Discurso durante a 182ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro.

Autor
Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CODIGO FLORESTAL.:
  • Manifestação sobre a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2012 - Página 50522
Assunto
Outros > CODIGO FLORESTAL.
Indexação
  • REGISTRO, APROVAÇÃO, PLENARIO, SENADO, PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO (PLV), MEDIDA PROVISORIA (MPV), REFERENCIA, ALTERAÇÃO, CODIGO FLORESTAL, COMEMORAÇÃO, MOTIVO, CONSENTIMENTO, RELAÇÃO, REQUERIMENTO, AUTORIA, ORADOR, OBJETIVO, REDUÇÃO, AREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, PROPRIEDADE, LOCAL, AREA, FLORESTA, BENEFICIO, PRODUTOR RURAL, ESTADO DE RORAIMA (RR).

            A SRª ANGELA PORTELA (Bloco/PT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr.Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil terá, enfim, um Novo Código Florestal. Depois de quase uma década de tramitação da proposta de reformulação do Código Florestal no Congresso Nacional, conseguimos aprovar a Lei 12.651/2012, que vai reger as ações dos homens sobre o meio ambiente.

            Embora tendo demorado a ser aprovada, a nova lei chega em boa hora, pois vigorava a Lei 4.771, que em 1965 alterou o primeiro Código Florestal Brasileiro, datado de 1934, ainda no governo de Getúlio Vargas.

            O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Certamente continuará sendo. É também o responsável por um dos maiores patrimônios ambientais do planeta.

            Cabe-nos - e acho que trabalhamos eficazmente nesse sentido - combinar esses dois elementos fundamentais. Precisamos, como diz a presidenta Dilma Rousseff, de um “verde produtivo”. Acredito que conseguimos caminhar nesse sentido.

            O Novo Código Florestal não é a lei ambiental dos sonhos de alguns segmentos da nossa sociedade. Mas, certamente, expressa as forças políticas e produtivas que a compõe. Ou seja, ambientalistas, produtores rurais, governo federal, deputados e senadores, ambientalistas, acadêmicos, especialistas e estudiosos da questão. Um assunto, senhores senadores, que, na verdade, diz respeito a toda a sociedade.

            A nova lei, como vimos, é item especial da pauta deste esforço concentrado extraordinário que deliberou sobre a indicação de ministros e também acerca da instalação da comissão mista que examinará a MP 580/2012, que dispõe sobre a transferência obrigatória de recursos para a execução de ações do PAC por estados e municípios.

            Apreciamos, assim, o PLV 21/2012 que modificou o texto original da Medida Provisória do Código Florestal (MP 571/2012), enviada para esta casa, no dia 25 de maio do corrente, pela Presidenta Dilma Rousseff.

            A nova lei vai, agora, à sanção presidencial e nossa expectativa é de conclusão deste longo processo, que teve muitas idas e vindas.

            Devo dizer que não foi fácil chegarmos até aqui. Todas as pessoas que acompanharam este processo sabem houve um longo processo de negociação que resultou nesta nova lei ambiental.

            A nova lei só está sendo votada agora, depois de acordo firmado na Comissão Mista que a analisou e a discutiu exaustivamente com todos os atores sociais e políticos.

            Tenho muito orgulho de ter participado deste processo de exaustivas discussões, reflexão e decisão, que durou mais de dois anos e que resultou no acordo, dando origem à presente lei.

            Acordo, é certo, não significa concordância absoluta, mas revela a existência de um denominador comum entre as partes envolvidas neste processo.

            É neste sentido que venho a esta tribuna, para agradecer, em nome da população de Roraima, a todos os atores que, por meio de um entendimento, contribuíram para uma questão crucial para nosso Estado: a aprovação da proposta de redução do percentual da reserva legal, que apresentei à Comissão de Meio Ambiente do Senado.

            Refiro-me ao capítulo IV, da Área de Reserva Legal, na Seção I, que trata da “Delimitação da Área de Reserva Legal”, no artigo 12.

            Neste artigo, o inciso I determina, em sua alínea a, o percentual de 80% de preservação para o imóvel situado em área de florestas. Todavia, com as aprovações no Senado e na Câmara, e com a sanção presidencial, o parágrafo 5º deste artigo, passou a contar com a seguinte redação:

“Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econômico aprovado e 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por terras indígenas homologadas.”

            Por que propusemos essa redução? Antes de mais nada, vale esclarecer que a proposta por nós formulada visa, sim, promover o desenvolvimento de nosso Estado. Porém, sem causar prejuízos à natureza da Amazônia Legal cujo percentual de 80% se manterá em vigor para os demais Estados da região.

            Podemos afirmar que, no caso de Roraima, mantém-se grau extremamente elevado de proteção ao meio ambiente. Como nosso Estado conta com mais de 65% de áreas de proteção e de áreas indígenas, mantendo-se ainda uma reserva legal de 50% do restante, ainda assim Roraima estará preservando nada menos do que 85% de seu território.

            Podemos comprovar, assim, que o compromisso que sempre mantivemos com o respeito ao meio ambiente não conflita, em nada, com a necessidade de garantir o desenvolvimento de Roraima.

            Aliás, é bom que se repita que, os percentuais de Reserva Legal foram mantidos. Ou seja, para o bioma da Amazônia, o percentual continua a ser 80%; para o do cerrado, manteve-se o percentual de 35%; e para as áreas de campos gerais são 20%.

            Aprovada pela Comissão de Meio Ambiente do Senado e pelo plenário da Câmara dos Deputados, nossa proposta foi mantida pela Presidenta Dilma Rousseff, que vetou 12 itens do texto aprovado pela Câmara Federal.

            A manutenção da nossa proposta preservou o direito de Roraima de desenvolver atividades agropecuárias, com segurança jurídica para os produtores rurais, especialmente aqueles da agricultura familiar.

            Garantir a inclusão e manutenção desta proposta no novo Código florestal foi uma grande vitória para o nosso Estado.

            Por isso, minha vinda a esta tribuna, tem no agradecimento sua razão maior, a todos os agentes políticos envolvidos neste processo, e que entenderam a importância desta medida para Roraima. 

            Agradeço, portanto, à Presidenta Dilma Rousseff, à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao relator Jorge Viana, aos membros da Comissão de Meio Ambiente do Senado, à bancada governista no Senado e aos atores sociais nacionais, envolvidos nesta discussão.

            Agradeço, ainda, aos representantes do setor produtivo de Roraima, com quem estive reunida e que lutaram incansavelmente para que esta proposta fosse mantida no novo Código Florestal Brasileiro.

            Entendo que, agora, com a garantia de redução da reserva legal, nossos produtores tudo farão para assegurar a preservação do meio ambiente.

            Sei que não encerramos por aqui, nossa luta em favor de Roraima. Precisamos, a partir de agora, com esta vitória, nos empenharmos para resolver outras questões referentes às unidades de conservação e também lutarmos pela aprovação definitiva do nosso Zoneamento Ecológico Econômico, que deverá determinar as áreas prioritárias para a produção do Estado.

            Por fim, faço um reconhecimento público à competência com que a presidenta da República conduziu todo este processo de intensos debates e de diálogos, entre as forças nele envolvidas. A ela caberá agora, como é correto, a palavra final sobre a questão, ao receber o texto que concluímos, para sanção presidencial e eventuais vetos.

            A opinião pública pode perceber que, mesmo nas adversidades, a presidente tem mantido o equilíbrio do diálogo demonstrando, mais uma vez, seu compromisso com a consolidação da democracia brasileira.

            Era o que tinha a falar, neste dia tão significativo para o ambiente.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/2012 - Página 50522