre 1965 e 1970.
Nascido em Riachuelo, Sergipe, em 19 de setembro de 1912, Dr. José Leite estudou em Aracaju, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, dos Salesianos. Fez o secundário no Colégio António Vieira, em Salvador. De lá, foi para Minas Gerais, estudar engenharia na Escola de Minas de Ouro Preto, onde se formou, em 1935, engenheiro civil e de minas.
De volta a Sergipe, fez-se professor de matemática e física, além de engenheiro. Foi diretor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o SENAI. Estudioso, em 1938, publicou a tese "A Natureza da Luz" com a qual se tornou catedrático do Colégio Estadual de Sergipe, o Atheneu Sergipense.
Filho de Sílvio Cezar Leite e de Lourença Rollemberg Leite, era de família ilustre na política e no direito sergipanos. Era sobrinho de Júlio César Leite e Augusto César Leite, que foram Senadores da República. Seu irmão, Leite Neto, foi Deputado Federal e também Senador. Clara Leite de Rezende, sua irmã, foi a primeira mulher a chegar ao Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe e a primeira a presidi-lo. Gonçalo Rollemberg Leite e Alfredo Rollemberg Leite, notáveis juristas, também eram seus irmãos.
Nascido neste berço, culto, leitor dedicado, dotado de caráter peculiarmente sereno e calmo, devido a uma sólida formação católica, foi natural que alcançasse destaque. E a política foi o seu destino.
Em 1947, elegeu-se Governador do Estado de Sergipe, o mais jovem da história sergipana até hoje, com 35 anos de idade.
Administrou até 1951o orçamento do Estado com foco na educação e nos transportes, gerenciando-o com a austeridade que lhe era peculiar. Seu legado na educação merece destaque porque é admirado pelos estudiosos. Criou uma rede de 250 grupos escolares, capacitou professores, interiorizou o ensino secundário e, finalmente, deixou instalados os cursos superiores de Economia, Química, Filosofia e Direito, embriões da futura Universidade Federal de Sergipe.
Para as dimensões de Sergipe, na metade do século passado, foi uma revolução.
Deixando o governo, voltou a lecionar e à lida como engenheiro com a simplicidade que lhe era marcante. Em 1955, atendendo ao pleito do seu partido, o PSD, candidatou-se novamente ao Governo do Estado, mas foi derrotado por aquele a quem vencera nas eleições de 1947, Luis Garcia, da UDN.
Quis, porém, o curso da história que ele retornasse a um mandato político. Com a morte de seu irmão, o Senador Leite Neto, de quem era suplente, assumiu a cadeira de 1965 a 1970. Conduziu-se nesta. Casa como um técnico, interessado nas questões essenciais para o desenvolvimento econômico do Brasil, em especial as relacionadas à infraestrutura de transporte e aos minérios, temas que dominava com perícia inexcedível.
Foi eleito Governador do Estado, pela Assembleia Legislativa, novamente em 1974, governando de 15 de março de 1975 até 15 de março de 1979. Nesse segundo período, destacou-se, novamente, pelo trabalho com educação, mas também pela remodelação do serviço público estadual, com obras de infraestrutura como a Adutora do São Francisco, dentre outros relevantes legados.
Tive, nessa época, a grata honra de ser o seu líder na Assembleia Legislativa e com ele aprendi muitas das virtudes que um homem público deve prezar e velar.
Foi Secretário de Estado inúmeras vezes, nunca deixando de servir ao seu povo quando convocado. Sergipe, Senhor Presidente, Senhores e Senhoras Senadoras, era a única coisa pela qual abdicava do aconchego de sua casa e da companhia de sua esposa, Maria de Lourdes Silveira Leite, sua companheira de toda a vida, em um matrimonio exemplar que transpôs os 60 anos.
Faleceu aos 84 anos, em 24 de outubro de 1996, em Aracaju, Sergipe. Para quem não sabe, é o Dia da Sergipanidade, uma das datas em que nós, sergipanos, comemoramos a Emancipação Política do Estado, com a separação da Bahia.
A época era um feriado estadual. Para um homem como ele, não haveria dia mais preciso para a partida. Foi um dos maiores sergipanos que conheci e sua memória merecia uma data especial que permitisse a todos os seus conterrâneos o silêncio da despedida.
Quando de seu falecimento, o então Senador José Alves fez um pronunciamento neste Plenário e foi aparteado pelo Senador Josaphat Marinho, uma das mais admiradas figuras da história do Parlamento Brasileiro. Na oportunidade, o notável baiano afirmou:
“Antes que V. Exa. termine, nobre Senador, permita-me solidarizar-me com V. Exa. e com o Estado de Sergipe pela perda que acaba de experimentar. Fui companheiro, no meu primeiro mandato, nesta Casa, do Senador José Leite. Quero realçar, com V. Exa., as qualidades que o engrandeciam pela simplicidade, pela cordialidade, pela competência com que opinava os assuntos que discutia. Era um homem tranquilo. A paixão política não o levava, neste Plenário, a erguer a voz, além do natural do seu temperamento. Nas suas manifestações políticas, como no exame do interesse nacional ou do Estado de Sergipe, era sempre a mesma personalidade serena, mas examinando sempre os problemas com competência e, sobretudo, com a racionalidade de engenheiro. No momento em que V, Exa. assinala a sua morte, quero manifestar a minha solidariedade, com a minha tristeza - que posso dizer também da Bahia - pelo desaparecimento de tão eminente figura do Estado de Sergipe.”
Dr. José era assim mesmo. Que sua família, na pessoa de seus filhos, Alberto Silveira Leite e Eduardo Silveira Leite, de seus netos e bisnetos, irmãos e sobrinhos, recebam deste Senado Federal e dos sergipanos o reconhecimento por uma obra que se confunde com o desenvolvimento do Estado no Século XX.
Muito obrigado, Sr. Presidente.